A rede chinesa de fast food Mixue, especializada na venda de sorvetes, bebidas geladas e bubble tea, confirmou sua entrada no mercado brasileiro com um investimento inicial de R$ 3,2 bilhões.
A informação foi divulgada durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, em um pacote mais amplo que inclui R$ 27 bilhões em aportes chineses em diferentes áreas da economia brasileira, de acordo com dados do Governo Federal.
A empresa, fundada em 1997 na província chinesa de Henan, iniciou suas atividades com uma barraca de doces montada pelo então estudante universitário Zhang Hongchao. Dois anos após sua criação, foi inaugurada a primeira loja física, que passou a oferecer um cardápio mais diversificado com produtos como milkshakes e limonadas.
Atualmente, a Mixue opera mais de 45 mil unidades em 12 países e superou redes como McDonald’s, Starbucks e Subway em número de lojas globais.
A companhia estima gerar até 25 mil empregos no Brasil até o ano de 2030, com foco em expansão nos grandes centros urbanos e também em cidades do interior. A operação será baseada no modelo takeaway, ou seja, voltado para pedidos para viagem.
A estrutura de negócios da rede é baseada no modelo de franquias, com foco na verticalização da cadeia produtiva. Desde 2007, a Mixue mantém fábricas próprias responsáveis pela produção de matérias-primas e pelo fornecimento de equipamentos para franqueados.
Essa estratégia tem como objetivo a redução de custos operacionais e o controle da qualidade dos insumos utilizados. Na Ásia, o custo médio por item vendido gira em torno de R$ 4,70.
Em 2022, a empresa encerrou o ano com um lucro líquido de US$ 300 milhões e alcançou uma avaliação de mercado aproximada de US$ 10 bilhões, consolidando-se como uma das maiores redes do setor no mundo.
Durante o anúncio da expansão para o Brasil, a companhia destacou que a estratégia local levará em consideração a crescente demanda por bebidas como o bubble tea, popular entre o público jovem.
A proposta da Mixue é atuar em um segmento de alimentação rápida com preços considerados acessíveis, utilizando uma estrutura enxuta de lojas e identidade visual padronizada.
Apesar do crescimento internacional e da projeção otimista para o mercado brasileiro, a empresa já foi alvo de denúncias na China envolvendo questões relacionadas às condições de trabalho e à qualidade dos produtos. Esses antecedentes poderão representar desafios diante da legislação brasileira, especialmente nas áreas sanitária e trabalhista.
O modelo adotado pela Mixue prevê que os franqueados utilizem equipamentos e ingredientes padronizados, fornecidos diretamente pelas fábricas da rede. A operação centralizada permite à marca manter uniformidade no cardápio e nos preços, ao mesmo tempo em que sustenta a rápida expansão internacional.
A chegada da Mixue ao Brasil ocorre em um momento de aumento da competição no setor de alimentação rápida, com outras empresas internacionais e nacionais ampliando suas operações no país. A aposta em produtos de alta demanda e custo reduzido está alinhada com o comportamento do consumidor jovem, que busca conveniência e variedade em refeições rápidas.
A rede também é conhecida por seu mascote Snow King, utilizado amplamente em campanhas de marketing, o que contribuiu para a construção de uma base de clientes em diversas faixas etárias em países asiáticos. No entanto, a estratégia de comunicação adotada para o público brasileiro ainda não foi detalhada.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços acompanhou o anúncio do investimento, que faz parte de um conjunto de iniciativas voltadas à intensificação das relações comerciais entre Brasil e China.
Segundo informações do Governo Federal, o pacote de investimentos anunciado durante a visita presidencial inclui setores como infraestrutura, energia, tecnologia e agronegócio.
A instalação das primeiras unidades da Mixue no Brasil está prevista para os próximos meses, embora ainda não tenham sido divulgadas as cidades que receberão as lojas iniciais.
A companhia deverá seguir os trâmites necessários para adequação às normas brasileiras e homologação de produtos junto aos órgãos competentes.
A entrada da marca no Brasil representa a estreia de uma grande rede chinesa de fast food no país, num movimento que pode redefinir parte da dinâmica do mercado de franquias voltadas à alimentação. A atuação simultânea em diferentes regiões brasileiras faz parte da meta de atingir presença significativa até o fim da década.
O projeto de expansão internacional da Mixue integra uma estratégia maior do governo chinês de incentivo à internacionalização de empresas locais. A expectativa é de que, com a consolidação no mercado brasileiro, a rede fortaleça sua presença na América Latina, com possível extensão a outros países da região nos próximos anos.
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