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Comércio do Brasil com os Brics já corresponde a quase o triplo do americano

Comércio do Brasil com o mundo bate recorde histórico em 12 meses. A corrente de comércio do Brasil atingiu US$ 608 bilhões nos últimos 12 meses (junho de 2024 a maio de 2025), representando um crescimento de 4,0% em relação ao período anterior e consolidando um recorde histórico nas relações comerciais brasileiras com o mundo. […]

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Reunião histórica dos BRICS no Rio traça caminhos para a reforma global e defende o multilateralismo como via para a paz e o desenvolvimento sustentável.
Chanceleres do BRICS encaminham posições pela reforma da governança global, reforço do multilateralismo e paz / Foto: Isabela Castilho / BRICS Brasil

Comércio do Brasil com o mundo bate recorde histórico em 12 meses.

A corrente de comércio do Brasil atingiu US$ 608 bilhões nos últimos 12 meses (junho de 2024 a maio de 2025), representando um crescimento de 4,0% em relação ao período anterior e consolidando um recorde histórico nas relações comerciais brasileiras com o mundo. Este resultado reflete não apenas a robustez da economia nacional, mas também uma profunda transformação geopolítica que vem redefinindo os fluxos comerciais globais nas últimas duas décadas.

A China mantém sua posição de principal parceiro comercial do Brasil, com uma corrente de comércio de US$ 160 bilhões, representando 26,3% do total. Apesar de uma leve retração de 0,7% no último ano, o gigante asiático demonstra a solidez da parceria bilateral ao registrar crescimento espetacular de 1.546% em 20 anos, saltando de uma participação marginal para mais de um quarto de todo o comércio exterior brasileiro. Esta evolução exemplifica a ascensão do Sul Global como força dominante nas relações comerciais do Brasil.

Os Estados Unidos ocupam a segunda posição com US$ 83 bilhões (13,7% do total), apresentando crescimento robusto de 9,5% no último ano. Embora tenham expandido 145,7% em duas décadas, os americanos perderam participação relativa no comércio brasileiro, evidenciando a diversificação das parcerias comerciais do país. Esta tendência ilustra como o Brasil tem equilibrado suas relações entre as potências tradicionais e emergentes.

A Argentina completa o pódio com US$ 30 bilhões, registrando impressionante crescimento de 14,3% no último ano. O desempenho argentino demonstra a importância crescente da integração sul-americana, mesmo em cenários de instabilidade econômica regional. A parceria com o vizinho platino cresceu 108% em 20 anos, consolidando-se como pilar fundamental do comércio exterior brasileiro.

Os BRICS emergem como protagonistas absolutos desta transformação comercial. O bloco, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além dos novos membros, representa US$ 194 bilhões ou 31,9% da corrente de comércio total do Brasil com o mundo, ou quase o triplo do comércio com os EUA.

Em duas décadas, os BRICS expandiram extraordinários 820,9%, demonstrando como a cooperação Sul-Sul se tornou realidade econômica concreta. Este crescimento supera em muito qualquer outro agrupamento comercial, sinalizando uma reorientação estrutural da economia global.

Um caso particularmente surpreendente é o Vietnã, que embora não apareça individualmente no ranking dos principais parceiros, integra o bloco ASEAN que cresceu 656% em 20 anos. O país asiático tem se destacado como destino crescente das exportações brasileiras, especialmente de commodities agrícolas e minerais, aproveitando sua posição estratégica na cadeia de suprimentos asiática e seu dinamismo econômico.

A África emerge como uma das fronteiras mais promissoras para o comércio brasileiro. Com corrente de US$ 24 bilhões, o continente registrou crescimento de 14,8% no último ano e 109% em 20 anos. Países como Nigéria, Angola e África do Sul têm se tornado parceiros estratégicos, não apenas para exportação de manufaturados brasileiros, mas também como fornecedores de energia e matérias-primas. Esta aproximação reflete tanto afinidades históricas quanto oportunidades econômicas concretas em um continente de 1,4 bilhão de habitantes.

As tendências de longo prazo revelam uma transformação geopolítica sem precedentes. O Sul Global, que há 25 anos representava apenas 36% do comércio brasileiro, hoje domina 60,8% das transações, totalizando US$ 370 bilhões. Paralelamente, o Norte Global, embora ainda significativo com US$ 238 bilhões, viu sua participação declinar de 64% para 39,2% no mesmo período.

Esta reorientação não significa abandono das relações tradicionais. O Brasil mantém vínculos comerciais sólidos e crescentes com o Norte Global, registrando crescimento de 6,4% no último ano. Alemanha (US$ 20 bilhões), Japão (US$ 11 bilhões), Holanda (US$ 14 bilhões) e Itália (US$ 11 bilhões) permanecem parceiros fundamentais, especialmente para exportação de produtos de maior valor agregado e importação de tecnologia avançada.

A diversificação geográfica do comércio exterior brasileiro reflete uma estratégia deliberada de redução de dependências e aproveitamento de oportunidades globais. O crescimento da América do Sul (US$ 69 bilhões) e da ASEAN (US$ 36 bilhões) demonstra como o país tem explorado parcerias regionais e inter-regionais, construindo uma rede comercial verdadeiramente global.

Os dados consolidam o Brasil como protagonista de uma nova ordem comercial mundial, onde as relações Sul-Sul ganham protagonismo sem excluir parcerias tradicionais. Este equilíbrio estratégico posiciona o país de forma privilegiada para navegar as complexidades geopolíticas contemporâneas, mantendo autonomia e maximizando oportunidades em um mundo multipolar.

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