O relatório final da Polícia Federal sobre a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) paralela, que ilegalmente investigava inimigos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), indicou Carlos Bolsonaro (PL), seu filho, como idealizador e um dos maiores líderes da cúpula da organização criminosa.
Carlos era responsável por enraizar comparsas do clã Bolsonaro em diversas esferas do governo, criando múltiplas facetas de uma organização paralela de poder. Ele atuou como figura central nas estratégias de comunicação da última presidência e foi apontado pelo inquérito das fake news como pivô do esquema ilegal de disseminação em massa de informações falsas conhecido como “Gabinete do Ódio”. O atual vereador do Rio de Janeiro já admitiu ser responsável pelas redes sociais de Jair Bolsonaro.
A investigação também apontou Carluxo como a figura central que estruturou a “inteligência paralela” e o núcleo político (leia-se bolsonarista) da ABIN. Ele comandava, de forma extraoficial, os agentes Felipe Arlotta Freitas, Henrique César Zordan e Alexandre Ramalho Dias Ferreira. Os três eram responsáveis pelas ações clandestinas realizadas pelo órgão, como vigilância indevida, falsificação de provas e monitoramento ilegal de agentes considerados por eles inimigos do Estado. Eles também trabalharam de forma irregular na sua campanha eleitoral para vereador.
Conversas de WhatsApp de Giancarlo Gomes Rodrigues e Marcelo Bormevet, que investigaram e ameaçaram o Ministro Alexandre de Moraes, revelam também que Carlos Bolsonaro era o destinatário final e direcionador das informações produzidas pela estrutura paralela da ABIN.
A partir de certo ponto, quando os inquéritos do STF (Supremo Tribunal Federal) começaram a chegar perto de Jair Bolsonaro, Carlos denominou que a tarefa máxima da contrainteligência da ABIN seria a de “proteger” a sua família.
Para conquistar esse objetivo, Carluxo não mediu esforços e chegou até a usar sua assessora, Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, para defender os interesses de seu pai. O relatório cita mensagens que ela mandou a Alexandre Ramagem, então diretor-geral da ABIN, pedindo ajuda com os inquéritos da Polícia Federal que “envolviam PR e 3 filhos”, referindo-se ao presidente e seus três filhos. Ela se defendeu, falando que a sigla remetia a um pastor, e não a Bolsonaro.
Luciana Almeida também teve participação ativa na ação clandestina de ataques ao sistema eleitoral e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a mando da ABIN paralela. Foi ela que obteve o Inquérito Policial Federal que investigava a invasão de sistemas e banco de dados do TSE que foram publicados nas redes de Jair Bolsonaro. Carlos já admitiu ser o gerente de todas as contas de seu pai.
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