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ABIN paralela monitorava jornalistas críticos ao governo Bolsonaro

A ABIN paralela, organização criminosa oculta na Agência Brasileira de Inteligência, monitorou e coletou diversos dados de Jean Wyllys, Leandro Demori, Luiza Alves Bandeira, Vera Magalhães e outros jornalistas opositores a Jair Bolsonaro (PL). Os agentes Luiz Gustavo da Silva Mota e Giancarlo Gomes Rodrigues, subordinado de Marcelo Bormevet, foram responsáveis por usar o sistema […]

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Reprodução/Abin

A ABIN paralela, organização criminosa oculta na Agência Brasileira de Inteligência, monitorou e coletou diversos dados de Jean Wyllys, Leandro Demori, Luiza Alves Bandeira, Vera Magalhães e outros jornalistas opositores a Jair Bolsonaro (PL).

Os agentes Luiz Gustavo da Silva Mota e Giancarlo Gomes Rodrigues, subordinado de Marcelo Bormevet, foram responsáveis por usar o sistema israelense First Mile, que permitia a geolocalização e acompanhamento de indivíduos sem nenhum mandado judicial, para acompanhar o ex-deputado Jean Wyllys (PT), que supostamente estaria “fazendo campanha” contra o então Presidente da República. De acordo com reportagens da época, Wyllys também teria renunciado ao seu mandato para ministrar aulas sobre combate à “Fake News”, o que teria incomodado os membros da ABIN.

Os registros do sistema First Mile também demonstram que o objetivo era associá-lo a David Miranda (PDT), então deputado estadual do Rio de Janeiro, e ao jornalista Leandro Demori, um dos principais responsáveis pela “Vaza-Jato” e que também era monitorado pela organização.

Além disso, conversas de WhatsApp obtidas pela Polícia Federal revelaram que o monitoramento ilegal dessas pessoas era de conhecimento da Presidência da República, já que Giancarlo estava presencialmente no GSI no momento em que recebeu o pedido para monitorar Wyllys.

Print da conversa de WhatsApp entre Giancarlo Gomes da Costa e Luiz Gustavo da Silva Mota

As trocas de mensagens revelam ainda que os investigados usaram os sistemas Cintepol e Infoseg, restritos da Polícia Federal, para buscar dados dos alvos de interesse.

O jornalista Pedro Cesar Batista, da TV Comunitária de Brasília, também foi monitorado com uso do First Mile. Seu nome foi consultado 43 vezes no sistema, em razão da sua responsabilidade em organizar o ato “Fora Bolsonaro” em 2020.

Print do pedido de investigação de Pedro Cesar Batista

Já Luiza Alves Bandeira, jornalista da Folha de São Paulo e pesquisadora do Atlantic Council, tornou-se alvo da ABIN por liderar um estudo que resultou na remoção de perfis falsos ligados ao governo Bolsonaro do Facebook em julho de 2020. Outras conversas interceptadas pela PF mostraram que Bormevet determinou que Giancarlo “futucasse” a jornalista “até a unha” para investigar suas conexões políticas. Nem a mãe da jornalista passou ilesa. A professora Nilza Gonzaga Alves também foi monitorada.

Conjuntamente a essa investigação, foram encontrados pedidos de pesquisa sobre Vera Magalhães, apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura, porque seu marido tinha uma empresa contratada pelo senador Omar Aziz, presidente da CPI da Covid. Ela e seu marido foram alvos de ataques coordenados para desestabilizar os trabalhos da Comissão.

Outros jornalistas que figuram no relatório da PF e foram monitorados são: Alice Martins da Costa Maciel, Roberto Marcio de Castro Pedro, José Jesus Vicente e Afonso Alves Monaco.

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Lucas Allabi

Jornalista em formação pela PUC-SP, apaixonado por São Paulo e tudo correlato à maior metrópole do hemisfério sul. Especialista em padarias e cafés, escreve principalmente sobre política e meio ambiente. Às vezes se arrisca no futebol. Instagram: @lu.allab

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