Pela primeira vez desde sua fundação, o BRICS assume uma posição geopolítica firme diante de uma grave crise internacional, condenando sem ambiguidades os ataques militares contra o território iraniano. A declaração, publicada hoje no dia 24 de junho, marca uma inflexão histórica: o bloco denuncia a violação do direito internacional, adverte para os riscos de uma escalada regional com repercussões globais e exige a retomada do diálogo como único caminho possível para a paz.
Ao destacar a proteção de vidas civis, o respeito ao direito humanitário e a salvaguarda de instalações nucleares de uso pacífico, o BRICS sinaliza seu compromisso com uma ordem internacional baseada em regras e multipolaridade — não em sanções unilaterais, ocupações e guerra. Em contraste, países do Norte Global, como Canadá, Reino Unido, França e Alemanha, mantêm sua omissão cínica diante das agressões contra iranianos, palestinos e russos, reafirmando sua adesão à lógica da força e da dominação.
A nota representa não apenas uma tomada de posição diante de um episódio específico, mas um gesto inaugural de um novo tipo de liderança global, pautada na diplomacia, na paz e na soberania dos povos. O silêncio cúmplice das potências ocidentais torna ainda mais estrondosa a presença do BRICS no debate internacional. Trata-se de um acontecimento político que inaugura outra gramática nas relações internacionais e não pode ser subestimado.
Leia abaixo:
Declaração Conjunta do BRICS sobre a Escalada da Situação de Segurança no Oriente Médio Após os Ataques Militares no Território da República Islâmica do Irã
Expressamos profunda preocupação com os ataques militares contra a República Islâmica do Irã desde o dia 13 de junho de 2025, os quais constituem violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, e a subsequente escalada da situação de segurança no Oriente Médio.
Diante do aumento das tensões, cujas consequências para a paz e a segurança internacionais, bem como para a economia global, são imprevisíveis, ressaltamos a necessidade urgente de romper o ciclo de violência e restaurar a paz.
Conclamamos todas as partes envolvidas a engajarem-se, por meio dos canais de diálogo e diplomáticos existentes, com vistas a desescalar a situação e resolver suas divergências por meios pacíficos.
Expressamos profunda preocupação em relação a quaisquer ataques contra instalações nucleares de natureza pacífica realizados em violação ao direito internacional e às resoluções pertinentes da Agência Internacional de Energia Atômica.
As salvaguardas, a segurança e a proteção nucleares devem ser sempre respeitadas, inclusive em situações de conflitos armados, a fim de resguardar as pessoas e o meio ambiente contra danos.
Nesse contexto, reiteramos nosso apoio a iniciativas diplomáticas que visem abordar desafios regionais.
Vidas civis devem ser protegidas e a infraestrutura civil deve ser salvaguardada, em total conformidade com o Direito Internacional Humanitário.
Estendemos nossas sinceras condolências às famílias das vítimas e expressamos nossa solidariedade com os civis afetados.
Guiados pelos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas, o BRICS permanece comprometido com a promoção da paz e da segurança internacionais e com o fomento da diplomacia e do diálogo pacífico como único caminho sustentável para a estabilidade duradoura na região.
Nesse sentido, também reafirmamos a necessidade de estabelecimento de uma zona livre de armas nucleares e outras armas de destruição em massa no Oriente Médio, em conformidade com as resoluções internacionais pertinentes.
Conclamamos a comunidade internacional a apoiar e facilitar os processos de diálogo, defender o direito internacional e contribuir construtivamente para a solução pacífica de controvérsias em benefício de toda a humanidade.
Os países do BRICS continuarão atentos a essa matéria.
Ana Cecilia Sucupira
26/06/2025 - 13h24
Parabéns ao BRICS PELO seu posicionamento frente a esses ataques ao Irã e diante de todo este conflito!