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Datafolha revela: brasileiros confiam mais na China do que nos EUA após tarifaço de Trump

Em meio à escalada de tensão entre Brasil e Estados Unidos causada pelas novas tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump, levantamento do instituto Datafolha mostra que os brasileiros passaram a confiar mais na China do que nos Estados Unidos como parceiro comercial. A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira, 31, pelo jornal O Globo e […]

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RICARDO STUCKERT/PR

Em meio à escalada de tensão entre Brasil e Estados Unidos causada pelas novas tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump, levantamento do instituto Datafolha mostra que os brasileiros passaram a confiar mais na China do que nos Estados Unidos como parceiro comercial. A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira, 31, pelo jornal O Globo e reflete o impacto político e econômico do recente pacote tarifário anunciado por Washington.

Segundo o levantamento, 23% dos entrevistados afirmaram que o Brasil “pode confiar muito” na China, enquanto apenas 19% disseram o mesmo em relação aos Estados Unidos. Em contrapartida, 46% afirmaram que “não se pode confiar” nos norte-americanos, frente a 29% que expressaram esse nível de desconfiança em relação aos chineses.

A pesquisa foi realizada entre os dias 29 e 30 de julho de 2025 e ouviu 2.004 pessoas em 130 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Os dados mostram uma mudança na percepção pública sobre as alianças estratégicas do Brasil, num momento em que a política tarifária dos EUA afeta diretamente setores importantes da economia nacional.

O tarifaço assinado por Trump eleva taxas de importação sobre uma série de produtos brasileiros. Embora alguns itens tenham sido excluídos da versão final do decreto, o impacto econômico é motivo de preocupação para a maioria da população.

Segundo o Datafolha, 89% dos entrevistados acreditam que a medida prejudica a economia do país. Entre esses, 43% avaliam que o prejuízo será grande, enquanto 34% esperam um impacto moderado e 19% consideram que os efeitos serão nulos.

A percepção de prejuízo não se limita ao plano macroeconômico. A pesquisa mostra que 77% dos brasileiros temem efeitos diretos sobre suas finanças pessoais. Apenas 20% não preveem qualquer impacto, e 3% não souberam responder.

O levantamento também mediu a expectativa da população quanto à forma de resposta do governo brasileiro. Para 72% dos entrevistados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve priorizar o caminho da negociação com os Estados Unidos na tentativa de reverter as sanções comerciais. Um número menor, 15%, defende a adoção de medidas de retaliação por parte do Brasil. Outros 6% acreditam que o país deveria aceitar as condições impostas por Washington, mesmo que envolvam temas políticos internos.

Entre os temas mencionados na pressão norte-americana estão as investigações em curso contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado.

O possível condicionamento comercial a esse tipo de pauta jurídica foi rejeitado pela ampla maioria dos entrevistados. Entre os eleitores de Bolsonaro, 13% se disseram favoráveis a aceitar as exigências, mas 92% reconhecem que o tarifaço trará prejuízos econômicos para o país.

A pesquisa do Datafolha reforça a percepção de que a política comercial adotada pelo governo dos Estados Unidos pode provocar mudanças nos alinhamentos diplomáticos e estratégicos do Brasil. A China, que integra o bloco BRICS ao lado do Brasil, da Índia, da Rússia e da África do Sul, surge como alternativa mais confiável na avaliação de parcela significativa da população brasileira.

A intensificação da parceria econômica com a China tem sido defendida por membros do governo e representantes do setor produtivo. O país asiático é atualmente o principal destino das exportações brasileiras e um dos maiores fornecedores de insumos industriais e agrícolas. O recente endurecimento tarifário por parte dos EUA pode acelerar negociações com Pequim e outros parceiros do BRICS, como forma de mitigar os impactos do pacote norte-americano.

Além do cenário comercial, a pesquisa também revela como a política externa pode influenciar a percepção pública sobre soberania e interesses nacionais. A ampla rejeição à imposição de condições políticas por parte de Washington indica resistência da sociedade brasileira a qualquer tentativa de interferência externa em temas internos do país.

Com os efeitos das novas tarifas ainda por serem sentidos nos indicadores econômicos, o governo Lula enfrenta o desafio de buscar soluções diplomáticas que preservem setores estratégicos, mantenham canais de exportação e evitem rupturas comerciais. Os dados do Datafolha sugerem que a população brasileira apoia majoritariamente uma abordagem negociadora, mas alerta para os riscos de dependência excessiva em parcerias instáveis.

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