A libertação de reféns e o cessar-fogo marcam o ponto mais simbólico das negociações entre Israel e Hamas desde o início do conflito
Em um dos discursos mais marcantes de sua presidência, Donald Trump declarou oficialmente o fim da guerra entre Israel e o Hamas, durante uma sessão extraordinária no Knesset, o Parlamento israelense. Diante de um plenário lotado e sob aplausos intensos, o presidente dos Estados Unidos anunciou o que chamou de “um novo amanhecer para a Ásia Ocidental”, prometendo que o Hamas será “desarmado” e que a segurança de Israel não será ameaçada “de nenhuma forma ou maneira”.
O evento ocorreu após a libertação de 20 reféns israelenses mantidos em Gaza, fruto de um cessar-fogo firmado dentro do chamado plano de paz de 20 pontos elaborado por Washington. A entrega dos prisioneiros foi mediada pela Cruz Vermelha, enquanto Israel iniciou simultaneamente a libertação de cerca de 1.966 detentos palestinos, em um gesto que Trump classificou como “o início de uma nova era”.
“Após dois anos angustiantes, 20 reféns corajosos estão retornando ao glorioso abraço de suas famílias. E é glorioso”, disse Trump, visivelmente emocionado. “Este não é o fim de uma guerra, este é o fim de um reinado de terror”, completou, arrancando aplausos da plateia.
O presidente norte-americano elogiou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a quem chamou de “um homem difícil, mas grande líder”. “Muito obrigado, Bibi. Ótimo trabalho”, afirmou, antes de proclamar: “A guerra acabou.”
Trump destacou ainda o papel decisivo de países árabes e muçulmanos que, segundo ele, “pressionaram o Hamas a libertar os reféns”. O republicano descreveu o momento como um “triunfo incrível para Israel e para o mundo”.
“Daqui a gerações, este será lembrado como o momento em que tudo começou a mudar. Esta será a era de ouro de Israel e o alvorecer de um novo Oriente Médio”, declarou.
Durante o discurso, Trump também fez referência direta às operações militares recentes que envolveram o Irã e o Hezbollah. “Os principais terroristas do Irã, incluindo comandantes e cientistas nucleares, foram extintos. Impedimos que o principal patrocinador estatal do terrorismo obtivesse uma arma nuclear”, disse. Em seguida, acrescentou: “A adaga apontada para Israel foi destruída.”
O presidente reafirmou que “Gaza será completamente desmilitarizada, o Hamas será desarmado e a segurança de Israel não será prejudicada de forma alguma”. Segundo ele, “as forças do caos e da ruína estão enfraquecidas, e os inimigos de toda a civilização estão em retirada”.
Trump também exaltou o envolvimento dos países árabes na consolidação do acordo. “O sol nasce em uma terra sagrada que finalmente está em paz”, declarou, recebendo uma das maiores ovações da manhã.
Antes do discurso de Trump, Netanyahu expressou sua “gratidão incessante” ao líder americano por sua atuação “indispensável” nas negociações. Já o líder da oposição israelense, Yair Lapid, também fez questão de agradecer. “Senhor presidente, o senhor salvou a vida dos nossos reféns. Mas salvou muito mais. O senhor salvou as almas dos enlutados cujos entes queridos agora serão trazidos para casa, salvou milhares de soldados que não cairão em batalha e milhões que foram poupados dos horrores da guerra”, declarou Lapid, em tom emocionado.
Apesar do clima de celebração, o futuro ainda é incerto. O Hamas rejeitou oficialmente a proposta de desarmamento incluída no plano de Trump, e detalhes sobre a reconstrução de Gaza e a possível presença de forças internacionais na região ainda não foram divulgados.
Mesmo assim, o tom do dia foi de esperança. Ao encerrar seu pronunciamento, Trump fez um apelo simbólico: “Agora, finalmente, não apenas para Israel, mas também para os palestinos, o longo e doloroso pesadelo acabou. Este cessar-fogo anuncia um futuro mais brilhante e mais bonito para todos.”
Entre aplausos, abraços e lágrimas, a sessão no Knesset marcou um momento histórico que muitos já chamam de o início de um novo capítulo na conturbada história do Oriente Médio.


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