Análise da Secretaria de Política Econômica estima que crescimento de 2,2% do PIB para 2025 está assegurado, e que o resultado pode ser maior. Exportações acima do previsto garantem elevação no período. Consumo das famílias diminui no trimestre, por conta da alta taxa básica de juros
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda (MF) divulgou, nesta sexta-feira (5/12), a “Nota Informativa — PIB do 3º Trimestre de 2025”. O material apresenta análises sobre a alta de 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano na comparação com o segundo trimestre (na série com ajuste sazonal). Já o crescimento acumulado nos últimos quatro trimestres é de 2,7%, o que coloca o Brasil na sexta melhor posição, neste quesito, entre os países do G20.

Com o resultado de 0,1% observado no terceiro trimestre, o carrego estatístico para 2025 subiu de 2,0% para 2,2%, de acordo com a Nota Informativa. A análise foi feita com bases nos dados divulgados pelo IBGE
O carrego estatístico de que fala a SPE significa que o PIB anual do Brasil já teria assegurado um crescimento de 2,2% mesmo que não ocorra crescimento algum no último trimestre. E que mais uma vez a economia do País superou as expectativas, pois a projeção anterior era de 2%. Além disso, como é improvável que não haja crescimento adicional entre outubro e dezembro, o cenário sugere um “viés de alta” para a expectativa final de crescimento do PIB em 2025.
Exportações mais fortes que o esperado
Segundo o relatório da SPE, “as exportações cresceram 7,2% no terceiro trimestre, ante alta de 2,1% no segundo trimestre (dado revisado de 2,0%), enquanto as importações desaceleraram de 3,9% (dado revisado de 4,4%) para 2,2%. Na passagem entre trimestres, destaca-se o maior ritmo de expansão nas exportações de produtos agropecuários e extrativos. No caso das importações, contribuiu para a desaceleração frente ao trimestre anterior principalmente o menor ritmo das importações de serviços”.
Acesse a Nota Informativa — PIB do 3º Trimestre de 2025
O crescimento das exportações contrariou expectativas surgidas após o tarifaço que Donald Trump impôs sobre produtos brasileiros, a partir de agosto. O Brasil buscou novos mercados e, recentemente, os Estados Unidos retiraram parte das tarifas.
Também segundo a SPE, “na passagem entre trimestres, destaca-se o maior ritmo de expansão nas exportações de produtos agropecuários e extrativos. No caso das importações, contribuiu para a desaceleração frente ao trimestre anterior principalmente o menor ritmo das importações de serviços”.
Consumo de famílias cai por causa da Selic
Houve recuo no consumo das famílias, na comparação com o segundo trimestre do ano. Segundo a SPE, a alta taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Banco Central, está na raiz dessa desaceleração.
“O consumo das famílias desacelerou de 1,8% para 0,4% do segundo para o terceiro trimestre, refletindo o recuo no consumo de bens duráveis e não duráveis e a redução no ritmo de consumo de produtos semiduráveis e de serviços, principalmente importados. A desaceleração do consumo está associada ao desaquecimento dos mercados de trabalho e crédito no terceiro trimestre, em resposta aos impactos defasados da política monetária restritiva”, diz o documento.
“O ritmo de crescimento foi inferior ao projetado pela SPE na margem, embora a expansão tenha sido muito próxima à esperada na comparação interanual. Essa discrepância tem a ver com as revisões nas séries trimestrais desde 2024”, conforme o texto da Nota Informativa (as revisões estão sendo realizadas pelo IBGE). Para o PIB do terceiro trimestre, a SPE havia estimado resultado de 0,3% sobre o trimestre anterior.
Impactos
O material da SPE informa que, com as revisões e resultados para o terceiro trimestre incorporados ao cenário, o crescimento projetado para o PIB da agropecuária para 2025 deve ser significativamente superior à alta de 9,5% anteriormente esperada. Para o PIB da indústria, a projeção de expansão de 1,3% também deve ser revisada para cima. Em contrapartida, a alta antes esperada para o PIB de serviços, de 1,9%, deve passar a ser menor.
Pela ótica da demanda, a contribuição da absorção para 2025 tende a ser inferior à antes esperada, considerando principalmente a revisão para baixo no consumo das famílias no primeiro semestre. Em contrapartida, o setor externo deve compensar, sobretudo, pela revisão para baixo nas importações
A Nota Informativa da SPE ressalta ainda que, considerando todas essas mudanças, o viés de revisão para o PIB de 2025 é de alta: “O carregamento estatístico até o terceiro trimestre já é de 2,2%, similar ao crescimento que a SPE projetava antes para o ano. No entanto, a expectativa continua sendo de crescimento positivo na margem ainda no quarto trimestre, repercutindo, principalmente, uma leve melhora no desempenho dos serviços”.
As revisões apontam que atividades relacionadas a setores menos cíclicos, principalmente, tiveram desempenho melhor no primeiro semestre de 2025, em comparação ao antes apresentado, ao contrário do observado para os setores cíclicos. Além disso, a tendência de desaceleração da atividade (na revisão do PIB do terceiro trimestre de 2025) se tornou mais acentuada, reduzindo também o carry-over para 2026. “Dessa maneira, não se altera a perspectiva de desaquecimento econômico e de fechamento do hiato desenhada do segundo semestre de 2025 em diante”, de acordo com a Nota Informativa.
Posição internacional
Dentre os países do G-20 que já divulgaram o resultado do PIB do terceiro trimestre, o Brasil ocupou a 11ª posição na margem; a oitava posição na comparação interanual e a sexta posição no acumulado em quatro trimestres, informa a SPE.
Sob o panorama de comparação interanual , o PIB do terceiro trimestre deste ano cresceu 1,8%, em comparação ao mesmo período de 2024, diante de alta de 2,4% verificada no segundo trimestre de 2025 (dado revisado de 2,2%). Já na comparação anual (entre o acumulado dos quatro primeiros trimestres de 2025 ante igual período do ano passado), o PIB desacelerou de 3,3% para 2,7%, do segundo para o terceiro trimestre de 2025.
Publicado originalmente pela Agência Gov em 05/12/2025
Por Secretaria de Política Econômica


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