O titular do Trabalho e Emprego fez um balanço das ações voltadas aos trabalhadores neste ano em entrevista à Voz do Brasil
A redução da jornada de trabalho, o fim da escala 6×1, é fundamental para garantir qualidade de vida à maioria dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. Para o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, reduzir a jornada é também priorizar a qualidade de vida dos cidadãos brasileiros.
“Portanto, acabar com o 6 por 1 é fundamental, é muito importante para criar um ambiente mais saudável do emprego, para o trabalhador não se sentir pressionado por um ambiente hostil, quando ele rejeita alguma coisa, ele vê naquele ambiente hostil e acaba virando depressão, doença mental, acidente, absenteísmo, baixa qualidade, baixa produtividade”, afirmou o ministro em entrevista ao programa A Voz do Brasil desta terça-feira (23/12).
“Então nós temos que enxergar isso como uma grande oportunidade de ganhar com esse processo, reduzir a jornada. Em tese o empregador vai perder algumas horas ali, mas seguramente ele vai ganhar potencial de qualidade, de ambiente normal de trabalho e produtividade, o Brasil pode ganhar muito com isso”, completou.
O ministro falou ainda sobre a projeção do salário mínimo, que será reajustado dos atuais R$ 1.518 para R$ 1.621 em 2026, um aumento de R$ 103, um reajuste de 6,79%.
Leia a entrevista completa a seguir:
Ministro, vamos começar falando de salário mínimo, a previsão para o ano que vem é mil seiscentos e vinte e um reais. Isso vai se somar aí também com os ganhos que o trabalhador teve, vai ter, com a mudança no imposto de renda, né? E isso deve significar aí uma perspectiva boa de aumento de renda.
Me perguntaram essa semana como é que eu vi o ano que vem, esse ano foi um ano importante e a economia o ano que vem, apesar dos juros, apesar de você, apesar dos juros que ainda que creio que não começa, comecinho do ano, redução de juros, espero que o Banco Central olhe isso com muita atenção porque ele pode comprometer, porque a indústria vem desacelerando do mercado de trabalho, está crescendo ainda, mas vem desacelerando.
“Se o Banco Central der a sua colaboração, iniciar o ano reduzindo os juros, eu tenho certeza que o ano que vem será um bom ano para a economia brasileira, até porque janeiro começa bem, começa com aumento real do salário mínimo.
A partir do primeiro de janeiro, a projeção hoje é para R$ 1.621, porque é a inflação de novembro, tem que confirmar esse indicador, e tem mais imposto de renda, tem isenção de imposto de renda de até R$ 5.000, então você que pegar o teu olerite, o teu fôlego de pagamento de novembro, você já pode ter em mãos, comparar o que foi descontado, você ganha até R$ 5.000, ou até R$ 7.300, e olhar lá o que está em imposto de renda, até R$ 5.000, o que tem descontado hoje não terá na sua folha de pagamento de janeiro, que você vai receber lá no final de janeiro e começo de fevereiro.
Isso é ganho real, para você fazer o teu investimento, para você bem entender, então isso vai seguramente ajudar a segurar o ritmo de crescimento no mercado de trabalho brasileiro, o que é muito bom, porque nós precisamos ir aumentando, porque ainda nós falamos, estamos em pleno emprego e o menor indicador, é verdade o menor indicador, mas nós temos a ordem de 7 milhões de pessoas desempregadas, e é possível você ter alguns segmentos que não estejam se colocando na disposição do mercado de trabalho, que podem se colocar, por exemplo, as mulheres, tem uma parte das mulheres que estão, não é que elas não estão fazendo nada, está trabalhando, está cuidando da família, está cuidando do cuidado da família, que uma boa política pública das cidades, dos estados.
[Tem ainda] o esforço do ministro Camilo, da educação, orientado pelo presidente Lula, de ir gradativamente aumentando o ensino integral, libera muitas companhias que gostariam de estar no mercado de trabalho e que também possam estar, e é preciso também chamar atenção, porque às vezes as empresas não estão conseguindo, mas tem aqui duas questões de mercado de trabalho importante a ser considerada, é uma rejeição especialmente da juventude com a escala 6 por 1, então é preciso a gente considerar o congresso com serenidade, o empresariado, encarar isso para a gente acabar, virar essa página da 6 por 1, com redução jornada máxima, sem redução de salário, a fim de cuidar da 6 por 1. E outra questão é o salário, a remuneração, alguns segmentos estão remunerando muito baixo, isso acaba também tendo dificuldades.
E reclamando da qualificação, qualificação, nós temos muitos programas de qualificação à disposição para discutir com o empresariado, o Sistema S está participando ativamente desse processo também, tem um programa em massa de qualificação digital, o Programa do Ministério do Trabalho e Emprego, em parceria com a Microsoft, também está à disposição, temos formado muita gente, mas nós acabamos de renovar esse contrato para mais 5 milhões de vagas, portanto até 2030 nós teremos mais 7 milhões e meio de vagas para formar, que vai do letramento digital à programação, passando para os vários MBA do sistema de ensino digital, com educação econômica, economia, como cuidar da gestão do dinheiro na família, como preencher os currículos, como se preparar para um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, estamos aí buscando cumprir o nosso papel.
Ministro, o senhor já fez referência agora no início da nossa conversa, a redução da jornada de trabalho, o fim da escala 6 por 1, são temas que devem avançar nas negociações de 2026?
Olha, eu espero que sim, a Comissão de Trabalho, por exemplo, da Câmara, está muito sensível, o deputado Léo Prats, que preside a comissão, junto com vários deputados e deputadas que participam de vários partidos, sem distinção partidária, tem tido uma sensibilidade de discutir isso, discutir com o empresariado, chamar a atenção dessa necessidade, até porque eu tenho conversado com muitos empresários do ramo do comércio, por exemplo, que precisam trabalhar, e eles estão colocando, estão estudando como resolver essa dicotomia, eu preciso funcionar sete dias por semana, e tem uma rejeição do trabalhador para trabalhar seis dias por semana, então como organizar essa grade de jornada de trabalho.
Portanto, acabar com o 6 por 1 é fundamental, é muito importante para criar um ambiente mais saudável do emprego, para o trabalhador não se sentir pressionado por um ambiente hostil, quando ele rejeita alguma coisa, ele vê naquele ambiente hostil e acaba virando depressão, doença mental, acidente, absenteísmo, baixa qualidade, baixa produtividade, então nós temos que enxergar isso como uma grande oportunidade de ganhar com esse processo, reduzir a jornada, portanto vamos, em tese o empregador vai perder algumas horas ali, mas seguramente ele vai ganhar potencial de qualidade, de ambiente normal de trabalho e produtividade, o Brasil pode ganhar muito com isso.
O senhor falou aí também da juventude, né, inclusive fez menção à resistência da juventude com a jornada 6 por 1, mas os jovens de 18 a 24 anos também foram muito requisitados pelo mercado de trabalho em 2025, só no mês de outubro, né, que é o dado mais recente que a gente tem no momento que a gente está fazendo essa entrevista, foram 80 mil contratações, isso reflete, ministro, uma procura das empresas pelos jovens?
80 mil de 85 mil, de 86 mil, então seja quase a totalidade de jovens até 24 anos, e ao longo do ano, girou a ordem de 80% dos jovens que preencheram as vagas abertas até 24 anos de idade, ou seja, os jovens estão respondendo categoricamente a chamada do mercado de trabalho, o registro em carteira, CLT, direitinho.
Tem a ver com a lei da aprendizagem também, né, ministro, que fez 20 anos agora. Exatamente, na aprendizagem, nós, eu até contei aqui já uma história, em 2005, nós tínhamos 48 mil jovens no programa de aprendizagem no Brasil, ou seja, ainda existia, e fizemos uma grande mexida lá na lei da aprendizagem, houve um processo de crescimento gradativamente, quando eu voltei, quando eu assumi o ministério agora em 2023, nós tínhamos algo de 453 mil nesse programa, hoje estamos com 715 mil, ou seja, quase dobramos de novo, né, isso então é um histórico, é uma marca histórica, é uma marca histórica para o mercado de trabalho brasileiro, nós estamos chegando com estoque de 49 milhões, 48 milhões, 900 e alguma coisa, ou seja, praticamente 49 milhões no estoque de empregos formais, sem contar aqui servidores públicos, né, então nós estamos aí gerando mais empregos formais do que os informais, ou seja, nós já tivemos um momento onde tinha mais informais do que formais, essa curva, ela inverteu, toda vez que o mercado se fortalece, né, que a economia se fortalece, que a economia cresce com sustentabilidade, fortalece os empregos formais no Brasil, isso é muito bom para a economia.
Pois é, o Brasil está caminhando para fechar o ano com saldo positivo nessa geração de empregos, até outubro, 1 milhão e 800 mil postos formais em 2025, o que é que levou essa geração constante de empregos, ministro?
Especialmente as políticas públicas do presidente Lula, né, você tem aqui os programas sociais, sem dúvida nenhuma, mas tem dois que é muito importante e agregado com outros fatores aqui, você tem a política de valorização do salário mínimo, você tem a política dos ajustes da tabela do Imposto de Renda, que ajudou a agregar capacidade de compra, que vai ser reforçado ainda mais a partir de janeiro, com isenção do Imposto de Renda de até R$ 5 mil.
Tivemos aqui o papel destacado dos fundos públicos, do Fundo de Garantia e do FAT, o papel que o BNDES desenvolveu sobre a coordenação do vice-presidente Geraldo Alckmin e do presidente Aloysio Mercadante, do BNDES, em todo o debate sobre a nova indústria, sobre os programas de financiamento, oportunizando, seja indústria, serviço, comércio, os investimentos nesse processo tudo ajudou a escalar um processo crescente de empregos no país, reforçado, concreto do trabalhador, que injetou também bilhões na economia. Em março, o presidente Lula encaminhou uma medida provisória liberando fundo de garantia retido de demitidos de 12 milhões de pessoas, que liberou 12 bilhões de reais em duas parcelas, isso ajudou a segurar a onda. Então, nós temos trabalhado assim, e uma contradição com a tal da Selic, tal do Banco Central, que não está dando a sua colaboração.
Seguramente, se a gente reduzir juros, o potencial seria muito maior de crescimento.
Ministro, para a gente encerrar então, vamos prever aí esse crescimento do mercado de trabalho em 2026. O senhor já falou que a expectativa de redução dos juros pode favorecer ainda mais a geração de empregos.
A gente está hoje num patamar aí de 5,4% de taxa de desemprego. Dá para melhorar ainda mais esse número? Qual é a expectativa? Dá para melhorar, mas eu não gosto muito de fazer essas apostas e, sim, dizer o seguinte, o sentimento é que nós vamos continuar crescendo. O quanto dependerá muito de vários fatores.
Você tem fatores externos que acabam influenciando e, nesse caso interno, os juros praticados. Se começar uma redução em janeiro é uma coisa, se começar em março é outra. Se começar em junho, praticamente perdeu o ano.
Porque é o seguinte, nessa coisa monetária, você leva uns seis meses para dar efeito para baixo ou para cima. Então, ele vem reduzindo o ritmo do crescimento. Vamos ver os números de novembro.
Isso vai ajudar a balizar o que será em 26. Mas eu temo que o Banco Central segure demais esse freio e o carro vai parando. Portanto, já que perdeu a oportunidade da última reunião do cupom deste ano, espero que a primeira reunião do cupom do ano que vem, não é costumeiro, mas espero que venha redução para a gente poder colaborar com esse processo.
Publicado originalmente pela Agência Gov em 23/12/2025


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