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Wanderley Guilherme: O que fazer com a Rede Globo de Comunicações?

Hoje, Dia Internacional da Democratização da Mídia, o professor Wanderley Guilherme dos Santos nos presenteia com mais um belo artigo sobre o poder do monopólio da comunicação para a manutenção do déficit democrático no Brasil. Para Wanderley, “como está é que não pode ficar. Ou não haverá democracia estável no país”. Leia abaixo na íntegra. O que […]

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Hoje, Dia Internacional da Democratização da Mídia, o professor Wanderley Guilherme dos Santos nos presenteia com mais um belo artigo sobre o poder do monopólio da comunicação para a manutenção do déficit democrático no Brasil.

Para Wanderley, “como está é que não pode ficar. Ou não haverá democracia estável no país”.

Leia abaixo na íntegra.

O que fazer com a Rede Globo de Comunicações?

Por Wanderley Guilherme dos Santos no Segunda Opinião

O que fazer com o sistema globo de comunicação é um dos mais difíceis problemas a solucionar pela futura democracia brasileira. A capacidade de fabricar super-heróis fajutos, triturar reputações e transmitir versões selecionadas e transfiguradas do que acontece no mundo, lhe dá um poder intimidante a que se foram submetendo o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. A referência aos três poderes constitucionais da República resume a extensão do controle que o Sistema Globo detém e exerce implacavelmente, hoje, sobre toda e qualquer organização ou cidadão brasileiro. Só ínfima proporção do povo desdenha ser personagem de um fictício Brasil, nas páginas de seus jornais e revistas, notícias radiofônicas e matérias televisivas. Ainda menor é o número dos que não se abalam com a possibilidade de soçobrar nos planos de perseguição e vingança do portentoso vozeirão do Monstro comunicativo. Nenhum juiz, político, servidor público, organizações do bem ou do mal, passantes inofensivos e supostos detentores de direitos posa de valente diante das bochechas do mau humor Global. O Sistema Globo de Comunicação superou as Forças Armadas e as denominações religiosas, inclusive a inquisitorial Igreja Católica, na capacidade de distribuir pela sociedade os terríveis sentimentos de medo, ansiedade e inquietação. Ele é a fonte do baixo astral e baixa estima dos brasileiros e das brasileiras. O Sistema Globo converteu-se no gerente corruptor e corruptível do medo político, econômico, social e moral da sociedade brasileira, sem exceção.

Denunciar a gênese não contribui para elaborar eficiente estratégia de destruição do Monstro. Aliás, de que destruição se trata? O Sistema fabricou a mais abrangente e veloz rede de transmissão de notícias, através de emissoras e retransmissoras associadas, com comando centralizado e sem rival na sofisticação de sua aparelhagem e na competência de seus operadores. O Sistema Globo de Comunicações é modelo de excepcionalmente bem sucedido projeto de formação da opinião pública e de interpretação conjuntural dos valores cívicos da nacionalidade. É ele quem cria os amigos e os inimigos do País, mediante o controle, pelo medo, das instituições políticas e judiciárias. Com extraordinária reserva de recrutas intelectuais e especialistas, está aparelhada para a defesa de qualquer tese que a mantenha como proprietária praticamente exclusiva do poder de anunciar, em primeira mão, o que é a verdade – sobre tudo e sobre todos.

Não é esse poder tecnológico e de competência que deve ser destruído. Ao contrário, preservado e estimulado a manter-se na vanguarda da capacidade difusora de notícias e de valores, bem como em sua engenhosidade empresarial capitalista. O que há a fazer é expropriar politicamente o Sistema Globo de Comunicações, mantendo-o autônomo em relação aos governos eventuais (ou frentes ideológicas de infiltradas sanguessugas autoritárias), e implodir as usinas editoriais e jornalísticas do medo e de catástrofes emocionais, restituindo isenção aos julgamentos de terceiros. O Sistema Globo constitui, potencialmente, excelente opção para um sistema público de notícias impressas, radiofônicas e televisivas. Politicamente expropriados da tirania exercida sobre o jornalismo da organização, seus proprietários jurídicos podem manter ações e outros haveres econômicos das empresas conglomeradas, sem direito a voto na redação do futuro manual do sistema público de comunicação.

Como está é que não pode ficar. Ou não haverá democracia estável no país.

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Theo Rodrigues

Theo Rodrigues é sociólogo e cientista político.

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Comentários

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Douglas Pierini

20/10/2016 - 12h03

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
seus ditadorezinhos baratos, acham que vão fazer o que fizeram na Venezuela?
Acabou pra esquerda no mundo. ABraços

Neo

19/10/2016 - 14h54

A Rede Globo é uma organização estrangeira. É sustentada por recursos do povo brasileiro para manipular a opinião pública do povo brasileiro contra si mesmo de forma a sabotar nossos interesses. É um atentado CONSTANTE a nossa soberania nacional. As gerações futuras irão nos questionar porque aturamos esse câncer por tanto tempo. A simples existência dessa organização é um completo absurdo!

Emmanuel Andrade

19/10/2016 - 10h12

Hoje acordei cedo e fui fazer exame de sangue e de urina, rotina dolorosa do sexagenário. Ao chegar na antesala do laboratório, o que vejo: pilhas de revistas Veja, com capas que dispensam comentários e a televisão ligada na… Globo!
Acabo o exame e vou na padaria Beira Mar, tomar um café reforçado para repor o tanto de energia que me foi tirada, não tanto pelo sangue, mas pelo cenário geral do laboratório, e o que vejo: grandes telas espalhadas em cada ambiente da padaria, com a televisão ligada na… Globo!
Tomo mais café do que devia, na ânsia de super-repor energias que me são sugadas contra a minha vontade. Saio dali e vou ao salão cortar minha barba (porque cabelo já não os tenho!) e o que vejo: pilhas e pilhas do jornal o Globo e a televisão ligada na… Globo!
Respiro fundo, exercício zen para momentos de desespero, e abro o meu celular para olhar o meu Facebook. Na véspera, eu havia compartilhado a irrespondível carta do Lula, publicada na Folha de São Paulo, explicando didaticamente porque os “meganhas” (expressão minha, não do Lula) não podiam deixar de prendê-lo sob pena de se sentirem desmoralizados.
Entre os muitos comentários ao meu post, me detenho no último deles, que dizia “kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk”. Aí fico pensando: esse breve circuito que eu fiz nesta manhã e que é a realidade cotidiana de milhões de pessoas, produziu um tipo de sujeito que não precisa de mais do que uma letra do alfabeto para expressar todo o seu conteúdo intelectual, emotivo, existencial e coletivo… kkkkkkk.
Este indivíduo está pronto para desprezar a democracia, os direitos, a solidariedade e a autoestima, para ser governado por políticos cafonas, “trumpeanos”, homofóbicos e fascistas. Mas tenho pena desse indivíduo. Ele é fruto de um contexto repleto de circuitos laboratório-padaria-barbeiro-barzinho-bistrô onde lhe é servido cotidianamente sua dose diária da “cicuta” dos tempos modernos.
O Brasil é o case mais espetacular dos tempos atuais para provar que Democracia e monopólio midiático são absolutamente incompatíveis. Como mostrou genialmente o cientista Wanderley Guilherme dos Santos no seu blog de ontem ” o Sistema Globo de Comunicação superou as Forças Armadas e as denominações religiosas, inclusive a inquisitorial Igreja Católica, na capacidade de distribuir pela sociedade os terríveis sentimentos de medo, ansiedade e inquietação. Ele é a fonte do baixo astral e baixa estima dos brasileiros e das brasileiras. O Sistema Globo converteu-se no gerente corruptor e corruptível do medo político, econômico, social e moral da sociedade brasileira, sem exceção”.
Simples assim: o que fazer com esse monstro, capaz de destruir por dentro mentes e corações e oferecer a eles uma única letra do alfabeto para se manifestar?

Leonardo Koppes

19/10/2016 - 02h17

Sempre tive a desconfiança de que a globo nunca foi e não é uma empresa brasileira. O acordo Time-globo sempre me deu a impressão que o controle midiático é americano, enquanto o lucro fica para os marinho. Em momentos críticos a linha de jornalismo sempre pende para a visão do estado americano. A Time já fez acordos semelhantes em outros países, o que aumenta suspeitas de que ela é apenas um instrumento do neo colonialismo americano. Só o Saturnino Braga pode nos tirar essa dúvida.

Francisco Paulino dos Santos

18/10/2016 - 20h23

Muito bem, sabemos o que precisa ser feito. A questão é quem vai fazer isso se todas as instituições estão acovardadas?? E quando????

CIANOTON_PACE

18/10/2016 - 18h31

#AbaixoOGolpe! #QueHorasElaVolta? #Lula2018! A única forma de derrotar uma mídia golpista, oligopolista e seus “institutos de pesquisa” é usar o que ensinou Adam Smith no século XVIII, a concorrência. Nossas universidades públicas (por iniciativa de ONGs de professores e alunos) podem criar institutos de pesquisa de altíssima capacidade. Além disso, jornalistas progressistas podem organizar uma rede de TV na internet com conteúdo variado (jornalismo, cultura, esporte, prestação de serviço, documentários, cinema de qualidade, espaço comercial para arrecadar fundos, parcerias com TVs públicas do mundo todo), enfim, uma TV acessível a todo o público brasileiro. Pode ser só um sonho, agora, mas é factível.

Jst

18/10/2016 - 15h36

Sugiro atear fogo. E com os marinho dentro.

Claudio

18/10/2016 - 14h40

Não é só a Globo, não. São todas as grandes mídias: RECORD, BAND, SBT, RBS, Editora Abril e todos os jornais e meios de comunicações direitistas que ganham mais verbas públicas quando a direita está no poder.
Que tal uma CPI dos meios de comunicação? Claro que tem que ter um juiz esquerdista roxo com plenos poderes como o MORO.
Ai não sobra um.
Resumindo: Só vamos resolver o problema do mesmo jeito que a direita destrói os meios de comunicação esquerdista: é fechando e matando como foi na época dos militares e hoje as pessoas aparecem mortas e dizem que é suicídio ou apenas uma fatalidade, como o suposto terrorista preso ou como o policial civil que denunciou o Aécio.
Porém, e isso é bom frisar: acima desse pessoal tem alguém maior e mais poderoso.
Que tal falarmos desse pessoal?

Sérgio Rodrigues

18/10/2016 - 14h24

Como diz o ditado, o diabo não é tão feio quanto se pinta. Não existiu e nem existirá Sistema de Comunicação invencível. A Rede Globo já foi várias vezes derrotada!…

Resistir e partir pra cima!…

Marcia

18/10/2016 - 13h52

Para acabar com esta bandalheira que o país se tornou, só acabando com a globo. O resto fica mais fácil resolver.

herlimenezes

18/10/2016 - 13h38

Trata-se de uma questão espinhosa que urge uma solução. O Sistema Globo de Comunicação, que engloba desde as emissoras de TV e suas repetidoras (todas de propriedade de políticos, o que é proibido pela Constituição), assim como jornais, rádios, sistema de TV a cabo, infraestrutura de transmissão de dados e de telefonia (NET+Claro), consolida no Brasil algo jamais imaginado, nem mesmo pela mente perversa e demoníaca de Goebbels. A Globo veicula o pensamento único do Imperialismo americano, pronta para divulgar “em primeira mão”, as notícias sobre os mais variados fatos. Em suma é um processo de colonização das mentes e de corações, se considerarmos as novelas, bem produzidas, com bons atores, que no fundo veiculam aquela ideologia do cotidiano que representa o mundo dividido em pobres e ricos, em bons e maus. Notemos que não há espaço, nestes xaropes, ou se quisermos nestes estupefacientes eletrônicos, as condições de vida das populações.

Dividir o mundo entre ricos e pobres, esconde o fato de que a pobreza ou riqueza se apresentam como fatos naturais, esconde as determinações de classe que define pobres e ricos. Há nas novelas nada que levante a questão do porquê da pobreza ou da riqueza? São ricos por que? Por que trabalham? E os pobres, são pobres por que? Os pobres trabalham e mais, nas fábricas e instituições dos ricos, não é assim? Portanto a divisão apresentada pelos programas globais é falsa. De onde vem a riqueza dos ricos? Na sua falsa representação do mundo, em geral os assim o são por que envolvem-se em tramas escusas (é a concessão à realidade que a Globo usa para tornar verossímeis as suas histórias).

Mas a questão levantada pelo professor Wanderlei é o que fazer com este império midiático na emergência de uma redemocratização. Só cabe uma alternativa: torná-la pública, não estatal, mas pública, sob controle público por intermédio de jornalistas, representantes da chamada “sociedade civil”, dos partidos, dos sindicatos e demais organizações sociais. Este poderia ser um passo para uma real democratização das comunicações.

    Marcelo Reis

    18/10/2016 - 14h28

    Aí viraria uma ditadura socialista. A imprensa deve ser livre para informar a realidade, não o que inter4essa para esse ou aquele grupo social e/ou político.
    Quem não quiser ser manchete negativa que se comporte como manda a Constituição.

      Jst

      18/10/2016 - 15h42

      Porque ditadura socialista? O que estamos vivendo neste momento não seria uma ditadura neoliberal?
      A globo, como qualquer outra, é um negócio. Então, destacam aquilo que é bom para os negócios, muitas vezes fabricado por eles mesmos. Eles noticiam aquilo que o povo quer ouvir, não necessariamente a verdade.
      Como dizia o roberto marinho: “O importante não é o que a gente mostra, mas o que a gente não mostra”.
      Ou ainda o Ricupero: ” o que é ruim a gente esconde”.
      É assim que funciona a mídia.
      Aos parças, tudo. Aos adversários, a morte.

        Marcelo Reis

        18/10/2016 - 17h04

        Porque não existem países socialistas democráticos. É só olhar para a Venezuela, Bolívia e Cuba.

          guilhermenagano .

          18/10/2016 - 19h53

          Mas esse é o sonho deles! Destruir a imprensa livre para se perpetuar no poder!

          herlimenezes

          18/10/2016 - 21h28

          Ué? A Globo não está no poder desde 1964?

          guilhermenagano .

          18/10/2016 - 22h04

          E isso não impediu mais de uma década de governo petista! A esquerda esta parecendo o Trump e a direita americana, colocando a culpa de tudo na tal mídia golpista!

          herlimenezes

          19/10/2016 - 10h09

          Guilherme, acho que não é necessário dizer que durante todo o período petista não houve um único dia que as manchetes daquele jornal americano impresso no Brasil e as chamadas do JN foram contra o governo do Lula e da Dilma, aos quais me oponho, fizeram coisas importantes (tirar o Brasil do vexaminoso mapa da fome no mundo, política externa independente dos EUA, e outras coisas), Os governos do PT sempre foram o alvo prioritário do The Globe e da famiglia Marinho…Informe-se.

          Robinson Pimentel

          18/10/2016 - 21h10

          Bela visão a sua. Pior é que países socialistas com EUA, Alemanha, França, Grã-Bretanha, e muitos outros do mesmo quilates têm leis rígidas referente à regulamentação da imprensa. E lá eles aplicam a aplicam duramente. Felizes somos nós, sem leis que amordaçam nossa gloriosa e honestíssima mídia e imprensa, que não mostram nenhuma tendenciosidade e tudo que dela sai é verdadeiramente verdade.

      herlimenezes

      18/10/2016 - 21h27

      Sistema público de comunicação é completamente diferente do sistema estatal. A BBC é pública, mas não estatal. As TVs da França, a RAI da Itália, Deutsche Welle são públicos, mas não são estatais, e por aí vai…


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