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Juros do cartão sobem em novembro e chegam a quase 300% ao ano

Não existe nada parecido em outro lugar do mundo. Os juros reais no Brasil desviam centenas de bilhões de reais por ano do bolso dos brasileiros para o cofre de meia dúzia de nababos com contas no exterior. O problema do juro no cartão de crédito, além disso, paralisa o setor mais avançado da economia, […]

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Imagem: Reprodução

Não existe nada parecido em outro lugar do mundo. Os juros reais no Brasil desviam centenas de bilhões de reais por ano do bolso dos brasileiros para o cofre de meia dúzia de nababos com contas no exterior.

O problema do juro no cartão de crédito, além disso, paralisa o setor mais avançado da economia, a internet, porque o cartão de crédito é o principal meio de pagamento usado na rede. Se seus juros são extorsivos, imorais, então toda a economia eletrônica, que poderia estar ajudando a tirar o Brasil da crise, é profundamente atingida.

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Na Agência Brasil

Juros do cartão de crédito e do cheque especial sobem em novembro

Publicado em 27/12/2018 – 11:26
Por Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil Brasília

Os consumidores que caíram no rotativo do cartão de crédito ou usaram cheque especial pagaram juros mais caros em novembro, de acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (27).

A taxa de juros do cheque especial subiu 5,3 pontos percentuais, em relação a outubro, ao chegar em 305,7% ao ano, em novembro. As regras do cheque especial mudaram em julho. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os clientes que utilizam mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos passaram a receber a oferta de um parcelamento, com taxa de juros menores que a do cheque especial definida pela instituição financeira.

A taxa média do rotativo do cartão de crédito subiu 4,1 pontos percentuais em relação ao outubro, chegando a 279,8% ao ano, no mês passado.

A taxa média é formada com base nos dados de consumidores adimplentes e inadimplentes. No caso do consumidor adimplente, que paga pelo menos o valor mínimo da fatura do cartão em dia, a taxa chegou a 255,6% ao ano em novembro, com aumento de 2,4 pontos percentuais em relação a outubro.

Já a taxa cobrada dos consumidores que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo da fatura (rotativo não regular) subiu 5,7 pontos percentuais, indo para 296,8% ao ano.

O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.

Em abril, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito passem a pagar a mesma taxa de juros dos consumidores regulares. Essa regra entrou em vigor em junho deste ano.

Mesmo assim, a taxa final cobrada de adimplentes e inadimplentes não será igual porque os bancos podem acrescentar à cobrança os juros pelo atraso e multa.

Modalidades caras

As taxas do cheque especial e do rotativo do cartão são as mais caras entre as modalidades oferecidas pelos bancos. A do crédito pessoal, por exemplo, é mais baixa: 122,9% ao ano em novembro, com redução de 3,1 pontos percentuais na comparação com o mês anterior. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) chegou a 24,3% ao ano, estável em relação a outubro.

A taxa média de juros para as famílias caiu 0,3 ponto percentual para 51,6% ao ano. A taxa média das empresas caiu 0,1 ponto percentual, atingindo 20,3% ao ano.

Questionado se as taxas de juros do crédito não deveriam estar mais baixas devido ao menor patamar histórico da taxa básica de juros, a Selic, em 6,5% ao ano, e a inadimplência no menor nível já registrado, o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do BC, Renato Baldini, disse que há possibilidade de reduções adicionais. Segundo ele, de fato, a Selic em nível baixo favorece a redução dos juros, assim como a inadimplência menor e a redução das incertezas em relação à economia brasileira. “As taxas de juros permanecem em níveis historicamente baixos, com possibilidade de reduções adicionais”.

Inadimplência

A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas, chegou a 4,8%, com redução de 0,1 ponto percentual. No caso das pessoas jurídicas, houve recuo de 0,1 ponto percentual para 3%. Essas taxas de inadimplência são as menores da série histórica do BC, iniciada em março de 2011. Os dados são do crédito livre em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado.

No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura) os juros para as pessoas físicas subiram 0,1 ponto percentual para 7,7% ao ano. A taxa cobrada das empresas caiu 0,5 ponto percentual para 9,2% ao ano. A inadimplência tanto das pessoas físicas quanto das empresas caiu 0,1 ponto percentual para 1,6% e 2%, respectivamente.

Saldo dos empréstimos

Em novembro, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos ficou em R$ 3,202 trilhões, com aumento de 1,1% no mês e de 3,6% no ano. Em 12 meses, a expansão chegou a 4,4%. Para este ano, segundo previsão divulgada em setembro, o BC projeta crescimento do crédito em 4%.

Esse estoque do crédito corresponde a 46,8% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB) – com aumento de 0,2 ponto percentual em relação a outubro. Em 12 meses, houve recuo de 0,2 ponto percentual.

Projeções para 2019

Para próximo ano, o BC espera por uma expansão maior do saldo do crédito, em 6%. No segmento de pessoas físicas, a estimativa é de alta de 7% no estoque de empréstimos, “em linha com a aceleração do consumo das famílias”, segundo o Relatório de Inflação, divulgado no último dia 20. Para pessoas jurídicas, a projeção é de expansão de 5%, “influenciada, entre outros fatores, pela continuidade do processo de captação de recursos por parte das empresas nos mercados externo e de capitais, em substituição aos recursos do SFN [Sistema Financeiro Nacional]”.

A carteira de crédito livre deve crescer 10,5% e os empréstimos do segmento direcionado, 1%.

Edição: Maria Claudia

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Gustavo

30/12/2018 - 23h23

Taxa de juros no Brasil é complicado mesmo. Há várias causas e até recentemente há um documento virtual aí da Febraban dando as explicações (não li mas tenho dúvidas da idoneidade).

Penso que ao invés de taxar os bancos de vilões ou repetir o mantra (verdadeiro ou não) de que eles deveriam ser taxados ou que o governo deveria proibir esses juros abusivos o melhor mesmo seria bom mesmo agir na lógica econômica.

Incentivar maciçamente iniciativas como cooperativismo que além de baratear as taxas costuma promover o desenvolvimento de regiões.

Apoiar o desenvolvimento de startups com consultoria financeira do BC ou algo assim para que elas não esbarrem em marcos regulatórios ou problemas de legislação.

Estimular a entrada de outros bancos para incentivar a concorrência e aí pelo efeito oferta vs demanda provocar o recuo dos juros.

Aprovar o projeto de cadastro positivo para quem for bom pagador pegue juros a um preço mais em conta do que os maus pagadores. Hoje a taxa é praticamente a mesma e todos pagam pelos mesmos custos de inadimplência.

Os juros no Brasil são astronômicos mas alto mesmo é a hiperinflação na Venezuela ou a taxa de juros da Argentina. Espero que fiquemos distantes

T. Aranha

28/12/2018 - 20h05

Livre mercado …kkkkkkkkkkk

Segundo sites especializados a média global é de 15 %.

Reino Unido – 6 %
Australia – 9%
Portugal – 10%

Reginaldo Gomes

28/12/2018 - 13h17

Porque o juros do cartão nunca vai cair?
Por causa do governo!!!!
O governo tem dois gigantescos bancos que cobram juros do cartão de 300% ao ano . Alguém tem a ilusão que o juros vai cair????? Só se for muito inocente!!!!!!
Matar as galinhas dos ovos de ouro???? Só se for muito inocente!
Só o poder sobrenatural de Deus e Jesus Cristo é capaz de resolver esse problema.
Graças a Deus e a Jesus!

Flavio

27/12/2018 - 19h56

Só tem uma forma de acabar com isto. Não tem para pagar não compra. O comércio e a indústria vão sentir isto. E eles tem poder para pressionar os bancos. Enquanto reclamam e gastam sem planejamento não muda nada. Empresário só sente quando dói no bolso.

Paulo

27/12/2018 - 19h05

O Brasil é o paraíso da especulação financeira, ou seja, do ócio remunerado. Mas, não sejamos hipócritas, todos que têm aplicação financeira são sócios dessa rapinagem, embora em graus bastante variáveis…


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