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A denúncia de Requião e a confusão sobre o golpismo do PMDB

O discurso de Roberto Requião durante o congresso nacional do PMDB, veiculado nas redes sociais, produziu um alarmismo negativo que, acho eu, é preciso neutralizar. Em primeiro lugar, Requião tem razão e estou do lado dele em quase tudo. Mas acho que houve um pouco de exagero por parte dele quando fala que o PMDB […]

16 comentários
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O discurso de Roberto Requião durante o congresso nacional do PMDB, veiculado nas redes sociais, produziu um alarmismo negativo que, acho eu, é preciso neutralizar.

Em primeiro lugar, Requião tem razão e estou do lado dele em quase tudo.

Mas acho que houve um pouco de exagero por parte dele quando fala que o PMDB aderiu ao golpismo. Este exagero, somado a uma interpretação nervosa das redes sociais, acaba gerando desinformação.

A tese de que parte do PMDB “quer cassar” Dilma é correta: eles queriam Temer presidente. Só que Temer não foi eleito e sabe que não conseguiria governar o país em caso de “cassação” de Dilma.

Ou seja, o PMDB quer “cassar” Dilma, mas é só uma vontade, que não vai passar para o plano de ação, até porque o PMDB é um partido passivo e desorganizado, e um plano de cassar Dilma seria tão arriscado e complexo, que seus caciques jamais conseguiriam pô-lo em prática.

A cúpula do PMDB está tentando dar um golpe sim, mas não no governo Dilma. O golpe é nos diretórios municipais e estaduais, que perderão poder.

A cúpula do PMDB se tornará, se aprovar a reforma partidária proposta por sua cúpula, um principado, uma Nomenklatura de direita.

Quem perderá será o próprio PMDB. A única força que resta ao PMDB é seu aspecto democrático, ou seja, o ambiente onde o político pode defender ideias de esquerda ou direita, ser governista ou oposição, livremente. Se o PMDB matar a sua única qualidade, que é o que estão tentando fazer, ele vai cometer um glorioso suicídio político.

Ainda é cedo para falar qualquer coisa, mas a fala de Michel Temer, presidente nacional do PMDB, deixou claro que o partido continua no governo até 2018. Ou seja, o partido se afastou do impeachment, porque o impeachment só ocorreria se o PMDB rompesse com o governo.

A pressão midiática sobre o PMDB, para que ele se afaste do governo, tem sido brutal, e o PMDB é um partido líquido, que não toma posições duras sobre nada, e, neste sentido, joga com a mídia.

Hoje mesmo, a Veja, cujo jornalismo segue exclusivamente a lógica do golpismo, publica que Michel Temer e Dilma estão mais distantes do que nunca.

Como se eles tivessem sido próximos algum dia!

Temos de tomar cuidado. O centro do golpismo é a mídia. É daí, portanto, que virão as mentiras e as pressões para jogar o PMDB contra Dilma.

Eduardo Cunha, ao discursar no congresso do PMDB, foi vaiado. Entendam bem: Cunha foi vaiado, e não Requião.

O golpismo no PMDB, em verdade, refluiu, na onda da derrocada moral de Cunha.

A crítica mais feroz de Requião é ao tal programa de propostas econômicas do PMDB. Esta é a tese “golpista” a qual o PMDB se agarrou. É golpista porque são propostas lançadas para agradar à Globo, e a Globo é o centro do golpe.

Só que eu tenho a impressão que nem o PMDB leva totalmente à sério estas propostas, por saber que elas, ao serem confrontadas pelo debate, perderão toda a sua força.

São propostas, repito, de um partido assustado – embora tente disfarçar – com o fascismo penal, que ameaça engolfá-lo por causa de sua aliança com o PT.

Os procuradores da Lava-Jato, em sua fúria antipetista, defendem que os partidos envolvidos na corrupção da Petrobrás paguem “bilhões” de multa e tenham seu registro cassado. Ou seja, depois do prejuízo incalculável causado ao setor de engenharia, construção civil, os procuradores querem destruir os partidos.

É claro que o PMDB está apavorado – e com razão.

Por isso o PMDB joga dessa maneira. Ele tem de mostrar “independência” do PT, e lançar propostas ultraconservadoras para ganhar um mínimo de blindagem midiática.

É um quadro complexo, mas o PMDB sabe jogar. Assim que arrefecer o clima de fascismo que a mídia insuflou no país, as propostas do PMDB serão arquivadas.

Eu acho que é por aí.

De qualquer forma, a posição do PMDB deve ser observada na prática, durante as votações do orçamento de 2016 e outros projetos importantes para a economia. Além, é claro, da posição de seus deputados e senadores sobre o impeachment.

O PMDB pode falar uma coisa e fazer outra, mas o importante é o que ele vai fazer e não o que ele está falando agora.

***

No blog do Esmael.

“A proposta da FUG é adesão ao golpismo”, denuncia Requião

17 NOV 2015 – 11:29

Senador Roberto Requião (PMDB-PR), nesta terça-feira (17), discursou no congresso da Fundação Ulysses Guimarães (FUG); ao Blog do Esmael, parlamentar disse que embora defenda a legalidade, a presidente precisa mudar a política econômica e remover o ministro Joaquim Levy “antes que seja tarde demais”; abaixo, assista ao vídeo.
O senador Roberto Requião (PR) discursou na manhã desta terça-feira (17), em Brasília, no congresso da Fundação Ulysses Guimarães (FUG), braço político do PMDB nacional.

Ao Blog do Esmael, o parlamentar disse que o evento de hoje é uma clara tentativa de adesão à tese do golpismo e do neoliberalismo econômico.

“Estão esperando que a presidente Dilma Rousseff seja cassada e o vice Michel Temer assuma o governo com uma pauta muito pior que atual”, afirmou Requião.

De acordo com o senador do Paraná, que oficialmente abriu dissidência no congresso da FUG, as propostas são “apócrifas”, porque ninguém assina, e, “nem o PSDB nem a antiga Arena tiveram coragem de defender”.

Assista ao vídeo:

“A discussão que vale é a de março, na convenção nacional do PMDB, e a tradição democrática do nosso partido é contra golpismo e o fim do estado social, consolidado na Constituição Cidadã de 1988, promulgada pelo saudoso Ulysses Guimarães”, destacou Requião.

Embora defenda a legalidade democrática, o senador Requião alertou para a necessidade de a presidente Dilma mudar a política econômica e remover o ministro Joaquim Levy do Ministério da Fazenda “antes que seja tarde demais”.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Maria Regina Novaes

18/11/2015 - 23h21

Temer não é louco…raposa velha…conhece o psdb!

João Evangelista Santos

18/11/2015 - 12h14

É uma análise (a do Miguel) válida e plausível, porém, outras análises são também possíveis, inclusive a do Senador Requião, de que o PMDB (por medo, por susto, covardia ou seja lá o que for) tenha aderido ao golpismo oportunista que a mídia prega!!

Gustavo Lima

18/11/2015 - 03h21

CORREIOS ACABA DE DECLARAR PELA 1a VEZ NA.SUA HISTORIA ROMBO DE 1 bilhao ! E quem sera q vai pagar mais essa conta ?

Alberto Cerqueira

17/11/2015 - 23h52

Senador Reguião é o único do PMDB que voto para presidente. Homem leal e sério!

    Orlando Bonetti Junior

    18/11/2015 - 13h24

    Só se ele mudar para o PT.

Wilde Gomes

17/11/2015 - 23h14

Requião respeita o sistema democrático.

Gustavo Lima

17/11/2015 - 20h24

aATENÇAO! HOJE DEU NOS JORNAIS Q O GOVERNO ESTA DEVENDO AS EDITORAS Q FIZERAM OS LIVROS DITATICOS P 2016 E PODE ACONTECER DE OS ALUNOS NAO TEREM LIVROS P 2016!

    Jvs Toledo

    18/11/2015 - 02h37

    Ninguém estuda mesmo…kkkk

Fernando Loureiro

17/11/2015 - 20h12

Parafraseando Martin Luther King: um dia o povo brasileiro deixará de votar no PMDB!!!!!!!!!!

    Eduardo Santtos

    17/11/2015 - 20h13

    Quando vão parar de votar no PT?

Fernando Loureiro

17/11/2015 - 20h12

Parafraseando Martin Luther King: um dia o povo brasileiro deixará de votar no PMDB!!!!!!!!!!

    Eduardo Santtos

    17/11/2015 - 20h13

    Quando vão parar de votar no PT?

      L@!r M@r+35

      17/11/2015 - 18h42

      Quem sabe quando pararem com discurso pra fazer Coxista (misóginos que não se conformar que uma mulher chegou ao poder dando condições aos pobres de frequentarem aeroportos) e começarem a fazer propostas.
      Garanto que ganhariam muitos votos se viessem com uma proposta pra reduzir o custo do Congresso Nacional, por exemplo.
      Mas é mais fácil se aliar a Globo e dar um golpe midiático, né?
      Limpeza com Aécio e Cunha é limpar o chão com bosta, como diz o Dudivier.
      Se for entre esse PSDB lixo e o PT… 1000x o PT!

    Edson Luiz Raminelli

    17/11/2015 - 20h32

    Diante das alternativas que temos nos outros partidos, Eduardo Santtos, não há como parar. As alternativas são todas muito piores.

    Manoel Gatto da Silva

    17/11/2015 - 21h10

    Isso Edson Luiz Raminelli não existe outra opção.

    Alberto Cerqueira

    18/11/2015 - 02h54

    Sempre votarão no PT aqueles que acreditam que o povo deve ser cuidado e não explorado!
    Quem está preocupado continuará a ser iludido e votando no PMDB E PSDB…esses pessoas se incomodam com povo!


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