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Crédito, recessão e a evolução das taxas de juros no Brasil. Por Diogo Costa

por Diogo Costa, no GGN TAXAS REAIS DE JUROS PÓS PLANO REAL (1995 a 2016)¹ – Ao contrário do que o senso comum imagina, o governo Dilma mantém as menores taxas reais de juros das últimas décadas. A taxa real de juros é calculada com base na média dos juros nominais de um ano, descontando […]

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por Diogo Costa, no GGN

TAXAS REAIS DE JUROS PÓS PLANO REAL (1995 a 2016)¹ – Ao contrário do que o senso comum imagina, o governo Dilma mantém as menores taxas reais de juros das últimas décadas.

A taxa real de juros é calculada com base na média dos juros nominais de um ano, descontando a inflação do mesmo período (equação de Fisher). A taxa real de juros é importante pois é com base nela que os investidores avaliam a pertinência e a lucratividade de uma expansão produtiva.

Não é por conta da taxa real de juros que o Brasil está em recessão. Quem fala do “aperto monetário” como causa única da atual crise se equivoca rotundamente.

Segue o histórico recente das taxas reais de juros:

1) Governo FHC (1995 a 2002)

1.1 Primeiro mandato

-1995: 25,1%;

-1996: 16,0%;

-1997: 18,5%;

-1998: 22,2%;

-média simples do primeiro mandato: 20,4%.

1.2 Segundo mandato

-1999: 14,3%;

-2000: 11,0%;

-2001: 9,1%;

-2002: 5,9%;

-média simples do segundo mandato: 10,0%.

1.3 Média simples nos mandatos de FHC: 15,2%.

2) Governo Lula (2003 a 2010)

2.1 Primeiro mandato

-2003: 13,0%;

-2004: 8,2%;

-2005: 12,7%;

-2006: 11,8%;

-média simples do primeiro mandato: 11,4%.

2.2 Segundo mandato

-2007: 7,3%;

-2008: 6,2%;

-2009: 5,6%;

-2010: 3,8%;

-média simples do segundo mandato: 5,7%.

2.3 Média simples nos mandatos de Lula: 8,5%.

3) Governo Dilma (2011 a 2016)

3.1 Primeiro mandato

-2011: 4,9%;

-2012: 2,4%;

-2013: 2,3%

-2014: 4,3%;

-média simples do primeiro mandato: 3,4%.

3.2 Segundo mandato

-2015: 2,6%;

-2016: 7,2%;

-média simples do segundo mandato: 4,9%.

3.3 Média simples nos mandatos de Dilma: 3,9%.

Vamos agora, para reforçar bem a percepção dos leitores, repetir alguns números e agregar outros, também significativos:

4) Médias simples da taxa real de juros no Brasil

4.1 Média simples nos mandatos de FHC: 15,2%;

4.2 Média simples nos mandatos de Lula: 8,5%;

4.3 Média simples nos mandatos de Dilma: 3,9%;

4.4 Média simples nos governos do PT: 6,5%;

4.5 Média simples no pós Plano Real: 9,7%.

Notem, por fim, que a taxa real de juros no governo Dilma tem uma média que é de menos da metade do que existia no governo Lula e representa apenas 1/4 da média que tínhamos no governo FHC.

Sem dúvida alguma o governo Dilma é o que tem as menores taxas reais de juros dos últimos 25 anos.

As três menores taxas reais de juros das últimas décadas (verificadas em 2012, 2013 e 2015) aconteceram justamente no governo de Dilma Rousseff.

A recessão que vivemos tem vários fatores, entre eles a normalização da política monetária nos EUA, o arrefecimento econômico da China, a queda brutal no valor das commodities (por exemplo: a cotação do petróleo caiu 70% em 18 meses e o minério de ferro caiu 80% em 05 anos), o montante exagerado de renúncias fiscais, etc.

A crise política, com um golpe de estado sendo tentado de forma frenética desde o dia 26 de outubro de 2014, com certeza contribui de maneira decisiva para o agravamento da situação.

Para quem é inocente o suficiente vale lembrar que a Argentina, com um “novo, moderno, eficiente e dinâmico” governo, adulado pelos liberais, terá recessão já em 2016. Ou seja, o problema não é um governo de esquerda naquele país ou no Brasil, mas sim as condições estruturais e conjunturais que se fazem presente no mundo.

Vale a recordação de que o grosso dos investimentos feitos no Brasil tem captação de crédito feita via BNDES.

O primeiro mandato da presidenta Dilma terminou com a menor TJLP (taxa de juros de longo prazo, utilizada como referência para os empréstimos do BNDES) da história, na casa dos 5% ao ano, e com uma taxa Selic de 11,75% ao ano.

No final de 2014, portanto, a diferença entre a TJLP e a taxa Selic era de 6,75%. Essa diferença percentual de 6,75% ao ano – a título de crédito subsidiado ao setor produtivo – é rigorosamente igual ao que temos atualmente (em que pese a TJLP estar hoje em 7,5% ao ano).

Vejam como o subsídio é o mesmo:

-Diferença entre a Selic e a TJLP

1) final de 2014: 6,75% ao ano;

2) início de 2016: 6,75% ao ano.

Isto quer dizer que o governo federal continua subsidiando o crédito destinado ao setor produtivo, da mesmíssima forma que fazia até 2014.

Ressalte-se que em 2015, além do subsídio igual ao do ano anterior, a taxa real de juros da TJLP ficou negativa e disto, além do custo bilionário que o subsídio impõe ao Tesouro Nacional, quase ninguém fala.

¹ A taxa real de juros de 2016 é apenas uma estimativa. Foi calculada com base numa inflação de 6,5% e na manutenção da taxa Selic em 14,25% a. a. durante todo o ano de 2016. Ou seja, este índice está sujeito a variações.

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Comentários

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renato

26/01/2016 - 00h26

Ue? quem mantêm a taxa de juros é a Dilma?
O Banco Central não é independente?

“Não é por conta da taxa real de juros que o Brasil está em recessão. Quem fala do “aperto monetário” como causa única da atual crise se equivoca rotundamente.”

Aponte ai algum especialista financeiro que disse tal barbaridade?
Quem se “equivoca rotundamente” é quem diz que alguem falou tal coisa.

Roberto das Graças Alves

25/01/2016 - 15h23

informações relevantes e esclarecedoras.


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