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A “retomada” da economia e os ciclos do capitalismo

Por Pedro Breier, colunista do Cafezinho Os jornalões estampam em seus sites manchetes animadas com a alta do PIB, que foi de 1% no primeiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior (O Fernando Brito demonstra, no Tijolaço, não haver muitos motivos para comemoração). Como você pode ver acima, o Globo dá espaço para […]

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Por Pedro Breier, colunista do Cafezinho

Os jornalões estampam em seus sites manchetes animadas com a alta do PIB, que foi de 1% no primeiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior (O Fernando Brito demonstra, no Tijolaço, não haver muitos motivos para comemoração).

Como você pode ver acima, o Globo dá espaço para o exagero desesperado de Temer acompanhado de uma foto do (ainda) presidente parecendo confiante, como que vislumbrando um futuro melhor para a nação.

Temer comemora de forma hiperbólica o aumento do PIB porque só resta para ele, neste momento, agarrar-se a qualquer coisa que possa ajudá-lo a manter-se mais um pouco no cargo.

Quanto à Globo, vejo duas hipóteses para o seu estranho movimento, já que pedia a cabeça de Temer inapelavelmente há poucos dias. A mais provável é que esteja tentando ganhar tempo para encontrar o melhor caminho e o melhor nome para a transição antidemocrática que pretende impor ao país. A menos provável é a de que já considere a hipótese de Temer permanecer no cargo mesmo soterrado por provas acachapantes de bandidagens.

Mas estou tergiversando. Quero, neste post, focar na questão econômica de fundo.

A Teoria dos Ciclos Longos, ou Teoria dos Ciclos de Kondratiev, criada pelo economista russo Nikolai Kondratiev, afirma que o capitalismo, depois da Revolução Industrial, passou a ser constituído de ciclos, onde períodos de expansão econômica são seguidos invariavelmente por períodos de recessão.

A teoria econômica neoliberal é baseada nesta proposição. O raciocínio é o seguinte: se a dinâmica da economia passa necessariamente por fases de recessão e de expansão, a solução para sair de um momento de recessão é acelerar o processo para que rapidamente se chegue a um ponto limite onde não há mais como a economia se deprimir. Quando os índices chegam ao fundo do poço, não há outra alternativa senão voltar a subir.

As políticas de austeridade, ou seja, de corte brutal dos investimentos públicos, são aplicadas com o objetivo de aprofundar a crise, portanto – e neste quesito são sempre muito bem-sucedidas – para que os números voltem a crescer o mais rapidamente possível.

(Claro que ninguém fala a verdade para o respeitável público. A balela é a de que os investimentos privados, que  nunca chegam e não se interessam em obras essenciais ao país, como as de infraestrutura, vão resolver o problema).

O crescimento inevitável se dá, entretanto, “em cima de uma base bastante deprimida”, como consta na própria matéria do Globo sobre o ~fim da recessão~ proclamado por Temer.

O termo técnico e frio “base deprimida” significa, na prática, milhões de pessoas desempregadas e outras milhões com salários achatados. Significa mais miséria, mais moradores de rua. Significa gente, ser humano, passando fome.

A alternativa ao neoliberalismo que está posta, hoje, é a aplicação de políticas anticíclicas. Em vez de aprofundar a recessão para chegar mais rápido à expansão a ideia é impedir ou minimizar os efeitos dos ciclos econômicos.

Ao invés de diminuição deve haver, isso sim, um forte aumento dos investimentos do Estado nos momentos de crise, para que a economia não precise despencar no abismo, bater violentamente contra o chão para só depois retomar o crescimento.

Obras de infraestrutura são um belo exemplo: criam condições materiais para que a economia se desenvolva e ainda geram empregos, os quais propiciam ganho de renda para os trabalhadores, que por sua vez reflete positivamente nos setores comercial e de serviços.

Mas quem manda na política é o mercado, como Rodrigo Maia falou recente e desavergonhadamente, e o mercado é adepto fervoroso do neoliberalismo.

Vidas, para “O Mercado”, este ente que controla os políticos que nós elegemos, são apenas técnicos e frios números.

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Pedro Breier

Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.

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Comentários

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Luiz Hortencio Ferreira

02/06/2017 - 11h53

No meu entender a economia é muito complexa e depende de muitas variáveis para sua estabilidade, mas o que gira qualquer economia é renda distribuída entre os economicamente ativos , gerador de consumo e no caso do Brasil é o consumo interno que gira nossa economia. E por consumo interno entendemos: consumir e comprar produtos nacionais, fazer turismo dentro do território nacional, estudar em escolas nacionais, manter seu dinheiro em bancos brasileiros ou em território nacional e principalmente pagar os impostos obrigatórios do país, os quais para mortais trabalhadores é obrigatório e descontado na fonte, ou seja no holerite, sem alternativa. E pagar os impostos significa pagar a estrutura de governo e estado público que temos, incluindo aí os políticos, juízes, procuradores, presidentes, etc…
Portanto, se não distribuir renda não haverá crescimento nem estabilidade!!

Atreio

02/06/2017 - 10h06

avisa o rodrigo-“quebra-firma”-maia q o Mercado não elege ninguem, mercado não vota. Políticos eleitos não fazem juramento de atender ao mercado.

O povo. este sim, deve ser atentido e favorecido SEMPRE e de forma sustentável.

se liga, filho-do-césar-quebra-firma.

OBS: e para com esse tic nervoso, pq fica tácito q tu está tenso e perdidaço…. veja seus vídeos falando e se mexendo na câmara com seus migos golpistas, vc é uma piada de mal gosto ambulante.
bjão, meninão!

Johne Wayne COliveira

01/06/2017 - 18h13

O cara parecia Galvão Bueno ao final da Copa de 94 -Acabou, acabouu, acabaouuu!! O que vai acabar é o seu desgoverno.


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