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Eu vinha aqui decidido a escrever uma crítica ao governo brasileiro pela medida que visa coibir a imigração ilegal de haitianos ao Brasil. Li um artigo do Demétrio Magnoli, publicado hoje no Estadão, com o qual tive o desprazer de concordar que a medida recende a preconceito, e até mesmo a racismo.
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Só que agora estou confuso, porque, segundo o Estadão, a medida “foi bem recebida no Haiti”.
Apesar das críticas no Brasil, a medida que estabeleceu uma cota de vistos foi bem recebida no Haiti, que a viu como uma possibilidade de diminuir a rede ilegal de transporte para o Brasil via Equador e Peru
Entretanto, eu mantenho a crítica.
Compreendo, por outro lado, que uma sinalização do governo brasileiro de que o país não só estaria aberto à imigração haitiana, como daria assistência social a todos que chegassem, poderia estimular uma fuga em massa de mão-de-obra qualificada, prejudicando a economia do país. Eu imagino que é neste sentido que o governo haitiano aprovou a medida brasileira. Mesmo assim, não acho que o governo deveria impor uma cota de 100 vistos mensais. Deveria deixar, ao menos, o número em aberto.
Magnoli compara as recentes restrições impostas ao Haiti com a “regularização de 330 mil imigrantes portugueses no Brasil”, no primeiro semestre do ano passado. O articulista, contudo, deliberadamente produz uma distorção. Se o leitor for desatento, pensará que o Brasil recebeu 330 mil portugueses no Brasil de janeiro a junho de 2011. Não foi isso. A informação é falsa. 330 mil é o número total de imigrantes portugueses presentes no Brasil, sendo a maior comunidade estrangeira presente no Brasil, o que acontece pelo fato de falarmos o mesmo idioma. No primeiro semestre do ano passado, houve um mutirão da Polícia Federal para regularizar a situação de 52 mil portugueses.
Ou seja, Magnoli pode até estar certo em sua crítica à medida do governo brasileiro para restringir a entrada de haitianos no país, mas não posso aprovar o uso da mentira e da manipulação.
O texto de Magnoli, aliás, inicia com outra mentira:
Anos atrás, o ministro da Justiça, Tarso Genro, determinou a deportação de dois pugilistas cubanos que tentavam fugir de seu país.
Os dois cubanos não pediram asilo no Brasil. Se o fizessem, o governo os teria atendido, como atendeu a outros atletas da mesma comitiva, e como o faz em todos os casos. Os cubanos fugiram da competição, enganados por um alemão, que lhes fez promessas depois sumiu. Então eles declararam querer voltar à Cuba, para junto de suas famílias. Na ocasião, eles foram ouvidos por um advogado da OAB e um promotor público, que confirmaram o desejo dos pugilistas de retornar à Cuba. Eles quiseram voltar não porque gostassem de Cuba (se gostassem não teriam prejudicado seu país abandonando no meio um campeonato internacional), mas porque pretendiam tentar uma fuga melhor planejada. O irritante, no entanto, é que, tantos anos depois, Magnoli repise a mesma mentira. Isso mostra o trabalho insano de um analista de mídia no Brasil. Não apenas precisa identificar as mentiras contadas diariamente, como precisa estar atento às repetições daquelas já desmentidas no passado.
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