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A política brasileira é um filme de Quarantino sem final feliz

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)] Arpeggio – coluna política diária Por Miguel do Rosário Abro o post com Gilmar Mendes dando uma pancada violentíssima no projeto de lei malandramente chamado de 10 medidas anticorrupção, mas que, na prática, é apenas um código penal autoritário, que transferirá ainda mais poder para um dos judiciários mais corruptos, conseravdores […]

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Arpeggio – coluna política diária

Por Miguel do Rosário

Abro o post com Gilmar Mendes dando uma pancada violentíssima no projeto de lei malandramente chamado de 10 medidas anticorrupção, mas que, na prática, é apenas um código penal autoritário, que transferirá ainda mais poder para um dos judiciários mais corruptos, conseravdores e truculentos do mundo democrático, o judiciário brasileiro.

https://twitter.com/SuperPatoYellow/status/804388483951366144/video/1

“Ah, então agora Gilmar tem razão?”, dirão os críticos.

Sinto informar a quem não sabia, mas tudo na vida tem dois lados. É o que se chama, desde os bons tempos de Sócrates, de dialética. Gilmar tem e não tem razão. O posicionamento de Gilmar contra as medidas autoritárias tem uma razão política que é exatamente o oposto da razão que leva Sergio Moro a defendê-la. Gilmar não pertence ao partido do judiciário. Ele é do PSDB. É um político. Sua família é de políticos. É um grande empresário também, do ramo da educação. A casta a qual ele se filia não é a de Moro e Dallagnol, a dos marajás justiceiros da Globo. A casta de Gilmar é outra, a dos ricos e da mídia.

Gilmar defende todos os políticos tucanos, inocentes ou culpados, que podem ser presos, sem direito a habeas corpus.

Os petistas não precisam de Lei Anticorrupção para serem presos, porque no caso deles não há necessidade de lei. Basta um juiz premiado e blindado pela Globo, e basta ser petista, ou seja, pertencer a um partido de esquerda. Prendê-los e condená-los não causará nenhum desconforto ao sistema.

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Sergio Moro, este é o líder máximo do partido do judiciário. É ele, portanto, o principal garoto propaganda das famigeradas 10 medidas contra a corrupção, porque elas chancelam exatamente o que ele está fazendo, de maneira delinquente, extraordinária, na Lava Jato.

É Sergio Moro também, assim como todos os procuradores da Lava Jato, uma das primeiras vítimas de qualquer lei que puna abuso de autoridade por parte de juízes e procuradores, porque foram eles que cometeram os mais barulhentos abusos: conduções coercitivas desnecessárias, prisões preventivas excessivas, tortura psicológica de réus, espionagem de advogados, vazamento ilegal de depoimentos de delatores.

O processo das delações da Lava Jato foi uma grande trapaça do começou ao fim. Misturam-se delações sérias com mentirosas, pressiona-se o réu a chancelar a denúncia pré-armada pelo Ministério Público, faz-se todo o tipo de ameaça e chantagem contra o réu, contra sua família, contra sua empresa, se ele não entrar no jogo da procuradoria.

Eu já falei aqui no Cafezinho várias vezes e ninguém liga. O principal resultado da Operações Mãos Limpas não foi o fim da corrupção na Itália. Esta, ao contrário, só cresceu, conforme denuncia Umberto Eco, numa das entrevistas que deu por ocasião de lançamento do último livro. O resultado foi vinte anos de Berlusconi e a chegada ao poder de um bando de fascistas, além da criação de movimentos sociais à direita do fascismo. A Itália, porém, tem um sistema de cultura muito forte, uma cultura democrática extremamente antiga, grandes jornais e revistas de esquerda. Além disso, a Mãos Limpas não destruiu as grandes empresas da Itália. Vários partidos, da esquerda à direita, foram atingidos. Não houve a criação dessa teoria sinistra mostrada no Power Point do Dallagnol, de atribuir toda a corrupção nacional a um “comandante máximo”.

Não houve também esse aspecto imperialista. A Mãos Limpas não fez acordos obscuros com o Departamento de Estado americano para entregar informações sensíveis das grandes empresas italianas.

O que houve no Brasil, através da Lava Jato, foi uma operação de guerra. É uma operação sofisticada. É triste, mas compreensível, que tantas pessoas de bem, até mesmo progressistas, defendam a Lava Jato porque ela efetivamente prendeu corruptos.

Ora, pegar corrupção no Brasil é como catar minhocas em terra fértil. A cada enxadada, vem um monte. Basta investigar. Mas essas investigações precisam ser pontuais, conduzidas com discreção e, sobretudo, ter senso de responsabilidade.

É inadmissível a ideia que até ministros do STF tem defendido de que não cabe ao juiz e ao procurador se preocuparem com a consequência social, econômica e política de seus atos. Como assim? Essa é a ideologia do Estado Islâmico, não de servidores públicos de um regime democrático!

Todo cidadão brasileiro, mormente se for investido de responsabilidades públicas, precisa se preocupar, e muito, com as consequências de seus atos! Ainda mais num país ainda tão frágil como o Brasil.

Em qualquer país do mundo, toda a força tarefa da Lava Jato já estaria na cadeia, acusada de traição, conspiração e toda espécie de crimes contra os interesses nacionais.

A Lava Jato não será redimida com prisão de tucanos. Por acaso a prisão de Aécio resultará na recuperação dos milhões de empregos destruídos?

A teoria da Lava Jato, hoje defendida pelo procurador Rodrigo Janot, de que as grandes empresas nacionais de engenharia tinham um “cartel” é uma tremenda falácia. Uma falácia que fica evidente nos próprios depoimentos dos delatores: não é preciso ter muita malícia para constatar que os delatores falam em “cartel” apenas para chancelar a teoria do Ministério Público e poderem ir para casa. Sim, porque se você não chancelar a tese da acusação, Sergio Moro te deixa na prisão por tempo indeterminado. E aí vem a condenação, onde não há hipótese de absolvição na primeira instância, já que Sergio Moro não esconde sua aliança com a procuradoria, e a prisão definitiva é engatada na prisão preventiva.

Agora, se você fala o que o procurador quer ouvir, então você sai na hora. E qual a tese da Lava Jato? De que havia um “cartel” com 16 empresas de engenharia? Cartel com dezesseis empresas! É o maior cartel do mundo!

Hoje eu me deparo com a notícia sobre nova fase da Operação Zelotes. Cerca de cem policiais federais participaram de operação contra Itaú e Bank of Boston, cumprindo 21 mandados de busca e apreensão, mais 13 de condução coercitiva.

Francamente, não tenho mais confiança nenhuma na Polícia Federal, nem mesmo numa operação na qual eu ainda tinha um pouco de esperança. A Zelotes vinha caminhando bem, investigando a corrupção no Carf, o conselho de grandes contribuintes que, mesmo sem considerar sua corrupção, já é uma vergonha em si: um órgão esquisito, meio privado, meio público, onde os ricaços do país podem votar para zerar suas próprias dívidas fiscais.

Mas aí a Zelotes deu um cavalo de pau e começou a mirar exclusivamente no… filho de Lula. Foi uma tão ridícula, mas ajudou a adensar a atmosfera de golpe que sufocou o Brasil em 2015 e 2016, e que resultou, por fim, no golpe.

Depois do impeachment, a Zelotes tenta voltar ao normal. Esqueceu o filho de Lula, e produz algumas manchetes de jornal.

Entretanto, eu não confio mais na PF, sobretudo porque, à luz de todos os abusos que temos visto, do aparelho repressor do Estado, contra pobres, ricos, políticos, não-políticos, empresários, estudantes, professores, todos os seus movimentos me parecem irresponsáveis, excessivos, injustos.

Os aparelhos judiciais esterelizaram completamente a economia brasileira. Com esses métodos fascistas em voga, jamais haverá recuperação econômica, porque nenhum empresário vai se arriscar a investir num país onde não há lei. Quem manda é a Globo. Quem a Globo decidir que deve ser destruído, se-lo-á. Pode ser o empresário mais bem sucedido do país. Não interessa.

Quem financiou o golpe e a atual situação, que está levando o país à beira de um enorme e trágico colapso social, econômico e político?

Será que não está claro? Uma reportagem feita por mim há algumas semanas mostra que a Globo obteve um financiamento internacional de US$ 325 milhões em junho de 2015. Como é uma empresa aberta no mercado financeiro, o grupo é obrigado a abrir esse tipo de informação a seus investidores e a publicar em sua página internacional. Mas nunca deu essa informação em seus jornais. Tampouco foi notícia na Folha, no Estadão, na Veja…

Como assim? Um financiamento tão grande, em plena crise econômica, assim não é notícia?

Em seu “raio-x” de hoje, sobre a República dos Procuradores que o projeto de lei anticorrupção pretende instaurar no país, Nassif encerra o post externando uma discutível, de que o desastres das atuais políticas econômicas faça prevalecer o bom senso.

Sim, isso vai acontecer algum dia. O Brasil voltará aos trilhos, e evidentemente não será pelo caminho desse neoliberalismo ensandecido, que a própria direita do primeiro mundo tanto despreza, como provou a eleição de Donald Trump para os Estados Unidos.

A frustração da Globo com a vitória de Trump tem uma razão simples: havia uma convergência ideológica entre os Clinton e a Globo, ambos partidários desse neoliberalismo corporativo que funciona tão bem para o centro do império e para as elites dos países periféricos. Foram traídos pelo voto dos pobres americanos, que preferiram votar na direita que promete protecionismo e empregos, do que na direita aliada à mídia e às corporações.

O problema, porém, é que a finíssima ponta da pirâmide social brasileira, assim como ocorre em toda a América Latina, há muito não depende da economia nacional: tem contas e negócios no exterior, como a Globo. Ou então é pior: tem posições nas bolsas contra o Brasil, de maneira que lucram com os dados negativos do país. Pib caiu? Mais lucros. Desemprego cresceu? Viva!

Aliás, os números da economia, em queda livre há vários trimestres, são ótimos para nos lembrar das teses tucanas defendidas em 2014, de que o desemprego era uma coisa boa, porque ajudaria a recuperar a economia. Está aí o resultado: o desemprego cresce e os únicos resultados são: queda brutal da arrecadação fiscal e declínio do PIB.

A investigação sobre quem está ganhando com o processo de destruição da economia brasileira não é tão difícil. Basta acompanhar quem está comprando as empresas destruídas pela Lava Jato.

Uma delas é a Brookfield, um fundo canadense que opera no Brasil desde os tempos em que era uma das controladoras da Light.

A Brookfield é uma das maiores investidores mundiais do setor imobiliário, com muita participação em shopping centers.

O fundo já vinha desenvolvendo alguns projetos na área de infra-estrutura, no Brasil, mas até 2014 o seu forte era o segmento imobiliário, onde mantinha, individualmente, o maior volume de ativos: R$ 7 bilhões, segundo o relatório anual da companhia.

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A Brookfields está herdado boa parte dos ativos da Petrobrás e da Odebrecht. Ao fim dessa fase de aquisições, ela emergirá como proprietária de boa parte do país.

Em terras, a Brookfields se jacta de possuir 243 mil hectares no país.

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Com a queda no preço das commodities, e, portanto, a redução dos lucros advindos de suas fazendas de soja e açúcar, a Brookfield decidiu dar uma virada brusca em seus investimentos no Brasil e agora está focando em infra-estrutura…

Entretanto, é importante prestar atenção: a Brookfield não está fazendo investimentos em novas estruturas, que é a grande necessidade do país. Ela está comprando as infra-estruturas que os brasileiros já tinham construído, e com isso, ampliando o seu poder sobre a soberania brasileira.

Quem são os donos da Brookfield? São os mesmos que se tornaram os donos do mundo, após a reviravolta financeira produzida pela crise dos subprimes. Após alguns anos de turbulência, o capitalismo renasceu com uma concentração financeira muito mais brutal.

A Lava Jato resolveu desmantelar o “cartel” de dezesseis empresas para entregar na mãos de uma economia muito mais plural: o Brasil ficará em mãos de dois ou três fundos estrangeiros, que não usam engenheiros nacionais, geram mais emprego lá fora do que aqui, enviam todo seu lucro a paraísos fiscais, e concentram toda a sua publicidade, claro, na Globo…

O ano vai terminando no Brasil como uma incursão de Quentin Tarantino no cinema político, sem a catarse redentora que caracteriza o final da maioria de seus filmes. Destruição, zumbis midiáticos, juízes vampiros, repressão. Uma brutalidade política inaudita contra o setor popular. Uma operação anticorrupção que conduz ao poder um grupo de ultracorruptos. Um golpe que, como prevíamos, arrasta o Brasil para uma espiral de miséria, violência e desesperança.

Enquanto isso, os idiotas sambam ao som das panelas…

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Pedro Lemus

02/12/2016 - 16h35

nossa última chance foi jogada no lixo por um bando de imbecil… o brasil está fadado ao fracasso


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