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Cafezinho na Copa: O tango de Mbappé

Por Pedro Breier Há um lance emblemático do que foi a abertura das oitavas de final da Copa do Mundo, um espetacular 4 x 3 para a França em cima da Argentina. Após o gol de empate francês, que colocou 2 x 2 no placar, a Argentina dá a saída de bola e Matuidi, volante […]

2 comentários
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Dono do jogo

Por Pedro Breier

Há um lance emblemático do que foi a abertura das oitavas de final da Copa do Mundo, um espetacular 4 x 3 para a França em cima da Argentina.

Após o gol de empate francês, que colocou 2 x 2 no placar, a Argentina dá a saída de bola e Matuidi, volante de muito vigor físico, parte pra cima do zagueiro hermano, subindo a marcação, claramente empolgado com o tento recém marcado por sua equipe. Griezmann imediatamente faz, para Matuidi, aquele gesto em que apontamos com os indicadores para as partes laterais de nossas cabeças, querendo dizer algo como “inteligência, inteligência!”.

Foi inteligente demais a estratégia do treinador Deschamps.

Desde o princípio do jogo a França deixou a Argentina ficar com a posse da bola para, assim que esta fosse roubada, explorar a velocidade estonteante do camisa 10 dos bleus, Mbappé.

Logo aos 7 minutos, o atacante de 19 anos pegou a bola na intermediária e partiu para cima da zaga, sofrendo a falta de Mascherano. Griezmann cobrou com uma qualidade absurda e a bola explodiu no travessão, a poucos centímetros da chamada forquilha, o limite entre o travessão e a trave.

Aos 10, Mbappé se aproveitou de uma tentativa de tabela frustrada de Messi para arrancar em velocidade do campo de defesa e só ser parado na área adversária, com um pênalti cometido por Rojo. Destaque para a confiança, velocidade e aguerrimento de Mbappé, que não caiu à primeira braçada de Rojo, deixando o pênalti bastante evidente.

O camisa 10 da França estava apenas começando o seu show.

Griezmann converteu a cobrança batendo rasteiro, no lado direito do goleiro, com sua habilidosa perna esquerda.

A França não precisava ficar muito com a bola para criar chances, como fez aos 18, em um lançamento precioso de Pogba para Mbappé ganhar na velocidade da zaga, só para variar, e sofrer uma falta quase na risca da área, a qual foi desperdiçada por Pogba.

A Argentina, por sua vez, continuou com a bola no pé mas apresentou seu habitual jogo travado, enfadonho, sem criatividade, sincronia e profundidade nas movimentações de ataque.

Aos 40, entretanto, Di María dominou com algum espaço na entrada da área e mandou um canudo de canhota, em curva, que morreu na rede lateral esquerda do goleiro Lloris. O estádio explodiu e o primeiro tempo, quase totalmente controlado pela França, acabou com clima de Bombonera ou Monumental de Nuñez, com a torcida argentina cantando e incendiando o clima do jogo, do jeito que só as inchadas sul-americanas sabem fazer.

Como que inebriada pelos cânticos da torcida, a Argentina virou a partida logo aos 2 minutos do segundo tempo. Messi pegou o rebote de uma falta cobrada na área, girou e bateu fraco, na direção do goleiro francês. Um desvio despretensioso de Mercado transformou uma defesa fácil no 2 x 1 para a bi-campeã.

Não deu nem tempo, contudo, de os jogadores franceses sentirem a pressão de terem que correr atrás do placar. Menos de 10 minutos depois, aos 11, Matuidi deu uma bela enfiada para o lateral esquerdo Hernández, que cruzou de primeira, dividindo com a zaga. A bola atravessou a área e caiu no pé do lateral direito Pavard, que acertou um chute muito parecido com o do lateral direito espanhol Nacho, nos 3 x 3 contra Portugal: com o lado de fora do pé, fazendo a bola sair girando e, após percorrer sua trajetória belamente curvilínea, deslizar pela rede do gol argentino.

A partir daí a Argentina despencou psicologicamente e Mbappé resolveu acabar com o jogo.

Após novo cruzamento de Hernández, que recebera uma bela pola de Pogba, Matuidi chutou em cima da zaga e Mpappé pegou o rebote. O homem do jogo limpou o marcador para a esquerda e chutou de canhota, forte, seco, embaixo do goleiro Armani. Nova virada, 3 x 2 para a França.

Somente após ficar atrás no placar Sampaoli colocou Aguero, apesar de estar evidente, desde o início do jogo, a necessidade de sua presença em campo para permitir que Messi recuasse e tivesse com quem construir as jogadas ofensivas, já que Di María raramente deixa de optar pela jogada individual – apesar do golaço, foi mais uma atuação ruim do camisa 11, que quase sempre fomeava e concluía de forma quase grotesca as jogadas.

Mas já não havia mais tempo para qualquer reação.

Aos 22, uma jogada coletiva esplêndida da França, começando com o goleiro e passando por todos os setores do campo, de pé em pé, para acabar com o chute de primeira do monstro Mbappé, enterrou qualquer esperança argentina.

A França passou a mostrar, então, que também sabe jogar valorizando a bola e trocando passes, ancorada no fortíssimo – tanto no sentido físico quanto técnico – trio de meio-campistas, Kanté, Pogba e Matuidi. Deve ser muito chato, aliás, jogar contra Pogba e Mbappé, jogadores que combinam como poucos habilidade e força.

A Argentina, nocauteada, ainda fez o terceiro aos 47, em belo lançamento de Messi para Aguero concluir de cabeça, o que reforça o erro de Sampaoli ao colocar Aguero em campo somente no meio do segundo tempo.

França x Argentina superou Espanha x Portugal como o melhor jogo da Copa até aqui, com duas viradas, belo futebol e alguns golaços de lambuja.

A França é candidatíssima ao título, com seus três jogadores diferenciados – Pogba, Griezmann e Mbappé – muito bem acompanhados por um time coeso, forte fisicamente e técnico, além de muito bem armado pelo treinador.

O destaque do jogo fica, obviamente, com Mbappé, que infernizou a zaga argentina e “apenas” cavou um pênalti e fez dois gols no 4 x 3 para a França.

Se o 10 argentino é um dos maiores jogadores da história, o 10 francês foi o rei desta bela abertura do mata-mata da Copa do Mundo.

 

 

 

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Pedro Breier

Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.

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Comentários

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Fakin

01/07/2018 - 20h43

O que impressiona na copa são os robots de twitter após cada partida. Tudo coordenado. São muitas agencias e parceiros em cada continente rodando robots.
São a grande maioria dos comentários.
Manipulação absurda. Fake.

Helter

30/06/2018 - 18h17

Sim, mas o Thiery Henry tb era um tanque, ai a italia meteu a bota nele no começo da final da copa e la se foi a frança de volta para Paris.


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