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Wendel Pinheiro: “a base social do cirismo é pequeno-burguesa”

REVISIONISMO, TRABALHISMO E CIRISMO: OS DESAFIOS IDEOLÓGICOS por Wendel Pinheiro, colunista do Cafezinho Karl Kautsky, um brilhante teórico marxista no decorrer das décadas de 1890 e 1900, se tornou um reles reformista a partir da década de 1910, unindo um reformismo com teses da liberal-democracia em textos como “A ditadura do proletariado” e “Luta de […]

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REVISIONISMO, TRABALHISMO E CIRISMO: OS DESAFIOS IDEOLÓGICOS

por Wendel Pinheiro, colunista do Cafezinho

Karl Kautsky, um brilhante teórico marxista no decorrer das décadas de 1890 e 1900, se tornou um reles reformista a partir da década de 1910, unindo um reformismo com teses da liberal-democracia em textos como “A ditadura do proletariado” e “Luta de classes”.

Seria o mesmo Karl Kautsky que, junto com intelectuais revisionistas como August Bebel e Eduard Bernstein, criou as bases para as teses do SPD, através do Programa de Erfurt em 1891 com uma guinada à direita, a ponto de motivar críticas de Friedrich Engels!

O resultado entre as concessões ideológicas do reformismo de Karl Kautsky presentes nos textos “A ditadura do proletariado” e “Luta de classes” foi o duro texto de Vladimir Lênin chamado “A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky”.

Por que digo sobre Kautsky?

Porque, embora o reformismo dele tenha elementos da liberal-democracia para defender a transição pacífica para o socialismo-democrático, o reformismo de Kautsky é diferente do reformismo do PDT a partir das visões de Jango e de Brizola!

No caso do PDT, o conteúdo nacional-reformista tem o sentido de libertação nacional. Embora respeite a legalidade democrática, a agenda trabalhista visa a participação do povo na tomada das principais decisões de um país em desenvolvimento que busca a sua emancipação.

As teses de Karl Kautsky se deram numa Alemanha com uma classe trabalhadora cada vez fortalecida e representada inclusive no campo parlamentar pelo SPD. O processo de aburguesamento e de burocratização do SPD permitiu a existência das teses do oportunismo à direita (isto é, revisionismo).

No Brasil não. O trabalhismo de Vargas, inspirado entre o socialismo utópico de Saint-Simon (com as teses de justiça social e riqueza com industrialização), positivismo social e as visões de Alberto Pasqualini, seria incompatível com as teses de Karl Kautsky em toda a essência!

Com a Carta Testamento, radicalizando o nacionalismo-popular e o anti-imperialismo, Vargas colocou de forma clara o quanto as classes dominantes não se importavam com o país, com os direitos sociais do povo e elementos democráticos como a soberania popular.

E a partir da Carta Testamento, tanto João Goulart quanto Leonel Brizola viam a necessidade de construção de uma agenda de emancipação nacional com ampla participação popular numa democracia diária!

Logo, se torna incompatível certas leituras do revisionismo de Karl Kautsky (e mesmo de Eduard Bernstein) para o trabalhismo brasileiro, de fundo nacional-popular e anti-imperialista.

As teses de Kautsky só serviriam para um partido socialdemocrata em uma democracia solidificada.

Em um país em desenvolvimento como o Brasil, onde as elites são antidemocráticas e não há solidez nas instituições republicanas, as teses revisionistas de Kautsky são incompatíveis. E o trabalhismo, com o seu caráter emancipador e popular, adquire centralidade na agenda nacional!

Talvez o revisionismo de Karl Kautsky encontre algum fulcro nas visões ciristas de gente como Nelson Marconi.

Só que há um problema no cirismo. Grave!

A base social do cirismo é pequeno-burguesa.

E as teses revisionistas de Karl Kautsky se direcionam à classe trabalhadora.

Diferente do cirismo, entre o nacional-desenvolvimentismo e as posições entre o centro e a socialdemocracia, Karl Kautsky advogava a transição pacífica ao socialismo com o fortalecimento político e parlamentar dos trabalhadores reconhecendo valores da liberal-democracia!

De forma que quem se diz trabalhista, mas não conhece a gênese do trabalhismo brasileiro e se guia em revisionistas como Kautsky/Bernstein como base, precisa rever seus conceitos.

O trabalhismo brasileiro transita desde o positivismo social até a Teoria Marxista da Dependência!

Sugestões de leitura:

– Karl Kautsky em “A ditadura do proletariado” e “Luta de Classes”
– Vladimir Lênin em “A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky”
– Carta Testamento de Getúlio Vargas
– Alberto Pasqualini em “Bases e sugestões para uma política social”
– Mensagem Presidencial de João Goulart ao Congresso Nacional (15 de março de 1964)
– João Trajano Sento Sé em “Brizolismo

Documentos do PDT como:
1) Carta de Lisboa
2) Manifesto do PDT
3) Carta de Mendes

* Wendel Pinheiro é historiador e membro do Diretório Nacional do PDT e integra a Fundação Leonel Brizola/Alberto Pasqualini (FLB-AP).

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Comentários

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Marcos Dutra

27/11/2018 - 08h40

Que texto terrível…

Fala, fala e não diz nada.

A Teoria Marxista da Dependência é essencialmente antidesenvolvimentista, foi elaborada para contrapor o programa político do varguismo e o desenvolvimentismo reinante no Brasil entre 1930-1980.

Dizer que o PDT, com raízes no trabalhismo e desenvolvimentismo brasileiros, flerta com a Teoria Marxista da Dependência – que aponta a luta armada e o desenvolvimento autocentrado como únicos caminhos para salvação do Brasil – é demonstrar total desconhecimento do que se tratam ambos. A TMD é uma vertente trotskista da mesma fonte que levou FHC ao neoliberalismo.

Vergonha saber que gente confusa como esta se encontra no Diretório Nacional do PDT… Tempos complicados!

Paulo Rogério

27/11/2018 - 02h44

Caro Miguel do Rosário,
Quando vi o nome do autor acima, logo me veio a mente alguns ataques irracionais, incoerentes e vulgares cometidos por ele na página do Facebook do Gustavo Castañon, contra uma amiga “cirista” do Gustavo, simplesmente porque, como muitos “ciristas”(como este que vos escreve) a atacada não engole e nem perdoa a estratégia de merda do PT e do Lula, que nos relegou uma derrota — de toda centro-esquerda — humilhante, mas já sabida há muito pela cúpula petista. O ataque ocorreu ontem. Fresquinho.
Diz que votou no Ciro, que faz parte do DN do PDT, mas venera Lula como Deus inatacável???
É só mais um idiota dentre aqueles que permeiam as maquinas partidárias pelo país afora. As conveniências regionais sempre se sobrepõem a qualquer coerência ideológica.

Credibilidade ZERO pra esse tal de Wendel!!!

Aliança Nacional Libertadora

27/11/2018 - 00h08

O Fundador sabe que o partido dele apoiou e foi apoiado pelo Bozo? Deu
O Golpe do Impeachment? Esse é o Cirismo….ser a “esquerda” da extrema-direita….o Coroné da Quinta Coluna….comemora a injusta prisão e perseguição do Lula com sorriso de Coringa…….e o Cid ainda grita “bem feito” no meio e cercado de petistas e comunistas…….egocentrismo avarento…

Paulo

26/11/2018 - 22h40

Ou seja, o “Cirismo” não é revisionista nem socialista? É “pequeno-burguês”? Nessa medida, então, seria ou não herdeiro do trabalhismo getulista, herdado por Jango e Brizola? E em que medida?

Alan Cepile

26/11/2018 - 20h54

Ah sim, é pequeno burguesa, esquerda da zona sul, é direita, é isso e aquilo… a petezada tá descontrolada, rs.

Alberto Jorge

26/11/2018 - 20h38

Boa noite

Ciro, Ciro, Ciro!

O candidato de si mesmo! Nunca sequer foi ao segundo turno! Não tem base popular e recentemente perdeu a oportubidade de se mostrar Grande!

Lamentável!

    Ygor

    27/11/2018 - 03h55

    Para você, ser grande é lamber as botas do Lula!

Ioiô de Iaiá

26/11/2018 - 20h30

O Ciro é aquele jogador individualista, que se não for como ele quer, leva a bola para casa. Não tem futuro o coroné.

Ricardo Brandão

26/11/2018 - 20h06

Os apoiadores de Ciro Gomes são pessoas bem informadas e cientes que a Dilma perdeu a maior oportunidade de fazer a Auditoria da dívida pública, quando VETOU depois de aprovado no congresso! PT cisca na esquerda e bota ovo na direita. Uma lástima!

    NeoTupi

    27/11/2018 - 00h11

    Só pode ser ironia sua, né?
    O Congresso controlado pelo PMDB e centrão nunca apoiou Auditoria da dívida nenhuma, muito pelo contrário. E nunca vi Ciro Gomes dizer que iria contestar a dívida. Ele criticou os juros e disse que iria renegociar condições melhores (nunca disse exatamente como), mas nunca disse que contestaria parte da dívida (objetivo da auditoria).
    Se não for ironia, só são “bem informados” com fake news como esta que você disse.

      Fabio Bianchi

      27/11/2018 - 01h32

      Há inúmeras palestras do Ciro, nas quais ele diz que pretende auditar a dívida. E ele explica como. Exemplo: procure a palestra dele no sindifisco.

        NeoTupi

        27/11/2018 - 14h09

        Não vi essa entrevista, mas vi outras recentes na campanha. Na entrevista à Mariana Godoy da Record (está no youtube) ele diz que a dívida pública se paga pagando, explicando que faria superavit primário para alongar o perfil da dívida, tributando dividendos, grandes heranças e eliminando renúncias fiscais. Isso foi parte do que FHC fez no plano Real (diminuiu o déficit – não chegou a superávit – aumentando a carga tributária), do qual Ciro apoiou as diretrizes do Consenso de Washington.
        Como se vê, Ciro disse o contrário do que prega a auditoria visando não pagar parcela da dívida.
        Para eliminar qualquer dúvida, leia o que foi apresentado por escrito no programa de governo oficial do Ciro:
        “Compromisso com a redução da taxa de juros básica (Selic) em compasso com a realização do ajuste fiscal; Redução da indexação no mercado financeiro, através da substituição gradual da participação de Letras Financeiras do Tesouro, corrigidas pela Selic, por títulos prefixados no financiamento da dívida”.

        Isso aí acima foi exatamente o que o governo Lula fez.

        Se Ciro fez discurso diferente para agradar platéia, ou ele mudou de ideia durante a campanha ou não disse a verdade.

        Se você votou acreditando nisso, votou mal informado, achando que estava votando em outra coisa. Deveria ter votado no PSTU ou no PPL, os únicos que subscreveram a proposta da Associação Auditoria Cidadã da Dívida (nem o Psol endossou dar calote na dívida existente já contratada, se limitando a falar em auditar novos títulos).

      RICARDO MEDEIROS BRANDAO DE CASTRO

      27/11/2018 - 11h53

      Tá aí oh !!!

      Confesso que neste dia eu chorei !

      https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/01/14/dilma-veta-auditoria-da-divida-publica-proposta-pelo-psol.htm

      Se informe antes… O PT está cego e se esqueceu do povo ao afagar o Deus mercado !

        NeoTupi

        27/11/2018 - 12h59

        Menos né, Ricardo?
        Incluir PROPOSTA no Plano Plurianual para jogar para a platéia até o Eduardo Cunha e Aécio Neves aprovaram para desestabilizar e, se não vetasse, simplesmente aprovariam o que o bancos queriam.
        É muito diferente de aprovar uma Auditoria já feita que só seria benéfica se levasse à MORATÓRIA (nome que os que defendem a auditoria não tem coragem de dizer) pelo menos parcial da dívida.
        É óbvio que um Congresso controlado por Cunha, Aécio e Renan como era, se fizesse uma auditoria iria legitimar a dívida para deixar os bancos devendo favores a eles e só. Veja a “reforma política” que Eduardo Cunha promoveu em 2015 para legitimar os meios que os favoreciam. Veja o que a bancada ruralista fez com o código florestal quando chegou ao Congresso. O que você acha que faria se uma auditoria chegasse a ser pautada? O velho toma-lá-dá-cá com os banqueiros em troca de generosos financiamentos de campanha.
        Neste contexto é muita ingenuidade do Psol achar que ganharia esse jogo com minoria no Congresso e Dilma vetar só atrapalhou Cunha a ter mais poder de barganha com os bancos.

      marco

      27/11/2018 - 21h05

      Voce pode ter nao ouvido , porem Ciro declarou não uma , porém vária vezes que faria a auditoria da dívida.
      Procure assistir uma palestra do Ciro na Associação dos fiscais dsa receita federal onde explicitamente promete auditorar nossa divida.
      È também o único a denuciar como crime as chamadas “operações compromissadas do Banco Central” que remunera os saldos inativos dos Bancos, um escândalo.

        NeoTupi

        28/11/2018 - 16h16

        Auditoria da dívida o Banco Central faz todo ano. Obviamente para legitimar e para os gestores se protegerem de processos. O próprio Ciro já foi ministro da fazenda em 1994 e endossou a dívida e seu pagamento na época.
        Ciro disse que contestaria parte da dívida, para não pagar tudo, igual fez Rafael Correa no Equador?
        Senão até o Meirelles pode fazer bater no peito dizendo que fez várias auditorias da dívida enquanto esteve à frente do BC.
        Na entrevista na Record Ciro disse que pagaria a dívida fazendo superávit fiscal. No programa de governo apresentado por escrito também.
        Lamento te informar, mas se Ciro fez discursos diferentes para cada platéia, você foi enganado. Se você não entendeu ou não leu o programa de governo, se enganou.

          Ricardo Brandão

          29/11/2018 - 00h34

          NeoTupi, se vc for petista, certamente pensa que esta sempre certo e o resto está errado. Se informe pelo amor de Deus. No youtube tem varios videos do Ciro se comprometendo em fazer a auditoria. Dilma vetou com uma justificativa esdrúxula! BC finge que audita e o povo paga juros de dívidas fraudadas. Lula errou feio ao não tirar o seu time de campo para que outro time jogasse com esse adversário estúpido que ganhou de goleada do PT. Egoísmo, egocentrismo e vaidade… Bolsonaro nadou de braçada! Ciro apoiou Lula a vida inteira… custava o Lula apoia-lo? Que ganância não?


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