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Marcio França X Guilherme Boulos: análise de uma acirrada disputa por uma vaga no 2o turno

Dentre os temas relacionados às eleições em São Paulo, um dos mais interessantes – e um pouco perigoso, para o analista, por expô-lo à fúria dos canceladores – é a disputa entre Guilherme Boulos e Marcio França por uma vaga no segundo turno. Não é preciso ser um gênio da análise política para desconfiar que […]

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Dentre os temas relacionados às eleições em São Paulo, um dos mais interessantes – e um pouco perigoso, para o analista, por expô-lo à fúria dos canceladores – é a disputa entre Guilherme Boulos e Marcio França por uma vaga no segundo turno.

Não é preciso ser um gênio da análise política para desconfiar que a história de “derrotar o fascismo”, ou “varrer o bolsonarismo” perdeu um bocado de força nas eleições paulistas, visto que o candidato de Jair Bolsonaro, Celso Russomano, revela-se, mais uma vez, um pangaré velho, com alguma pegada apenas nos primeiros metros da corrida. Mesmo que, desta vez, Russomano passe a barreira do primeiro turno, chegará exausto politicamente, e será facilmente derrotado no segundo.

Bruno Covas é um prefeito com avaliação razoável, que não pode ser chamado de “fascista” ou mesmo “bolsonarista”. A narrativa para vencê-lo, portanto, precisa ser diferente.

Essa nova dinâmica atrapalha um pouco a narrativa escolhida por Guilherme Boulos, de nacionalizar a campanha. Alguns poderiam afirmar que isso poderia ser previsto desde o início. Mas é preciso recordar dois fatores.

Primeiro, Russomano iniciou a campanha com liderança isolada. No único debate realizado até agora, Russomano não conseguia esconder a satisfação (um tanto pueril, conforme agora se constata) e arrogância diante de sua posição nas pesquisas, a que ele parecia atribuir (equivocadamente) a sua proximidade com Bolsonaro.

Segundo, o mais importante capital de Boulos era ter se tornado, desde o primeiro dia da campanha de segundo turno nas eleições presidenciais de 2018, um campeão político na luta contra Bolsonaro.

Nada mais natural, portanto, que a estratégia Boulos se concentrasse em nacionalizar a campanha para a prefeitura paulistana, mesmo que um analista um pouco mais frio e experiente observasse que a ideia não fosse tão boa, em virtude da necessidade de obter votos também de eleitores de Bolsonaro (visto que o presidente ganhou na cidade com 60% dos votos válidos).

Por outro lado, Bolsonaro aparentemente não tem mais em São Paulo o capital político que tinha em 2018. Ele se desgastou politicamente, sobretudo na classe média. Isso gerou então um brecha para Boulos adotar uma estratégia algo arriscada, mas possível: reunir em torno de si toda a oposição a Bolsonaro, chegar ao segundo turno e, com um discurso fundamentado numa contagiante empolgação juvenil, ganhar as eleições. Os desafios subsequentes, os obstáculos que necessariamente tentariam impedi-lo de fazer uma administração revolucionária da cidade, seriam igualmente arrostados com intensa e constante mobilização popular.

A ideia tem um fundo talvez romântico demais. Mas e daí? Diante da profunda depressão cívica que os últimos anos tem oferecido à classe média progressista, especialmente às suas franjas mais jovens e mais politizadas, desesperadas por uma bandeira, uma esperança, uma possibilidade de superação desse cenário sombrio, um pouco de romantismo talvez seja mesmo necessário!

A estratégia, porém, tem falhas importantes. E apontá-las traz o risco, para o analista, de fazer o papel de um tio chato que revela às crianças que papai noel não existe. A primeira falha é que Bruno Covas, o prefeito, desde sempre com um lugar quase garantido no segundo turno, já tinha se descolado de Bolsonaro há tempos. A polarização da campanha, portanto, não o atinge. Ao contrário, beneficia-o, na medida em que a polarização empurra, em sua direção, todos os eleitores de Bolsonaro que, com uma outra estratégia, poderiam torcer o nariz para um tucano que é visto por muitos como inimigo declarado do presidente. Ao mesmo tempo, como Covas não é bolsonarista, tampouco “fascista”, ele também não tem dificuldade para atrair os votos dos eleitores que não aprovam Bolsonaro, desde aqueles que votaram e se decepcionaram, até aqueles que nunca gostaram nem votaram no presidente.

Aí entra o plano de Marcio França, muito diferente, até mesmo contrário a de Boulos.

França se preocupou em se afastar, desde o início, da estratégia de Boulos. Seu encontro casual com Bolsonaro, no meio da rua, produziu uma verdadeira hecatombe no meio da esquerda, que até hoje o acusa de ter “flertado” com o presidente. A foto do encontro tem sido publicada nas redes, desde então, por militantes de esquerda inflamados, sempre que querem provar que o flerte existiu. Houve uma crise inicial, de fato, que pode ter prejudicado França, apesar dele tê-la neutralizado em boa parte explicando que foi apenas solicitar publicamente, ao presidente da república, que abrisse um espaço num dos aviões da FAB, para levar doações reunidas por ele, França, e sua esposa, às famílias de Beirute prejudicadas pela explosão ocorrida por lá, que destruiu quase metade da capital do Líbano.

Com o tempo, todavia, a acusação de “flerte com Bolsonaro” se diluiu, porque não houve nenhum outro sinal de França. Ao contrário, sua campanha passou a ser vista, cada vez mais, como tendo uma plataforma progressista e social bastante coerente com as propostas do partido do candidato, o PSB, e com a parceria firmada com o PDT, que ocupa o lugar de vice com um quadro ideológico, o sindicalista Antonio Neto.

Se as últimas pesquisas, que mostram o crescimento gradual e firme de França, se consolidarem numa tendência, então a sua estratégia terá se revelado inteligente. Seu encontro com Bolsonaro serviu justamente para dissociá-lo de Guilherme Boulos, ou da imagem de um candidato de esquerda “radical”, o que bloquearia qualquer entrada no eleitorado conservador ou evangélico. Como Boulos vinha com muita força na esquerda, Marcio França seria completamente esmagado caso não conseguisse manter ao menos uma parte desse eleitor conservador. Por outro lado, suas propostas, sua campanha, seu “lugar de fala” como representante de dois partidos sólidos de centro-esquerda, lhe garantiram também uma parte do eleitor progressista.

Hoje, Marcio França tem condições políticas de crescer tanto à esquerda quanto à direita. Segundo o último Datafolha, com pesquisas realizadas entre os dias 3 e 4 de novembro, e cujo relatório completo foi divulgado hoje, França não apenas foi o candidato – dentre os que fazem oposição ao atual prefeito, Bruno Covas – que mais cresceu, subindo três pontos, como, e isso é o principal, se tornou aquele que mais deve receber os votos de Russomano.

Confira a tabela abaixo, divulgada hoje pelo Datafolha: ela mostra que, entre os eleitores de Russomano, 27% poderiam migrar para Covas, 24% para Marcio França, e apenas… 1% para Boulos. Até Jilmar Tatto tem melhores condições de herdar os eleitores de Russomano,  recebendo 3%.

Caso o eleitor de Bruno Covas mude de ideia, e resolva mudar de candidato, o principal herdeiro é… Marcio França, que receberia 24% desses votos, ao passo que apenas 6% iriam para Boulos.

Interessante notar ainda que os próprios eleitores de Boulos, se decidissem mudar de voto, uma maioria de 30% escolheria… França. Apenas 2% dos eleitores de Boulos migrariam para Jilmar Tatto, por exemplo.

Já Boulos não recebe votos de ninguém. Nem mesmo de França. Na verdade, Boulos pode receber parte (25%) dos desgarrados de Jilmar Tatto, mas mesmo assim perde para Bruno Covas e fica bem próximo de França, que recebem, respectivamente, 27% e 19% dos eleitores do candidato do PT.

Essa vulnerabilidade de Boulos justifica a tese  – confirmada já por três pesquisas, Ipespe, Ibope e Datafolha – de que ele teria atingido um “teto”, ao mesmo tempo que pode ser ultrapassado, a qualquer momento, por França, o qual seria o herdeiro natural dos votos de Russomano.

Percebendo o perigo de perder a vaga no segundo turno para França, a campanha de Boulos iniciou ataques mais diretos ao candidato, mas os efeitos disso são muito limitados, porque não devem atrapalhar o principal fluxo de votos que chegam a França, que vem de Russomano, cujo eleitorado não é afetado pelas narrativas excessivamente ideológicas da campanha de Boulos. Ironicamente, podem até acelerar o fluxo de migração de eleitores de Russomano na direção de França, na medida em que ajudam França a se diferenciar de Boulos. Os ataques de Boulos a França martelam na tecla de que “ele não é de esquerda”, mas isso visa antes estancar a sangria, ou perda de eleitores que já estão com Boulos, e que poderiam migrar para França como tentativa de fazer um “voto útil”. Um ou outro eleitor de esquerda, que tenha se decidido a votar em França, talvez mude de ideia, diante dos ataques do PSOL, mas esse movimento não deve ser significativo. O eleitor progressista de França não me parece o tipo que se deixe levar por ataques ou narrativas com esse viés puramente ideológico.

Outro ataque ainda mais inútil a França vem do PT.  Um dos quadros mais influentes do PT paulista, Breno Altman, resumiu a reação do PT ao crescimento de França nas pesquisas: “com Russomano agonizando, a direita pretende evitar que seu voto vá para Boulos ou Tatto. França precisa ser descontruído”.

É curioso acompanhar Altman. Quando havia a sensação de que França não tinha mais chances de chegar ao segundo turno, a hostilidade ao candidato refluiu imediatamente, e ele passou a ser aceito no grupo de “candidatos de centro-esquerda”, em contraposição aos de “esquerda pura”, que seriam os do PSOL e PT. Agora que há possiblidade de Marcio França ultrapassar Boulos e conquistar uma vaga no segundo turno, ele tem de ser “descontruído”.

Um dos argumentos para descontruir Marcio França é sua participação no governo Alckmin, na qualidade de vice-governador. É um bom argumento, que certamente não contribui para o “selo de pureza” que alguns acham que é uma qualidade fundamental para um candidato receber o voto progressista. Por outro lado, é bem possível que uma parte importante do eleitorado não veja dessa maneira, e entenda que a experiência de França junto ao PSDB talvez seja uma excelente qualidade, que lhe ajudará a governar uma cidade onde o PSDB ainda tem tanta força na sociedade, incluindo aí na câmara de veradores. Além do mais, não consta que a posição de vice numa chapa implique em participar integralmente dos valores do titular, pois neste caso teríamos igualmente que qualificar Michel Temer de “petista”, pois foi vice, por dois mandatos, da presidenta Dilma.

Temos falado sobre o crescimento de França e estagnação de Boulos nas pesquisas, então agora vamos tratar de números, concentrando-nos na sondagem mais recente, feita pelo Datafolha.

No próprio resumo do Datafolha, publicado no site do instituto, temos um trecho que trata de Boulos e França:

“(…) O candidato do PSOL passou de 15% para 23% entre quem tem de 25 a 24 anos, aproximando sua preferência nessa faixa à anterior, de 16 a 24 anos, na qual oscilou de 27% para 29%. Nas demais, o desempenho de Boulos cai e fica em 12% na faixa de 35 a 44 anos, em 9% entre quem tem de 45 a 59 anos, e 5% na faixa de 60 anos ou mais. Boulos também recuou entre os mais ricos, de 28% para 21%, mas continua mais competitivo nos segmentos de renda alta e média (também tem 24% na faixa de 5 a 10 salários e 16% entre quem tem renda familiar de 2 a 5 salários) do que entre os mais pobres (8% entre quem tem renda de até 2 salários).

Marcio França avançou com mais intensidade entre eleitores de 35 a 44 anos (de 9% para 16%), além de ter conseguido ganhar pontos em todos os segmentos sociodemográficos.”

Na matéria do G1 sobre a pesquisa, vemos com mais detalhes a variação de Boulos e França nas últimas pequisas.

Elas mostram que Boulos caiu (ou oscilou para baixo) nos seguintes estratos: homens (-1 ponto), eleitores com 35 a 44 anos (- 4 pontos), 45 a 50 anos (-2), mais de 60 anos (-1), com ensino médio (-3), até 2 salários (-1), mais de 10 salários (-7), religião católica (-1), evangélicos (-1), raça/cor preta (-3).

Boulos continuou avançando em alguns estratos, sobretudo entre mais jovens, mais escolarizados e com maior renda. Mas essa alta foi neutralizada pela queda nos setores apontados acima.

Já Marcio França, além de não ter caído em praticamente nenhum segmento, experimentou alta (ou oscilação positiva) nos seguintes: homens (+1 ponto), mulheres (+4), 25 a 34 anos (+2 pontos), 35 a 44 anos (+7), 45 a 50 anos (+1), mais de 60 anos (+5), até ensino fundamental (+4), ensino médio (+4), renda até 2 salários (+3), 2 a 5 salários (+2), 5 a 10 salários (+3), mais de 10 salários (+6), católicos (+2), evangélicos (+5), brancos (+4), pardos (+3), raça/cor preta (+1).

Alguns gráficos bastante ilustrativos:

Conclusão: nas pesquisas a serem divulgadas nos próximos dias, poderemos confirmar se as tendências registradas nesses gráficos irão se consolidar ou se reverter. Como último ponto, acho importante destacar ainda uma outra fragilidade na narrativa da campanha de Guilherme Boulos, que é se concentrar excessivamente na questão de “chegar ao segundo turno”, como se esse fato constituísse, por si, a vitória final. O campo progressista precisa tomar cuidado com esse tipo de mediocridade. Sem deixar de lado os aspectos utópicos de qualquer campanha, sem recair no pragmatismo frio e decadente da velha política, é preciso desenhar estratégias que levem em consideração vitórias no segundo turno, pois em caso contrário estaremos apenas apostando no isolamento político. A classe média educada pode até se satisfazer com essas campanhas românticas, mas as enormes e sofridas periferias das grandes cidades não querem saber de vitórias “simbólicas”. Elas precisam desesperadamente de vitórias reais, urgentes, que signifiquem um pouco de oxigênio para que possam sobreviver, inclusive fisicamente, e continuar lutando por dias melhores.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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José de Souza

09/11/2020 - 16h59

Ai ai…esse debate de quem é esquerda ou direita ou centro dá um sono….Principalmente quando se tenta chamar de esquerda quem, pelo histórico, nunca foi de esquerda.
Se o cara é democrata-liberal e desenvolvimentista, pronto, já é chamado de esquerda…Martha Rocha, França, e outros por aí..O projeto Cirista não vai conquistar o eleitorado de esquerda colocando o boné do che guevara…não adianta, isso não cola…Podia ser mais direto tipo: Gente, no Brasil também não vão deixar um Sanders se eleger, é radical demais pro pessoal da Casagrande….Temos que ter o o nosso Binden pra derrotar o nosso Trump. Não vai mudar muita coisa, mas pelo menos não será mais um troglodita irracional…dará até pra negociar algums políticas sociais compensatórias…
Mudar para que nada mude, coisa nossa, muito nossa, como diria Noel.
Boulos é a única novidade nessa eleição. Campanha super criativa, pedagógica, conscientizadora. Criando e ampliando bases na periferia, construindo pontes de dialógo com o eleitorado…sem abrir mão das bandeiras caras à esquerda. Não é uma campanha que tem por fim conquistar o poder pelo poder – o que até pode acontecer agora – mas que mira no futuro. E Indo ao segundo turno, terá um alcance muito maior, independente do resultado.
França e Covas no segundo turno, é tudo a mesma M…Só é útil pro projeto cirista, de mudar para que pouco ou nada mude. Com as bençãos da Casagrande. Até entendo o projeto. Mas vender o França como algo que ele nunca foi, A Martha Rocha como algo que ela nunca foi….pára o mundo que eu quero descer…è muito mais fácil a esquerda apoiar um liberal que se assuma dessa forma do que um liberal que diz ser de esquerda e progressista…soa feio, falso e dá asco.

André Martins

09/11/2020 - 14h48

Que bom. Quem sabe acaba essa nojeira de ficar pedindo para o Boulos e o Tatto retirarem suas candidaturas em favor do França.

Alexandre Neres

09/11/2020 - 13h39

Como bem definiu o Gregorio Duvivier, “trocar Covas por França é trocar seis por meia-dúzia.”

H. Upmann

09/11/2020 - 12h50

Perder tempo atràs de um elemento como Boulos a beira do ano de 2021 é um claro sinal de onde o Brasil foi parar…to atraso imenso desse pais com o resto do Mundo.

Nordestino

09/11/2020 - 12h18

Se Se Ciro chegar no segundo turno em 2022, o mais correto no segundo turno é viajarmos e n votar em ninguém.

    Alan C

    09/11/2020 - 14h32

    Neste caso será diferente de 2018 onde Ciro viajou orientando seu eleitorado a votar no poste, e votou, pena que foi totalmente inútil, pois até meu cachorro sabia que onde havia PT, havia derrota.

Amaro Doce

09/11/2020 - 09h47

Fora de Pauta

Glenn Greenwald põe água no chope das comemorações pela vitória do Biden.

A esquerda brasileira estaria abestalhada com a vitória do “democrata”, inclusive o pessoal do 247.

Mas logo hoje, Glenn, dia de domingo?

Greenwald critica visão da esquerda brasileira sobre Joe Biden

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o jornalista Glenn Greenwald afirma que é muito grande a diferença entre narrativa propagada pela imprensa americana e realidade e diz que percepção da esquerda brasileira sobre o presidente eleito dos Estados Unidos está completamente errada
8 de novembro de 2020, 06:50 h
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Glenn Greenwald

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247 – “Joe Biden não é Lula, não é Evo Morales, não é contra a guerra, não é socialista”, diz Glenn Greenwald sobre Joe Biden, presidente eleito dos Estados Unidos.

O jornalista conta que em 2002, Biden era o chefe do Comitê de Relações Exteriores e o senador democrata mais influente nas questões da guerra. “Ele apoiava a invasão do Iraque veementemente. O apoio que ele deu a Bush foi crucial para persuadir outros senadores democratas a votarem a favor da guerra”, disse em entrevista à Folha de S.Paulo neste domingo (8).

De acordo com Glenn, o Partido Democrata está se distanciando dos trabalhadores, e a expressiva votação de Trump entre minorias —latinos e negros— nesta eleição espelha esse movimento.

O jornalista argumenta ainda que a diferença entre a narrativa propagada pela imprensa americana e a realidade é muito grande. Glenn pediu demissão há pouco do Intercept, site de notícias que ajudou a fundar, dizendo ter sido censurado devido a um texto com críticas a Biden.

Para ele, a mídia lucra exagerando na narrativa de que Trump é uma ameaça aos direitos humanos e que os democratas terão mais facilidade para governar. Por outro lado, afirma que, pessoalmente, está feliz com a derrota de Trump, por acreditar que ela enfraquece a extrema direita no mundo —incluindo Jair Bolsonaro, a quem ele vê como mais esperto que Trump.

“Trump é uma pessoa horrível. É racista, tem muito preconceito. Como presidente, é preguiçoso. Não tem crenças fortes, não tem ideologia nem religião. Não é como Bolsonaro, que tem crenças muito fixas. Ele conhece o sistema político mais do que Trump. Bolsonaro é mais perigoso que Trump, porque o sistema americano é muito mais forte para resistir a pessoas que querem ser autoritárias, ditadoras, racistas.”

O jornalista afirmou que a democracia americana é uma ilusão. Citou os casos de Edward Snowden —com quem colaborou—, responsável pelo escândalo da NSA (agência de segurança nacional, na sigla em inglês), e Julian Assange, fundador do Wikileaks.

https://www.brasil247.com/midia/glenn-greenwald-critica-visao-da-esquerda-brasileira-sobre-joe-biden
———————–
O conhecimento liberta.

VOCÊ NÃO ESTÁ SÓ. VEJA AS SUAS COMPANHIAS

Vamos elencar quais são as principais forças no interior do sistema imperial que, juntamente com você, estão vibrando com a vitória do Velho Gago, Joe Biden:

1 – Todo o complexo industrial militar americano aquartelado no Pentágono e nas mais de 800 bases militares americanas espalhadas pelo mundo.

2 – Wall Street, onde acionistas e especuladores com ações no complexo indústria bélico ganham bilhões de dólares do dia para noite com a eclosão de uma nova guerra.

3 – Os banqueiros de todo o mundo, inclusive os que mandam no capitalismo americano, cagam na cabeça do “capitalismo” brasileiro e dos países periféricos,
e especulam principalmente em Wall Street e na City de Londres. Mas os lucros dessas transações vão parar, a miúde, nos paraísos fiscais ou são reinvestidos na própria especulação financeira.

Se você não sabe, a guerra continua sendo um dos grandes negócios do mundo. Quer seja direta ou por procuração.

Já se foi a época em que o melhor negócio do mundo era uma refinaria de petróleo bem administrada, o segundo melhor negócio era uma refinaria mal administrada, e o terceiro melhor negócio era o refino de cocaína. Nos últimos anos um dos melhores negócios do mundo passou a ser uma guerra, principalmente se o país a ser invadido tiver a maior jazida de petróleo do planeta, como é o caso da Venezuela.

Portanto, esqueçam as críticas endereçadas a Maduro: é tudo propaganda do império.

4 – O Vale do Silício. Nos Estados Unidos, toda inteligência artificial nasce ali. Robôs, drones, armas inteligentes, sistemas referenciados que guiam os mísseis para atingir alvos específicos e o caralho a quatro.

5 – A mídia comercial americana e também a Brasileira (Rede Globo é a mais perigosa), que só dizem e só agem de acordo com o que seus anunciante querem ouvir e fazer. O que está fora desse arranjo é tudo “coisa de comunista”. E os anunciantes desses grupos de comunicação têm uma atração enorme pelo nazi-fascismo porque, nele, é tudo resolvido (imposto) na base da corrupção ou da porrada.

Mas eu entendo porque no Brasil a esquerda torceu com tanta sofreguidão pela vitória do Biden. Quando o neguinho não sabe nadar e está morrendo afogado ele se agarra até a uma calda de jacaré.

6 – Tudo aquilo que é chamado de deep state, constituído pelos órgãos de segurança americanos, tais como CIA, FBI, Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Operação Lava Jato, etc.

OBS: no meu bairro soltaram até rojões pela vitória do Biden. Esperem um pouquinho para ver o que vai acontecer, “seus comunistas apressados!”.

Valeriana

08/11/2020 - 19h53

Pensar que um cavernicula troglodita como Boulos possa chegar ao segundo turno da eleiçào de uma cidade como SP é ser muito malucos na cabeça ou muito esquerdistas…que é mais ou menos a mesma coisa.

Serà que voces acham que os paulistas sao retardados ?

    Mauro Morro Branco

    09/11/2020 - 06h52

    Acho que os paulistas devem ser retardados sim. Elegeram Maluf, Pita, Serra, etc.

    carlos

    09/11/2020 - 07h34

    Valeriana, o povo de São Paulo, é gado mesmo do PSDB, porque quanto tempo, esse partido junto com um tal PSB vem administrando precariamente esse estado? Pense.

      Valeriana

      09/11/2020 - 09h22

      Gado todos nòs somos, muda o curral da fazenda e nada mais…

      No rebanho existem alguns presunçosos que se acham pioes ou até fandeiros mas é sò na cabeça deles.

    Valeriana7

    09/11/2020 - 08h45

    Os paulixta eu não sei, mas quem faz essas comparações é sim kkkk

NeoTupi

08/11/2020 - 17h43

Pela experiência das eleições recentes de volatilidade das intenções de voto, quando segundo turno tá embolado com menos que 20% ou mesmo 25%, qualquer coisa pode acontecer nos 3 últimos dias antes da eleição. Há exemplos mais extremos como Witzel, Zema, etc, mas vou me ater a própria São Paulo:

2016-SP: Pesquisa Ibope de 26/09/2016 (uma semana antes da eleição) mostrava Doria 28%, Russomanno 24%, Marta Suplicy 15%; Haddad 10%. Datafolha do dia seguinte mostrava cenário identico dentro da margem de erro. Nas urnas Dória venceu em 1o. turno, Haddad ficou em 2o., Russom. 3o. e Marta 4o. Nem tente colocar a culpa nos indecisos porque a referida pesquisa captou só 4% de indecisos.

2012-SP: Datafolha 3/10/2016 (4 dias antes da eleição): Serra 23%; Russom. 25%; Haddad 19%. Resultado nas urnas: Serra em 1o., Haddad em 2o., Russom. em 3o.

Salvo se algum candidato apresentar quadro de tendência de crescimento consistente todo dia nos trackings até quarta feira, só dará para ter uma visão melhor de quem vai ao segundo turno nas pesquisas publicadas lá para 5a. feira ou 6a. feira da semana que vem.

Agora, essa análise peca em alguns pontos:

1) Falta combinar uma coisa com o eleitor: ele quer mais o quê? Mudança ou experiência administrativa? Se for mudança tende a votar em Boulos (incluindo parte não ideológica que votou em Bozo em 2018, pois esse eleitor continua procurando candidato menos comprometido com o poder político vigente, se lixando para esquerda-direita). Se procura experiência tende a votar em França.

Dica: em tempos de crise você acha que o eleitor comum tende a querer mudança ou conservar as coisas como estão?

No segundo turno se o eleitor procura votar em oposição/mudança, Boulos tem muito mais potencial do que França, cujo perfil para o eleitor comum assemelha-se a Covas. E não importa o que dizem as simulações de 2o. turno agora, muito vagas para predizer a realidade.

3) Se Boulos estiver claramente colocado como a única opção de esquerda para chegar ao segundo turno na véspera da eleição, boa parte do voto (mesmo potencial) de Tatto (e até do Orlando Silva) tende a migrar para Boulos.

4) Para o eleitor comum qual a diferença de França e Covas? França apoiou Dória/Covas na última eleição municipal, foi vice de Alckmin. Covas vai explorar isso se tiver que enfrentá-lo no 2o. turno. E França terá que se explicar.

    NeoTupi

    08/11/2020 - 17h50

    Esqueci de dizer uma coisa. Se o eleitor majoritário quiser uma combinação dos dois: mudança E experiência administrativa, o PT com Tatto pode ser o escolhido do eleitor nos 3 últimos dias antes da eleição, no caso de São Paulo, já que as gestões petistas tem as políticas públicas com melhor recall do eleitor.

Miramar

08/11/2020 - 17h31

Lembrando aos afoitos que os principais institutos de pesquisa abordam uma média de 30% de eleitores com com curso superior (faixa que favorece o candidato do PSOL), quando o índice de paulistanos com curso superior é inferior a 20%.
Outra coisa: o candidato do PSOL inexiste em meio ao eleitorado evangélico, ou seja, inexiste para 40% da população paulistana.
P.S.: está divertidíssimo acompanhar a cristianização do candidato petista.

Paulo Cesar Cabelo

08/11/2020 - 15h10

Só na cabeça de Miguel do Rosário a vitória do tucano França seria vitória progressista.
Covas vai ganhar de qualquer jeito , levar alguém a esquerda do PT ao segundo turno na conservadora São Paulo , é sim uma vitória.
Pra mim quem tira foto com defensor da tortura não é nem gente.

    Redação

    08/11/2020 - 16h31

    Prezado, França foi vice do PSDB. Mas é do PSB. Chamá-lo de tucano por ter sido vice do PSDB, é como chamar Michel Temer de petista por ter sido vice do PT. Ele tem um programa progressista, está em partidos progressistas. Então é uma vitória progressista. Seu comentário derrotista, de que Bruno Covas já ganhou, e pensando apenas em brincar de segundo turno, mostra bem a seriedade de alguns supostos apoiadores de Boulos.

      NeoTupi

      08/11/2020 - 18h02

      Tem grandes diferenças. Temer conspirou, deu o golpe no PT e inverteu o programa de governo com o “ponte para o futuro”. França apoiou Alckmin durante todo o governo, inclusive a candiatura de Dória-Covas em 2016 e a de Alckmin a presidente no 1o. turno em 2018. Foi aliado até o fim de 2018.
      Pra quem cobra tanto autocrítica do PT, no mínimo França deveria fazer uma autocrítica sobre o apoio ao governo neoliberal de Alckmin, para conquistar votos à esquerda.

      Paulo Cesar Cabelo

      08/11/2020 - 20h32

      Não é por ser vice de um tucano mas pela sua trajetória de apoio aos tucanos e suas posições conservadoras.
      O PSB apoiou o golpe , a reforma da previdência e a trabalhista , não é progressista.
      Acho que tentar usar esse discurso é estelionato eleitoral , se assumam de direita ou de centro de uma vez.
      França foi governador por dois anos e não mudou em nada a política tucana e vai apoiar Covas no segundo turno , ou no máximo ficará neutro.
      Fortalecer o nome de Boulos , que um dia será presidente , é muito mais importante do que dar a vitória a um homem que já mostrou que governa como tucano.
      Aliás prefiro o Covas , nunca tirou foto com defensor da tortura.

        Miramar

        09/11/2020 - 12h32

        Isso não é verdade. O PSB não apoiou a reforma trabalhista e embora tenha havido votos discrepantes, se colocou contrário a reforma da previdência – vide Alessandro Molon.

        Márcio França foi governador durante oito meses e não dois anos. Durante esse período se destacou por realizar uma administração absolutamente diferente do seu antecessor. Vide a relação com os servidores públicos e os programas sociais. É o oposto de um privatista.

        Não sei o que tem de tão ruim em ter sido vice de um tucano. Para mim, isso mostra a capacidade de diálogo com diferentes setores da sociedade. Como quando ele foi lider do governo Lula.

        É triste ter de admitir, mas o defensor de torturadores é presidente da República, fazendo com que a relação institucional seja inevitável.De qualquer forma, todo mundo sabe que a esquerda radical brasileira é contra o impeachment de Bolsonaro por julgar que isso atrapalha suas metas eleitorais. Quer dizer, não são tão contrários a tortura quanto querem aparentar.

        Tenho respeito pelo historiador Jones Manoel. Esse não tem vergonha da própria ideologia. Assume claramente: “Não sou esse negócio de progressista. Sou comunista.” No entanto, tem alguns acanhados que têm vergonha da própria ideologia e querem roubar o termo para si. Basicamente, todos os militantes e simpatizantes do PT,PSOL e PC do B. Existe um líder progressista na correto acepção do termo: Ciro Ferreira Gomes.

        Alan C

        09/11/2020 - 14h41

        E o PT votou a favor do financiamento de campanha com o SEU dinheiro, além de ter votado em 2018 a favor do aumento do salários dos ministros do STF que ganham muito mal.

        Discussão rasa do kct.

      Alexandre Neres

      09/11/2020 - 11h16

      Sou obrigado a admitir. Concordo com Redação. França não é PSDB. França consegue estar à direita do PSDB, pois acena até para Bolsonero. Se França é progressista, eu sou o Papa.

    Natan

    09/11/2020 - 09h28

    Tipo o Ciro do Arena…?!?!

Francisco*

08/11/2020 - 14h21

Impressionante, o Carioca do Rosário se estende por linhas e mais linhas para torcer o óbvio que irá ocorrer domingo próximo na ‘pauliceia desvairada’, quanto a eleição municipal.

A direita lançou três candidatos com a certeza de emplacar dois no segundo turno, Brunodoria e Bolsomano, com a garantia de ‘Bolso, Doria & França’, caso o mano repetisse a jornada paraguaia.

Acontece que quis o destino que no PT ao invés de Padilha, vencesse Tatto e com Tatto, sem recall em tempo de pandemia, Boulos saltasse a frente para botar água no chopp da direita paulistana.

Domingo próximo, petistas menos afoitos que estrategicamente mantiveram votos em Boulos até a última semana, mostrando-o acima de 10 pontos, irão descarregar majoritariamente esse votos em Boulos, levando o companheiro de tantas jornadas para o segundo turno, não apenas para incomodar a classe dominante, como vence-los, como antes feito por Erundina, Marta e Haddad.

A camaleão França restará apenas o esforço para não ficar em quarto, tentando vencer o pangaré paraguaio e graças a Tatto nessa, ser Boulos, senão seria quinto.

Simples assim e em apenas treze linhas, fazendo duplo sentido!

    Francisco*

    08/11/2020 - 14h28

    leia-se ao invés de, “…mantiveram votos em Boulos”, “…mantiveram votos em Tatto”.


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