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O poder de articulação de Lula segue afiado

Circula nas redes um vídeo que mostra os comentaristas da Jovem Pan apavorados com o poder de articulação de Lula: É bem conhecido, de fato, o poder de articulação do presidente eleito. Mas as dúvidas sobre a efetividade desse poder em um país bem diferente daquele dos anos 2000 não eram desarrazoadas. Lula foi preso, […]

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Lula e Alckmin durante anúncio dos novos ministros. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Circula nas redes um vídeo que mostra os comentaristas da Jovem Pan apavorados com o poder de articulação de Lula:

https://twitter.com/delucca/status/1606338897667133445?lang=bg

É bem conhecido, de fato, o poder de articulação do presidente eleito.

Mas as dúvidas sobre a efetividade desse poder em um país bem diferente daquele dos anos 2000 não eram desarrazoadas.

Lula foi preso, o antipetismo virou uma força política potente e tivemos um governo de extrema-direita que, apesar de desastroso, quase conseguiu se reeleger. Além disso, o Congresso é majoritariamente conservador – ainda que isto não seja exatamente uma novidade.

Conseguirá Lula repetir seus feitos da década retrasada, quando construiu uma ampla base no Poder Legislativo e saiu do cargo com uma aprovação popular acachapante?

Se considerarmos os sinais que brotam das primeiras batalhas políticas que Lula precisou enfrentar, é bem possível que sim.

A começar pela aprovação da PEC da Transição, uma vitória política maiúscula. Arthur Lira tentou emplacar o Ministério da Saúde em troca de votos para a aprovação da PEC e boa parte da mídia corporativa fez a grita de sempre – teve gente até chamando de PEC da Gastança, uma vergonha.

Não adiantou nada: a PEC foi aprovada. E Lira não levou o Ministério da Saúde, que foi para Nísia Trindade, presidenta da Fiocruz. (Cadê a mídia festejando este nome “técnico”, aliás? Aparentemente só técnico de direita é digno de aplausos…)

E o teto de gastos, uma excrescência liberal que amarra os investimentos do governo federal em uma camisa de força, caiu por tabela com a aprovação da PEC, já que o governo agora está autorizado a apresentar uma nova âncora fiscal por lei complementar.

Pouco antes da votação da PEC, Gilmar Mendes havia decidido, em uma ação impetrada pela Rede Sustentabilidade, que o Bolsa Família não deverá mais ser contabilizado dentro do teto de gastos. O ministro do STF justificou sua decisão falando em “garantia da proteção ao plexo de direitos que perfazem o mínimo existencial da população em situação de vulnerabilidade social”.

A decisão é perfeitamente adequada aos princípios constitucionais da cidadania e da dignidade da pessoa humana, bem como aos objetivos fundamentais da República elencados logo no art. 3º da Carta: construir uma sociedade livre, justa e solidária e erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.

Sabemos bem, todavia, que o humor dos ministros do STF oscila mais do que deveria, e que suas decisões muitas vezes estão mais afinadas com deterrminados grupos de pressão do que com as normas constitucionais. A decisão de Mendes, portanto, às vésperas da votação da PEC da Transição, é mais um sinal de que Lula – e a visão social de país que prevaleceu com sua vitória nas eleições – está voltando a dar as cartas em Brasília.

Outra decisão do STF que demonsta a força com que Lula volta à presidência é a que decidiu pelo fim do Orçamento Secreto.

Lula apontou repetidas vezes, durante a campanha eleitoral, a gravidade da situação. Tirar o orçamento do Executivo (que é o responsável, obviamente, por executar os projetos) e repassá-lo ao Congresso, sem possibilidade de rastrear o uso das verbas adequadamente, é abrir uma porteira gigantesca para o mau uso do dinheiro público e para a corrupção.

Questionado em uma entrevista sobre a viabilidade de revogar o Orçamento Secreto, já que o Congresso não abriria mão dos poderes orçamentários que conquistou, Lula disse que negociaria e daria um jeito. Parecia uma tarefa complicada, mas ele nem assumiu e o pepino já está resolvido.

Sua insistência em pautar o tema certamente influenciou a opinião pública e, consequentemente, a decisão do STF.

É evidente que o Judiciário precisa ser capaz de exercer um papel contramajoritário e remar contra a opinião pública quando necessário – papel que muitas vezes não cumpriu nos anos recentes de Lava Jato, golpe de Estado e aberrações cometidas por um presidente fascista.

Porém, no atual estado de coisas, em que os ministros participam ativamente do debate público, e são influenciados por ele, é salutar que tenhamos um presidente democrata de novo, contribuindo para direcionar a opinião pública a direções mais auspiciosas.

Política é o exercício do bom senso.

Os atores políticos e jurídicos com o mínimo deste artigo de luxo – o bom senso – estão, sem dúvida, cansados dos delírios de Bolsonaro. As pessoas querem a volta de alguma normalidade e estabilidade. Também por isso o poder de articulação de Lula segue afiado: o Brasil está com saudade do bom senso.

Política é também saber a hora de pressionar, a hora de conversar nos bastidores, a hora de conversar abertamente, a hora de fazer campanha pública etc.

Lula, experiente em todos esses tipos de exercício político, segue afiado.

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Pedro Breier

Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.

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Comentários

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AlexB

30/12/2022 - 02h55

Que delícia ver os fascistinhas desse canal de merda e os bolsominons imbecis (perdõem o pleonasmo) rasgando o k****l de desespero!!
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK!!!
Chola mais!!!

AlexB

30/12/2022 - 02h50

Teu domínio da língua e capacidade de expressar sua imbecilidade com clareza são emocionantes, caro bolsominion!
Valha-me Satã:o cara não consegue escrever três frases coesas e coerentes na língua vernácula. Essa é a extrema direita brasileira.

Lanterna dos Desesperados

29/12/2022 - 03h11

Os verminions repetem as mesmas sandices que os levaram a derrota inédita de não reelegerem, como de costume, o Inominável desgovernante, esperando resultado diferente da derrota sofrida em outubro, e isso enquanto desesperados esperneiam como se não houvesse amanhã (e não haverá mais para esses rastejantes pegajosos) exatamente pela derrota consequente das mesmas sandices replicadas de forma continuada e burra.

Esperneiem à vontade, manés, mas não amolem.

Edu

28/12/2022 - 09h49

Qualquer um que não seja um completo mau caráter, um tremendo filho de uma arrombada, comemorou a vitória de Lula e a DERROTA desse verme escolhido pelos antipetistas de merda.
PERDEU, PERDEU, CUZÃO !!!!!!!!!
hahahahahahaaha

Ugo

27/12/2022 - 22h08

As imagens das comemorações nas redações da Globo logo após a eleição do Pilantra Máximo dizem tudo e um pouco mais…

Alexandre Neres

27/12/2022 - 21h31

Esse nosso troll/bot/hater/minion onipresente me enche de esperança. Diz ele que não é brazuca, porém está sempre preocupado com o que se passa por essas plagas e se mete a dar pitaco em tudo.

Se todos os brasileiros manifestassem essa diligência, tal qual nosso troll orientando no sentido de que passássemos a copiar as nações ditas civilizadas, decerto estaríamos salvos.

Só não entendo como é capaz de defender a maior aberração existente na terra, aquele mesmo que abandonou o cargo há quase dois meses. O tal que caiu na fossa.

Admar Souza Junior

27/12/2022 - 21h30

O Gado continua Mugindo e a Caravana vai Passando! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Zulu

27/12/2022 - 20h54

Nenhum ministro de nada deve participar de nenhum debate a respeito de nada, muito menos da política, isso é óbvio.

Quem deve discutir e a sociedade e o congresso, ninguém mais.

Ministros, juízes, etc…devem sumir do mapa, das redes sociais, das TV, etc…

Essa mistura terceiromundista entre política e judiciário é vergonhosa, é uma desgraça para a democracia, mais grave ainda quando o STF está plenamente envolvido nisso…os brasileiros estão vendo isso muito bem daí a revolta.

Isso não é democracia, essa gente deve sumir do mapa e ficar na deles, a gente não deveria nem saber os nomes dos ministros do STF.

As nomeações

Para quem sempre viveu nessa ambiente podre provavelmente deve achar normal mas não é absolutamente.

As nomeações políticas dos ministros do STF é um câncer que deveria ser extirpado ontem se no congresso tivesse gente normal no lugar de um aglomerado de escapados de casa.

Paulo

27/12/2022 - 20h43

O que vai direcionar o Governo Lula é essa “maioria conservadora” no Congresso Nacional, conforme se mantenha como tal ou se quede ao fisiologismo mais ou menos desbragado…A aposta, por enquanto -sabem como é a política, não!? – é que mantenham o “conservadorismo” nos costumes, até para ludibriar seus eleitores, bem ao estilo Bolsonaro; e, ao revés, curvem-se a Lula e se entreguem à luxúria orçamentária…

Dudu

27/12/2022 - 20h35

Quanto a ministra da saúde foi certamente a princípio uma ótima escolha (a excepção que confirma a regra), se ela não se misturar demais com o resto da estrumalha poderà certamente fazer bem, como fez o Tarcísio por exemplo.

Por ser da área da saúde e não sendo estúpida deveria saber muito bem que se sujar com fezes não é nada igienico…

Dudu

27/12/2022 - 20h12

Lula é um coitado, um imbecil sem caráter que dá as nádegas para qualquer um que se apresente com algo na mão em troca e por isso o usam e abusam para ter acesso ao dinheiro público.

Antes foram as grandes empreiteiras, o congresso com o mensalão e o petrólão em troca de poder e alguns imóveis.

Não queria ser candidato a nada nem em 2018, quando percebeu as manobras do STF entendeu o recado se candidatou e se deixou eleger, não fez absolutamente nada além de oferecer dinheiro aos brasileiros sabendo que os mesmos por 10 reais ao mês entregam até a mãe.

Quem manda e desmanda no Brasil hoje é o STF e isso é vergonhoso, nada tem a ver com democracia e por isso o Brasil é uma continua perca de tempo.

Fanta

27/12/2022 - 20h02

Lula preocupado com o mau uso do dinheiro público é a corrupção…?

Esse gente é de morrer de rir de tão ridícula….kkkkkkkk

O STF nunca aceitou a eleição de Bolsonaro, tiraram Lula da cadeia e o elegerem se deslocando no TSE para poder governar no Brasil sem ninguém enchendo o saco.

Lula é um palhaço, um fantoche, antes da Odebrecht hoje do STF e da Globo.

Boa visão.

William

27/12/2022 - 19h57

A ampla base no Congresso quando o Canastrão foi assaltante máximo da República eram o mensalão e o petrólão, nada mais.

Kleiton

27/12/2022 - 19h54

O conta desse poder de articula$ão os brasileiros estão pagando até hoje e continuarão pagando para mais algumas décadas.

    Alexandre Neres

    27/12/2022 - 20h08

    Somos adversários políticos, mas sou obrigado a admitir. Que sentença lapidar! Kleiton é um poeta da língua portuguesa. Sabe extrair o melhor de cada palavra e encaixá-laa com maestria.


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