Os dados do crash e a migração de votos
A maior participação foi fundamental na recuperação de Sergio Massa
O aumento da participação nas urnas beneficiou o candidato UxP, que obteve pelo menos metade dos novos votos. Ele também capturou “votos órfãos”. A migração de Milei para Schiaretti.
Por Andy Tow* e Alejandro Baranek**
25 de outubro de 2023 – 00h22
A análise estatística das transferências de votos indica que o principal beneficiário da maior participação eleitoral do último domingo em relação às eleições primárias – 78% contra 70%, um aumento muito acima da média dos registados entre estas instâncias – foi Sergio Massa : venceu as preferências de pelo menos metade dos eleitores que estiveram ausentes em Agosto . Estes cidadãos também apoiaram Javier Milei e Patricia Bullrich, mas em muito menor grau. O ministro da Economia surge também favorecido pela maioria dos que votaram em pré-candidatos que em agosto não ultrapassavam o mínimo legal.
Outra transferência notável são os mais de dois pontos que votaram em Milei nas primárias e que agora parecem preferir Juan Schiaretti, embora esta estimativa esteja próxima do limite do nível de confiança do método aplicado. A análise mostra também que durante o primeiro turno os candidatos preservaram a esmagadora maioria dos votos dos seus grupos nas primárias, em proporções variadas. Também notável é a maior transferência de votos em branco das primárias para Massa do que para seus concorrentes, embora novamente no limite do nível de confiança.
A metodologia
Os diagramas que ilustram esta nota mostram as transferências de votos. A la izquierda se ubican los porcentajes de votos para cada opción electoral en primarias ya la derecha los porcentajes en la primera vuelta, ambos calculados sobre la totalidad de los votantes en cualquiera de las dos instancias, lo que incluye los ausentes en una que votaron en a outra. As linhas que os unem e sua espessura representam os pontos percentuais que estimamos terem sido transferidos. Todos os percentuais de análise incluem votos em branco, votos nulos e ausentes que votaram na outra instância. Portanto, não coincidem com os percentuais dos resultados oficiais, calculados sobre os votos válidos nas primárias (ou seja, votos para grupos mais votos em branco) e sobre votos afirmativos (apenas para grupos) no primeiro turno.
Para estimar estes fluxos eleitorais, aplicámos aos resultados desagregados tanto ao nível dos cerca de 17.000 estabelecimentos eleitorais como ao nível das mais de 100.000 mesas um modelo estatístico denominado “inferência ecológica” desenvolvido pelo cientista político Gary King ( Universidade de Harvard) que foi aceita nos tribunais dos Estados Unidos para resolver casos de discriminação racial na demarcação de distritos eleitorais. Os resultados obtidos foram essencialmente os mesmos utilizando os estabelecimentos ou as tabelas. A base de dados de resultados provém do serviço de dados disponibilizado aos meios de comunicação pela Direcção Nacional Eleitoral e parte do código para implementação do modelo foi fornecido pelo cientista político Ernesto Calvo , da Universidade de Maryland. Além disso, contamos com um aplicativo que permite visualizar os diagramas de estimativa de transferências em cada província e na Capital Federal em nível de tabela.
Também é importante notar que valores pequenos (digamos, abaixo de dois por cento) podem conter margens de erro consideráveis e aquelas linhas finas que atravessam o diagrama aparecem apenas porque o modelo imputa o destino de todos os votos. Isto significa, neste caso, que as estimativas que devem ser interpretadas com mais cautela são aqueles fluxos de valores menores e aqueles que envolvem as opções eleitorais menos votadas. Além disso, é sempre aconselhável contrastar estas estimativas com as obtidas através de inquéritos e outras medições de opinião.
Equipe de dados do grupo de outubro
- Cientista politico
** Cientista da computação
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