PMDF enfrenta ultimato de 24 horas do STF para entregar documentos sobre 8 de janeiro, enquanto investigações apontam falta de documento crucial para apuração dos fatos.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou um prazo de 24 horas para que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) entregue todos os documentos relacionados aos atos do dia 8 de janeiro. A decisão veio após inúmeras falhas no envio de documentos completos por parte da corporação, o que vem prejudicando o andamento das investigações sobre o ataque às sedes dos Três Poderes. Fontes indicam que a PMDF continua a manipular o conteúdo dos documentos enviados, omitindo informações essenciais solicitadas pelas autoridades.
Um dos pontos mais críticos é a ausência do item “j” da ordem emitida pelo STF na versão enviada pela PMDF. Esse item, que é considerado uma das partes mais importantes da apuração, não foi incluído nos documentos fornecidos pela corporação, mesmo após múltiplas solicitações. O item “j” detalha aspectos fundamentais sobre as operações de controle da Esplanada dos Ministérios e o comando geral das ações no dia 8 de janeiro. A ausência desse item tem levantado sérias suspeitas de que há uma tentativa deliberada de impedir que as autoridades tenham acesso completo à verdade sobre os eventos.
Discrepâncias nos documentos
A discrepância entre o que foi solicitado pelo STF e o que foi enviado pela PMDF é um dos principais obstáculos no avanço da investigação. Documentos internos revelam que o Coronel Klepter, à época chefe do Estado-Maior da corporação, restringiu as ordens enviadas para os batalhões, omitindo trechos importantes das determinações de Moraes. Além disso, fontes indicam que muitos dos documentos solicitados continuam armazenados no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), mas não foram entregues ao STF, apesar de constarem na relação de documentos disponíveis.
A ausência do item “j” é vista como uma omissão intencional, já que essa parte da ordem é crucial para esclarecer a responsabilidade dos oficiais no comando das ações do dia 8 de janeiro. A falta dessa informação agrava a situação da PMDF, que agora corre o risco de sofrer sanções mais severas por obstrução de justiça.
Veja a relação abaixo:
Documentos presentes na ordem do STF:
- Relatórios detalhados das operações realizadas no dia 8 de janeiro.
- Registros de comunicação entre os batalhões e o comando geral da PMDF.
- Relatórios circunstanciados de ações preventivas realizadas antes do ataque.
- Registros de ordens emitidas pelo comando da PMDF em relação à proteção da Esplanada.
- Relatórios de mobilização de tropas e equipamentos.
- Registros detalhados das ações da 6ª Companhia de Policiamento Regional.
- Documentos relacionados às operações do 1º Comando de Policiamento Regional.
- Registros das decisões tomadas sobre o fechamento e reabertura da Esplanada dos Ministérios.
- Relatórios de inteligência sobre possíveis ameaças antes dos eventos de 8 de janeiro.
- Item “j”: Relatório completo sobre as ações de controle da Esplanada dos Ministérios, com foco no planejamento estratégico e execução.
Documentos faltantes no documento da PMDF:
- Item “j”: Relatório crucial sobre o planejamento estratégico das operações, um dos itens mais importantes da apuração.
- Relatório completo sobre as ações da 6ª Companhia de Policiamento Regional.
- Relatório detalhado do 1º Comando de Policiamento Regional.
- Relatórios circunstanciados sobre a proteção da Esplanada dos Ministérios.
A relação entre Casimiro e Ana Paula
O Coronel Casimiro, acusado de mentir durante seu depoimento na CPI-DF, é uma das figuras centrais na controvérsia. Ele afirmou que a ordem de abertura da Esplanada partiu de outro oficial, mas as investigações apontam o contrário. Além disso, a comandante-geral da PMDF, Coronel Ana Paula, é próxima de Casimiro e do Coronel Fábio Augusto, o que levanta suspeitas de que a comandante possa estar protegendo seus aliados, retardando a entrega de documentos críticos para a apuração.
Ana Paula, que assumiu o comando da PMDF por indicação política, tem sido alvo de críticas por sua condução no envio de documentos ao STF. A proximidade de Ana Paula com figuras como Casimiro e Fábio Augusto reforça a tese de que há uma rede interna de proteção dentro da PMDF, dificultando o avanço das investigações.
Consequências iminentes e pressão sobre a PMDF
Com a ausência de documentos fundamentais e a manipulação de ordens judiciais, a PMDF está no centro de uma crise que pode resultar em prisões e sanções mais severas. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já demonstrou preocupação com a discrepância nas informações fornecidas pela corporação e indicou que vai intensificar a pressão para que todos os documentos sejam entregues integralmente.
A omissão do item “j” é apenas mais uma evidência de que a PMDF está tentando evitar que a verdade sobre os atos de 8 de janeiro venha à tona. O prazo de 24 horas dado por Moraes é decisivo para o futuro da corporação, e o não cumprimento da ordem poderá levar à prisão dos responsáveis e a acusações formais de obstrução de justiça.
Enquanto isso, as investigações continuam, e a cada dia novas evidências de manipulação interna e ocultação de provas são reveladas. A tensão dentro da PMDF aumenta, e as próximas horas serão determinantes para o desenrolar do caso.
Gilberto Alves
12/10/2024 - 18h02
Quem tem cú tem medo!
Marcosmag
12/10/2024 - 07h16
Cadeia nos golpistas. Prevaricação e obstrução da Justiça não podem ser toleradas. Punição sem anistia.