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Últimas considerações sobre o caso Erundina

A polêmica aliança entre Maluf e PT ainda está quente.

30 comentários
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A CPI do Cachoeira voltou a produzir notícias interessantes: algumas positivas, como a intenção do Ministério da Justiça de rastrear bens do esquema Cachoeira no exterior; outras negativas, como a última chicana judicial, entre dois magistrados de Goiás, que pode resultar em cancelamento de toda investigação. A Polícia tem provas de que houve vazamento da operação, e suspeita do juiz Leão Aparecido Alves, que tem ligações com um dos sócios da máfia. Este juiz, por sua vez, entrou com representação contra o colega responsável pela operação Monte Carlos, para saber se foi investigado, o que poderia resultar em anulação de todo o inquérito. Como não quero me preocupar à tôa, prefiro não acreditar que o protesto de um juiz suspeito de corrupção possa atrapalhar o combate a uma das máfias mais sinistras que já acossaram o Estado brasileiro.

Mas a polêmica aliança entre Maluf e PT ainda está quente.  É assunto do editorial da Folha de hoje, de colunas da Cantanhede e Janio de Freitas (esta a primeira a criticar Erundina); no Estadão, continuou o assunto principal na coluna da Dora Kramer; no Globo, Merval Pereira usa o tema para falar de aloprados e mensalão.

Então falemos – espero que pela última vez – deste imbróglio.  Tenho acompanhado com atenção os desdobramentos deste caso junto à blogosfera. Um post do Nassif, criticando Erundina, gerou mais de 500 comentários, quase todos acalorados. Li quase tudo, para analisar o caso à luz não apenas das estratégias políticas de Lula, mas considerando também as reações dos internautas.

As conclusões a que cheguei, em relação à estratégia política do PT, são as seguintes:

  1. Lula apostou alto. Não é possível que ele não imaginasse a reação da militância de seu próprio partido. Foi uma estratégia eleitoral, maquiavélica e pragmática. Aliás, não faz sentido jogar toda responsabilidade sobre Lula. O encontro com Maluf teve a presença do presidente do PT, Rui Falcão e do candidato a prefeito, Fernando Haddad. Todo mundo apostou alto.
  2. Pode ter havido o objetivo de produzir um factóide político de grande impacto midiático. Se houve, foi bem sucedido. Se não houve esta intenção, foi uma consequência positiva. A máxima “falem mal mas falem de mim” é uma das mais antigas da política brasileira.
  3. O alto custo político para o PT de exibir para o mundo uma imagem tão forte como a foto de Haddad, Lula e Maluf  demonstra que o partido está realmente interessado em ganhar as eleições em São Paulo.  Disputar com José Serra não é brincadeira. O tucano joga com armas pesadas, como se viu na eleição contra Dilma. A campanha deverá, portanto, trazer ainda muitas polêmicas e baixarias.
  4. O PT possivelmente vai usar a privataria tucana contra Serra. Não teria sentido Haddad cometer a valentia eleitoral de aparecer abraçado a Maluf e acovardar-se na hora de denunciar os documentados crimes de Serra no processo de privatização.
  5. As eleições municipais deste ano estão sendo encaradas como extremamente estratégicas para o PT nacional. Há o entendimento que é melhor pagar agora o preço das alianças constrangedoras do que fazê-lo em 2014. Na campanha de reeleição de Dilma, PP e PSB ver-se-ão em dívida com o PT, e não poderão fazer cobranças abusivas.  É melhor constranger Haddad agora do que Dilma em 2014.
Quanto à Erundina, meu entendimento sobre sua postura é o seguinte:
    1. Sua atitude pode ter sido eticamente irrepreensível, mas foi uma dupla traição política ao PSB e ao PT.  Seu partido, o PSB, tem se caracterizado por um aliancismo ultrapragmático. Foi aliado até poucas semanas atrás do governo Alckmin, e Erundina não se desfiliou de sua legenda por ocasião da brutal desocupação de Pinheirinho, nem dos ataques truculentos e sem planejamento à cracolândia.
    2. Erundina não deveria ter aceitado o papel de vice de Haddad, sabendo que entraria numa campanha pesadíssima, e que o PP seria aliado do PT. Tendo aceitado, não deveria ter recuado. Recebeu críticas? Ok, deveria ter feito o necessário e sempre difícil enfrentamento político.
    3. Na primeira entrevista que deu à grande mídia, após aceitar a vaga de vice, Erundina fez uma crítica leviana e mesquinha ao “slogan” da campanha de Haddad, dizendo que falar em “novo” era preconceito contra terceira idade. Não era o caso, evidentemente. Novo é um conceito que não tem relação necessária com a faixa etária. Pode-se ser um velho de oitenta anos e ter um espírito jovial. De qualquer forma, não cabe ao vice fazer críticas à campanha de seu próprio candidato através da imprensa.  Ou seja, Erundina já vinha roendo a corda desde que embarcou na aliança com Haddad. Provavelmente por motivos pessoais, ressentimentos antigos.
    4. A incoerência de Erundina foi levantada pela blogosfera política que trouxe à nossa lembrança a campanha municipal de 2004, quando a candidata aceitou como vice o conservador Michel Temer, do PMDB, e fez pose para fotos ao lado de Quércia, um nome tão sujo e tão ligado ao conservadorismo paulistano quanto o de Maluf.

Ora, Erundina foi ministra de Itamar Franco, após aceitar um convite sem prévia discussão com seu próprio partido. O governo Itamar Franco teve o mérito de criar o Plano Real e estabilizar a economia brasileira, mas também deu início ao gigantesco desmantelamento do Estado, com o programa de privatizações. Era um governo sustentado fundamentalmente pela direita – e Erundina estava lá.

A conclusão, portanto, é que Erundina é mais um daqueles quadros com boas intenções, uma pessoa proba, ética. Ao mesmo tempo, uma pessoa intransigente e ressentida. É a antípoda de Lula, um político que o povo e o mundo inteiro aprendeu a amar e respeitar por conta justamente de seu pragmatismo em favor dos mais pobres, sua determinação de não se portar jamais com intolerância política e jamais prejudicar as chances de levar forças populares ao poder por conta de pinimbas com figuras do passado.

Algumas considerações sobre Maluf:

  • É um ex-mafioso, um bandidão decadente da política nacional. Não apita mais nada. Mas tem a palavra final sobre o apoio do PP à Haddad e os minutos diários que esta aliança representa. 
  • Diante da maior fragilidade de Haddad, que é a falta de conhecimento do eleitorado sobre sua figura, o tempo de TV será fundamental. 
  • Não se pode comparar Maluf a Demóstenes Torres. Maluf é passado, um parlamentar apagado e sem influência a nível nacional. Demóstenes é presente, e figurava nas cabeças de uma poderosa máfia política. 
Enfim, trata-se de case político interessante, mas vindo de Lula não chega a surpreender. O ex-presidente, desde que assumiu o figurino de Lulinha paz e amor, caracterizou-se pela quase infinita tolerância com seus (ex) adversários, desde que o objetivo fosse fazer o bem aos mais pobres; ninguém pode negar que Lula efetivamente melhorou a situação destes. E para fazer algum bem aos mais pobres, é preciso conquistar o poder. O povo humilde não tem os pruridos éticos de classe média viciada em Facebook e Twitter. Ele não está nem aí para o fato de Lula e Haddad visitarem a casa de Maluf. O povo quer uma vida melhor, ponto. O julgamento da história à foto de Lula, portanto, virá na forma de votos e, em caso de vitória, na avaliação objetiva da administração petista.  Se trouxer alívio à dura vida dos pobres paulistanos e significar mais um prego no caixão da direita brasileira (que se perder na capital paulista, corre o risco também de perder o governo do estado), a breve tertúlia com Maluf pode ter valido a pena. 
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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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wepiana@gmail.com

26/06/2012 - 23h46

Mais um texto excelente!

E o MerDal é que escreve no jornalão, fala na rede mundial de rádio, etc…

Quando a comunicação será democratizada e o povão poderá escutar as tuas idéias, Miguel?

Roxane Rojo

23/06/2012 - 07h19

Não sei a idade do articulista, mas de uma coisa tenho certeza: a memória é curtíssima e a busca por informação é pífia. Junta e compara em um mesmo argumento um amplérrimo espectro de políticos brasileiros que vai de Maluf a Erundina, de Alkmin a Quercia passando por Dilma e Lula. Ou seja: nenhuma distinção entre extrema direita ou extrema esquerda, direita, centro e esquerda. Ainda bem que não é técnico de futebol!
Mais grave ainda é basear seu argumento político em dois critérios divisores de águas: pragmatismo e bandidagem.
Esse é um dos problemas do Brasil: todo mundo achar que fazer política não é ser ético e democrático, mas pragmático e bandido esperto.
Pelo menos da imprensa, espera-se mais fundamento e menos excremento.

    admin

    23/06/2012 - 13h10

    Roxande, não entendi. Longe de mim equiparar esses políticos. Nem sou daqueles que acha que não existe mais distinção entre esquerda e direita. Acho que você não interpretou o texto como eu queria, o que eu lamento.

    Os critérios que me baseio não são “pragmatismo” e “bandidagem”. Pra começar, não concordo em equiparar os dois termos. Pragmatismo é uma virtude na política, e Lula ganhou o amor do povo por seu pragmatismo duro, astuto e combativo, que usou em favor dos mais pobres. Já bandidagem é um defeito que devemos deixar sempre para as autoridades competentes, fortalecendo judiciário, PF, MP. Eu me meto na bandidagem quando esta se imiscui na política através da mídia, como aconteceu no caso Cachoeira. Aì temos que fazer um trabalho de depuração complexo e necessário.

    Quanto à ética, acho um conceito fundamental sim. E ao mesmo o tempo o mais distorcido. A ética de um político como Lula é derrotar os inimigos do povo para construir políticas que o ajudem a vencer a pobreza e o subdesenvolvimento.

    Cordialmente,
    Miguel do Rosário

JOSÉ MARCIO TAVARES

23/06/2012 - 01h59

Amigos, me desculpem se eu repetir algo já dito pelo Miguel, mas…

Eu acho que a candidatura do Haddad saiu reforçada do episódio:

1 – ele não tinha mesmo muito a perder com seus 8% atuais de intenção de voto;

2 – agora muito mais gente sabe quem é o candidato do Lula e da Dilma;

3 – os malufistas que não iam votar no Haddad mesmo com o apoio do Dr Paulo, agora, depois que esculacharam seu líder podem até mudar de opinião;

4 – se o Haddad conseguir vencer as eleições (o que eu particularmente sempre achei muito difícil), a Erundina vai levar fama de que não ajudou na hora em que ele mais precisava; se perder, fica com a pecha de traidora;

5 – os candidatos a vereador do Maluf continuam na campanha do Haddad e eu acho que isso dá muito mais voto do que ter Erundina como candidata a vice.

6 – é melhor ganhar sem a Erundina (embora eu reconheça a força eleitoral da deputada), pois pelo que ela vem demonstrando ao longo do tempo trata-se de uma pessoa de difícil relacionamento. Acho que ia atrapalhar mais do que ajudar um possível governo do PT.

JOSÉ MARCIO TAVARES

23/06/2012 - 01h51

Miguelito, você está cada vez melhor. Texto claro, objetivo e com substância. Por causa de você eu nunca mais li Globo, Folhe etc.

Parabéns! Um abraço no seu tio Miguel.

Antanho

22/06/2012 - 23h45

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Um ponto muito perigoso é o o jogo sujo do Serra… já tivemos ampla demonstração disto no segundo turno de 2010.
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Ele tem ferramentas de ataque ao carater dos adversários, criação de polêmicas em assuntos religiosos, aborto, homossexualismos, etc… Isto sem falar num “dossiê contra êle ou familia” no inicio da campanha e mais no fim da campanha a “agressão” durante uma passeata ou similar.
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Uma possibilidade é que o Maluf faça este mesmo jogo sujo contra o Serra, divulgando o que sabe… o Maluf apoiou o Serra em outras eleições, deve saber muito… isto além do dia a dia dos bastidores da politica da cidade…
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Será lobo comendo lobo..
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FranciscoD.A.

22/06/2012 - 14h20

Nem a VENDIDA Carta Capital do Mino “Amante de Generais e de PTralhas” Carta aguenta mais tanta M…. QUE O LULA FAZ:
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http://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/capas/capa703.JPG

FranciscoD.A.

22/06/2012 - 14h09

Tem que ser muito inocente para achar que Maluf “doará” os tais 90 segundos mais caros da história, para que o PT faça uso dele a bel prazer.

É claro que ele será o centro das atenções nesse espaço, aparecendo o tempo todo e tendo seu nome cantado em off.

Alguém quer apostar comigo?
Vc, Miguelito?

FranciscoD.A.

22/06/2012 - 13h56

Lula em fotos amorosas com Collor e o assassino Ahmadinejad, na Rio +20.

To começando a achar que esse traste quer ir para a oposição, de tanto que ele bombardeia o PT, heheheh.
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http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/files/2012/06/ahmadinejad-e-collor.jpg

    J Fernando

    22/06/2012 - 15h00

    O link mostra qual revista e qual colunista tem influência sobre seus ideais políticos.
    Só parece que você não sabe que esta mesma revista incensou o seu, agora, desafeto Collor a Caçador de Marajás e quando ele não deu o que a revista e empresários queriam, deram o troco e o derrubaram.

    O Miguel é muito gente boa, democrático demais e aceita este tipo de pessoa que não quer debater nada, somente provocar.

FranciscoD.A.

22/06/2012 - 13h50

Pra que precisam de mim, se LULA faz o proprio trabalho de se enterrar e enterrar o PT, conforme se ve nos comentários de todos????

E o Miguel tentando defender o indefensável, que tal???

ruy marcondes garcia

22/06/2012 - 12h27

Miguel, tudo bem que eu dramatizei um pouco, mas o PP, em São Paulo, É Maluf. Se não é para ele aparecer na campanha então o apoio foi em troca, apenas, do tempo de televisão. Vale o preço?
Em suma, acho que se perdeu uma oportunidade de fazer uma campanha que resgatasse o entusiasmo de uma militância adormecida.
Por fim, se o povão vota com o estômago e com o bolso quem traz voto são Lula e Dilma. Prá que o Maluf? Acho que saiu muito caro.

Paulo

22/06/2012 - 09h51

É esse tipo de político e esse tipo de maneira de fazer política que não desejo para mim, para minha cidade e nem para meu país.

É o modo coronelista de fazer política, onde só tem vez apadrinhados e quem beija a mão.

Esses políticos não pensam no povo, só estão interessados em se manter no poder.

A ética e a alma política são duas coisas que tem que ser mantida. Não sei porque no Brasil tem praticamente 30 partidos se todos estão ficando iguais em ideologia.

    admin

    22/06/2012 - 11h26

    Paulo, a ideologia de um político se verifica no momento em que está no poder. Só aí se poderá julgá-lo.

    A luta pelo poder é áspera tanto para o político bom, que pretende fazer bem ao povo, quanto para o político mau, que quer prejudicá-lo.

    De resto, generalizações baratas sobre políticos só interessa à mídia corporativa, chefe do partido conservador anti-democrático. Políticos são problemáticos, mas são o que temos.

ruy marcondes garcia

22/06/2012 - 07h52

Retrato de campanha:
A militância petista (paga e amestrada, que é o que sobrou) no gargarejo do comício de lançamento da campanha de Haddad, acompanhado de seu progressista candidato a vice, D’Urso (aquele mesmo do “Cansei”), agitando as bandeiras estreladas para Maluf, devidamente escoltado por Lula, porque Maluf não vai querer sair sozinho na foto. Que coisa estimulante, contagiante mesmo! Que estratégia brilhante!

    admin

    22/06/2012 - 11h21

    Ruy, concordo contigo que a campanha do Haddad optou por uma estratégia fria, pragmática e maquiavélica ao se associar a Maluf, mas também não exagera. D’Urso não será o vice. Isso foi boato dos adversários de sua campanha. Nem ninguém agitará bandeira para Maluf. O presidente do PP-SP deu o tempo de TV para Haddad usar, mas quero crer que sua imagem não será usada na campanha, nem subirá em palco.

T. Mello Rego

22/06/2012 - 03h01

Uma coisa é certa, melhor ter feito esta aliança agora, pois o impacto negativo se diluirá com o passar do tempo. Infelizmente esse remédio é amargo, más desprezar tempo de tv para um candidato desconhecido é um luxo que qualquer partido não se pode dar, más fazer oque, a foto já foi tirada e agora temos de fazer limonada com este limão.

Gabriela Pessoa

22/06/2012 - 00h41

Acho que Erundina tinha todo o direito de desistir. Agora a estão crucificando. Vi coisas absurdas sendo ditas no twitter, por gente que um dia antes dizia que Erundina era séria, honrada, honesta, que tinham orgulho dela.

Porque ela desistiu, virou monstro.

Penso que deveriam enfiar a viola no saco e pensar que talvez Lula tenha errado, o PT tenha errado nos seus prognósticos e cálculos.

Muita gente da militância petista não votará em Haddad pela aliança com Maluf. E não é porque é uma aliança parecida com as outras já feitas, mas porque Maluf, em SP, é uma figura extremamente odiada, ele tem um nível de horror e de ser nefasto nesta terra, que quem é de fora não consegue mensurar.

Que tal se deixarmos Erundina em paz, parar de querer colocar a culpa nela por uma possível derrota de Haddad e partir para pensar São Paulo, suas necessidades e como o PT realmente poderá ajudar?
Porque se for apenas com vistas a tirar o PSDB do Governo, lá pra frente, perde-se o sentido de se votar em Haddad prefeito. Não é para o bem da cidade de SP? É para a hegemonia petista?

Decidam-se.

    admin

    22/06/2012 - 11h47

    Prezada Gabriela, também acho que Erundina tinha o direito de desistir, mas ela aplicou um golpe contra a campanha de Haddad, e as pessoas também tem o direito de criticá-la por isso. Erundina sabia da aliança com o PP, e o seu partido, o PSB, é um aliancista. O PSB de Erundina integrava o governo Alckmin até poucos dias atrás. E o de Kassab também.

    As pessoas devem ser criticadas ou elogiadas por suas ações, de maneira que acho natural que tenham elogiado Erundina num dia, e a critiquem no outro. Eu posso ser um ótimo pai pra meu filho hoje, daí praticar uma violência no dia seguinte, e não serei mais um ótimo pai.

    Nesse imbróglio todo quem está sendo mais criticado é mesmo o Lula, mas é natural também que tenha gente que acredite que há estratégia em sua “loucura”, e que os fins são nobres: ganhar as eleições em São Paulo e fazer um governo melhor para os pobres paulistanos, que sofrem muito com uma política barbaramente elitista e conservadora do PSDB.

    De qualquer forma, eu acho que a bola está com Erundina agora. Ela pode silenciar as críticas, se quiser. Basta ser pró-ativa na campanha de Haddad, já que seu partido é aliado.

    JOSÉ MARCIO TAVARES

    23/06/2012 - 01h58

    Se o Haddad ganhar (difícil até o momento), Erundina ficará como aquela que não ajudou no momento que o candidato mais precisava; se perder, ela fica com a pecha de traidora e responsável por mais 4 anos de tucanalhas em Sampa.

spin

21/06/2012 - 23h02

Merval Pereira usa o tema para falar de aloprados e mensalão.

O Merval ainda está com essa fixação mental, incrível, qualquer dia desses ele aparece no meio da noite gritando mensalão…rsss

rildoferreiradossantos@gmail.com

21/06/2012 - 21h30

E vou te falar uma coisa: não aceito críticas do Psol, partidinho aliado do PSDB, DEM, PPS contra o governo. Não tem moral para falar de aliança eleitoral de quaisquer partidos sejam. Como filiado e militante do PT não gostei, mas compreendi e aceitei como possível, mas deixando claro que isso não significa apoiar o banditismo do Maluf. Na foto divulgada, Lula está com semblante constrangido. Quanto a Erundina você já disse tudo. Se ela fizesse uma leitura de fora para dentro, viria que seu histórico não lhe permite dizer as asneiras que andou dizendo. Se não quisesse, que apenas deixasse a opção de ser candidata a vice. A meu ver buscou os holofotes das mídias para si com oportunismo raro.

Garcia Davila

21/06/2012 - 17h03

De Coluna Esplanada

Erundina se arrependeu

Por Leandro Mazzini

Foi constrangedora a reunião entre Luiza Erundina (PSB-SP) e o presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), na terça à noite em Brasília, depois que ela anunciou a sua saída da chapa do PT paulistano, contra a aliança petista com Paulo Maluf (PP). Erundina quis recuar, diante da repercussão negativa. Desde que o partido insistisse de público que ela fosse a vice de Fernando Haddad. Sem paciência, foi Eduardo Campos quem enterrou o assunto e a proibiu de ponderar. O PSB continua na chapa, com Erundina na surdina.

Sono total

Depois da reunião, Erundina disse que voltou a ‘dormir tranquila’ com a decisão. Ser vice de Haddad por dois dias lhe tirou o sono. Campos está chateado, mas a respeita.

André

21/06/2012 - 16h47

Acho que a lealdade do PSB para 2014 é bastante questionável. Mas considero uma atitude da Erundina extremamente errada: usar o PIG para fazer política, qual um Suplicy de saias. Porque eu duvido que ela não tenha condições de conversar diretamente com as lideranças de seu partido e do PT.

    spin

    21/06/2012 - 23h13

    Pelo que sei quando um membro de uma coalização não lava roupa suja em casa mas no quintal do adversário boas intenções é que não são. Cheguei a pensar que Erundina ao alfinetar Lula estaria disputando votos com vista a ser lançada candidata a prefeita pelo PSB, neste caso o apoio do PP seria bem vindo, o pig não daria destaque e, por isso, a militância de “esquerda”, sem o pig atiçando, não abriria o bico.

Garcia Davila

21/06/2012 - 16h45

De Blog do Arnobio Rocha

A Gota D’água – O Lado Terrivelmente Humano
“Por favor

Deixe em paz meu coração

Que ele é um pote até aqui de mágoa

E qualquer desatenção, faça não

Pode ser a gota d’água”

( Gota D’água – Chico Buarque)

Desde ontem fiquei ruminando estes versos, cada vez que ouvia ou lia sobre a situação de idas e vindas de Erundina, mais a música soava nos meus ouvidos, a primeira parte é brilhante, define uma entrega, total, incondicional ao amor, sem chances para qualquer recuo, era a paixão na veia, na carne, o corpo que se doa, a alma, mas aí vem a decepção, certamente amorosa, imperdoável

“Já lhe dei meu corpo, minha alegria

Já estanquei meu sangue quando fervia

Olha a voz que me resta

Olha a veia que salta

Olha a gota que falta pro desfecho da festa “

( Gota D’água – Chico Buarque)

O tempo vai curtindo os sentimentos, os anos seguem, mas aquela nota mental, permanece lá, pronta para ressurgir. Muda-se o comportamento – vira-se amigos, convive-se socialmente, partilha-se até alguns sonhos, que parecem comuns, mas não se apaga a mágoa, o rancor. Ele, o sentimento, se esconde, muda, vira, gira, mas não morre, a vida lhe prolonga a existência, à espreita, um dia ele virá à tona, no momento exato, o mais cruel, fatal, que o o outro lado esteja vulnerável, aí explode, uma doce vingança.

Aparentemente sem sentido, sem lógica, mas apenas quem o carrega, entende o por que de assim agir, é humano e terrível demais, mas é real, sincero. Para nós, parece mesquinho( e, é), mas é próprio e verdadeiro. Os efeito colaterais não importam, já não há sentido no que será amanhã, o longo e doce hoje, já basta. Por mais triste e raiva senti na hora, entendo perfeitamente o gesto, o aviso. Alguma coisa me dizia que isto ocorreria, pressentia algo grave, poderia não ser assim, mas aconteceria, mas como foi, o prazer é mais profundo, a sensação de gozo, prazer e alívio.

Infelizmente ou felizmente, não controlamos a vida e seus mistérios, mas podemos antever determinadas situações, esta é uma típica, que subestimamos o lado humano, emocional, irracional. Preferimos e acreditamos no racional, na superação, quase sempre isto não acontece. Nassif diz assim, sobre o caso : “foi terrivelmente individualista”, completo e corrijo: Ela foi terrivelmente humana.

Simplesmente não consigo ter raiva, apenas um vazio terrível. A vida segue…

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=cUSXdx05Yeo

Adriano Matos

21/06/2012 - 16h16

Só discordo de uma coisa, Miguel: Na minha opinião político nenhum, pessoa ou partido, se sentiria em dívida pra daqui a dois anos.

Prá mim Erundina é ética, intransigente e tomou a decisão com o coração, e não com a cabeça.

Dá engulhos ver o Lula e Haddad celebrando com o maluf. A estratégia do Lula não é acabar com as velhas raposas mas enquadrá-las dentro do projeto de poder vitorioso do PT.

É uma aposta alta e a militância tem o direito de se sentir ultrajada com essa estratégia: ela dá uma sobrevida aos velhos bandidos. Uma liberdade vigiada, porém.

Mas fazer escândalo por isso, a militância petista principalmente, é muita leseira.

Vou repetir o que disse num comentário anterior: O Brasil é quase pleno-emprego e o salário mínimo recebeu aumento real, em dólares, muito acima da inflação, e somos uma democracia.

É isso que importa.

    admin

    21/06/2012 - 16h20

    Quanto à dívida, os conchavos estão sendo feitos agora sim.

    Concordo contigo quanto ao resto, inclusive sobre a militância. Digo mais, o seu ultraje é sinal de saúde e vida.

    A aposta do PT foi alta justamente pelo prejuízo que causou à militância, sobretudo ao pessoal jovem, que quer fazer política com idealismo.

    Esse ultraje é fundamental, porque ajuda a bloquear a eventual influência do malufismo na campanha petista.

    Abs,
    Miguel

Gond

21/06/2012 - 16h08

É hilário ver os petistas tentando justificar o injustificável…


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