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A função social do museu

Um setor que, no Brasil, vem passando por uma transformação formidável em relação à sua importância cultural e social é o de museus.

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Coluna Grão Fino, com Ana de Hollanda

O MUSEU E SUAS FUNÇÕES CULTURAIS E SOCIAIS

Ana de Hollanda, ex-ministra da Cultura.

Um setor que, no Brasil, vem passando por uma transformação formidável em relação à sua importância cultural e social é o de museus. Ainda há poucos anos, a visão dominante era a de que neste país essas instituições se reduziam a meros depósitos de velharias desinteressantes, obras de qualidade e autenticidade duvidosas ou coleções acumuladas sem qualquer critério. Não se pode negar que em muitos casos essa imagem, lamentavelmente, era procedente. Mas a presença de bons museus históricos, principalmente no Rio de Janeiro, de arte em São Paulo e temáticos espalhados pelo país já seria suficiente para atrair um público fiel, ao menos nessas cidades.

Brasileiros, em geral, têm por hábito consumir e usufruir a vida cultural e, com maior ou menor freqüência, sentem-se motivados a assistir espetáculos de teatro, musica, dança, circo, ler livros, ver filmes, escutar música e freqüentar festas populares. Mas o crescente número de visitantes a museus continua aquém do seu potencial, mesmo porque o que vem reforçando a média geral de freqüentadores ainda são as eventuais megaexposições trazidas do exterior.

Alguns fatores contribuíram historicamente para manter o público afastado dessas casas. Não dá para negar a influência da nossa tradicional cultura colonizada, que relega tudo produzido no país a patamares inferiores. Não por mero acaso, muita gente quando viaja para fora do país inclui museus em sua programação obrigatória, enquanto aqui talvez nunca tenha tido curiosidade de conhecer algum. Esse fenômeno se repetiu em outras áreas. Um exemplo clássico é o cinema nacional que até há poucas décadas sofria tal preconceito que, pode-se dizer, sobreviveu graças a um público aficionado e raríssimas salas de exibição. Mas, sem dúvida, as atenções com seleção do acervo, museografia, museologia, atendimento ao público, segurança e divulgação de suas atividades, entre outros cuidados, aumentaram nos últimos anos. As instituições ligadas ao governo federal, estadual, municipal, a fundações estatais ou privadas tiveram que se adaptar a um padrão contemporâneo e mais exigente para sobreviver. Nesse sentido, os programas e campanhas ligados ao Sistema de Museus, do IBRAM, prestam uma ajuda essencial.

Ainda não existem números precisos sobre perfil e aumento de visitantes aos museus brasileiros, mas as instituições de excelência inauguradas recentemente, ou a serem inauguradas, pela afluência de público que têm atraído, comprovam o interesse popular. Por outro lado, é notável a existência e proliferação de pequenos museus comunitários que refletem a história, modo de vida, desenvolvimento regional e características culturais daqueles habitantes, ao mesmo tempo em que reforçam a auto-estima e sentimento de pertencimento. Tanto grandes quanto restritos museus, assim como os temáticos em geral, com seus arquivos e acervos, exercem funções educativas para as novas gerações e vitais para preservação da nossa memória.

Escolhido para sediar a Conferência geral do ICOM – Internacional Council of Museums, que acontecerá no Rio de Janeiro entre 10 e 17 de agosto, o Brasil, definitivamente, tem o reconhecimento internacional em tema no qual até recentemente era relegado a país periférico pela comunidade dos países desenvolvidos.

Não vejo isso com ufanismo, mas com confiança de que nossa história e nossas instituições estão dando nova contribuição para uma visão global contemporânea de cultura.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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