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A lavagem cerebral como estratégia política

Por Pedro Breier

22 de dezembro de 2016 : 18h01

Por Pedro Breier, correspondente policial do Cafezinho

A reportagem do Jornal Hoje, da Globo, sobre o ataque aos trabalhadores proposto pelo governo Temer é simplesmente vergonhosa. Veja com seus próprios olhos.

O texto lido pela apresentadora tenta pintar como positiva uma reforma trabalhista que obviamente favorece o empresário e prejudica o trabalhador – se o negociado entre patrão e empregado prevalece sobre a lei, a parte mais forte na negociação (o empresário) estará em flagrante vantagem -, chamando-a de “modernização das leis trabalhistas”.

Moderno é sinônimo de novo, novo remete a algo positivo, então a tal modernização deve ser uma coisa boa. A manipulação é grosseira.

Na sequência da reportagem é mostrado um trecho do discurso de Paulo Skaf, presidente da FIESP, um dos grandes articuladores do golpe e representante-mor do empresariado, especialmente o paulista.

Ele também fala em modernização e em “valorização das pessoas”. Essas pessoas valorizadas não serão, obviamente, as trabalhadoras.

Depois é mostrado o representante de uma tal Nova Central Sindical dizendo que as propostas são boas para os trabalhadores.

E fim da reportagem.

Nada de críticas, o outro lado, a posição das maiores centrais sindicais.

Uma aula de antijornalismo. Ou bandidagem mesmo.

É uma verdadeira aberração, uma agressão pesada à democracia, ao debate público de ideias, a utilização de uma concessão pública para manipular o noticiário político dessa forma. O fato de a Globo deter a hegemonia da audiência deixa o quadro ainda mais absurdo.

A direita tem medo do debate, porque seu projeto político/econômico tem como premissa a retirada de direitos dos trabalhadores.

Resta a tentativa de lavagem cerebral, suprimindo o outro lado do debate.

Por isso, quando a direita governa, direciona todas as verbas de publicidade para a mídia conservadora, corta qualquer verba para as vozes dissonantes e ataca ferozmente as televisões públicas, que poderiam fazer um contraponto.

Um exemplo: os deputados gaúchos aprovaram ontem um pacote do governo Sartori (PMDB) que extingue diversas fundações estaduais. É o costumeiro desmonte do Estado como resposta – ineficiente – para a crise.

Dentre essas fundações está a Fundação Cultural Piratini, responsável pela televisão pública do Rio Grande do Sul.

O que poderia ser um espaço de pluralidade de ideias é simplesmente extinguido.

O monopólio da informação da RBS, afiliada da Globo no RS e investigada na Operação Zelotes por sonegar mais de R$ 100 milhões em impostos, é reforçado.

A estratégia de tirar a voz do outro lado é padrão em governos de direita: o governo Temer está matando a TV Brasil, seja nomeando apaniguados da mídia corporativa para postos chave, seja cortando verba.

Obrigar a maior parte da população a se submeter à voz única da máfia midiática é utilizar lavagem cerebral como estratégia política.

Mas talvez seja esta a única estratégia possível para o conservadorismo.

Afinal, como ganhar um debate defendendo um projeto que tem como premissa o sofrimento das pessoas?

Pedro Breier

Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.

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18 comentários

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maria nadiê Rodrigues

23 de dezembro de 2016 às 09h48

“Eu, que não me sento num apartamento, com a boca escancarada, cheio de dentes, esperando a morte chegar…”.
Raul Seixas, se vivo, retomaria sua canção, tão apropriada para os dias dos néscios brasileiros, manipulados pela imprensa diuturnamente, sem questioná-la, porque a própria imprensa não questiona nada. O patrão diz que deve ser dito, e o repórter, como todo capacho, atende o mando.
Vale dizer que os capanhos-repórteres, serão também vitimados pelos pacotes de maldades, se eles são os trabalhadores da empresa, igual a todos.
A maior expressão da desigualdade nessas informações está em se dar notícias diárias contra Lula, para ao final os repórteres dizerem: “Nas redes sociais os ex-Presidente, por meio de seu advogado se defende, …”.
Fosse uma imprensa que se presasse, se respeitasse, teria dado a Lula e Dilma, não uma vez, mas todas as vezes que o nome deles fossem abordados, a chance de mostrarem a cara no mesmo jornal para demonstrarem-se contra a notícia, e a oportunidade de falarem ao povo que assiste as mentiras.

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Maria Thereza G. de Freitas

23 de dezembro de 2016 às 09h05

Comentando sobre os comentários de JRenato M de Barros e Euler: embora concorde com a premissa que essas “organizações” são extremamente perniciosas à sociedade, delenda não é factível, pelo menos no médio prazo, nem é uma situação desejável que os adversários sejam eliminados. Afinal, é isso que estão querendo fazer com a gente. Talvez devessemos tentar soluções mais inteligentes e criativas, embora muito trabalhosas, para conviver e, no mínimo, neutralizar as ações desses grupos. Comunicação é a chave. Se nos 13 anos de governo do PT não conseguimos regulamentar a questão da mídia, conforme a CF, não vai ser agora que vamos conseguir fazer alguma coisa, ainda mais com esse congresso. Como fazer isso? não sei, mas sei que repercutir o que o pig faz e diz, no meu ponto de vista absolutamente leigo no assunto, reforça pra eles e pra sociedade, sua força, que nem já nem é tão grande assim, apesar de ainda ser considerável.

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Odmir Teixeira

23 de dezembro de 2016 às 02h21

A situação política global é um caos. A mesma merda de sempre os rostos é que mudam, a vantagem é que ficamos a conhecer mais um mentiroso e mais um hipócrita, a volta do globo> Para mim é uma alegria ver os rostos e as suas leis como os fazem, fico ainda mais contente, se conseguirem reparar no rosto deles até dá pena, pois sabem que estão enfrentando o julgamento final. Esquecem deles e façam a vossa vida que Deus tomará conta deles, isso garanto eu.

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Érica Cidade

22 de dezembro de 2016 às 23h19

Chamo atenção para um repórter chamado Caiã Messina, mister em manipulação da Band. Ele cobre todos os assuntos referentes ao Palácio do Planalto e ontem fez uma reportagem grosseira dizendo que a reforma é muito boa, pois os trabalhadores vão poder ir para casa em outros horários que não na hora do rush… A estratégia é a mesma, NUNCA escuta o outro lado, não há críticas, pontos discordantes, nada, nunca, em matéria nenhum… E a Band o mantém, mesmo sabendo que ele faz o anti-jornalismo. Dá nojo, embrulha o estômago.

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Sidnei

22 de dezembro de 2016 às 20h30

Porem,
em tudo quanto é buteco, hospital, dentista, comercio: “aquela porra” na televisão.
Aquela porra= Globo.
Nem george orwell acreditaria: melhor que 1984 e espontaneo.
eu não assisto a globo há anos…
Quem mais?

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    carlos

    22 de dezembro de 2016 às 21h56

    Não assisto e tenho raiva de quem anuncia na Globo!

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    Des

    22 de dezembro de 2016 às 21h58

    Antena, nem de graça.

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    Italo Rosa

    23 de dezembro de 2016 às 08h09

    você apontou muito bem: orwell e a teletela. parabéns pela acuidade!

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    Maria Thereza G. de Freitas

    23 de dezembro de 2016 às 09h07

    não assistimos há mais de 10 anos. Meu marido assiste futebol e só. Reparo também que nesses locais, as TVs estão sempre ligadas na globo. Mas tenho reparado também que pouca gente está realmente assistindo. A maioria fica nos celulares.

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    Marcelo Figueiredo

    24 de dezembro de 2016 às 04h06

    Ùltima coisa que vi na globo foi o direito de resposta de Brizola no início da década de noventa. Já tv cancelei à cabo há 2 anos e não tenho antena, liga e só tem chuvisco. Ou seja, não vejo nada mais, nem aberta nem fechada. Quando tem tv ligada em algum lugar eu dou meia volta. Já até cancelei consulta médica. Restaurante e bar que tem eu não entro (é difícil achar um sem mas sempre tem). Tenho 53 e aos 15 já odiava a rede globo. Minhas filhas (17 e 19) nunca assistiram nada da globo e também detestam. Acho que foi porque sempre dei o exemplo.

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andre

22 de dezembro de 2016 às 20h30

Lavagem cerebral e o q esse blogzimho tendencioso de merda faz, nenhuma noticia do acordo de bilhoes da ordebrecht? E o pior e q vcs aqui se acham super inteligentes e informados, Ainda bem q vcs sao a grande minoria, e ao contrario dos antigos q na epoca da ditadura lutaram, so sobrou um bando de frouxo q nao faz nada e fica na internet escrevendo besteira. Falaram q nao ia te golpe, q ia ter luta? Cade? Nao vi nada, ate o mst sumiu, bando de frouxos, ate os coxinhas fizaram mais q vcs na hora de protestar

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    migueldorosario

    22 de dezembro de 2016 às 20h36

    calma, santa. tá nervosinho, por que? os caras dão o golpe e ainda ficam reclamando da gente?

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    Marcelo Figueiredo

    24 de dezembro de 2016 às 04h08

    Globotomizado.

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Des

22 de dezembro de 2016 às 19h45

Aí que a gente vê esse fermento inflar a merda que habita a cabeça do dono de birosca que acha que é burguês.

Com base numa porcaria dessas se vê que grande parte da população não tem possibilidade de saber o que está acontecendo.

Nem o somar de 1+1 de onde origina a própria desgraça será feito daqui três anos.

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robertoAP

22 de dezembro de 2016 às 19h32

Quem assiste à globo e vai na igrejinha ouvir abobrinha, o que ,por si só, já denota falta de inteligência, fica ainda pior, vira um tomate, que é o ingrediente chave do molho preparado pelos aloprados da extrema direita.

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Torres

22 de dezembro de 2016 às 19h19

Penso que existem aqueles que defendem o fim da Globo.
Esses estão sujeitos ao mesmo tratamento.

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JRenato M de Barros

22 de dezembro de 2016 às 18h50

Delenda est Globo.

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    Euler

    22 de dezembro de 2016 às 18h59

    Delenda est Civita. Delenda est Marinho. Delenda est Globo. Delenda est Abril. Delenda est Instituto Milenium.

    Responder

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