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Os mecanismos sórdidos por trás do “Mecanismo”

Tentemos uma crítica diferente da série do Netflix que estreou há alguns dias, e que, naturalmente, vem provocando polêmicas por não esconder o seu objetivo, de ser mais uma, entre tantas!, tentativas de chancelar a narrativa lavajateira. Neste caso, porém, pode ser que se dê o efeito contrário. O choque entre a fantasia e a […]

27 comentários
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Tentemos uma crítica diferente da série do Netflix que estreou há alguns dias, e que, naturalmente, vem provocando polêmicas por não esconder o seu objetivo, de ser mais uma, entre tantas!, tentativas de chancelar a narrativa lavajateira.

Neste caso, porém, pode ser que se dê o efeito contrário. O choque entre a fantasia e a realidade cria um desconforto que pode chamar a atenção do espectador para esta última, de maneira que, no afã de apresentar mais uma narrativa lavajateira, o diretor José Padilha atiçará a curiosidade do público para ouvir um contraponto.

Considerando a reação de parte do público, parece que é exatamente o que está acontecendo.

Sim, porque a história contada por Padilha é uma versão puramente oficialesca, chapa-branca, não apenas da Lava Jato, mas do próprio país. O que Padilha nos conta é o que vemos, diariamente, em todas as mídias, desde o início da operação.

É como uma série sobre o Vaticano escrita por um cardeal fiel à Igreja Católica: não há, na história, nenhuma contradição, nenhuma brecha, nenhuma complexidade.

Ou então é como se um cineasta americano resolvesse fazer um filme sobre a guerra do Vietnam baseado exclusivamente no ponto-de-vista do Pentágono. É uma visão simplista, mentirosa e autoritária.

Mas eu acho que as campanhas de cancelamento de assinatura indicam uma solução ingênua – e ineficaz – para esse tipo de problema. O máximo que podem causar é uma momentânea irritação no filho de 13 anos, que usava a assinatura familiar da Netflix para assistir Stranger Things.

Dias atrás, tentei ver a série, naquela postura republicana de “ver para criticar”, mas parei logo, enjoado e com sono, diante da constatação que estava diante de mais um xarope pró-autoridade, sem humor e sem verossimilhança. Ontem, tentei de novo, mas acabei me deparando com uma série sobre a história do jazz, que acabou me absorvendo por horas.

Pelos relatos que já li sobre a série, todavia, é provável que eu não tenha mesmo estômago, ou saco, para assisti-la.

Permita-me, todavia, fazer alguns comentários gerais de ordem estética, baseado na minha experiência como telespectador e estudioso de séries e filmes, em especial os políticos.

Quem já estudou com atenção o roteiro de séries políticas de alto nível, como House of Cards, The Americans e Homeland, ou já parou para pensar sobre a história de qualquer série ou filme político realmente bom, sabe que uma das fórmulas mais importantes é justamente não enveredar pelo maniqueísmo barato.

Os pontos altos de The Americans, que conta a história de um casal de espiões soviéticos que finge ser uma família americana feliz em Washington, aparecem justamente nos momentos em que os personagens (ao mesmo tempo protagonistas e antagonistas da história) são descritos com dignidade. Ao evitar os clichês baratos de apresentar russos como vilões rústicos e maus, a série ganha uma dimensão mais humana e universal.

A dramaturgia tem sistemas de autodefesa naturais contra a tentativa do pensamento político de manipular e distorcer a verossimilhança na ficção, que tem suas próprias regras. A ficção tem liberdade para distorcer à vontade a realidade na qual se baseia, mas a verossimilhança impõe limites às vezes ainda mais rígidos do que a realidade. Há licença poética para se fazer um filme sobre um Hitler que ama os judeus, mas todos acharão ridículo.

O principal erro do “realismo socialista” foi submeter a estética aos objetivos políticos do partido, o que acabou por matar a própria criatividade. O Mecanismo de Padilha é uma experiência de “realismo socialista” às avessas: seu objetivo é legitimar a narrativa oficial, que hoje não é mais imposta por um “governo autoritário”, mas pelo “mercado”, ou pela “grande mídia”, que se tornou um Leviatã muito mais perigoso e violento do que qualquer Estado.

Sendo a arte um instrumento de catarse, é muito difícil construir uma narrativa atraente em que a autoridade seja tratada com tanta deferência e pusilanimidade como na série de Padilha. Para que a empatia do telespectador se reúna em torno da autoridade é preciso que o “inimigo” não admita contradições: uma catástrofe da natureza, uma invasão alienígena, um ataque de nazistas… Tentar associar políticos como Lula e Dilma a vilões de história em quadrinho soa simplesmente como mau caratismo. Não cola.

A tendência da dramaturgia contemporânea, aliás, tem sido oposta às fórmulas oficialescas de Padilha: o superpoder dos Estados dito democráticos, os quais, ao contrário das promessas neoliberais, nunca foram tão violentos e invasivos (a lorota do Estado mínimo serviu para reduzir o número de professores e médicos, mas apenas para substituí-los por juízes, procuradores, militares e policiais), tem gerado uma nova mitologia na ficção, de resistência civil ao Estado e à autoridade. De um lado, o Estado, as Máquinas, a Autoridade, a Mídia, que concentram armas, dinheiro, poder político e simbólico; de outro, grupos humanos esparsos, vulneráveis, mas insubmissos e determinados a manter, até o fim, sua luta de resistência.

Diante do marketing massacrante, O Mecanismo poderá obter um bom público, mas a série vem marcada por um autoritarismo simbólico demasiado evidente. É uma série “Deles”, produzida por e para “Eles”. Quem são “Eles”? Ora, a mesma elite rentista que controla o país desde sempre, e que também, desde sempre, usou o poder simbólico de seus jornais, novelas, livros, programas de rádio, tudo o mais que o dinheiro pode comprar, para corroborar e legitimar a sua dominação.

Há uma outra história, muito mais emocionante, por trás do Mecanismo, que a engloba, e a transforma em mero elemento de uma trama maior. É como se estivéssemos, desde já, em nossa imaginação, escrevendo um “Mecanismo do Mecanismo”, ou seja, uma outra história, uma outra série, em que um diretor brasileiro, embriagado de ideias fascistoides sobre política, ideias estas que são muito uteis aos interesses do rentismo, da Globo, do imperialismo, é pago regiamente para escrever mais uma versão “oficial” da Lava Jato, uma versão ainda mais “oficial” do que a história oficial, já que, conforme relatos, as distorções narrativas se dão sempre no sentido de corroborar a tese fundamental por trás da história, de que os políticos são os vilões e os policiais e donos de mídia, os mocinhos.

A consciência desse ataque resulta, portanto, num efeito contrário ao desejado pelos produtores do Mecanismo: a nossa resistência ganha densidade crítica, unifica-se, e rouba as próprias armas semióticas usadas contra ela, para usá-las contra seus próprios opressores.

Pensando bem, essa não é a história da luta de classes, desde seus primórdios? Uma história contra imperadores, reis, czares, e suas narrativas de dominação, seus “Mecanismos”, com os quais tentam submeter os povos?

Ou antes, não é uma história da própria cultura? A história, talvez, da própria arte?

Esta reação simbólica e política à opressão, que caracteriza a história da cultura moderna, não foi, desde sempre, um contra-ataque narrativo à eterna tentativa, por parte dos poderosos de todos os tempos, de nos escravizar mentalmente?

Quem são os “poderosos”, a força invisível, por trás do Mecanismo? Serão mesmo os políticos caricaturizados, vilanizados, simplificados, desumanizados, ou as forças sinistras do grande capital internacional, multinacionais do petróleo, concorrentes estrangeiras de nossas empresas de construção civil, além dos interesses políticos do governo americano?

Afinal, qual é a lição do Mecanismo? Que devemos nos submeter à polícia federal, ao MPF, à Justiça, à mídia, ou seja, a todas as instâncias autoritárias do Estado?

Se José Padilha está ao lado do autoritarismo, se é um mero escriba das narrativas patrocinadas pelos bilhões do imperialismo, nós, do campo popular, estamos ao lado das forças rebeldes da democracia e da resistência ao golpe.

Pensando nisso, tive uma ideia: escrever também uma série, como forma de ironizar e criar um contraponto ao trabalho de José Padilha.

Preparem-se, portanto, que vem aí a nova série do Cafezinho: A Resistência. Abaixo, uma apresentação breve.

Título: A resistência
Sinopse (ainda em aberto): Um diretor de cinema, tendo acabado de lançar uma série chapa-branca sobre a Lava Jato, tem uma crise de consciência sobre o trabalho sujo realizado. Chega à conclusão que ele mesmo é corrupto. O produtor da série, grande amigo desse diretor, é investigado e preso, num processo pouco transparente. Em seguida, um primo do diretor, blogueiro político de esquerda, é também preso, igualmente num processo obscuro, sem provas. O país vive momentos políticos sombrios, autoritários. Toda semana, a PF faz uma grande operação, nem sempre baseada em investigações sérias. Professores, intelectuais, empresários, são presos ou conduzidos coercitivamente num frequência cada vez mais alarmante. Ao mesmo tempo, o governo baixa medidas para reduzir salários e direitos sociais. O país se empobrece, aumentam os índices de criminalidade e a direita prega que o Estado se militarize e promova execuções em massa como forma de resolver o problema da segurança pública. O governo faz intervenção militar em vários estados. Surgem grupos de extermínio de extrema direita, um dos quais executa uma vereadora de um partido de esquerda. O mesmo grupo fascista, talvez de maneira confusa, sequestra o diretor da série, que, por ignorância, consideram “esquerdista”, porque não teria vilanizado, na série, o presidente Lula da forma como eles queriam. Um grupo de intelectuais, estudantes e juristas organizam um movimento de resistência contra o avanço do fascismo, e promovem manifestações cada vez maiores nas ruas, apesar dos riscos crescentes.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Sergio

02/04/2018 - 11h15

A mesma elite na qual faz parte os bandidos: Sarney, Collor, FHC, Lula, Dilma, Temer.
A série é pra quem tem cérebro e não defende políticos e partidos picaretas, compostos por bandidos que iludem o povo com migalhas enquanto em seus gabinetes partilham a pilhagem feita com o auxílio de magnatas que corrompem. A série é uma obra de ficção e em uma obra desse tipo o autor pode fantasiar algumas coisas para levar quem assiste a refletir se vale a pena defender e proteger bandidos travestidos de salvadores da pátria ou de MITOS de barro.

Mariana

31/03/2018 - 23h10

Achei a série ótima! Mto bem feita! Só se ocupa em falar o contrário quem tem medo…

leandro

31/03/2018 - 18h02

Quando é de um colunista do(a) Globo precisamos ficar com o pé atrás. Acho que aqui eles não contam tudo: Que esse mecanismo teve seu processo acelerado e multiplicado por 100 no período do PT no poder; omite a organização criminosa Foro de São Paulo que tenta a todo custo implantar o comunismo no Brasil e America Latina e sua ligação com todos partidos de esquerda; não fala nada da grande mídia, incluindo a Globo, que foi comprada pelo “mecanismo”. Agora pra mim começa a ficar mais claro depois deste artigo, junto com o lançamento do filme “o mecanismo” feito por um esquerdista, eles tentam manipular o debate contando meias verdades e omitindo outras verdades mais importantes, tentam relativizar colocando a esquerda e a direita (que recém começa se formar) no mesmo balaio, lançando uma cortina de fumaça na real intenção das esquerdas e do Foro de São Paulo, o qual virou tabu na imprensa nacional e nunca é mencionado. Finalizando, ooh esquerdopata vai tomar no cu.

Maria Henriquietta

30/03/2018 - 21h25

O que cansa e no caso me dá muito sono, como nessa crítica, é q como todo discursinho avermelhado a intenção é desviar o foco falando q a direita é corrupta. Todo mundo sabe, ninguém nega, talvez o Temer seja um dos personagens mais tenebrosos da política brasileira. O que cansa é vocês defenderem os vermelhos. Essa birra pueril é ridícula e de uma miopia absurda. Trabalhem em seus corações que o PT que vocês sonharam NUNCA existiu e nem vai existir. Por mais intelectos que se achem, nunca notes nesse país se viu massa de manobra mais patética do que essa que insiste em defender Lula.

Marcelo

29/03/2018 - 23h21

Ahn,
Só esclareça um ponto: concorrentes internacionais de nossas empreiteiras? Teve alguma intriga e nossas oasses e odebretches estão sendo vitimadas?

gonçalves

28/03/2018 - 16h57

Agora o Miguel vai escrever uma serie…

Mais um projeto que nao vai sair. Vide cafezinho nas ruas, instituto lionel brizola, etc, etc.

Osmar Pires Martins Junior

27/03/2018 - 10h24

AS DESLAVADAS MENTIRAS DA SÉRIE “O MECANISMO”, DA NETFLIX, como uma contribuição à série do Cafezinho, A Resistência:
1- a série “O Mecanismo”, de cara, começa com uma mentira “cabeluda”, ao contextualizar o Escândalo Banestado em 2003; na verdade, ele ocorreu no governo FHC, durante o qual, o personagem do filme, baseado no doleiro Youssef, transferiu e lavou bilhões de dólares de propina da “Privataria Tucana” (privatização das estatais com papel pobre) para o exterior, depositados em nome de laranjas de Serra, Aécio, FHC, usando as famosas “contas CC-5” do Banco do Brasil que eram anunciadas pomposamente no governo tucano como “investimentos de capital estrangeiro no Brasil”;
2- a série não consegue disfarçar que o doleiro, preso por esforço hercúleo de alguns delegados como Igor Romário de Paula, da Polícia Federal, representado pelo personagem Rufus (Selton Mello), foi solto escandalosamente pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, que homologou “acordo premiado” assinado com o MPF paranaense;
3 – no entanto, a série omite que o doleiro Youssef era operador da lavanderia do dinheiro sujo da privatização das estatais mais ricas do mundo e, por isso, o doleiro não delatou nenhum figurão do governo tucano, mas tão somente, os seus concorrentes doleiros;
4 – a omissão e a manipulação destes fatos históricos – Escândalo do Banestado e Privataria Tucana, desmascaram, de fronte, o verdadeiro mecanismo da corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro no Brasil;
5 – a série da Netflix é uma manipulação grotesca do combate à corrupção, ao dar um salto espetacular de 13 anos na narrativa de fatos ocorridos no governo do Presidente FHC, lançando-os, falsamente, no colo de governos que deflagraram o combate à corrupção da Petrobras;
6 – dessa maneira, a série descreve o ex-presidente Lula como um personagem obscuro e tenebroso, hóspede de hotéis luxuosos em Brasília, no papel de “O Chefe” da corrupção no Brasil;
7 – a série calunia e difama a pessoa do ex-presidente Lula, como “amigo do doleiro Youssef”; calunia e difama a pessoa do ex-ministro da Justiça, respeitado e saudoso Márcio Thomaz Bastos como um personagem “bate-pau” de “O Chefe” no papel de advogado de doleiro, protetor e defensor dos corruptos da Petrobras;
8 – dentro de um roteiro “baseado em fatos reais”, a mentirosa série narra a prisão, pela Lava Jato, em 2014, de um personagem inspirado na pessoa de Paulo Roberto Costa, como sendo diretor de Abastecimento da “Petrobrasil” no governo da Presidente Janete, que encarna Dilma;
9 – na verdade, quando Paulo Roberto Costa foi preso na Operação Lava Jato, em 2014, ele não era mais diretor de Abastecimento da Petrobras; toda a série se desenvolve com base nesta mentira, qual seja, “a prisão de um diretor da Petrobras no governo Dilma”, fato este que, na realidade, jamais aconteceu;
10 – portanto, a série mente com a maior “cara-de-pau” ao relacionar o ex-diretor Paulo Roberto e o doleiro Youssef à campanha da Dilma; esta mentira descarada pode ser comprovada pela simples pesquisa no Google, que mostrará matérias e notícias sobre os fatos verdadeiros, a exemplo dos “insuspeitos” veículos da Rede Globo (O GLOBO. “Partidos se irritam com mudanças feitas por Graça na Petrobras”. Rio de Janeiro, 26 abr. 2012);
11 – Paulo Roberto e outros diretores corruptos da petrolífera estatal foram exonerados, no primeiro trimestre de 2012, pela então Presidente da Petrobras, Graça Foster, técnica de carreira e concursada da empresa estatal, por determinação da Presidenta Dilma, após comprovação das irregularidades em Auditoria;
12 – a série não mostra que, muito antes da operação Lava Jato ser deflagrada, em 2014, a Auditoria de Foster e Dilma na Petrobras revelou as obras superfaturadas de um mega esquema de corrupção, comandado pela cúpula do PMDB no Senado e na Câmara Federal;
13 – deputados federais Temer e Cunha e o senador José Sarney eram “Os Chefes” da corrupção na Petrobras, esquema que existiu desde o governo Sarney, passando por FHC, Lula e Dilma;
14 – “O Mecanismo” esconde que a corrupção na Petrobras foi desmantelada no governo Dilma com apoio de Lula, graças às medidas anticorrupção então adotadas;
15 – a série omite que até 2002 existia a figura do “Engavetador-Geral da República”, quando o Presidente da República nomeava políticos para o cargo de Chefe do MPF com a função de arquivar as denúncias, como fez Geraldo Brindeiro, nomeado por FHC, que mandou para o lixo dez mil processos de corrupção durante os oito anos de governo tucano;
16 – “O Mecanismo” esconde que, de 2003 até 2016, todos os Procuradores da República foram nomeados pelos Presidentes Lula e Dilma com base no primeiro da lista tríplice dentre os Procuradores da República de carreira mais votados em eleição interna; a nomeação do mais votado só foi interrompida pelo golpista Temer, em 2018;
17 – a série mentirosa da Netflix esconde que os Ministros da Justiça de Lula e Dilma asseguraram a autonomia da Polícia Federal para estruturar a Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba, destinando recursos orçamentários e lotando pessoas qualificadas (4500 policiais federais, agentes de investigação e procuradores da República);
18 – a série não mostra a aprovação das Leis da Ficha Limpa e da Delação Premiada, sancionadas sem vetos pelos Presidentes Lula e Dilma;
19 – “O Mecanismo” da Netflix esconde que, a partir de 2003, foi instituído o Comitê Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro com a integração dos dados e das estruturas de 40 instituições como CGU, AGU, TCU, MJ, PF, RF, BACEN, MPF, MPE etc;
20 – a série esconde o áudio da gravação da reunião ocorrida no escritório de Temer, em São Paulo, para acertar o pagamento de propina bilionária na Petrobras; nesta reunião, Temer afirmou que “Cunha cuidará da Dilma no Congresso com abertura do impeachment” para garantir a continuidade do esquema na Petrobras;
21 – a série sonega a informação de que o orçamento da Petrobras foi cortado pela metade em todas as obras superfaturadas pelo esquema de corrupção revelado na auditoria das contas da estatal, cf. citado anteriormente;
22 – a série omite o fato de que o corte orçamentário nas obras superfaturadas provocou a reação no comando do esquema de corrupção da Petrobras, chefiado por Temer-Cunha-Sarney que, em represália, desencadeou o processo de impeachment contra a Presidente Dilma;
23 – a série não mostra que o “Clube das Empreiteiras” que comandava as obras superfaturadas na Petrobras, com dinheiro da propina, comprou o voto de centenas de deputados e senadores para aprovar a destituição da Presidente Dilma;
24 – a série “O Mecanismo” falseia a história e atribui ao personagem que encarna o ex-presidente Lula a frase “estancar a sangria e parar essa porra”; na verdade, o Brasil inteiro ouviu a gravação da conversa entre o senador Sérgio Guerra, que foi presidente da Transpetro, no governo FHC, e o senador Romero Jucá, do PMDB;
25 – a série da Netflix não mostra que a referida gravação ocorreu no contexto da trama golpista de abril de 2016, que afastou a Presidenta Dilma e colocou o vice peemedebista na Presidência: “a solução Michel para estancar a sangria e parar essa porra”
26 – a série da Netflix esconde “O Mecanismo” verdadeiro de corrupção na Petrobras, ao reforçar a narrativa mentirosa de que “o PT inventou a corrupção no Brasil”;
27 – em suma, a série “O Mecanismo” repete a velha estratégia do ex-ministro da Propaganda de Hitler: “uma mentira repetida mil vezes se torna verdade”;
28 – a série da Netflix falseia a verdade e alimenta o bombardeio midiático da Justiça Seletiva: proteger e manter a impunidade dos corruptos dos partidos conservadores e perseguir e condenar, sem provas, os representantes dos partidos defensores da CLT, aposentadoria, Pré Sal, educação e saúde públicas, inclusão social, distribuição de riquezas e melhoria das condições de vida dos trabalhadores

    Miguel do Rosário

    27/03/2018 - 11h44

    Obrigado!

j.marcelo

27/03/2018 - 08h21

Miguel, ao invés do blogueiro de esquerda ser preso,ele poderia ser a “chave”p reverter o mecanismo da manipulação e dar início a resistência através de investigações checando os fatos REAIS conversando com testemunhas ou seja mergulhando no MUNDO REAL(fazendo outros conhecerem)e desmontando o MUNDO “MANIPULACIONAL”seria realmente o contraponto entre estes dois mundos e a escolha “do certo” seria do povão (nós,eu,vc )

    Miguel do Rosário

    27/03/2018 - 11h45

    Sim, claro!

Patrice L

27/03/2018 - 05h41

É Netflix e tem ares de arte.

Mas, noves fora, esse Mecanismo não passa de um vídeo “O Brasil que eu quero” que o Zé Padilha poderia perfeitamente postar no Jornal Manipulacional em atendimento à campanha rasteira e direitosa da Globo golpista visando interferir na eleição de presidente.

Como bem comentou Antonia Pellegrino, a lamentar a participação de grandes atores nesse seriado que é um verdadeiro panfleto fascista.

Zé Padilha, tal como no Sul sociopata, com ovos, pedras e relho na mão para espancar e ajustar os fatos à sua versão fraudulenta.

Mas, não, não vamos dar sossego aos fascistas. “As pessoas que tentam tornar esse mundo pior não tiram um dia de folga. Como é que eu vou tirar?” Bob Marley (lido em #LulaLivre).

Boicote à Netflix, que escolheu escolher um cineasta ligado ao Institituto Millenium, think tank da direita nativa, para tentar detonar o o PT e a esquerda em geral.

    Beto Castro

    27/03/2018 - 08h04

    Ainda esquecestes do bunker do Merdal montado em Brasília e a velhacaria Innovare da Corrupção de Araque apenas para justificar o Golpe do conluio. Os comediantes em pé a soldo estão desesperados e até uma empresa séria como a Netflix joga todas as suas fichas num Mecanismo que levará o país a uma convulsão social.

JOHN JAHNES

26/03/2018 - 23h38

Parem de falar dessa bosta (mecanismos) que ninguem assiste alem de jornalistas.
Até o Moro disse que isso é uma bosta que não reflete a realidade e voces ficam
fazendo propaganda da bosta.para dar IBOPE à bosta.

Hilario

26/03/2018 - 23h17

Peidilha é esperto. Ele está naquele modo “falem mal mas falem de mim”. Conclusão: $$$$$$

Jorge

26/03/2018 - 22h44

Eu nem sabia dessa série até ler aqui, agora estou assistindo e indicando pra todos meus amigos… parabéns Netflix…

    Hilario

    26/03/2018 - 23h09

    Indica essa porcaria! O Mecanismo de Peidilha

Erico Martins

26/03/2018 - 22h42

Você acha homeland uma série politica de alto nível!?
O melhor resumo de homeland:
https://www.youtube.com/watch?v=AC6LGQjdHo8

Felipe

26/03/2018 - 22h04

Miguel. Entre os blogs progressistas que acompanho, vejo que vc é um dos que possui mais iniciativa. Porém vejo que os blogs sozinhos não estão sendo capazes de oferecer uma grande resistência ao material bélico midiático. Seria fundamental que houvesse um núcleo massivo de defesa da democracia que fosse além da blogosfera. Que envolvesse todo o tipo de comunicação porque o que temos são muitas atuações fragmentadas. Vc tem algum projeto nessa área?

    Beto Castro

    26/03/2018 - 23h23

    Existe estratégia para por fim ao golpe, denunciar e prender todos os traidores da Pátria. Mas, os esquerdinhas só estão interessados em choramingar a misericórdia dos adeptos de Minha Luta e jogar democraticamente um jogo leal com um matilha de cachorros loucos trapaceiros nazistas e desumanos. A tarefa é simples e ao alcance de mais 30 senadores da dita esquerda primitiva dos idos de 1917 e alguns capitalistas brasileiros que serão esmagados pela capitalismo financeiro internacional em breve. Uma CPI dos Colaboracionistas denunciados pelo advogado do Presidente Lula com vídeos comprobatórios inequívocos e a autoconfissão de um ex-Procurador da recém fundada República Bananeira de Rede Golpe. Para o chefe da gangue já existe uma lista com 39 perguntas estratégicas a serem disparadas na sua fuça cínica de porco traidor, elaborada magistralmente com apoio dos internautas do Cafezinho, 247 e GGN. Todos os golpistas seriam interrogados em Rede de TV Pública e execrados publicamente como Calabares da Nação golpeada. Mas, os esquerdinhas ingênuos acreditam na oração a São José para interceder junto a Jesus e seu Pai imaginário. Estão todos jogando o jogo patético de rastejar diante dos carrascos e pedir pelo o amor de Deus que os suportes do golpe julguem um Habeas Corpus ou obedeçam o artigo 5 da Constituição Federal. Os três poderes republicanos do Estado brasileiro estão sendo esmagados por uma quadrilha de lavajateiros treinados pelos os órgãos de segurança americanos. A tática é a mesma de 1964 com o recrudescimento da Guerra Fria artificial e ridícula entre a Rússia e os Aliados, ou seja, o maniqueísmo velhaco, ultrapassado e anacrônico do Capitalismo Colonial versus o Comunismo inexistente. O alvo dessa velhacaria são os nacionalistas de consciência crítica. A expulsão de todos os diplomatas russos dos países ditos aliados se insere nesta pantomina do golpe para conquistar o poder a fórceps. Os golpistas tem que saber que a consciência nacional não suporta essa manipulação e dissimulação democrática de fancaria e reagirá à altura. Ficar esperando um desfecho imprevisível e fortuito da população pobre carente e faminta é de uma covardia comovente. A reação tem que ser dos que pensam, comem e fazem alguma reflexão.

Adalberto

26/03/2018 - 21h45

Bom texto, mas já deu, né? Vamos parar de fazer propaganda desta bosta e nos preocuparmos com coisas mais sérias. Quando a “esquerda de verdade” vai a PGR perguntar por quanto andam as denuncias feitas por Tacla Duran? Tem falar com a Dodge…não com o sub-sub-sub seja lá quem for. Alem disso, bancada progressiva: Vai ter discursso amanhã defendendo o direito de Lula ser candidato ou todo mundo já viajou para as “bases”? O TRF-4 seguiu o roteiro do Padilha e da Globo a risca…

Meneses

26/03/2018 - 21h21

Arrasou.

Meneses

26/03/2018 - 21h21

Miguel do Rosário agora tenho de declarar: você é o máximo. Valeu. Roteiro perfeito. Vamos levar essa série para as ruas e reverter esse golpe maldito. Abração

Mário

26/03/2018 - 19h59

Padilha CANALHA, CANALHA, CANALHA

Fred

26/03/2018 - 19h41

Está série é a única que produtor e diretor sabem exatamente o que esperar de sua audiência…
O resto é lucro que progressistas dão ao assistir e comentar um lixo deste…

Luiz Carlos P. Oliveira

26/03/2018 - 18h58

MIGUEL, a direita acredita em tudo. Até que Lula proferiu o “tem que ser um acordão, com STF, com tudo”. Até as pedras sabem que foi o Jucá que disse isso. Coxinha não lê, só faz comentários e acredita ser bem informado só lendo manchetes.

    Robson

    26/03/2018 - 23h15

    Os coxinhas sabem que Lula não falou isso. Eles propagam essas mentiras de propósito, pq não tem a hombridade de admitir que Lula foi o melhor presidente que esta nação já teve. Não querem que a classe baixa tenha acesso às mesmas facilidades que eles. São patéticos!

Lâmpada

26/03/2018 - 18h58

Acho que ficar repercutindo essa m. de série só vai aumentar o público dela e desviar o foco do que é importante: denunciar o desmanche e a venda do país.


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