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Liderança do PSOL na Câmara rebate Juliano Medeiros: “Lula e PT não são nossos líderes”

Um grupo de deputados do PSOL protocolou um pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, reagiu duramente, repreendendo publicamente os parlamentares, com o argumento de que a iniciativa não havia sido aprovada pela direção do partido. Agora o grupo responde a Juliano Medeiros, através de um longo artigo assinado […]

7 comentários
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Um grupo de deputados do PSOL protocolou um pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, reagiu duramente, repreendendo publicamente os parlamentares, com o argumento de que a iniciativa não havia sido aprovada pela direção do partido.

Agora o grupo responde a Juliano Medeiros, através de um longo artigo assinado nada mais, nada menos que pela líder do PSOL na Câmara dos Deputados, a deputada federal pelo Rio Grande do Sul, Fernanda Melchionna.

Como pano de fundo da divergência, como fica evidente no texto, está a relação do PSOL com o PT.

Trechos:

“(…) é fato que um setor da esquerda acha que é preciso esperar 2022 para desgastar Bolsonaro e tentar, através do processo eleitoral, derrotá-lo nas urnas. Lula e a direção do PT têm sido os porta-vozes dessa política. Na nossa opinião, isso é um erro.

(…) Lula e PT são aliados importantes na luta contra Bolsonaro. Não nossos líderes. Não esperaremos suas definições para postular nossa política.”

***

Por uma esquerda plural e independente

O Brasil precisa de uma oposição social e política à altura para enfrentar a extrema-direita e o coronavírus.

FERNANDA MELCHIONNA
20 MAR 2020, 14:13

O Brasil caminha para uma crise sem precedentes. A união da crise econômica profunda, resultado das medidas ultraliberais com a entrada da pandemia de coronavírus, pode nos levar a uma situação de muitas mortes e uma recessão brutal. Talvez seja o momento mais difícil de nossa história, que, irresponsavelmente, é potencializado por um Presidente insano, que a todo tempo tenta restringir as liberdades democráticas, prioriza a saúde dos mercados e ignora a Ciência, aumentando as possibilidades de muitas mortes decorrentes dessa pandemia global. Não nos restam dúvidas de que para salvar o povo brasileiro é necessário derrotar Bolsonaro.

Um setor do movimento de massas expressa esse anseio. Foram milhões de pessoas que participaram de panelaços e janelaços na última quarta-feira (18) demonstrando a indignação diante da situação. A cada dia que Bolsonaro segue no poder, o Brasil caminha mais ao abismo. É verdade que ainda não há correlação de forças para seu impedimento, mas é preciso “colocar o debate no horizonte” como bem escreveu Pablo Ortellado. Por isso, um movimento social e político, com mais de 70 assinaturas entre eles meus colegas Sâmia Bomfim e David Miranda além de intelectuais e artistas, entrou com a peça pedindo o impeachment de Bolsonaro. Além disso, adesões não param de crescer e potencializam esse pedido, que, em menos de dois dias, já conta com quase 200 mil assinaturas.

Entendendo a esquerda plural e que pode haver diferenças táticas, inclusive no seio do PSOL, abstive-me de comentar a nota que está circulando pela imprensa, enviada por Juliano Medeiros, ainda que a nota tenha muitas inverdades. O próprio Juliano Medeiros participou de duas reuniões sobre o tema e soube de nossa disposição de entrar com nossos mandatos com o impedimento. Essa é uma liberdade que a Constituição Brasileira nos dá como parlamentar. E mais, é um direito conferido a qualquer cidadão e cidadã. Mesmo assim, antes do protocolo da peça, fiz questão de comunicar ao próprio, esperando a honestidade intelectual e em respeito aos diversos campos da esquerda socialista. Infelizmente, não foi o que ocorreu. A declaração de Juliano, igualando um protocolo de impeachment ao voto de membros do PDT na votação da reforma da previdência é lamentável.

Pode-se ter um debate aberto e saudável sobre táticas. Todo partido confiante e aberto deve fazê-lo. Mas o PSOL não pode tolerar nenhuma sugestão de que os esforços para remover Bolsonaro sejam contrários ao nosso partido. Resistir a Bolsonaro com toda nossa força ainda mais quando ele coloca em risco a saúde pública e a vida de milhões é o principal objetivo do PSOL. Nossa militância exige nada menos.

A declaração na Folha foi lamentável, ainda mais levando em consideração que o pedido de impedimento não fere nenhuma cláusula estatutária do regimento do nosso partido e é, na verdade, uma questão tática, da luta jurídica e política parlamentar como alertou o companheiro Milton Temer. Se alguns companheiros acham que não é o momento de protocolar por uma análise séria da correlação de forças, também é nosso direito fazê-lo com o entendimento de que a cada minuto que Bolsonaro segue governando as medidas urgentes para conter o coronavírus não estão sendo feitas. Ao contrário, as ações do governo custarão muito caro a nossa população. Por isso, a Bancada do PSOL na Câmara apresentou de conjunto mais de 22 medidas urgentes e lutaremos por elas.

Mas voltando a polêmica com Juliano Medeiros, é fato que um setor da esquerda acha que é preciso esperar 2022 para desgastar Bolsonaro e tentar, através do processo eleitoral, derrotá-lo nas urnas. Lula e a direção do PT têm sido os porta-vozes dessa política. Na nossa opinião, isso é um erro, pois as liberdades democráticas estão ameaçadas agora por esse governo autoritário de Bolsonaro, e nesse momento a vida dos mais de 200 milhões de brasileiros e brasileiras também.

Entretanto, estou entre aquelas que defendem toda a unidade de ação para enfrentar Bolsonaro, mas a independência política entre as organizações para afirmar suas propostas. Lula e PT são aliados importantes na luta contra Bolsonaro. Não nossos líderes. Não esperaremos suas definições para postular nossa política.

A comparação correta que Juliano deveria fazer é com a reforma da previdência em 2003, quando Luciana Genro, Heloísa Helena, Babá e João Fontes foram expulsos do PT por votar contra a tal reforma em uma demonstração cabal que não cabia ali mais a esquerda socialista e o espaço para as diferenças táticas e estratégicas. Talvez Juliano não lembre, afinal não estava no PSOL nesse momento. Será esse o fim que ele gostaria de dar ao nosso partido? Desautorizar uma ação parlamentar tática, típica de mandatos e com todo o cuidado para não falar em nome dos que não tem a mesma compreensão que nós? Muita luta ele terá que fazer para isso. Somos milhares no PSOL e lutamos muito para construir uma ferramenta plural, que rejeita o centralismo para expressar as diferentes matizes da esquerda.

Me estranha ainda que dezenas de iniciativas táticas tomadas por parlamentares, em diversos momentos do PSOL, não tenha tido a mesma preocupação de Juliano. Seria uma questão de gênero dos que querem calar a diferença e mulheres do nosso partido? Nossa história vem de longe. A luta socialista é nosso norte e a resistência a extrema-direita nossa tarefa imediata. Não serão polêmicas desnecessárias que nos farão desviar dessa curva. O Brasil precisa de uma oposição social e política à altura para enfrentar a extrema-direita e o coronavírus. Vamos seguir nessa linha!

Fernanda Melchionna é deputada federal (PSOL/RS) e líder do PSOL na Câmara de Deputados.

Publicado originalmente no Movimento Revista.

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Comentários

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Élio Gomes da Rocha

06/07/2020 - 01h56

Pobre renovação “socialista” do séc. XXI. Falam que tem que seguir suas próprias diligências (e até concordo – em partes) mas nunca esquece de querer “tentar” (entre aspas porque estamos de olhos né?) idealizar o que o PT “tem que fazer” dentro do seu partido, acusando o até de totalitário; apontando (justamente como faz a extrema direita e parece que a mando dessa) que deve fazer um “alto crítica”. E é o PT que está querendo mandar no PSOL. Que eu saiba, PT e PSOL têm ideologia parecida e por isso buscam um “seguir” estratégico como oposição e progressistas. E ainda chegou até reclamar que o PT expulsou alguns partidários de sua sigla, como Marina Silva (e graças a Deus pela expulsão dessa direitista disfarçada de progressista) sendo nesse caso ela querer mandar naquilo que deve fazer o PT. Deus me livre dessas renovações esquerdistas lava-jatistas, votadores de emendas e projetos contra o povo e afins. Fico com o PT e até parte representativos nesses partidos (Boulos, Ivan Valente, Chico A., Gláuber, Herondina, Vanessa, Dino, Freixo… ) e vou muitíssimo bem, obrigado. E vá pregar seus modelos restauracionistas com Ciro elefante branco e privatista de água, Marina Aecindupó e tb privatista de água, Tábata destruidora de direitos, Túlio queridinho de burguesinha (F. Bernardes), Randolfe amiguinho dos conjis e DELTAN SAFADO… lá na PQP!

Alexandre Neres

20/03/2020 - 19h32

Pois é. O objetivo do neotrabalhismo não é só o delenda PT. Vide essa matéria sem-vergonha, explorando divergências internas no PSOL. No PSOL não há espaço para franco-atiradores como Tabata Amaral. Pegando carona no antipetismo, o neotrabalhismo quer destruir é toda a esquerda.

Pedro

20/03/2020 - 18h03

vc olha para a extrema direita e a direita, qual é o nome do Diabo: Lula.
Para o PDT, só pensa no Lula, principalmente o Ciro.
O PSOL taí na mesma jogada.
Argumentaçãozinha tergiversadora: num debate com o Presidente do próprio partido, a deputada resolve botar o Lula no meio. A psicanálise explica.
Globo e Folha, estadão, tudo do mesmo jeito: lá pelas tantas resolve falar do Lula, do Lula, Lula, da Dilma, do PT, esquecem dos próprios argumentos. Bate no Lula que dá certo, já que não tem como debater de outra forma.
Quanta perda de tempo com o Lula…

    Alan C

    20/03/2020 - 19h13

    É a única coisa que o chiqueiro da bozolândia sabe fazer.

Abdel Romenia

20/03/2020 - 17h35

É verdade, são patrões mesmo.

Erica

20/03/2020 - 17h35

Cansada desses peçolentos. Abusam de erros e retóricas.

katia dias do prado

20/03/2020 - 17h34

Criem vergonha na cara, uma moleca desta falando de Lula. nao vai nem dar tempo de aparecer e ja vai sumitr no anonimato. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk so rindo


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