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Bolsonaro compartilha vídeo que ataca Mandetta e o isolamento social

O presidente Jair Bolsonaro compartilhou hoje, em seu twitter, um vídeo do jornalista Guilherme Fiúza, que ataca o governador João Dória, o ministro da Saúde do próprio governo Bolsonaro, Luiz Mandeta, e, sobretudo, a estratégia de isolamento social praticada no mundo todo como principal meio de conter o avanço do vírus. – Os Sócios da […]

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26 de março de 2020. Reuters.

O presidente Jair Bolsonaro compartilhou hoje, em seu twitter, um vídeo do jornalista Guilherme Fiúza, que ataca o governador João Dória, o ministro da Saúde do próprio governo Bolsonaro, Luiz Mandeta, e, sobretudo, a estratégia de isolamento social praticada no mundo todo como principal meio de conter o avanço do vírus.

O ataque a Mandetta se dá na interpretação desonesta de uma das falas recentes do ministro, quando explicou as ações do ministério junto a comunidades dominadas por milícia e traficantes. Mandetta disse que as autoridades, para implementar medidas profiláticas nessas áreas, teriam que conversar com todos, inclusive com criminosos, e que todos são seres humanos.

Fiúza aproveitou para empurrar Mandetta para o lado dos “amigos” de traficantes.

Guilherme Fiúza pergunta: onde estão os “mapas” de que o isolamento social funciona?

Ele observa que a curva de infecção e morte em Nova York subiu como um foguete, mesmo depois da cidade ter se fechado.

A ignorância e irresponsabilidade do presidente Jair Bolsonaro, ao compartilhar um vídeo tão grosseiramente mentiroso, é um fenômeno cósmico.

Não é a toa que ele vem sendo considerado, por inúmeras publicações internacionais, como a liderança política que pior vem lidando com a pandemia.

Uma coisa é você admitir que não encontrou estudos sobre a eficácia da estratégia de isolamento social na contenção do vírus.

Outra coisa é você mentir descaradamente, dizendo que eles não existem.

Hoje mesmo saiu mais um “paper”, de pesquisadores da Universidade de Harvard, sobre a importância do isolamento na contenção do vírus. O documento traz um monte de “mapas”, como pediu Guilherme Fiúza.

O site do Centro de Prevenção e Controle de Doenças do governo dos Estados Unidos, o CDC, traz, na capa, a seguinte informação:

“Por que praticar o distanciamento social?

O COVID-19 se espalha principalmente entre pessoas que estão em contato próximo (a cerca de um metro e oitenta) por um período prolongado. A propagação ocorre quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou fala, e gotas da boca ou nariz são lançadas no ar e caem na boca ou no nariz das pessoas próximas. As gotículas também podem ser inaladas nos pulmões. Estudos recentes indicam que pessoas infectadas, mas que não apresentam sintomas, provavelmente também desempenham um papel na disseminação do COVID-19.

Pode ser possível que uma pessoa possa adquirir o COVID-19 tocando em uma superfície ou objeto com o vírus e, em seguida, tocando sua própria boca, nariz ou olhos. No entanto, esta não é a principal forma de propagação do vírus. O COVID-19 pode viver horas ou dias em uma superfície, dependendo de fatores como luz e umidade do sol. O distanciamento social ajuda a limitar o contato com pessoas infectadas e superfícies contaminadas.

Embora o risco de doença grave possa ser diferente para todos, qualquer pessoa pode obter e espalhar o COVID-19. Todos têm um papel a desempenhar na redução da propagação e na proteção de si mesmos, sua família e sua comunidade.”

O Centro de Prevenção e Controle da União Europeia (ECDC) também traz estudos sobre a eficácia do isolamento social, que visa sobretudo proteger a capacidade de atendimento dos sistemas de saúde, evitando colapso.

Ninguém nega os terríveis traumas provocados pela estratégia de isolamento social. Um estudo recente do FMI estima que os danos à economia global serão superiores a US$ 9 trilhões.

No entanto, a estratégia de isolamento é a única a nossa disposição para evitar o colapso dos sistemas de saúde e a morte de milhões de pessoas, tanto pelo Covid-19 como pela falta de espaço nos hospitais.

Existe muita perplexidade ainda no mundo, e ninguém é dono da verdade. Guilherme Fiúza pode a opinião que quiser, por mais lamentável que seja. O que é realmente chocante é o presidente da república, cujo status lhe confere acesso direto aos maiores especialistas do país e do mundo, compartilhante uma opinião sem nenhum tipo de embasamento científico.

Se Bolsonaro acredita que a estratégia de isolamento social está errada, então ofereça ao país e ao mundo uma alternativa. Ninguém está gostando de ver as finanças públicas sendo comprometidas, milhares de empresas fechando e milhões perdendo seus postos de trabalho.

Tenho muitas críticas ao governador João Dória, mas é absolutamente ridículo achar que ele, ou qualquer outro governador, tenham decretado estratégias de isolamento social por razões políticas ou partidárias.

Bolsonaro é uma pessoa muito doente se acha que o governador de São Paulo se dispõe a adotar medidas tão duras e traumáticas como as de isolamento social, que traz tantos danos às finanças de sua própria administração, como uma ação política contra o governo federal.

O isolamento social é um mal necessário.

Para levá-lo adiante, é preciso espírito de sacrifício e solidariedade. 

O respeito pela ciência é uma das lições mais importantes da história da civilização humana. 

Os países que apostaram na ciência, nos últimos séculos, obtiveram êxitos espetaculares, e os que não apostaram, fracassos monumentais. 

Em função do Covid-19 ser uma doença muito nova, ainda há muitas dúvidas sobre a melhor maneira de combatê-la. A resposta mais urgente, baseada na experiência de outras pandemias, no bom senso, e numa série de estudos, é reduzir a velocidade do contágio, para dar tempo aos governos de se preparar para o aumento exponencial do número de infectados. Vacinas, antivirais e métodos de tratamento estão sendo testados em tempo recorde, e, com alguma sorte, esses remédios estarão disponíveis em breve, para todos os países, salvando milhões de vidas. 

Se existe uma lição que devemos aprender com essa pandemia, todavia, é que nossos governos devem estar melhor preparados. Os investimentos em ciência e saúde deveriam ser muito maiores, e o respeito à ciência, à pesquisa e à verdade científica, é um valor que deveria estar muito acima das disputas ideológicas e políticas. 

 

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Comentários

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chichano goncalvez

15/04/2020 - 12h42

Meu sonho, reconheço que é impossivel, caso morrese todos os analfabetos politicos, nós elegeriamos só os governantes de bons para otimos, claro todos de esquerda, é claro ! Quanto a economia, já fizeram o calculo, dos trilhões que são gastos ao ano em estupidas guerras ( todas são estupidas, pois só visam a morte), portanto que vá pro diabo que carregue essa tal de economia, o que importa são os seres humanos.


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