Menu

Análise: Ipespe fecha ciclo de pesquisas eleitorais de 2021

Apesar de ainda faltar cerca de 10 meses para as eleições presidenciais, cujo primeiro turno acontece no dia 2 de outubro, a movimentação política de candidatos e partidos já começou há tempos. A partir do janeiro, tudo deve ser intensificar, especialmente em virtude de uma novidade, as federações partidárias, que devem ser registradas no TSE […]

5 comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
Ricardo Stucker

Apesar de ainda faltar cerca de 10 meses para as eleições presidenciais, cujo primeiro turno acontece no dia 2 de outubro, a movimentação política de candidatos e partidos já começou há tempos. A partir do janeiro, tudo deve ser intensificar, especialmente em virtude de uma novidade, as federações partidárias, que devem ser registradas no TSE seis meses antes das eleições, ou seja, até início de abril.

Esses fatos ressaltam a importância das pesquisas nesse final de ano, e o ciclo parece ter se encerrado com a divulgação do Datafolha, há alguns dias, e o Ipespe, hoje.

O Datafolha já foi amplamente divulgado. Mas o relatório ainda não saiu, então ainda faremos uma análise com base nos números estratificados por região, renda, religião, raça, sexo, idade, etc.

Falemos agora do Ipespe, cujo relatório pode ser baixado aqui.

Comecemos pelos números principais, da pesquisa estimulada, para a qual o Ipespe apresentou dois cenários: a lista 1, mais enxuta, e a lista 2, com mais candidatos.

Na lista 1, Lula tem 44%, o que corresponderia a 49,4% dos votos válidos, o que não seria suficiente para uma vitória no primeiro turno, pois faltaria ainda 0,6% + 1 voto. Na pesquisa anterior, de novembro, Lula tinha 42%, ou seja, cresceu 2 pontos.

Bolsonaro pontuou 24% na lista 1, um ponto a menos do que na pesquisa anterior. Sergio Moro e Ciro perderam dois pontos, cada um,  e agora tem 9% e 7%, respectivamente.

Fizemos um histórico do voto estimulado em Lula e Ciro desde maio de 2020 até dezembro de 2021. Nota-se o crescimento vigoroso de Lula, consolidando-se acima de 40%, e o esvaziamento de Ciro, que se manteve em torno de 10%, mas termina o ano com 7%.

Muitos analistas consideram que a pesquisa espontânea oferece o melhor desenho do momento político, sobretudo quando se trata de uma eleição que ocorrerá daqui a dez meses.

Neste caso, é impressionantne observar o desempenho de Lula, cujo voto espontâneo tem crescido vigorosamente nos últimos meses, chegando a 36% do total. Bolsonaro, por sua vez, mantém um eleitorado fiel, em torno de 23% a 25%, que é um percentual constante desde meados de 2020. Hoje ele tem 23%.

Todos os outros candidatos somados tem 7%, percentual que vem se mantendo estagnado desde o início de 2021.

Num segundo turno hipotético entre Lula e Bolsonaro, nota-se a famosa “boca do jacaré” se abrindo, com vantagem para o petista, que pontuaria 53% X 31% Bolsonaro, uma vantagem de 22 pontos!

Num improvável cenário de segundo turno entre Lula e Ciro Gomes, o presidente levaria a melhor com 52% X 25%, uma vantagem de 27 pontos!

O gráfico sobre o desejo de mudança ou continuidade num próximo governo também dá vantagem a Lula, pois uma maioria esmagadora de 58% responderam que defendem que se “mude totalmente a forma como o Brasil está sendo administrado”. Como Lula é o principal líder da oposição, essa tendência o ajuda a se consolidar.

O gráfico de probabilidade de votos também é favorável a Lula, porque ele é o candidato com menor rejeição entre os competitivos. Enquanto apenas 44% responderam que não votariam de jeito nenhum em Lula, esse percentual chegou a 62% para Bolsonaro. Ciro, por sua vez, é rejeitado por 45%, e Moro por 53%.

Opinião:  considerando o calendário eleitoral, e o grande número de pesquisas que mostram, sistematicamente, uma situação semelhante, são grandes as possibilidades de que os principais partidos definam sua estratégia já nas próximas semanas.

Sergio Moro, que parecia uma promessa, termina o ano estagnado. Mas ainda pode oferecer alguma supresa nos próximos meses, pois a alta rejeição de Bolsonaro, somada à afinidade ideológica entre o eleitor do presidente e a candidatura Moro, ainda podem gerar um fenômeno relevante de migração de votos de Bolsonaro para Moro.

Não nos parece, contudo, que Moro tenha capacidade para tirar votos de Lula.

Outra “vítima” de Moro é Ciro Gomes, cuja estratégia, muito focada em ataques ao “lulopetismo”, certamente pensando em seduzir o eleitorado antipetista, foi agora inteiramente neutralizada pela entrada do ex-juiz na disputa.

O eleitor conservador, que votou em Bolsonaro mas está arrependido, encontra em Moro um candidato muito mais próximo do que pensa.

Lula, por sua vez, não está “jogando parado”, como dizem alguns analistas. Ele está em movimentação intensa, como vimos neste final de semana, em que participou do mais badalado jantar político dos últimos anos, e que serviu para fazer uma aproximação entre ele e Alckmin, e entre PT e outros partidos e forças, como PSB e PSD.

É possível que antes do fim do ano, PT e PSB cheguem a um acordo preliminar sobre três assuntos estratégicos para 2022: as eleições em São Paulo (governo e senado), as eleições nacionais e a construção de uma federação partidária unindo os dois partidos.

As condições políticas favorecem um acordo amplo e generoso entre PT, PSB, PCdoB e PSD, com ou sem federação, para as eleições estaduais e nacionais.

Há rumores, por exemplo, de que o PT costura um acordo com Marcio França, pelo qual ele seria o candidato ao Senado numa chapa que teria Haddad como candidato ao governo do estado, e ao mesmo tempo haveria promessa de um ministério para Márcio, para que o seu suplente, do PSD, assumisse a vaga.

Enfim, a perspectiva de poder oferece, a Lula, largos horizontes para poder negociar acordos políticos para as eleições regionais e nacionais de 2022, visando desde já criar condições favoráveis para sua governabilidade.

Apoie o Cafezinho

Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Sá Pinho

21/12/2021 - 11h12

Pergunta Gold Minion da temporada, ‘ACEITA QUE DÓI MENOS’:

“As pesquisas de rua que a gente viu durante as manifestações de setembro são alinhadas com essas “pesquisas”…?”

Absolutamente, Cleitão, nada a ver, aquelas deram match resultando abraçadas aquela cartinha rabiscada às pressas pelo Nosferatu traíra (lembra?), para que o Capetão, a tempo de consertar o imbróglio em que se metera, pudesse chama-la de sua ao divulga-lo no ‘glorioso’ ato do ‘Pedindo o Pinico’ e promessa de se comportar pianinho daí em diante, para seu novo, poderoso e admirado sócio, vejam só, exatamente ele, sua majestade, o Centrão.

Lembra Cleitão, esse mesmo Centrão em priscas eras da aurora do desgoverno do Tragédia Anunciada, que servia de chacota e quando citado prontamente despertava no sonado matusaelênico de pijamas, impulsos em zomba-lo com muito gosto, esgoelando-se desafinado, feito um certo marreco de Maringá:

Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um
Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão
Se gritar pega ladrão, não fica um

Nada como um dia após o outro e uma noite mal dormida no meio, né Kledirzão? É osso!

Kleiton

20/12/2021 - 21h13

Estão levando a seria (ou fingindo de levar a sério…) uma pseudo pesquisa onde Bolsonaro perde para Doria no segundo turno…?

Valeriana

20/12/2021 - 20h18

O que o STF nao inventou paralimpar a ficha do Pilantrao e torna-lo elegivél…?

Alexandre Neres

20/12/2021 - 19h22

Quero dirigir este texto ao segmento progressista.

Sendo bastante benevolente, o campo progressista é composto dos seguintes partidos: PCdoB, PDT, PSB, PSOL, PT e Rede.

Não consigo enxergar a hipótese de abrigarmos o Cidadania e o PV neste grupo, este último é recheado de oportunistas que se deram conta de que a causa verde se reveste de certo atrativo e talvez o ato mais importante do Cidadania foi o ministro da Cultura do Governo Temer, Roberto Freire, ter ido a uma solenidade de entrega do Prêmio Camões a mando do vampiro agredir e armar um barraco contra o homenageado, o grande escritor Raduan Nassar, o qual diga-se de passagem doou a fazenda de sua família de 643 hectares para uma universidade pública (UFSCar). A meu ver, Cidadania e PV compõem a centro-direita tradicional, em meio a partidos como PSD, PSDB, MDB e que tais. Sou contra o PV participar da federação de esquerda, quer só levar vantagem.

Acho que as eleições de 2022 serão bastante difíceis, não podemos ficar de salto alto e nesse clima de já ganhou. Serão de suma importância para o porvir da nação.

Queria fazer um apelo aos amigos ciristas. Percebo que sumiram do blogue, não vejo mais os posts do Alan C, Miramar, Netho, Marco Vitis e muitos outros. Na minha opinião, Ciro cometeu uma série de grandes equívocos desde 2018. Que Ciro quisesse demarcar terreno contra Lula e o PT, que quisesse evidenciar a diferença de seu projeto para o do PT seria razoável, como também consigo entender que Ciro precisava se afastar e até tentar cooptar grandes nacos do PT para acabar com sua hegemonia em 2018. Para fazer prevalecer seu projeto, ele teria que derrotar e tirar o PT do lugar que ocupa de há muito. Porém, exagerou muito na dose. Não caiu bem xingar Lula de corruptor e de ladrão, entre outros epítetos, num momento em que o grande líder popular estava sendo vítima de lawfare e de um ataque diuturno por parte do PIG e do establishment. Ciro usou e abusou do lavajatismo e do udenismo, que foi utilizado ao longo da história não raro contra os trabalhistas, agora infelizmente está colhendo o que plantou, com requintes de crueldade. Ciro não reúne condições para bater chapa contra Lula, isso não é demérito para ele. A diferença de estatura entre os dois é gritante e só fez aumentar nos últimos tempos depois que os ataques forjados contra Lula vieram à tona, a grandeza do homem público só aumentou desde então.

O caminho das esquerdas foi apontado pelo saudoso Leonel de Moura Brizola no segundo turno de 1989. Essa lição foi inesquecível e nosso campo tem de marchar unido, apesar das legítimas divergências entre seus integrantes. Todos somos tributários de Brizola pelo que nos ensinou, ao abraçar o sapo barbudo depois de uma disputa renhida entre eles.

A nossa sorte é que estamos em 2022. Em nosso país, de 29 em 29 anos aparece um outsider com discurso moralista cujo governo se revela um desastre. Em 1960, Jânio Quadros apareceu com sua vassourinha para varrer a bandalheira. Em 1989, Collor surgiu caçando os marajás. Em 2018, Bolsonaro veio contra tudo isso daí, querendo destruir as instituições por dentro.

Ainda bem que Moro veio concorrer justamente nessas eleições, cuja campanha, se for adiante, será um fracasso ambulante. Moro não sabe se comunicar com o público, nem tem carisma, tem uma formação precária e não sabe nada do país. Moro representa a segunda via do bolsonarismo, porém é muito mais perigoso do que Bolsonaro, pois este ao menos sempre foi franco e honesto ao defender os maiores disparates, enquanto Moro é autoritário como seu rival, mas é dissimulado. Quem melhor definiu a duplinha de dois foi a conja: “Eu não vejo o Bolsonaro, o Sergio Moro. Eu vejo o Sergio Moro no governo do presidente Jair Bolsonaro, eu vejo uma coisa só.”

Um ponto que eu não poderia deixar de abordar é sobre a suposta chapa Lula-Alckmim. Raras vezes eu discordo do meu amigo Tiago Silva, como este é um caso desses, achei melhor expor meu ponto de vista. Depois de tudo que nós da esquerda sofremos desde 2015, é razoável que queiramos uma chapa puro-sangue, sem golpistas, pois fomos duramente atacados por todos os lados. No início, queria uma frente ampla de esquerda. O vice dos sonhos seria o Flávio Dino, o único em que vejo qualidades para substituir Lula no curto prazo. O outro que vejo nessa linha é o Boulos, mas está muito cru ainda. Para mim, Boulos é o herdeiro natural do Lula no longo prazo. Mas sejamos realistas, nem o Dino reivindicou esse lugar, pois sabe que pouco acrescenta à candidatura Lula, até mesmo por ser do Nordeste.

Por tudo que passamos, a questão do sucessor de Lula é de suma importância. A princípio, concordo que Alckmin pouco acrescenta em termos eleitorais. Que Alckmin é conservador, da Opus Dei, tem a questão Pinheirinho, tem a invasão das escolas estaduais etc. Concordo também com a Esther Solano, quando diz que essa chapa seria triste, ainda que necessária. Não obstante, vejo a chapa Lula-Alckmin como mais um sintoma da genialidade de Lula. Numa campanha em que ninguém se encontra, a tal terceira via não consegue dar um passo, o único fato que mexeu com a campanha foi essa união antes impensável entre Lula e Alckmin. Querem colocar Lula e Bolsonaro como extremos opostos, com essa chapa Lula está se retirando do lugar em que quiseram confiná-lo, com uma tacada de mestre. Como acusar de comunista quem compõe chapa com um católico fervoroso, conservador e de direita? Se Alckmin, não ajuda em termos eleitorais, colabora em muito para a governabilidade. Nós da esquerda precisamos nos libertar de algumas coisas e pensar pragmaticamente. Nos anos 60, tivemos uma atitude heroica ao combater a ditadura, mas chega a ser risível pensar que com aqueles gatos pingados se conseguiria mobilizar a sociedade e enfrentar os militares ante tanta assimetria. Espero que desta vez não prevaleça a máxima do Dr. Ulysses de que a legislatura seguinte é sempre pior do que a anterior, mas de antemão podemos afirmar que seremos minoria e que a direita continuará dominando o Congresso. Convenhamos, é melhor estar ao lado de Alckmin do que de Valdemar Costa Neto ou Maluf.

Talvez se no primeiro governo Lula tivéssemos nos aliado ao PSDB e não ao Centrão, quem sabe a história não teria sido diferente. De lá para cá o PSDB foi cada vez mais para a direita. Se tivéssemos composto, feito acordos em alguns pontos, quiçá teria sido melhor do que termos nos aproximado do Centrão para governar. Não sejamos inocentes nem moralistas, quem governa no Brasil, para aprovar seus projetos, precisa dos votos do Centrão. O Brasil tem um problema político estrutural que não será resolvido com demagogia nem com super-heróis, haja vista Sergio Morto. Lula agiu certinho no seu governo, indo pela via adequada de fortalecer as instituições de controle (CGU, PF, MPF etc.), as quais por fazerem parte da elite do atraso perseguiram o líder que mais forneceu condições para elas atuarem. Também não há como deixar de negociar com deputados e senadores, muita vez só preocupados com seus próprios interesses, pois faz parte da liturgia do cargo e Lula é mestre na arte conciliatória.

Alckmin é conhecido como um político sério, cumpridor de acordos e segundo consta foi dos últimos a aderir ao impeachment de Dilma. A princípio, é confiável, até prova em contrário. Pelo lado de Alckmin, a chapa também é bonita de se ver. Alckmin foi candidato a presidente em 2018 e teve pouquíssimos votos. Um dos seus maiores erros foi ter escolhido Dória como sucessor. Dória aderiu a Bolsonaro e o largou na mão. Este ano, Dória procurou Alckmin para dizer que achava mais adequado que ele concorresse para deputado federal, não só o vetando para governador para emplacar o neófito Rodrigo Garcia como também para o senado. Alckmin engoliu seco e calado. Ser vice-presidente e ocupar um cargo mais elevado é sua volta por cima. Alckmin vai dar o troco em Dória em grande estilo e ainda vê-lo amargar uma votação mais reduzida do que Geraldo teve em 2018. A contragosto, sou obrigado a concordar com Eliane Catanhêde, ao afirmar que: “Você não pode desprezar a genialidade política do ex-presidente Lula. Ele realmente tem uma capacidade de compreensão de jogo político impressionante”.

Quando me dirigi aos progressistas no começo do texto foi porque numa eleição disputada entre Haddad e Bolsonaro, que sempre deixou claro a que veio, nunca fez a menor questão de esconder, quem se omitiu, votou em branco, votou nulo e não foi votar porque não quis, merece ser chamado na responsa com todas as letras: você não é apenas um isentão, você é cúmplice de genocida, suas mãos estão manchadas de sangue!

Seria bom se tivéssemos o nosso Boric, mas seu nome medrou nas megamanifestações de 2011. Nossa realidade é distinta, como diria Paulinho da Viola necessitamos de “um velho marinheiro que durante o nevoeiro leva o barco devagar”. A eleição de 2022 será um divisor de águas, a mais importante de todas. Não será simplesmente uma briga entre esquerda e direita. Será uma questão de vida ou morte para um país que mostra enorme dificuldades de cumprir a sua sina de país do futuro. O objeto de disputa no ano que vem se dará entre civilização e barbárie! Por isso, conclamo todos os progressistas a apoiarem possivelmente a chapa Lula-Alckmin para resgatar nossa democracia de uma vez por todas, por meio de uma convivência pacífica entre os contrários, mas sem deixarmos de nos mobilizar para acabar com a miséria e reduzir a desigualdade social.

Finalmente podemos vislumbrar uma luz no fim do túnel. Boas festas a todos!

Kleiton

20/12/2021 - 17h06

As pesquisas de rua que a gente vou durante as manifestações de setembro são alinhadas com essas “pesquisas”…?


Leia mais

Recentes

Recentes