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AEPET: O Plano Estratégico da Petrobrás é míope, irrealista e negligente

AEPET – O Plano Estratégico da Petrobrás é míope, irrealista e negligente, compromete o futuro da empresa e a segurança energética nacional, não garante o abastecimento de combustíveis, petroquímicos e da energia elétrica aos menores custos possíveis para promover o crescimento econômico e o progresso social. O Plano Estratégico da Petrobrás é baseado no pressuposto […]

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Imagem: Divulgação

AEPET – O Plano Estratégico da Petrobrás é míope, irrealista e negligente, compromete o futuro da empresa e a segurança energética nacional, não garante o abastecimento de combustíveis, petroquímicos e da energia elétrica aos menores custos possíveis para promover o crescimento econômico e o progresso social.

O Plano Estratégico da Petrobrás é baseado no pressuposto de que petróleo é uma mercadoria como outra qualquer, que o petróleo é um recurso fóssil que será substituído no médio prazo e sofrerá forte redução de demanda nos próximos 28 anos.

Baseado numa visão equivocada e de curto prazo, propõe a exploração acelerada das reservas nacionais, a exportação de petróleo cru, e uma visão parasitária e financista de maximizar a distribuição dos dividendos não recorrentes de forma imediata para seus acionistas.

O Plano da Petrobrás reduz investimentos na procura (exploração) de petróleo porque considera que reserva é um estoque, e estoque deve ser minimizados porque imobiliza capital. Considera que investimentos em refino e petroquímica não geram retorno financeiro e dividendos no curto prazo.

O plano estratégico da Petrobrás reduz investimentos em pesquisa e desenvolvimento, dissimulando as suas obrigações de desenvolvimento em transformação digital.

O professor Julian Allwood (*), da Universidade de Cambridge, ressalta que escalar as soluções reais é a única coisa que importa quando discutimos planos para mitigar as mudanças climáticas.

Segundo ele, o Acordo de Paris concluiu, em seu relatório, que a substituição do sistema de combustível fóssil existente (petróleo, gás e carvão), usando tecnologias renováveis e eletrificação da sociedade, não serão viáveis para toda a humanidade. Simplesmente, não há recursos para fazer a substituição total.

Em um cenário ambiental de deterioração que precisa de ações imediatas, num momento de um sistema financeiro frágil e saturado de dívidas, com energia muito cara, com minerais insuficientes, com países em diferentes condições econômica e sociais e com uma população gigantesca inserida na pobreza, a COP26, em Glasgow, foi um fracasso total, destaca professor Allwood, porque durante toda a reunião baseou-se na ficção de que a tecnologia resolverá o problema das mudanças climáticas, e que o desenvolvimento tecnológico necessário poderia ser alcançado até 2050.

Este pressuposto impediu qualquer discussão sobre as soluções reais que requerem políticas globais, restrições específicas a uma série de atividades nos países ricos e discussões técnicas realista de como podemos escalar rapidamente as soluções tecnológicas.

Desta forma, o plano estratégico da Petrobrás deveria focar nos desenvolvimentos tecnológicos alcançáveis e escaláveis como oportunidades de novos negócios e perenidade, com o objetivo de abastecer o Brasil com energia, petroquímicos e fertilizantes aos menores custos possíveis.

O plano estratégico não considera a oportunidade de adicionar a produção da energia elétrica para, com os combustíveis de origem fóssil, abastecer a frota de veículos elétricos, híbridos e convencionais.

É necessária capacidade extra de geração de eletricidade para carregar as baterias da frota brasileira dos 75 milhões de veículos, aproximadamente. Como a geração nacional de eletricidade em 2018 foi de 588 TWh, estima-se que para viabilizar a adoção do carro elétrico no Brasil, é necessária uma capacidade extra de 67% de toda a capacidade existente de geração elétrica.

Para substituir gradualmente os combustíveis fósseis, tanto a energia consumida na indústria quanto no transporte, teremos que projetar, reformular e reconstruir o sistema elétrico do Brasil. Temos que desenvolver um sistema elétrico híbrido, integrado vertical e nacionalmente, com usinas fósseis e não fósseis.

Isso exigirá mais energia do que nunca, a indústria de petróleo deve se transformar na indústria integrada de combustíveis, biocombustíveis, da energia, petroquímicos e de fertilizantes para ter papel protagonista para as necessárias mudanças da matriz energética, com capacidade para elevados investimentos e desenvolvimento tecnológico.

Segundo o relatório do Professor Simon Michaux do Geological Survey of Finland GTK, considerando que a energia elétrica gerada a partir de fontes solares e eólicas são intermitentes, tanto em um ciclo de 24 horas quanto em um contexto sazonal, cálculos primários mostram que para substituir uma única usina movida a carvão de tamanho médio (860 MW de capacidade instalada), seriam necessárias 213 usinas solar fotovoltaica de tamanho médio (33 MW de capacidade instalada). Da mesma forma, pode-se calcular que seriam necessárias 87 usinas eólicas de turbinas de tamanho médio (capacidade instalada de 37,2 MW).

Interpolando os números do Professor Michaux para o Brasil, a capacidade anual total adicional de energia elétrica não fóssil a ser adicionada à rede no Brasil precisará ser em torno de 80,2 TWh, então isso se traduz em 472 novas usinas extras para substituir a capacidade instalada atualmente.

Considerando o número de usinas individuais de painéis solares, usinas de turbinas eólicas, usinas nucleares, usinas hidrelétricas e usinas de energia de biomassa para fornecer a exigência adicional de energia para eletrificação da frota nacional de veículos de transporte, o sistema de geração de energia elétrica não fóssil existente (508 TWh) teria que se expandir 2 vezes a capacidade existente.

Porém, cada um dos sistemas de combustíveis não fósseis tem limitações práticas para a expansão, por exemplo, as usinas eólicas e hidroelétricas necessitam de condições geográficas e logística de transmissão muito específicas para que sejam viáveis economicamente.

Segundo o relatório finlandês, a produção de biocombustíveis e biomassa é competitiva com a indústria de alimentação humana. Os sistemas que produzem o suprimento mundial de alimentos são muito dependentes de combustíveis fósseis. Alimentar a população global de 2021 de 7,9 bilhões de pessoas, sem fertilizantes derivados de combustíveis fósseis, exigiria metade de toda a terra livre de gelo do planeta, em vez dos 15% da terra arável usada atualmente. Aproximadamente 9% da demanda global de gás é usada para produzir amônia para a fabricação de fertilizantes.

Em resumo, o plano de estratégico da Petrobrás ignora que fertilizantes petroquímicos e defensores agrícolas são necessários para garantir um nível constantemente alto da produção de alimentos.

Esses produtos de origem fóssil serão cada vez mais necessários não só para atender à demanda alimentar mundial, mas também para a produção de biomassa para geração de energia elétrica e biocombustíveis para veículos de transporte.

Atualmente, para cada caloria dos alimentos consumidos, há 10 calorias de energia fóssil consumidas para produzir e entregar esse mantimento.

Grandes quantidades de produtos petrolíferos são utilizados como matérias-primas e energia na fabricação de fertilizantes e defensivos, é fundamental dispor de energia barata e prontamente disponível em todas as etapas da produção de alimentos, biomassa e biocombustíveis: desde plantio, irrigação, alimentação e colheita, até processamento, distribuição e embalagem.

O plano estratégico da Petrobrás não prevê investimentos no desenvolvimento de novos produtos, biocombustíveis e ignora oportunidades de negócios na petroquímica.

Definitivamente, o plano da Petrobrás proposto pelos dirigentes e conselho de administração atuais não atende aos anseios do povo brasileiro, e atende apenas aos apetites parasitários de poderosos, apesar de poucos e temporários acionistas minoritários.

É necessária uma reformulação do plano estratégico da Petrobrás, com discussões técnicas realistas de como podemos desenvolver e escalar opções tecnológicas e apontar soluções reais.

A AEPET defende um plano com fortes investimentos na procura (exploração) de petróleo para recomposição e crescimento das nossas reservas, redução significativa da exportação de petróleo cru, investimentos na geração de energia elétrica em consórcio com as fontes primárias não fósseis e desenvolvimentos de novos produtos para aproveitamento de carbono, desenvolvimentos de biocombustíveis, petroquímicos e fertilizantes.

O plano estratégico deve buscar a integração vertical e nacional da Petrobrás, com a garantia da perenidade da empresa. A Petrobrás deve objetivar o abastecimento nacional de combustíveis, biocombustíveis, energia elétrica, petroquímicos e fertilizantes, aos menores custos possíveis, e assim promover o desenvolvimento econômico e social brasileiro.

Assessment of the Extra Capacity Required of Alternative Energy Electrical Power Systems to Completely Replace Fossil Fuels – Simon P. Michaux – GEOLOGICAL SURVEY OF FINLAND –https://tupa.gtk.fi/raportti/arkisto/42_2021.pdf 

(*) Julian Allwood – Technology will not solve the problem of climate change – https://www.ft.com/content/207a8762-e00c-4926-addd-38a487a0995f

Direção da AEPET
Janeiro de 2022

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