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Lavareda analisa última pesquisa Ipespe/Abrapel antes da eleição

Por Antonio Lavareda O que deve ser especialmente destacado nesse levantamento realizado ontem, sexta feira, sobre a eleição de amanhã, domingo?  LULA SE MANTÉM, BOLSONARO DECLINA E TERCEIRA VIA SE RECUPERA  Lula aparece na questão estimulada com 49% dos válidos; Bolsonaro com 35%; Ciro tem 8%; Tebet com 7%; Soraya e Padre Kelmon têm 1% […]

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Imagem: Divulgação

Por Antonio Lavareda

O que deve ser especialmente destacado nesse levantamento realizado ontem, sexta feira, sobre a eleição de amanhã, domingo? 

LULA SE MANTÉM, BOLSONARO DECLINA E TERCEIRA VIA SE RECUPERA 

Lula aparece na questão estimulada com 49% dos válidos; Bolsonaro com 35%; Ciro tem 8%; Tebet com 7%; Soraya e Padre Kelmon têm 1% cada, e os demais não pontuaram. Em relação à rodada anterior, sobre os VOTOS TOTAIS, Lula manteve seu percentual, Bolsonaro recuou 2 pontos, Ciro cresceu 1, Simone subiu 2 pontos, Soraya e o Padre Kelmon surgem com 1 ponto cada, e o número dos que “não sabem” é de apenas 1%. Considerando-se a margem de erro (3 ptos), Lula poderia ter, se a eleição fosse ontem, de 46% a 52% dos válidos. No 2º turno, Lula cresceu 1 ponto nos totais, e Bolsonaro ficou estabilizado. Nos votos válidos, o placar é Lula, 59% X Bolsonaro, 41%. 

PESQUISA NÃO É PROGNÓSTICO

Sempre insisto nesse tópico. Pesquisas fazem fotografias de momentos, medem atitudes, opiniões, mostram tendências, mas não medem comportamento (só as de boca de urna conseguem fazê-lo) e portanto não são prognósticos. Por quê?

Porque sistemas pluripartidários, gerando diversas candidaturas como o nosso, abrem espaço para o voto estratégico (voto útil) inclusive no último minuto. Movimento que pode ocorrer até amanhã, incentivado pelas pesquisas publicadas hoje.

Além disso, a obrigatoriedade do voto, gerando a ocultação de parte expressiva desse comportamento nas entrevistas, torna impossível retratar a abstenção, que não se verifica homogeneamente nos grupos sociais e, por conseguinte, afeta de forma diferenciada os candidatos.

Desse modo, quanto maior for a abstenção, mais afetará negativamente a votação do ex-presidente, beneficiando Bolsonaro. Que fatores poderão ajudar Lula? Dois principais: O primeiro deles, como foi dito, seria uma abstenção reduzida; o segundo, o efeito eventual de uma espécie de “pressão social” pelo voto útil, objetivando que a campanha se encerre nesse primeiro turno. Cresceu e chegou a 75% a preferência para que a eleição termine amanhã. Esse sentimento alcança 54% dos eleitores de Ciro e 63% dos de Tebet. 

DEBATE INSANO. 

Regra estapafúrdia, que obriga a presença de candidatos sem nenhuma competitividade, transformou o último Debate da campanha em um autêntico circo. Mas o circo, dada a enorme repercussão que teve (77% declararam que o assistiram no todo ou em parte ou “ouviram falar”), alcance aliás antecipado pelo Termômetro da semana passada, teve efeitos visíveis ou “ouviram falar”, nessa pesquisa.

Do ponto de vista do desempenho, em nada contribuiu para os 2 líderes. Ele “ajudou” sobretudo os candidatos menos competitivos. No cômputo total, entre os 77% expostos ao evento, no quesito sobre melhor desempenho os líderes ficaram bem abaixo de suas intenções de voto, mas a 3ª via se sobressaiu.

Lula vem à frente com 30%; Bolsonaro em seguida com 22%; Tebet, com 14%; Ciro Gomes, 7%; Padre Kelmon, com 3%; Felipe e Soraya com 2%. As consequências disso são mais complexas. Para 17% dos eleitores de Lula quem teve melhor desempenho foi Simone Tebet; o Padre Kelmon foi citado nessa condição por 9% dos eleitores de Bolsonaro.

Mas 23% dos eleitores de Ciro apontaram Lula como tendo melhor performance, e 13% dos de Simone mencionaram Bolsonaro. O saldo líquido desses movimentos pode ter sido responsável pelas últimas alterações nas curvas de intenção de voto até o dia de ontem.

Cerca de 3% disseram que depois dele haviam resolvido não votar em ninguém; 2% eram indecisos e escolheram um candidato; e 1% assumiram ter mudado de candidato. Para 76% o Debate apenas reforçou suas escolhas anteriores.

É O SOCIAL, ESTÚPIDO

A agenda da população revelada nessa última pesquisa antes do 1º turno manda um recado muito claro para o próximo presidente. A prioridade está na dimensão social. Temas dessa esfera concentram 56% das menções; aspectos econômicos pontuam 31%; combate à violência, 5%; corrução, tão mencionado na campanha do incumbente, 5%; e meio ambiente, 2%.

Todos já repetimos em algum momento o bordão cunhado por James Carville em 1992 (eleição de Clinton/EUA): “É  a economia, estúpido”. Ocorre que ele não serve para explicar a eleição brasileira desse ano. Sempre explicou antes? Nem sempre. Em 1989, foi a deslegitimação do sistema político após o Plano Cruzado 2 que abriu espaço para a vitória de Collor, e em 2018 foi mais a Lavajato e menos a economia que explica o triunfo do outsider Bolsonaro.

A Pandemia ficou para trás, mas deixou efeitos duradouros. Entre eles, agravou e deu visibilidade inédita às chagas sociais do país. Os temas educação, saúde e fome atingem, no conjunto, 59% dos eleitores de Lula, que fez campanha orientada nessa direção, mas também vêm em primeiro lugar entre os apoiadores de Bolsonaro, com 50% das menções. 

QUE ELEIÇÃO? 

Do ponto de vista político, há um largo consenso de que o pleito cujo turno inicial se dará amanhã, é um teste de resiliência da institucionalidade da Nova República. Mas quando analisado na perspectiva dos sentimentos do  eleitorado, várias conceituações são oferecidas.

Acredito que essa não é nem a  “eleição da rejeição”, nem a “eleição da polarização”, nem mesmo “a eleição do ódio”. Esses epítetos, entre outros, não tocam no aspecto principal. Todos são tributários da excepcional singularidade do enfrentamento entre incumbente e ex-mandatário.

Os dois sendo os únicos líderes nacionais de massa dos últimos 20 anos. Antípodas. Admiração consolidada, rejeição cruzada. Essa eleição é na verdade uma “batalha de avaliações”.

Onde as respectivas Aprovações (Lula, 56% X Bolsonaro, 36%) definem seus limites eleitorais. E onde a Desaprovação de cada um (Lula, 34% X Bolsonaro, 54%) explica parte substancial das rejeições respectivas (Bolsonaro, 56% x Lula, 46%). Lembrando que essas taxas de rejeição são identificadas na pergunta de probabilidade de voto.

ESPERANÇA E CONFIANÇA

Na hierarquia de emoções que a campanha presidencial de 2022 despertou os sentimentos positivos prevalecem com folga. Totalizam 63% como primeira menção enquanto os negativos são só a metade (32%). Nos Top 3, Esperança encabeça o ranking com 36%, seguida de Preocupação (15%) e da Confiança (16%). Dados que desmentem avaliações superficiais de que essa teria sido a eleição do Medo (citado por apenas 4%) ou do Desânimo (2%).

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