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Elias Jabbour: Biden e suas intenções, “mais do que palavras”

Por Elias Jabbour Xi Jinping voltou à ativa no cenário internacional após o vitorioso 20º Congresso do Partido Comunista da China (PCCh) e alívio às restrições impostas pela correta política de Covid Zero. É claro que a legitimidade que um terceiro mandato, e o grande prestígio que recebe do povo chinês, impõe ao mandatário chinês […]

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Crédito: AFP

Por Elias Jabbour

Xi Jinping voltou à ativa no cenário internacional após o vitorioso 20º Congresso do Partido Comunista da China (PCCh) e alívio às restrições impostas pela correta política de Covid Zero. É claro que a legitimidade que um terceiro mandato, e o grande prestígio que recebe do povo chinês, impõe ao mandatário chinês operar a agenda internacional do país. O primeiro grande palco foi a reunião do G-20 onde foi a grande estrela: oito reuniões bilaterais.

Atualmente a China é o principal parceiro comercial de 140 países do mundo e a promotora de uma ampla “globalização alternativa” via exportação de imensos bens públicos para mais de 100 países no âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota. É a resposta chinesa à globalização financeira imposta pelo imperialismo aos povos cujos resultados tem sido mais guerras, fome e fosso social entre ricos e pobres no mundo.

Nesta cúpula a mais esperada reunião foi com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Tratou-se do primeiro encontro entre ambos desde que o presidente chinês alcançou seu terceiro mandato à frente do PCCh e Biden chegou à presidência dos EUA. Anterior a esta reunião, analistas internacionais faziam suas apostas sobre seu desfecho.

No chamado “Ocidente” uma aposta sem nexo na necessidade da China ser enquadrada nas chamadas “regras internacionais”. Na verdade, o primeiro país do mundo a ter de seguir alguma regra internacional deveria ser os Estados Unidos.

Em um encontro de mais de três horas, uma série de pautas foram discutidas. Como nos informou Marco Fernandes em artigo ao Brasil de Fato (1), este encontro “acontece em meio à escalada de tensões entre ambos os países, que se agravaram desde a visita de Nancy Pelosi à Taiwan, o aumento das sanções da Casa Branca que bloqueiam o acesso da China aos chips de última geração com tecnologia estadunidense e discursos mais agressivos do alto escalão diplomático e militar de Washington sobre uma suposta ameaça de ‘invasão chinesa’ a Taiwan”.

Nesta reunião Xi Jinping afirmou os princípios básicos da diplomacia chinesa. Por exemplo, expôs que a atual situação das relações entre China e EUA não interessam a ninguém no mundo e que as relações entre os países não podem se basear em um jogo de “soma zero”, onde um ganha em detrimento da derrota do outro.

Biden, de forma objetiva e positiva, respondeu que os EUA não querem uma nova guerra fria com a China, não buscam revitalizar alianças contra Pequim e não tem intenção de conter o país asiático. É positiva essa sinalização entre os presidentes das duas principais economias do mundo. A questão é: devemos levar ao pé da letra estas declarações de Biden?

Acredito que não. Os motivos são variados. Por exemplo, desde sua independência (1776) a política interna do imperialismo estadunidense gira em torno de questões externas. Ou seja, a guerra é parte fundamental não somente da política estadunidense, mas também da própria popularidade do ocupante da cadeira de presidente.

Neste sentido, é impossível acreditarmos que um país em crise econômica e social como os Estados Unidos iriam abrir mão, seja do mercado taiwanês de armas, seja do bloqueio assassino que empregam contra países como Cuba.

Atualmente existe uma disputa que polariza a própria política partidária dos Estados Unidos. Republicanos e democratas não disputam programas de governo ou meios e maneiras de diminuir o abismo social entre ricos e pobres no país. A pauta é saber quem é mais antiChina.

Assim, pouco vale as palavras de um presidente ou mesmo de um secretário de Estado diante de quem realmente exerce o poder nos EUA. Neste momento Biden pode estar pensando nos efeitos da inflação galopante em seu país e o papel do embargo à China no agravamento da crise econômica do país. Mas no final das contas o presidente dos EUA tende a ficar preso em uma agenda ideológica e atrasada.

O que interessaria neste momento a ambos os países? Uma competição em um ambiente de cooperação. O mundo teria muito a ganhar com essa possibilidade. Talvez a própria humanidade, tendo em vista o drama do aquecimento global e da fome, seria salva. Mas o ponto é: uma política desta não é parte do DNA da forma como os Estados Unidos operam seu poder dentro e fora de seu país.

A realidade demanda hoje por parte de Biden e seu país muito mais do que palavras.


(1)  Análise: Xi, Biden e as duas bombas-relógios da Casa Branca. Brasil de Fato. 20/11/2022.

Elias Jabbour é professor associado da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ganhador do Special Book Award of China 2022. Artigo produzido em colaboração com a Rádio Internacional da China.

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Comentários

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EdsonLuíz.

26/11/2022 - 00h48

Se o repost abaixo tivesse um título ele deveria ser : “Qual é, Elias Jabbour?

EdsonLuíz.

26/11/2022 - 00h35

Li este texto. Fiz um esforço e li.
É um texto lamentável!
Mas antes de ser lamentável é um texto esquisito e mágico.

Gostaram do ‘mágico’, não é?

Mas não é um texto mágico por revelar alguma verdade para o futuro ; alguma verdade mágica que sairá voando da cartola do autor, o Elias Jabbour.

A mágica do texto está não em transportar o leitor para vislumbrar o futuro, mas, isso sim, para retroceder ao triste passado stalinista, hoje em uma versão que assume menos (ou esconde) o Stalin, e cultua como Mito outros ditadores, como o culto a Xi Jiping.

Pior: a mágica sinistra deste texto faz voltar ao passado stalinista confuso de stalinistas pós–Krustschov, que romperam com a União Soviética por a federação liderada pela sanguinária Rússia ter feito uma revisão dos crimes de Stalin e do culto ao personalismo a que Stalin obrigava.

Aqueles super-ortodoxos stalinistas, ao romperem com a União Soviética na metade da década de 60 do século passado,, se aproximaram de Mao Tsé-Tung e da China, em um primeiro momento, e com mudanças que ocorreram na China no sentido de um comunismo com menos ortodoxia proposto por Deng Xiaoping, trocaram mais uma vez de Mito, abandonaram a China e adotaram Enver Hoxha, ditador da Albânia, como Mito..

Eta gente que gosta de Mitos!
Mas para eles tem que ser Mito fundamentalista de esquerda ou Mito fundamentalista de direita.

E assim, eles vão pulando de Mitos e passam de Stalin para Mao Tsé-Tung, de Mao Para Enver Hoxha e chegam até a…

…Xi Jimping, o atual ditador da China.

E o que está fazendo Xi Jiping e que tanto sucesso isso faz entre ortodoxos comunistas?

Quando Mao Tsé Tung morreu, acho que em 1976, um pouco mais à frente assumiu o poder na China Deng Xiaoping.

Deng era pragmático e, em meio a tanto atraso e fome na China depois de anos da alucinação anticapitalista do regime, sob o pragmático responsável Deng Xiaoping a China iniciou a adoção do capitalismo na economia chinesa.

Façamos as contas : 2022-1976=46anos.

Isso! Menos de 50 anos de capitalismo!

Com a aplicação do capitaljsmo na economia da China, a ditadura chinesa conseguiu retirar da pobreza aproximadamente 850Milhões de pessoas.

Formidável, não é?

O capitalismo integral, sendo parte da cultura humanista e de suas virtudes inerentes —o progressismo, a democracia e suas essencialidades— que surgiu com o 1° renascimento, nos séculos 14 a 16, libera energias produtivas e promove progresso material cumulativamente e de forma vigorosa, se não sofrer obstáculos e interdições por forças atrasadas e obscurantistas.

E promove mais. Muito mais!

O caso da adoção do capitalismo pela China na economia, ainda que mantendo um regime autoritário e opressor, mostrou que mesmo nessas condições o Modo de Produção Capitalista e sua Órdem jurídico-política e ideológica promove grande progresso material.

Mas a cultura humanista, sua democracia e seu progressismo têm de fato um objetivo maior que melhorar as condições materiais de vida na sociedade. O objetivo mais importante do humanismo, e, portanto, do capitalismo, é emancipar o ser humano, permitindo que ele construa autonomia e busque realizar sua humanidade.

Marx entendia esse propósito perfeitamente. As reflexões de Marx se deram dentro da cultura humanista. Seu exercício estupendo de reflexão era uma crítica que fazia algumas autópisias importantes do capitalismo, autópsias feitas com o capitalismo ainda fresco, vivo e bem juvenil. O capitalismo ainda é juvenil. O tempo e o amadurecimento, se coisas escabrosas como Xi Jimping e Vladimir Putin não impedirem e destruírem, vão levar a que o desenvolvimento do capitalismo dê surgimento a novo Modo de Produção, melhorado das contradições que a lógica capitalista excludente engendra.

O capitalismo já amadureceu bastante em vários países : já é relativamente maduro na Bélgica, na Holanda, na Suiça, Suécia, Finlândia, Dinamarca e, com maior ou menor desenvolvimento, vai avançando a democracia, o progressismo, o desenvolvimento científico, técnico e material e as possibilidades de autonomia e emancipação aonde o deixam avançar ; e se retarda ou até retrocede aonde o anticapitalismo cria obstáculos.

Ao ficar livre de Mao Tsé-Tung e com o pragmatismo de Deng Chiaoping e o uso do capitalismo na economia, a China trilhou um largo caminho nos campos científico, técnico e material, embora falte à China a democracia e o progressismo para avançar na permissão para que as pessoas adquiram liberdade e autonomia e consigam ter chance de realizar sua humanidade.

▪Alguém vai conseguir autonomia sob a opressão de uma ditadura?
▪Alguém vai ter liberdade sob uma ditadura?
▪Alguém vai conseguir espaço para a individuação necessária à realização de sua humanidade vivendo dentro de um regime opressor?

Não! Certamente a opressão, o arbítrio, a falta de liberdade nada contribuem para a emancipação humana.

Pois Xi Jiping tem imposto vários retrocessos políticos na China.

Os avanços que os líderes chineses inspirados em Deng Chiaoping e a partir dele lideraram estão sendo apagados e a China está vivendo um retrocesso político sob o atual ditador Xi Jimping.

O mundo livre e progressista (verdadeiramente progressista), os Estados Unidos e a Europa à frente, estão com a necessidade de repensar as relações de contribuições, intercâmbios e acolhimentos que propiciam à China participar do capitalismo e, melhorando sua economia, melhorar a vida das pessoa.

A China não vai ser tratada como inimiga de uma hora para outra. Aquele país antigo e maduro terá tempo para repensar se quer se integrar de verdade ao capitalismo e a relações multilaterais saudáveis ou se quer ser visto como ameaça às liberdades, à democracia, ao progressismo e ao mundo livre.

Nenhum progressista quer ver qualquer país, tenha ele alguns milhares de habitantes, tenha ele 1,5Bilhão de habitantes, ameaçar países democráticos como a Ucrânia ou Taiwan.Quanto mais ver ameaçar o progressismo e a liberdade no mundo todo!

Edson Luiz Pianca.
edsonmaverick@yahoo.com.br

Paulo

25/11/2022 - 21h40

A questão toda, para a geopolítica internacional, gira em torno de dominância e poder. Para o povo, gira em torno de liberdades. Teríamos, antes de dar razão a China, que indagar de taiwaneses e cidadãos de Hong Kong o que eles preferem…E, por que não, de cidadãos cubanos, venezuelanos. Nenhum ensino professoral pode preferir à genuína e simples opinião popular…


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