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Pesquisa Quaest mostra que interesses do ‘mercado’ vão contra os da população, diz economista

Instituto ouviu 82 executivos dos maiores fundos de investimentos do país, que desconfiam dos rumo do governo Publicado em 15/03/2023 – 17h25 Por Vinicius Konchinski – Brasil de Fato – Curitiba (PR) Brasil de Fato — Oitenta de 82 executivos de grandes fundos de investimentos do país acreditam que a política econômica do país está […]

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Wilfredor/WikiCommons CC0/Direitos Reservados

Instituto ouviu 82 executivos dos maiores fundos de investimentos do país, que desconfiam dos rumo do governo

Publicado em 15/03/2023 – 17h25

Por Vinicius Konchinski – Brasil de Fato – Curitiba (PR)

Brasil de Fato — Oitenta de 82 executivos de grandes fundos de investimentos do país acreditam que a política econômica do país está indo na direção errada. Isso é o que aponta uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (15) pelo instituto Quaest, patrocinada pelo banco Genial.

O levantamento foi o primeiro realizado pelo instituto para medir a opinião do chamado mercado financeiro sobre política e economia. Revelou o extremo pessimismo e a desconfiança da classe com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de uma simpatia do segmento com políticos de direita e extrema-direita.

A pesquisa mostrou ainda que a opinião do dito mercado financeiro difere de forma contundente da opinião da população em geral.

Segundo o Quaest, 40% da população consideram o governo de Lula positivo; entre os executivos, esse percentual é zero. No mercado, 90% consideram o governo negativo; na opinião pública, são 20%.

No mercado financeiro, 94% confiam pouco ou nada no presidente Lula. Entre os executivos, 40% confiam muito no governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); 41% confiam muito no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL); e 68% confiam muito em Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC) nomeado por Bolsonaro.

Campos Neto tem sido criticado por Lula por conta de sua gestão no BC, que levou o Brasil a ter a taxa básica de juros reais mais alta do mundo – 13,75% ao ano. Segundo Lula, isso atrapalha o crescimento do Brasil, a geração de empregos e de renda.

Para 59% dos executivos ouvidos, 13,75% é a taxa ideal para o país.

Mercado vs Brasil

Para o economista Daniel Conceição, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os resultados da pesquisa Quaest relevam como os “interesses dos grandes operadores do mercado financeiro são contrários aos interesses da maioria da população”.

“Para quem vende empréstimos, o ideal é que a renda do cidadão médio esteja sempre deprimida, de modo que ele precise sempre recorrer a empréstimos. Para quem especula, não pode haver estabilidade macroeconômica e financeira porque isso elimina as oportunidades de ganhar com variação de preços”, afirmou Conceição.

Segundo o professor, é por fazer oposição aos juros altos, por exemplo, que esses executivos criticam Lula e seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). A gestão de Haddad é negativa para 38% e positiva por 10%.

André Roncaglia, economista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também vê “interesse de classe” na avaliação do mercado financeiro sobre o governo.

Já Mauricio Weiss, economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), disse que a pesquisa demonstra como a visão de mundo dos executivos de mercado é parecida e limitada.

“Eles têm essa visão de economia neoclássica que só olha para o lado de custos. É lamentável”, disse Weiss.

O economista Miguel de Oliveira, diretor-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), afirmou que há dúvidas entre o mercado sobre o compromisso do governo com as contas públicas e quanto a sua capacidade de aprovar seus projetos no Congresso Nacional. Ainda assim, ela acha que isso não justifica um pessimismo como o expressado na pesquisa da Quaest.

“O mercado já via Lula como ruim ainda antes das eleições”, ressaltou. “Tecnicamente, não há uma explicação para tanto pessimismo.”

Edição: Nicolau Soares

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Alexandre Neres

16/03/2023 - 00h18

Perfeito, Paulo!

Aqui nesse Portal tem um economista que desbanca Paul Krugman e Joseph Stiglitz, ambos ganhadores do Nobel de economia, com suas teses rocambolescas. Explica tudo, é um profeta do acontecido. SQN

Como Greta Garbo terminou no Irajá, ele acabou abraçado com o Posto Ipiranga, sem jamais criticá-lo.

É adorador do deus-mercado. Quer que sigam os axiomas econômicos, baseado em modelinhos econométricos, pouco importando quantas vidas serão ceifadas para atingir tal intento.

No passado, diz ele ter sido progressista. Que fique bem claro: eurocomunista! Embora nascido e criado na praia, na Santa Catarina do Sudeste, não curte sol, cerveja, corpos morenos e bem torneados, essas coisas existentes nos trópicos que em sua visão impedem que uma nação exerça todas as suas potencialidades, aí incluída a racionalidade.

Paulo

15/03/2023 - 21h56

Economistas não gostam de Lula por razões classistas (ou assim percebidas pelos mesmos). Eu não gosto de Lula por razões políticas, mas reconheço que, em matéria econômica, ele tenta acertar, ao menos…Eu nunca vou me solidarizar com as teses privatistas desses economistas, mas reconheço valor na iniciativa privada…Em outras palavras, eu sou uma contradição em termos…

Paulo

15/03/2023 - 21h52

E a política, estúpido! Economia é ciência?


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