Menu

MP-SP recorre da absolvição de vereador em caso de racismo

O Ministério Público de São Paulo recorreu contra a decisão que inocentou o vereador Camilo Cristófaro da acusação de racismo. Em maio do ano anterior, durante uma sessão de CPI na Câmara Municipal, ele foi gravado dizendo “não lavaram a calçada, é coisa de preto”. A declaração foi capturada pelo sistema de áudio, resultando na […]

sem comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
Imagem: Afonso Braga/Câmara Municipal de São Paulo

O Ministério Público de São Paulo recorreu contra a decisão que inocentou o vereador Camilo Cristófaro da acusação de racismo. Em maio do ano anterior, durante uma sessão de CPI na Câmara Municipal, ele foi gravado dizendo “não lavaram a calçada, é coisa de preto”. A declaração foi capturada pelo sistema de áudio, resultando na interrupção da reunião.

Há de dez dias, o juiz Fábio Aguiar Munhoz, em uma instância inicial, considerou que a declaração do vereador foi tirada de contexto, sendo interpretada como uma “brincadeira, de pilhéria, mas nunca de um contexto de segregação, de discriminação ou coisa que o valha”.

O juiz ressaltou que a acusação precisa fornecer, nos registros oficiais do processo, não apenas a declaração do vereador, mas também comprovar a intenção consciente de praticar qualquer forma de discriminação.

O promotor Pedro Henrique Pavanelli Lima, pertencente ao Grupo Especial de Combate a Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi), argumenta que a declaração é racista, independentemente da maneira como se interpreta a intenção do vereador. Segundo ele, a lei não contempla a ideia de que alguém escape da responsabilidade por não ter a intenção de ofender, já que a natureza racista da fala se mantém presente de alguma forma ou de outra.

Quando a frase foi registrada, Cristófaro negou inicialmente a acusação, alegando ser falsa. Depois, ele reconheceu ter proferido a frase para um amigo chamado Anderson Chuchu e emitiu um pedido de desculpas. Chuchu, que já atuou como assessor do vereador, foi chamado para depor perante o tribunal e confirmou que a frase foi dirigida a ele. Após ser absolvido, Cristófaro declarou que “venceu a justiça e a verdade”.

“(Independentemente de) Qualquer impressão pessoal no sentido de ser a agressão verbal racista mais ou menos grave, produto de pilhéria ou não, mostra-se inviável o afastamento da responsabilização criminal. […] “O cerne da questão não é o apelado ter dirigido a frase a um amigo ou não, mas sim ter utilizado, de forma livre e consciente, a raça como elemento central para especial menosprezo e hierarquização”, escreveu o promotor.

Além do processo judicial, o caso também será avaliado pela Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo. Uma reunião foi agendada para o dia 24 de agosto, na qual será discutido e votado o relatório final do procedimento disciplinar envolvendo o vereador.

Apoie o Cafezinho

Rhyan de Meira

Rhyan de Meira é estudante de jornalismo na Universidade Federal Fluminense. Ele está participando de uma pesquisa sobre a ditadura militar, escreve sobre política, economia, é apaixonado por samba e faz a cobertura do carnaval carioca. Instagram: @rhyandemeira

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!


Leia mais

Recentes

Recentes