Senador que integra comitiva em Washington para negociar o tarifaço diz que os EUA nunca vão admitir publicamente que temem o BRICS, e que ouviu de estrategistas norte-americanos que o Brasil precisa se “realinhar”.
O presidente dos EUA, Donald Trump, está usando a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro como “desculpa” para tarifar o Brasil, e o real motivo é o BRICS. É o que afirmou nesta quarta-feira (30), em entrevista ao portal UOL, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), um dos integrantes da comitiva de parlamentares que viajou aos Estados Unidos para negociar o tarifaço.
“Digo com muita clareza: a questão política do ex-presidente Bolsonaro é apenas uma parte desse assunto e foi usada como forma de colocar esse tarifaço em um primeiro momento”, disse o senador.
Viana afirmou que os EUA nunca vão aceitar publicamente que estão “com medo e preocupados com o BRICS”.
“Mas o que está por trás de toda essa questão é exatamente a posição brasileira e o presidente [Lula] como porta-voz de um BRICS, que hoje é uma ameaça aos EUA, inclusive às grandes empresas americanas.”
O senador afirmou que o problema são as decisões que o Brasil vem tomando de afastamento dos EUA, e aproximação com aqueles que Washington considera rivais.
Ele afirmou ter ouvido de estrategistas do Partido Republicano, que pediram anonimato, que a questão política foi apenas uma desculpa para a ação de Trump, e que o objetivo é fazer o Brasil “se realinhar, se reaproximar” dos EUA. Segundo o senador, “estamos no meio de uma guerra entre Brasil e China”.
“A questão política é só a ponta de toda essa relação. O problema está ali por baixo e que está agora com o presidente Lula de buscar um gesto de aproximação e nos colocar numa outra possibilidade de relação com os EUA”, afirmou o senador.
Trump anunciou as tarifas de 50% aos produtos brasileiros em 9 de julho, em carta enviada ao governo. Ele apontou como motivo a “injusta relação comercial” entre EUA e Brasil e uma suposta caça às bruxas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. As tarifas estão previstas para entrar em vigor nesta próxima sexta-feira (1º).
Fonte: Sputnik
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