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Sem ferrovias, não há projeto nacional de desenvolvimento

 Números industriais de julho mostram que só uma aposta audaciosa em ferrovias pode ativar um projeto nacional de desenvolvimento. O IBGE publicou hoje os dados da produção industrial brasileira em julho. Os números não são bons, mas não desastrosos e, sobretudo, perfeitamente explicáveis por três pontos de pressão extremamente fortes sobre a atividade manufatureira nacional. […]

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Fonte: Ministério dos Transportes.

 Números industriais de julho mostram que só uma aposta audaciosa em ferrovias pode ativar um projeto nacional de desenvolvimento.

O IBGE publicou hoje os dados da produção industrial brasileira em julho. Os números não são bons, mas não desastrosos e, sobretudo, perfeitamente explicáveis por três pontos de pressão extremamente fortes sobre a atividade manufatureira nacional. A produção caiu 0,2% na comparação com junho, marcando o quarto mês seguido sem crescimento, mas ainda mantém 1,9% de alta em 12 meses, e 1,1% no acumulado do ano até julho.

O primeiro ponto de pressão são os juros altos do Banco Central, que não podem ser avaliados apenas pelos 15% da Selic, mas devem ser entendidos juntamente com os spreads bancários elevadíssimos. Isso faz com que cidadãos, consumidores, empresários e governo tenham um custo elevadíssimo de financiamento e dívida. Esta questão está ligada diretamente à infraestrutura. A infraestrutura é um setor que precisa de financiamento e crédito barato de longo prazo, o que, por sua vez, está ligado às ferrovias. O Brasil precisa de ferrovias modernas, de passageiros e mercadorias, porque sem isso não será possível um projeto de desenvolvimento nem uma reativação sustentável do parque produtivo nacional.

O segundo ponto de pressão é o tarifaço americano. Os Estados Unidos, principal comprador de manufaturados brasileiros, já impõem barreiras que afetam nossas exportações industriais. Embora alguns setores tenham conseguido isenção, como a aviação, outros enfrentam dificuldades crescentes no mercado americano.

O terceiro ponto vem do aumento das importações. Com câmbio favorável e produtos asiáticos represados buscando novos mercados, o setor manufatureiro enfrenta competição acirrada de importados oferecidos com descontos agressivos.

Juros altos e tarifaço não deixam outra saída para a indústria nacional: ferrovias

Apesar das pressões, há sinais de resistência.

Os bens de consumo duráveis cresceram 9,6% no acumulado de 12 meses, produtos alimentícios avançaram 2,2% também no acumulado de 12 meses e farmoquímicos impressionantes 12%.

A produção de veículos mantém trajetória positiva, assim como máquinas e equipamentos com 5,2% de crescimento e produtos têxteis com 9,9% de alta nos últimos 12 meses.

As indústrias extrativas também se destacam com 6,3% de crescimento no acumulado de 12 meses, impulsionadas pela maior produção de óleos brutos de petróleo e gás natural.

O setor de celulose, papel e produtos de papel registrou 3,8% de alta no acumulado de 12 meses, enquanto a manutenção e reparação de equipamentos cresceu 8,7% no mesmo período.

A lição da China é cristalina: investimento massivo em ferrovias de alta velocidade, integradas com sistemas de energia e conectividade digital, criou a base para o crescimento manufatureiro.

O Brasil precisa da mesma audácia. Sem trens conectando Rio-São Paulo, São Paulo-Brasília, Rio-Brasília, Recife-Brasília, Porto Alegre – São Paulo, e entre outros centros econômicos, não haverá reindustrialização sustentável.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Tiago Silva

03/09/2025 - 22h54

É inaceitável termos uma inflação em 5% e taxa Selic em 15% (mesmo com inflação controlada e juros dos EUA em tendência de baixa)… deveria ser no máximo de 9%.

Além disso, acrescento a necessidade de inovação que poderia ser buscada com a criação de empresas estatais ligadas a Universidades Públicas em semelhança ao que ocorreu entre o ITA e a Embraer, mas agora para se produzir drones, remédios, baterias de carros, softwares, etc.

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