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Dilma, Pasadena e os ataques especulativos à Petrobrás

A história da refinaria de Pasadena, adquirida pela Petrobrás em 2006 não é um assunto novo. O então presidente da Petrobrás, Sergio Gabrielli, já participou de audiência pública no Senado, em agosto do ano passado, explicando a decisão. Segundo Gabrielli, foi um negócio normal, segundo os parâmetros e cenários disponíveis à época. Compra da Refinaria […]

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Gabrielli, presidente da Petrobrás em 2006, época da compra da refinaria de Pasadena

A história da refinaria de Pasadena, adquirida pela Petrobrás em 2006 não é um assunto novo.

O então presidente da Petrobrás, Sergio Gabrielli, já participou de audiência pública no Senado, em agosto do ano passado, explicando a decisão. Segundo Gabrielli, foi um negócio normal, segundo os parâmetros e cenários disponíveis à época.

Não podemos esquecer o contexto. Em primeiro lugar, a decisão favorável à compra da refinaria se deu em fevereiro de 2006. Apenas ao final de 2006, teríamos notícias das primeiras reservas gigantes do pré-sal, o que acarretaria numa reviravolta completa dos planos da Petrobrás e do governo. A confirmação destas reservas, e a descoberta de outras, se daria apenas nos anos seguintes.

Uma coisa são erros cometidos por má fé, outra são mudanças de cenário que invalidam uma decisão anterior.

Antes do pré-sal, o foco dos investimentos em energia, por parte do governo e da Petrobrás, era o biodiesel e a construção de refinarias adequadas ao petróleo pesado produzido no país.

De 1999 a 2005, a meta da companhia era ampliar a capacidade de refino no exterior, para ampliar o escoamento do nosso petróleo para os principais mercados consumidores, como os EUA. O mercado americano vinha aumentando, de maneira bastante vigorosa, o consumo de petróleo pesado, gerando uma demanda maior de refinarias. Foi aí que a Petrobrás entrou. Ela tinha um plano de investimento, e dinheiro separado especialmente para aquisição de refinarias no exterior. Quando houve a oportunidade, a Petrobrás não perdeu tempo.

A mídia está distorcendo, por exemplo, os custos da refinaria de Pasadena, porque está incluindo no preço os estoques de petróleo e derivados que vieram juntos na compra, e que foram usados.

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Para saber se o preço foi alto ou baixo, é preciso estabelecer uma unidade de comparação. Essa unidade existe, é o preço por barril. Depois se compara outras aquisições no mesmo ano.  A Petrobrás adquiriu os 100% da refinaria de Pasadena por US$ 4.860 por barril. No mesmo ano, 2006, o preço médio de refinarias adquiridas na América do Norte foi de US$ 9.734 por barril. Em maio de 2007, um fundo de investidores do Canadá adquiriu a Lima Refinery da Valero, por US$ 11.515 por barril.

Os preços das refinarias continuariam crescendo até a eclosão da crise de 2008, considerada a maior já vivida pelo capitalismo mundial desde o crash de 1929.  A partir daí, o consumo de petróleo pesado pelos EUA começa a declinar. A Astra Oil, então, premida pela crise, resolve sair de seu negócio em Pasadena, repassando sua parte à Petrobrás.

Surgem variáveis novas no mercado do petróleo: descoberta do pré-sal no Brasil, com petróleo ultraleve; início das operações com xisto nos EUA; crise financeira mundial, reduzindo consumo de petróleo e fazendo as cotações da commodity despencarem nas bolsas.

Gabrielli observa, no entanto, que a refinaria de Pasadena não é um negócio perdido. Ela continua extremamente bem localizada, próxima ao golfo do México e com acesso privilegiado aos grandes corredores de abastecimento dos EUA.

Independente das investigações sobre os problemas na Petrobrás, é certo que há uma guerra especulativa contra a empresa, e que agora ganha contornos políticos e eleitorais. O colunista Elio Gaspari publicou hoje um texto, por exemplo, violentíssimo contra a gestão da Petrobrás. Na mesma página, editorial do Globo adota linha igual, e critica a política de compra de conteúdo nacional da empresa, os 30% que a lei do petróleo garante à Petrobrás em todo o pré-sal, e pede “visão empresarial”, o que, no contexto do artigo, equivale a defender a privatização da companhia.

Gaspari inicia o artigo informando, em tom de denúncia, a ação da Petrobrás valia R$ 29 no início da gestão de Dilma e hoje vale R$ 12,60. É uma afirmação mistificadora, porque o petróleo é a commodity mais volátil no mundo. O preço da ação da Petrobrás pode voltar a R$ 29 em pouco tempo. Até porque pode estar havendo ataque especulativo à empresa.

A Petrobrás tem sido a empresa que mais tem encontrado novas reservas, e uma das que mais tem investido, com sucesso, em produção e refino. É um dos pilares centrais da indústria e do desenvolvimento científico no país. Não ver isso é fazer o jogo sujo de especuladores que usam a mídia para baixar o preço de uma empresa com objetivo de comprar barato suas ações.

Gabrielli, presidente da Petrobrás em 2006, época da compra da refinaria de Pasadena

Gabrielli, presidente da Petrobrás em 2006, época da compra da refinaria de Pasadena

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Felipe Muller

20/03/2014 - 18h24

Gostei da publicação. Essa versão não pesa tanto para Petrobras. Não entendi pq a Dilma divulga nota oficial diZendo q ñ sabia da cláusula put option?.

Francisco Carlos

20/03/2014 - 16h12

Quem não tem POPULARIDADE corre atrás de algo para a derrubada do governo do PT! Ô,coitados…

O Cafezinho

20/03/2014 - 15h05

Luis Claudio Correia pois é, estão faltando dados. É evidente que 45 milhões de dólares é um preço ridículo por uma refinaria. Esse valor deve ter embutido pagto de dívidas, impostos atrasados, etc.

Maria Lucia Lula Dilma Lemos

20/03/2014 - 13h46

A GLOBO é uma MERDA !!

Luis Claudio Correia

20/03/2014 - 12h55

Ontem eu dei uma lida neste material que foi apresentado pelo Gabrielli. Não dá para chegar a conclusão de que foi um bom negócio. É muito estranho que boa parte deste valor seja de estoque da refinaria, cujo valor em teoria seria maior que o próprio ativo. Também está muito difícil explicar como a Empresa belga comprou no ano anterior USD 45 milhões e no ano seguinte a Petrobras pagou quase 4x mais. Impossível que esta diferença seja de investimentos feitos pelos belgas em menos de um ano. Também não acredito em ma fé, mas um erro primário de avaliação na compra do ativo. Acho que Dilma acabou assumindo muitos esqueletos deixados pelo Gabrielle, a Graça Foster sem dúvida alguma é uma executiva muito melhor que o Gabrielle e vai penar muito para colocar a empresa nos trilhos. Vamos aguardar o desenrolar desta história.

Eduardo Cavalcante Magalhaes

20/03/2014 - 10h47

A DIREITA FASCISTA, DE MATO GROSSO, ATRAVÉS DO MAIOR LÍDER PEDRO DEMOSTRES OU TAQUES MENDONÇA – PDT SDD PPS PSDB PSB REDE PV

http://www.brasil247.com/pt/247/matogrosso247/133766/Pedro-Taques-pode-perder-mandato-por-erros-em-registro-eleitoral.htm

Rosangela Alves

20/03/2014 - 10h42

Regina Moraes, dê uma lida neste reportagem!


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