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A 2ª revolução egípcia

Revoluções são processos políticos complexos, que não costumam ser interrompidos subitamente, apenas com a derrubada de um autocrata. O Egito é a prova disso.

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Foto do jornal italiano La Repubblica – Link.

Revoluções são processos políticos complexos, que não costumam ser interrompidos subitamente, apenas com a derrubada de um autocrata. O Egito é a prova disso. A imensa praça Tahrir voltou a ser ocupada por manifestantes, que protestam contra uma decisão da atual junta militar que governa o país de criar ou manter regras que ferem o poder civil democrático que está em vias de ser criado.

O fermento por trás das revoltas, porém, parece ter também outras razões. Como sempre acontece nas revoluções, o Egito entrou em depressão econômica, agravada pelo sumiço dos turistas e pela fuga de capital.

Entrei em alguns blogs egípcios, e constato que eles mesmos estão perplexos com o que está acontecendo. Há rumores de todo o tipo. Há diferentes demandas em jogo. Alguns estão dispostos a morrer para que haja eleições o mais breve possível. Outros não querem eleições tão cedo porque acham que isso apenas beneficiaria os grupos islâmicos, que são hoje as forças políticas mais organizadas. Querem mais tempo, portanto, para que seja possível aos grupos não-muçulmanos se organizarem politicamente.

Há um protesto marcado para hoje na praça Tahrir, que promete reunir 1 milhão de pessoas. Entre as demandas, estão eleições presidenciais até abril de 2012, dissolução da junta militar que governa o país, restruturação do ministério do Interior (que organiza a repressão), condenação dos responsáveis pelas mortes nos últimos dias.

A Irmandade Muçulmana declarou que está aberta ao diálogo, e inclusive não deverá participar de algumas das manifestações, que não mais lhe interessam, visto que esperam obter uma boa posição de poder a partir das eleições legislativas marcadas para o dia 28 de novembro.

Na comunidade internacional, e também dentre os setores laicos da sociedade egípcia, cresce preocupação de que a supremacia da Irmandade e outros grupos religiosos muçulmanos acabe transformando o Egito num regime islâmico, mesmo que moderado e democrático, como já aconteceu com a Tunísia. Entretanto, parece que é isso mesmo que vai acontecer. Mas isso seria melhor do que o caos, que é o que se tem visto nos últimos dias no Egito.

Assista a um vídeo publicado hoje no site do jornal La Repubblica, faz uma excelente cobertura dos acontecimentos do Cairo.

Link da foto na capa.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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