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O xadrez político, segundo a família Santos

Com base em pesquisa do Banco Central junto ao setor privado , e não por “achismos” de ocasião, é possível traçar um cenário econômico bastante estável nos próximos dois anos. Se a economia será determinante nas eleições de 2014, então não me parece que seja por aí que teremos surpresas.

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Dois textos publicados na mais recente edição da revista Inteligência, charmosa publicação editada pela agência Insight, trazem objetividade aos debates que ora se iniciam sobre as eleições de 2014. Um é a entrevista com Wanderley Guilherme dos Santos, comentando a situação política brasileira de hoje, outro um artigo de seu filho, o também cientista político Fabiano Santos, que analisa as perspectivas para 2014 com base no que aconteceu em 2012.

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Fabiano Santos faz uma observação que me pareceu especialmente pertinente:

O debate eleitoral “antecipado” (…) nada tem de anormal ou deletério para a democracia, como análises precipitadas querem fazer crer.

As opiniões da família Santos são particularmente bem vindas após a divulgação de um artigo de Brian Winter, da Reuters, repletos de asserções estranhas, quase toscas, como essa:

(…) é inteiramente plausível que Dilma Rousseff não consiga se reeleger como presidente do Brasil em outubro de 2014. A presidente, de 65 anos, continua sendo a clara favorita, mas a ameaça da alta inflacionária e do desemprego, um trio de adversários competitivos na disputa e a possibilidade de um constrangedor fracasso logístico na Copa fazem com que a candidatura de Dilma não seja a barbada que alguns observadores apontam.

Eu até aceito que possa haver um “constrangedor fracasso logístico na Copa”, embora uma afirmação dessa mais pareça um triste uivo de urubu, mas falar em “ameaça” de desemprego? Nem vale a pena se estender sobre o texto. Eu apenas o menciono porque ele me dá oportunidade para citar o início da entrevista de Wanderley, em que ele fala justamente que as análises políticas dos últimos tempos tem se prendido excessivamente à questão econômica.

Claro que a economia é fundamental, mas não pode jamais ser o fator único a explicar o comportamento de eleitores, nem a conjuntura política.

O problema do noticiário econômico não é a preferência pelo negativo, e sim a criação de uma conjuntura negativa. Ou seja, ao invés de noticiar, mesmo com destaque, a alta do tomate, sondando suas causas, a imprensa cria a falácia da “volta da inflação”, quando isso não é verdade. É aí que o jornalismo panfletário praticado no Brasil pode, efetivamente, afastar investidores e prestar um desserviço à economia nacional.

Na minha análise, Dilma se reelege com facilidade em 2014, pois virá com uma força quintuplicada em relação ao pleito de 2010. Antes, era apenas um “poste” de Lula. Hoje tem luz própria, e popularidade inclusive superior ao que tinha Lula em período igual de governo.

O único cisco no olho da presidenta, uma possível dissenção na base aliada, conforme observa Fabiano Santos, não terá muito espaço para se contrapor, visto que o PSB é coligado ao PT em todo país. Deputados, senadores, governadores, todos se elegeram no bojo de um grande acordo político entre os dois partidos. As pesquisas já indicaram que a popularidade da presidente se converte, com muita facilidade, em rejeição a seus concorrentes.

Entretanto, os movimentos de Eduardo Campos encaixam-se numa lógica perfeita. Mesmo não sendo candidato, o espaço para ele se articular é agora. É agora que ele pode, dar peso a seu nome. Suas conversas com membros da oposição atraíram a atenção da mídia, cujo comportamento é infinitamente previsível: basta falar mal do governo, dar um acenos para membros da oposição, e pronto, eis um novo herói.  Campos sabe como funciona, e só tem a ganhar. Se ele desistir da sua candidatura, ano que vem, ele poderá vender seu apoio a um preço altíssimo para o governo.  O seu preço (e uso os termos “preço”, “vender apoio” no bom sentido) já subiu.  O governador de Pernambuco soube inclusive explorar as divisões internas do PSDB, ao se aproximar de Serra e de Roberto Freire.

Campos conseguiu a proeza de se tornar o coringa das eleições de 2014. Pode valer qualquer carta. Pode não valer nada. Pode valer tudo. É como se houvesse um leilão secreto,  e o produto a ser leilado é o próprio Campos. Quem dá mais?

Há poucos dias, o vice-presidente do PSDB, Roberto Amaral, que representa, aparentemente, o lado mais “esquerdista” do núcleo dirigente do partido, declarou que Campos jamais fará oposição à Dilma, e que, num eventual segundo turno entre Dilma e a oposição, Campos estaria ao lado da presidenta.

É mais ou menos o que eu vinha falando há tempos aqui no blog. Os movimentos de Campos agora podem até trafegar pela oposição, mas quando o debate esquentar, ele terá dificuldades, pela história de seu partido nos últimos anos, forte aliado do governo, de ser uma figura hostil ao presidente Lula e da presidenta Dilma.  Como explicará isso aos nordestinos?

O interessante é que o governo federal, em vista dessa conjuntura, começa a dar um tratamento político mais cuidadoso ao nordeste. Esse é o lado bom da democracia. Todo mundo paparicando o eleitor, que hoje não acredita mais em promessas, mas valoriza ações concretas.

Quando à economia, já há previsões bastante consistentes a indicar a recuperação da eocnomia brasileira, neste ano e no próximo. O boletim Focus do Banco Central, que agrega a opinião de analistas do setor privado, não traz nenhuma previsão alarmista, seja para o PIB, seja para a inflação. A estimativa do Focus para a inflação nos próximos 12 meses é de 5,43% (IPCA). Há quatro semanas, a previsão era de 5,62%. Para o ano calendário 2013, o Focus estima uma inflação (IPCA) de 5,71%, ou seja, bem abaixo do teto definido pelo Banco Central, de 6,5%.  Para o PIB, a estimativa é de um crescimento de 3,01%. em 2013 e 3,5% em 2014. O crescimento da produção industrial é projetado em 3,12% para 2013 e 3,95% em 2014 . Ou seja, a indústria crescerá acima do PIB neste ano e no próximo, caracterizando um processo de reindustrialização da economia.

Para avaliar a inflação corretamente, é preciso olhar sobretudo para os preços administrados, onde ficam os produtos que o consumidor não pode substituir, como água, luz, e transporte urbano. Segundo o Focus, esse item crescerá apenas 3% em 2013, e 4,5% em 2014.

 

 

Com base nessas previsões, e não por “achismos” de ocasião, é possível traçar um cenário econômico bastante estável nos próximos dois anos. Se a economia será determinante nas eleições de 2014, então não vejo que teremos grandes surpresas por aí.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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migueldorosario (@migueldorosario)

05/04/2013 - 18h01

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