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Gilberto Carvalho, o bom moço do PT

Ontem à tarde eu tentei escrever um texto sobre o que Paulo Moreira Leite chama de “bom mocismo” de Gilberto Carvalho. Eu desisti do texto porque ficou meio confuso. Mas o começo dele é aproveitável, e serve de introdução ao post do Paulo, reproduzido em seguida. * Saiu hoje a seguinte nota na coluna do […]

14 comentários
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Ontem à tarde eu tentei escrever um texto sobre o que Paulo Moreira Leite chama de “bom mocismo” de Gilberto Carvalho. Eu desisti do texto porque ficou meio confuso.

Mas o começo dele é aproveitável, e serve de introdução ao post do Paulo, reproduzido em seguida.

*

Saiu hoje a seguinte nota na coluna do Ilimar Franco.

Sopro de lucidez

O ministro Moreira Franco telefonou para o colega Gilberto Carvalho parabenizando-o por falar do governo de forma sincera. “Devemos nos unir para restabelecer um padrão de sinceridade nas nossas análises”, disse Moreira.

Vejam que nota útil! Ela nos informa que: 1) Moreira Franco continua vivo e falando. 2) Ele realmente é um ministro da Dilma, não era um pesadelo. 3) Ele gostou das últimas manifestações de Gilberto Carvalho, o que é péssimo sinal.

Entretanto, o mais ilustrativo nessa nota é o colunista do Globo usar a opinião de Moreira Franco (Moreira Franco!) para qualificar as falas de Carvalho como “sopro de lucidez”.

*

OS BONS MOÇOS DA CAMPANHA

Numa eleição disputadíssima, bom mocismo de petistas costuma dar conforto a adversários

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog.

O aspecto mais curioso da campanha presidencial de 2014 é o surgimento de bons moços dentro do PT.

Não faltam exemplos. Os bons moços lamentam que o governo não tenha dado respostas aos protestos de junho – esquecendo que Dilma Rousseff foi a única política brasileira que pelo menos tentou, entre milhares do Congresso, nos governos estaduais, nas prefeituras, na oposição e na situação, em mais de 30 partidos, a apresentar um conjunto de projetos que respondiam a questões colocadas pelas ruas, a começar pela reforma política. As propostas tinham vários defeitos, todos sanáveis. Foram destroçados sem piedade pelos adversários em função de suas qualidades.

O bom moço não cobra a responsabilidade de quem enterrou mudanças que todos diziam querer. Faz auto-crítica pelas falhas de seus aliados.

O bom moço é assim. Se aparece um erro no lado adversário, corre para descobrir uma falha equivalente entre aliados.

Quando apanha numa face, mostra a outra.

Quer ser o melhor da classe, ainda que todos saibam que não é o queridinho da professora e sempre será colocado de castigo por razões injustas.

Imagine um bom moço do PSDB. Começaria dizendo que o governo Fernando Henrique entregou uma inflação de 12% ao ano — e que esse patamar nunca foi alcançado depois da posse de Lula. Também diria que a falta de reservas daquele tempo colocou o país de volta ao FMI. Falaria também da compra de votos para a emenda da reeleição.

Este é o jogo real.

Tenho certeza de que não sou o único brasileiro que tem estranhado o comportamento recente do ministro Gilberto Carvalho, uma liderança histórica do PT, com um papel imenso nas conquistas do governo Lula-Dilma.

Hoje me atrevo a questionar suas declarações recentes.

E me atrevo a dizer que sinto aí um espírito de bom mocismo.

Dias depois do VTNC do Itaquerão, Gilberto Carvalho considerou que era necessário colocar em seu devido lugar a reação do partido – e de amplos setores democráticos sem relação com o PT e até seus adversários — em defesa da presidente.

“No metrô vi muito moleque que nada tinha a ver com a elite branca gritando palavrão.”

No início desta semana, quando faltam 72 horas para o Supremo rever medidas absurdas contra dirigentes condenados da AP 470, que se dizem inocentes da maioria das denúncias apresentadas no julgamento, que também são rejeitadas por grandes mestres do Direito, Gilberto Carvalho faz questão de dizer a Natuza Nery, da Folha:

“Não nego atos de corrupção que tivemos. Infelizmente, eles aconteceram, têm de ser reprovados.”

Falando sobre a campanha eleitoral o ministro afirma é que necessário fazer uma “grande mobilização que não parta da ilusão de que o povo pensa que está tudo bem.”

É bom sublinhar alguns pontos. O repúdio ao VTNC era necessário porque o xingatório, naquelas circunstancias, nada tinha a ver com eventual descontentamento da população. Era uma atitude de desrespeito a democracia que pretendeu, pela violência verbal, intimidar e silenciar seus adversários. Nada a ver com palavrões no metrô. Quem esteve nos encontros recentes do PT sabe que o partido está longe de acreditar que o “povo pensa que está tudo bem.” Dizer o contrário ajuda quem gosta de dizer que a campanha tem uma postura arrogante.

Os votos de outubro irão idefinir se conquistas históricas dos últimos 12 anos serão renovadas a partir de 2015, se possibilidades novas de progresso podem ser mantidas. Ou se haverá um retrocesso, de duração imprevisível.

Num confronto dessa natureza, cada frase, cada palavra, cada vírcula e cada ponto de exclamação se traduz pelo valor político. E quem traduz são meios de comunicaçao em sua maioria engajados – como Gilberto Caravalho admite – em auxiliar os adversários de Dilma, de Lula e do PT.

O horizonte das palavras e dos silêncios é o mesmo – a disputa pelo poder. Falhas e erros devem ser admitidos com franqueza. O debate, interno e público, é necessário.

Mas cabe levar em conta um elemento básico das campanhas eleitorais: cada passo em falso prejudica aliados e dá conforto ao inimigo.

Essa é a questão do bom mocismo.

Gilberto_Carvalho

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Ana Engajada

26/06/2014 - 16h52

Gilberto Carvalho parece sempre ter medo de algo… Não sei se é insegurança ou se gosta de levar na cabeça! Não é primeira vez que se porta debilmente. As vezes temo mais gente do time do governo do que os adversários.

Roberto Luiz Souza de Melo

26/06/2014 - 01h49

E claro, como foram chamados de heróis um dia não serão questionado jamais!

Samuel Oliveira

25/06/2014 - 21h31

Tudo isso pela pela graça inebriante de estar sendo entrevistado pela Folha, só pode…

Paulo Ferreira Dias da Silva

25/06/2014 - 19h11

Nao vou compartilhar para nao correr o risco d colocar mais lenha nessa fogueira.

Paulo Ferreira Dias da Silva

25/06/2014 - 19h11

Nao vou compartilhar para nao correr o risco d colocar mais lenha nessa fogueira.

Messias Franca de Macedo

25/06/2014 - 10h26

“Quando penso em certas coisas que disse, tenho inveja dos mudos.”
Sêneca – citado pelo jornalista Paulo Nogueira em A declaração de amor de Mercadante por ‘Seu Frias’

FONTE: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-declaracao-de-amor-de-mercadante-por-seu-frias/

Bel Barretto

25/06/2014 - 13h08

Tá aí uma pessoa do PT que não engulo

Vitor

25/06/2014 - 09h39

Ele é da turma do Lula, não da Dilma… No mais, somente o respeitarei no dia que ele processar o Tuma, caso contrário, sempre terei os dois pés atrás com o bom moço…

Jose Roberto

25/06/2014 - 12h07

O GILBERTO SÓ FALOU A VERDADE,EU SEI QUE ISSO É UM CRIME HEDIONDO NO BRASIL DE HOJE,MAS LAPSOS ACONTECE

SykAryo DoPovo

25/06/2014 - 11h58

Lembre-se que foram assessores de Gilberto Carvalho que conduziram as manifestações em Brasília durante a Copa das Confederações. Gilberto Carvalho é o mentor do “VOLTA, LULA”.

Regina

25/06/2014 - 08h57

Talvez sim, talvez não. A ânsia em condenar impediu que se verificasse a prática de crimes eleitorais. Ficaram com o Codigo Penal e rasgaram a CF

Odenir Batista

25/06/2014 - 09h16

O País cresceu muito nestes 12 anos, saimos ilesos da crise e na verdade fomos no rumo contrário a crise, somente sendo muito RICO para aguentar um tranco deste, este é o nosso Brasil de hoje. Imaginem quanto o PSDB esta investindo para esta tomada do Poder para DOATIZAR tudo que foi construído Hidrelétricas, Estradas e o Petroleo serão os primeiros em SP a Saúde já foi e esta PIOR do era !!!

Roberto Luiz Souza de Melo

25/06/2014 - 05h17

É evidente e claro que não houve compra de votos, mas ouve caixa dois?

Regina Fialho

25/06/2014 - 07h14

Muito boa análise, que santa “ingenuidade” desse bom moço….ou tem caroço nesse angú! Fico com a segunda opção!


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