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Estadão tira fascismo do armário e persegue Glenn Greenwald por denunciar o golpe

Foto: Mídia NINJA Da falência à delação: o Estadão sugere a expulsão de Greenwald por denunciar o golpe Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo No dia da Parada Gay em São Paulo, o Estadão pariu um editorial em que tirou do armário seu fascismo, seu antijornalismo e sua vocação para a delação. […]

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Foto: Mídia NINJA

Da falência à delação: o Estadão sugere a expulsão de Greenwald por denunciar o golpe

Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo

No dia da Parada Gay em São Paulo, o Estadão pariu um editorial em que tirou do armário seu fascismo, seu antijornalismo e sua vocação para a delação.

“O jogo sujo da desinformação” faz uma defesa canhestra do interino e dá uma bandeira enorme, inapelável, do quanto incomoda a denúncia do golpe lá fora.

“O Brasil, sua democracia e suas instituições estão sendo enxovalhados no exterior por uma campanha de difusão de falsidades cujo objetivo é denunciar a ‘ilegitimidade’ do presidente em exercício Michel Temer”, começa o negócio.

“Diante da ousadia desses delinquentes a serviço da causa lulopetista, não basta ao Itamaraty limitar-se a orientar suas missões no exterior sobre como responder a essa onda de desinformação”.

Segue: “Será necessária uma atitude mais resoluta para contra-arrestar as mentiras e deixar claro aos governos e à opinião pública de outros países que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff vem cumprindo todos os requisitos legais (…).”

Pelas tantas, depois de um blábláblá sobre a posição do Departamento de Estado dos Estados Unidos, o jornal dá nome ao boi que o incomoda: “Os advogados da causa petista, aqui e no exterior, não se sentem constrangidos em apelar para a desinformação quando se trata de tentar caracterizar a ‘ilegitimidade’ de Michel Temer. Um desses ativistas, o americano Glenn Greenwald, chegou ao cúmulo de publicar reportagem na qual diz que Temer não poderia assumir a Presidência porque ‘está por oito anos impedido de se candidatar a qualquer cargo público’.”

Traduzindo: o Itamaraty é Serra, velho amigo da casa, que usou um dos articulistas para o famoso agrado a Aécio intitulado “Pó pará, governador”.

E a “atitude mais resoluta”? Bem, eis um apelo implícito para que Greenwald seja expulso. Basta acionar o Estatuto do Estrangeiro, promulgado em 1980 por João Figueiredo, durante a ditadura.

O 107 artigo reza que “o estrangeiro admitido no território nacional não pode exercer atividade de natureza política, nem se imiscuir, direta ou indiretamente, nos negócios públicos do Brasil”.

No artigo 65, lê-se que “é passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais”.

Recentemente, uma professora italiana da UFMG, Maria Rosaria Barbato, recebeu uma intimação da Polícia Federal para comparecer a um interrogatório baseada nessa excrescência.

A infantilidade de chamar Greenwald de ativista é tragicômica. Ele é ganhador de um Pulitzer pelo furo do esquema de espionagem da NSA. Mora no Rio.

Tornou-se, pela credibilidade, talento e competência, uma referência para a mídia internacional com relação à crise política no Brasil. Felizmente, o Estadão não é levado a sério nem aqui — a não ser pelos extremistas da Paulista que adulou.

O autor do ataque é um covarde anônimo do “time de editorialistas”, uma espécie de sociedade dos patetas mortos. Mas poderia ser da lavra de Claudio Marques, um tipo que teve espaço no finado Shopping News, distribuído gratuitamente em 1975.

Marques fazia uma campanha virulenta contra o que chamava de “TV Vietcultura”, gritando contra a infiltração “comunista” na TV Cultura pelas mãos do diretor de jornalismo Vladimir Herzog. Marques trabalhava para o DOI-Codi, cujos agentes acabaram, um dia, prendendo, torturando e assassinando Herzog.

O Estadão apoiou o golpe de 64 como o de 2016. A conversa fiada sobre a “resistência” aos militares sempre apela para a fábula das receitas de bolo ou versos de Camões que entravam no lugar do que era censurado etc etc.

Na verdade, é amendoim diante do que foi feito no sentido de dar suporte ao regime. Em junho de 1968, meses antes do AI 5, um editorial defendeu a censura.

“Foi uma oportuna manifestação a que se registrou recentemente na Assembléia Legislativa, pela palavra do deputado Aurélio Campos, sobre os excessos que se tem verificado em representações teatrais no terreno do desrespeito aos mais comezinhos preceitos morais. O mundo teatral – tanto os atores e atrizes como os autores – vêm movendo uma campanha sistemática contra a censura, e como esta nem sempre é exercida por autoridades à altura de tão graves e, às vezes, tão delicadas questões, a tendência de muitos é cerrar fileiras entre os que combatem.

O que na censura geralmente se vê é uma ameaça à liberdade, o que assume a feição particularmente antipática quanto à liberdade ameaçada é a artística. Carradas de razão, entretanto, teve o parlamentar acima referido ao assinalar, a propósito de peça teatral a cuja representação assistira, que a censura, longe de se mostrar rigorosa no escoimá-la de seus exageros mais escandalosos, o que revelou foi uma complacência que não pode deixar de ser severamente criticada.(…)”

 

Falimentar, decadente, sem leitor e sem anúncio, a empresa teve de ser, há pouco tempo, evacuada por causa de uma infestação de mosquitos da dengue. Esse é o nível. Funcionários são executados em passaralhos mensais com postos avançados do RH.

Só não é vendido porque não tem comprador. Quer dizer, vendido sempre foi, aos mesmos grupos que o sustentam desde sempre. Dedo duro também. E, se Greenwald é “ativista”, o limítrofe herdeiro Fernão Mesquita, na foto abaixo, é o quê?

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O Cafezinho publica abaixo, para registro histórico, o editorial de domingo do Estadão:

O Brasil, sua democracia e suas instituições estão sendo enxovalhados no exterior por uma campanha de difusão de falsidades cujo objetivo é denunciar a “ilegitimidade” do presidente em exercício Michel Temer. Diante da ousadia desses delinquentes a serviço da causa lulopetista, não basta ao Itamaraty limitar-se a orientar suas missões no exterior sobre como responder a essa onda de desinformação. Será necessária uma atitude mais resoluta para contra-arrestar as mentiras e deixar claro aos governos e à opinião pública de outros países que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff vem cumprindo todos os requisitos legais, e também para defender a decisão soberana dos eleitores brasileiros, devidamente representados no Congresso que votou pelo afastamento da petista.

Na mais recente ofensiva da patota petista, um jornalista usou uma rotineira entrevista do porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Mark Toner, para tentar induzir a Casa Branca a reconhecer que houve um “golpe” no Brasil e que a democracia no País foi arruinada.

Na entrevista, dia 24 passado, o jornalista, não identificado, mencionou os diálogos entre o então ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado – a quem o repórter chamou de “ex-magnata do petróleo” –, sugerindo ter havido ali um arranjo para derrubar Dilma. Então o repórter perguntou: “À luz dessas revelações, não seria hora de começar a considerar que o que aconteceu no Brasil pode ter sido um golpe brando?”.

O porta-voz Mark Toner respondeu que, para o governo americano, conforme já manifestado “várias vezes”, o processo democrático brasileiro e suas instituições “são estáveis o bastante e fortes o suficiente”, razão pela qual o País “é capaz de superar sua crise política”. Em seguida, para encerrar a conversa, disse: “Desse ponto em diante, não falarei sobre a política interna do Brasil”.

O verdadeiro papel daquele jornalista ficou explícito: não se tratava de fazer uma entrevista, mas sim de provocar um constrangimento. Disse o repórter: “Bom, isso é interessante. O novo governo acabou com todas as investigações anticorrupção contra os políticos que a ele haviam aderido” – algo que simplesmente não é verdade. E ele desatou a fazer um discurso como se estivesse numa assembleia estudantil: “Eles começaram a vender bens estatais, estão falando em mudar a política externa brasileira e formaram um Ministério inteiramente masculino, feito de gente ligada ao mercado e à indústria, gente que era hostil a uma porção de prioridades do governo anterior, e nada disso foi feito com o voto popular. O povo não teve nenhuma palavra nisso. Houve mesmo um processo democrático? Os Estados Unidos consideram aquilo um processo democrático?”.

Para não permitir que o Departamento de Estado americano continuasse a servir como palanque para o embuste lulopetista, o porta-voz interrompeu a conversa depois de reafirmar a crença dos Estados Unidos na força da democracia do Brasil e de dizer que não faria nenhum reparo às “mudanças internas no governo brasileiro”.

Não se trata de um episódio isolado. Os advogados da causa petista, aqui e no exterior, não se sentem constrangidos em apelar para a desinformação quando se trata de tentar caracterizar a “ilegitimidade” de Michel Temer. Um desses ativistas, o americano Glenn Greenwald, chegou ao cúmulo de publicar reportagem na qual diz que Temer não poderia assumir a Presidência porque “está por oito anos impedido de se candidatar a qualquer cargo público”. Ou seja, o jornalista tratou como condenação definitiva o que é apenas a opinião da Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo, a propósito de uma multa de R$ 80 mil imposta a Temer por ter feito doações eleitorais acima do teto.

Derrotado fragorosamente quando tentou emplacar a tese do “golpe”, rejeitada in totum pelo Supremo Tribunal Federal, restou à trupe lulopetista espalhar mundo afora que Temer é “ilegítimo”. É esse o jogo sujo que o Itamaraty terá de enfrentar.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Judson Barros

31/05/2016 - 09h49

Ainda bem que houve golpe militar. Já pensou Dillma, Lulla, Zé Dirceu, Genoíno e a turma do PcdoB no poder em 1964… a carnificina seria bem pior e o Brasil hoje certamente seria uma Cuba…

Leopoldo Pereira

30/05/2016 - 16h13

O Itamaraty será humilhado se tentar justificar o óbvio por trás do “impeachment”. Boa sorte!

Euripedes Batista

30/05/2016 - 15h41

Isso é só pra intimidar. Mas eu torço, só pra ver o que a chuva de críticas da imprensa internacional.

Ita Marques

30/05/2016 - 15h27

Abaixo a ditatura perfeita que é essa grande imprensa brasileira. O PiG faz as manipulações de mentes e quando vem um jornalista que faz o trabalho bem feito, sem ser pautado pela Rede bobo de sonegações e golpes aí vem esse mimimi. Tentam amordaçar os jornalistas dos blogs “sujos”, tentam calar qualquer um que esclareça o povo.

Antonio Paulo Costa Carvalho

30/05/2016 - 13h59

Para começar, jornalista que cobre fatos políticos não significa que seja atividade política, assim como o que cobre futebol não seja jogador. Agora, liberdade de imprensa pra quem? Bem, só para a gente. Mídias sociais, e coisas parecidas não podem pensar por conta própria. Nesta pós-modernidade estão os barões do pensamento único com medo das informações. Se ficassem calados, não dariam tanta ênfase ao GREENWALD. Bom. Ditadura da imprensa é PIG. Getúlio Vargas sabia disto há mais de 60 anos. Somos todos Greenwald!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Mairton Barros

30/05/2016 - 13h25

É o jornal do Estado de Exceção… Estado+Exceção… Por isso Estad-ão
CHOURUME PIG…
Agora é intensificar a Exposição desse Jornaleco de Merd…

robertoAP

30/05/2016 - 12h14

O Estadão da República das Bananas, está para o Glenn Greenwald da CNN mundial, assim como o Tiririca está para Einstein.
O Glenn e a CNN,devem estar morrendo de medo do jornaléco terceiro mundista.

Nelia

30/05/2016 - 12h02

Podemos dizer que estadinho acusou o golpe em seu intestino….agora ataca com falácias. Glenn Greenwald tem mais motivos para se orgulhar de seu trabalho. Foi atacado pela inVeja e agora pelo estado comatoso. Cada vez mais Glenn tem minha admiração.

gilberto

30/05/2016 - 11h03

O ex-Estadão, ora em estado comatoso (PHA), deu para contar piada em seus editoriais, pois é o que lhe resta.

    James Stewart

    30/05/2016 - 11h25

    Ex-tadão….

    Tadinho ;(

JOHN J.

30/05/2016 - 10h32

QUE É QUE AINDA LÊ O Estadão, E A Folha?
ASSINANTES DESSES 2 JORNAIS SÃO DONOS DE CACHORRINHOS E SÓ ASSINAM PARA TER PAPEL BARATO PARA OS ANIMAIS FAZEREM SUAS NECESSIDADES BÁSICAS, XIXI E COCÔ.
ESTADÃO E FOLHA SÃO AS FOSSAS SÉPTICAS DO JORNALISMO E SÓ SERVEM COMO PRIVADA DE CACHORRINHOS.

    Mairton Barros

    30/05/2016 - 13h30

    Putz cara mandou bem!!! Ótima Descrição desses Jornalecos…


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