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[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)] Análise Diária de Conjuntura – 10/06/2016 A realidade brasileira se tornou um buraco negro tão sinistro que é difícil contemplá-lo muito tempo, sem se sentir tragado para dentro dele. A análise, para não ser mórbida, precisa partir de um ponto-de-vista lateral, olhando para as bordas do abismo e não para o […]

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Análise Diária de Conjuntura – 10/06/2016

A realidade brasileira se tornou um buraco negro tão sinistro que é difícil contemplá-lo muito tempo, sem se sentir tragado para dentro dele. A análise, para não ser mórbida, precisa partir de um ponto-de-vista lateral, olhando para as bordas do abismo e não para o abismo em si.[/s2If]

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A versão britânica de House of Cards é mais simples em recursos visuais que a versão holliwoodiana estrelada por Kevin Spacey, mas tem alguns pontos de sinceridade que faltam à versão americana.

Na House of Cards americana, não há a figura inescrupulosa do “barão da mídia” que aparece na britânica, embora saibamos que não há podre na política inglesa que não tenha o seu correspondente ampliado em várias vezes no universo de Washington.

Francis Urquhart, o protagonista da versão britânica, explica ao barão da mídia que o problema do partido conservador não é de falta de confiança no projeto e sim na liderança. Urquhart, o gêmeo inglês de Frank Underwood, manobra nos bastidores para derrubar o primeiro ministro.

A observação, no entanto, ficou na minha cabeça. Talvez tenhamos, de fato, um problema de liderança, não de projeto.

Ter compreendido isso me parece ser a única explicação para o campo aliado a Dilma, incluindo a própria, defender um plebiscito sobre novas eleições, uma bandeira que, no entanto, não une tanto o país como parecia à primeira vista.

Dilma defendeu, na entrevista exibida ontem à noite na TV Brasil, um plebiscito para consultar a população sobre a realização ou não de novas eleições presidenciais ainda este ano.

É uma jogada tremendamente arriscada para a esquerda, porque a grande mídia, principal fiadora do golpe, não tem o que perder num primeiro momento.

Se a população responder não, que não quer novas eleições, a mídia dirá que isso significa aceitação da legitimidade do impeachment, um discurso aliás que já está sendo consolidado através de pesquisas de opinião.

Se a resposta for sim, a mídia interpretará da mesma forma, apenas com nuances de diferença: poderá firmar que isso não significa repúdio integral ao governo Temer, mas apenas o desejo de referendá-lo oficialmente nas urnas.

Mais uma vez, voltamos ao ponto central: em que condições políticas se dará esse plebiscito? Com o tribunal eleitoral dominado pelos coturnos autoritários de Gilmar Mendes, e com o STF totalmente acovardado perante a Globo, não dá para confiar que a balança da justiça será equilibrada.

Além disso, um plebiscito não beneficiaria um partido cujo principal candidato, Lula, tem índices de rejeição quase três vezes maiores do que suas intenções de voto. É óbvio que a oposição teria facilidade em recriar uma atmosfera anti-PT que tem arrefecido nos últimos meses. Todos contra Lula e o PT será obviamente a principal bandeira de campanha da oposição, aí incluído todos os panfletos partidários a que chamamos grande imprensa.

Tudo isso ocorreria no momento em que a Lava Jato volta a ganhar credibilidade nacionalmente, com ajuda da própria Dilma e do PT – e todos sabem que o objetivo da Lava Jato é pegar Lula, Dilma e o PT.

E aí, qual a esperança, qual a saída?

Este analista anda meio niilista e desesperançado, mas isso também não quer dizer nada, porque assim como o otimismo e a esperança não nos impediram de mergulhar no abismo atual em que nos encontramos, o niilismo não será obstáculo para que saiamos deles.

Nem só de pão vive o homem, diz o Novo Testamento, e poderíamos parodiar o texto divino dizendo que nem só de política vive a… política. A política não é um universo fechado em si mesmo. A solução poderá vir, portanto, de fora do ambiente atualmente opressivo, viciado e medíocre da política. O mantra sobre a importância das ruas para mudanças concretas é correto, mas talvez haja uma certa confusão sobre o que significa “ruas”. Não se trata aqui apenas de rua na acepção de um local de manifestações políticas – embora esta seja uma função primordial – a ocorrerem num determinado intervalo de tempo. É óbvio que ruas tem um significado muito mais vasto, além de temporalmente elástico.

Neste sentido, os protestos contra o golpe foram vitoriosos. Eles ganharam as ruas, no Brasil e no mundo, produzindo mudanças efetivas na consciência da vanguarda da sociedade. No momento, vivemos um momento de reação, porque a história é cíclica. Numa etapa seguinte, haverá o movimento contrário, e virá muito mais qualificado do que foi em 2002 e anos posteriores. A este movimento, se agregarão todas a novas gerações que viveram os anos de Lula/Dilma e testemunharam a truculência e o espírito autoritário já tão evidentes em algumas semanas de governo Temer.

Essa não é uma visão otimista, porque ela embute a passagem de uma longa noite de arbítrios e perseguições, antes de vivemos novamente tempos de liberdade. Que uma nova consciência se formou, minoritária mas em expansão, paralelamente a um processo de fascistização da sociedade, não há dúvida.

Bem, talvez eu não seja tão niilista, apesar de tudo, porque eu acredito que estes núcleos progressistas irão crescer, enquanto os fascistas poderão até ganhar força ainda por algum tempo mais, mas irão perdê-la em seguida.

Conforme a população brasileira amadurecer, os processos de manipulação serão mais difíceis de serem levados adiante, a Globo perderá poder e empreendimentos de comunicação progressistas serão cada vez mais populares.

Da noite sombria, do caos atual, surgirão os artistas, pensadores e lideranças que levarão o Brasil a um outro patamar de desenvolvimento.

Até lá, não nos resta outra saída senão continuar lutando com as melhores armas que a natureza nos deu: inteligência, esclarecimento e força física!

Speak, strike, redress! diz um personagem a Brutus, na peça Julio Cesar, de Shakespeare, estimulando-o a entrar na luta política.

Lutemos com palavras, tomemos as ruas, transformemos a nós mesmos e ao mundo!

Não como Brutus, que se deixa embriagar pelo ódio político e trai seu melhor amigo. Lutemos como Antônio, atiçando o povo contra os conspiradores que mataram Júlio Cesar e violaram o que possuíamos de mais sagrado, a soberania popular.

A história se encarregará de fazer o papel de Marco Antônio e contar ao povo o valor da democracia, e o povo se voltará, como já está acontecendo, contra a bandidagem golpista.

Ainda há pouco, quando conversávamos sobre a história brasileira, não falávamos justamente da falta de lutas cruentas, populares, que caracterizam a nossa democracia, e de como esses momentos, apesar de difíceis, seriam importantes para a afirmação da nossa soberania?

Pois bem, de tanto falarmos nisso, o momento chegou.

Speak, strike, redress![/s2If]

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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