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Com Clinton, manipulação da imprensa ronda os EUA

  por J. Carlos de Assis Donald Trump tem denunciado com insistência que a grande mídia está manipulando as eleições norte-americanas. Ouvimos isso como se fosse um lamento típico de candidato que está sentindo que vai perder. Ledo engano. Trump está fazendo uma denúncia realista, séria, com base em fatos. Os neoconservadores e neoliberais belicistas […]

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por J. Carlos de Assis

Donald Trump tem denunciado com insistência que a grande mídia está manipulando as eleições norte-americanas. Ouvimos isso como se fosse um lamento típico de candidato que está sentindo que vai perder. Ledo engano. Trump está fazendo uma denúncia realista, séria, com base em fatos. Os neoconservadores e neoliberais belicistas que suportam os Clinton estão determinados, uns pela geopolítica e outros pela economia, a colocar a Rússia de joelhos, mesmo que isso significa apelar para uma guerra global.

As declarações espalhafatosas de Hillary Clinton de que Trump será “montado” por Putin dá bem ideia do nível grosseiro da campanha. Por trás disso, entretanto, está um propósito político que a mídia manipuladora não revela. O candidato republicano é apresentado como figura grotesca em política interna, e são simplesmente ignoradas ou distorcidas suas posições em política externa. Tradicionalmente, diz-se que o povo norte-americano não se interessa por política externa. Contudo, quem forma sua opinião?

No Brasil, onde a grande mídia constitui um segundo nível de filtro da campanha nos Estados Unidos, passa-se por mais um elo de manipulação. Nossa imprensa escrita e televisada é notavelmente ignorante de política externa. A televisão coloca sua sucursais em Nova Iorque e em Londres, e tudo que vem do mundo passa por lá, sob a ótica neoconservadora e neoliberal norte-americana. Assim, a Globo não passa de uma sucursal do Departamento de Estado dos EUA, entulhando os cidadãos brasileiros de supostas “notícias” do interesse deste.

É notável como pessoas de alto padrão cultural, inclusive do meu círculo de relações, não se havia dado conta de que, graças às contradições do sistema político, Trump seria muito melhor presidente do que Clinton, sobretudo para a paz mundial. Clinton atacou Trump por suas declarações favoráveis a um entendimento com Putin. A grande mídia amplificou os comentários de Clinton ridiculizando essa proposta, e dizendo que o adversário seria um subserviente ou vassalo do governo russo.

Em outra frente, Clinton recorreu à denúncia absurda de que Putin está manipulando as eleições americanas. Respondeu com um chiste simplesmente idiota às formulações plausíveis de Trump de que ela, sim, era a grande beneficiária da manipulação midiática. Infelizmente, assim como no Brasil a grande mídia inventou e executou o impeachment, a despeito de falta de base jurídica, a probabilidade é que, também lá, as manipulações da grande mídia derrotarão o candidato republicano.

O fato é que a sede de poder político e econômico das mídias, em todo o mundo, coloca a humanidade toda em risco. Em nome da liberdade de imprensa atrofiam-se sistemas políticos, manipulam-se eleições, promovem-se convulsões sociais para mudança de regimes. A sociedade, anulada em sua capacidade crítica, se deixa levar para o matadouro político sem reação. Felizmente, cresce um antídoto contra isso: a internet e a juventude que não lê jornalões nem vê noticiário de televisão, e surge com notável espírito político crítico.

No Brasil a situação exigirá uma esforço muito maior de desconstrução da verdade das mídias manipuladoras. É que, no meio do oligopólio midiático, existe um virtual monopólio que controla ampla cadeia de televisão, jornal escrito, rádio, e com incursões na própria internet. Esse monopólio terá de ser desintegrado em defesa da democracia brasileira, como aconteceu com o Clarín na Argentina. O governo Lula foi frouxo nessa questão, achando que, dando dinheiro à TV Globo, o sistema global atuaria como seu aliado. Vimos no que deu.

Em 2018, as forças progressistas, espero que sob a bandeira do Movimento Brasil Agora, terão oportunidade de ganhar as eleições gerais, não só para a presidência como para o Congresso. Então acertaremos  contas com essa mídia manipuladora e monopolista. Isso fará a cidadania respirar aliviada, melhorando a qualidade do debate político no Brasil. Hoje, ver o noticiário de tevê dá asco. E o fato de haver  emissoras, além da monopolista, não resolve o problema. Todas elas temem a monopolista e concorrem com ela pelo objetivo de ser pior.

J. Carlos de Assis é economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ, coordenador do Movimento Brasil Agora, autor de mais de 20 livros sobre economia política, entre os quais “Sete Mandamentos do Jornalismo Investigativo”, Textonovo, SP.

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Comentários

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M. Goes

25/10/2016 - 02h00

Achei este artigo bastante raso em relação a discussão politica americana. Trump só chegou a sua candidatura no partido republicano por causa da mídia. Enquanto a mídia passava 80 por cento de seu tempo falando sobre ele, simplesmente ignorava os outros candidatos. Assim Trump levou grande vantagem nas primaria desta campanha. Para a mídia, na verdade , Trump eh seu herói. A toda semana, quando fazia suas declarações inacreditáveis, a mídia delirava e passava todo o tempo falando sobre ele, com recordes de audiência. Isso o deixava sempre em foco. Seu problema foi que suas declarações não evoluíram com a campanha, continuaram com a mesma retorica regressiva e inconformada, mas sem apresentar soluções. Tanto que muitos de seu partido não o apoiam. No ultimo debate, nem a Fox News estava a seu favor, e olhe que de acordo com a Fox, ele ganhou os outros dois debates. Então, o despreparo de Trump, sua soberba, e sua incapacidade de se adaptar aos rumos da campanha, eh que o deixaram morrer na praia.

C.Poivre

24/10/2016 - 23h44

Não existem, na verdade, eleições democráticas nos EUA. Existe sim um complicadíssimo sistema de filtragem para que algum candidato que represente os anseios populares (como Bernie Sanders) seja descartado das maneiras mais hediondas. Sanders foi inviabilizado dentro de seu próprio partido, como ficou comprovado nas revelações do Wikileaks, pois era amplamente preferido entre todos os candidatos de todos os partidos e se chegasse ao final venceria qualquer oponente com grande vantagem, como demonstravam as enquetes. A mídia fascista estadunidense se associou aos Clinton e ajudou a massacrar Bernie Sanders, inviabilizando sua vitórias nas tais “primárias” que fazem um filtro que permita apenas candidatos hiper-conservadores na disputa final. E há sim possibilidade de a candidata do Estado Profundo norte-americano (aqueles do “domínio manifesto”), WASP’s, ou seja, de Wall Street e do Complexo Industrial-Militar (leia-se Pentágono), levar a eleição na mão grande, como aconteceu no caso de George W. Bush que foi beneficiado pelo primeira experiência do golpe midiático-judicial das Américas depois de perder as eleições para Al Gore; seguiram-se os casos de Honduras, Paraguai e agora no Brasil. Atualmente a mídia comercial dos EUA, totalmente dominada pelos interesses da dupla Wall Street-Complexo Industrial-Militar, coloca todos os seus recursos na promoção da belicista Killary e trucida seu adversário diuturnamente. Embora nunca o sistema de filtragem das “eleições” americanas tenha deixado o eleitor estadunidense tão sem opção, a candidata do Complexo Industrial-Militar representa uma ameaça à sobrevivência da humanidade e por isso é muito mais perigosa do que Trump na questão geopolítica que é a tentativa de manter uma hegemonia que os EUA já perderam.

José Ruiz

24/10/2016 - 20h50

A democracia “concedida” pelas elites não tem por objetivo atender as aspirações do povo.. serve apenas para controlar a pressão, de maneira a manter o trabalhador “satisfeito”, produzindo conforme os interesses do capital.. isso acontece em praticamente todo o mundo, e é preciso subverter essa condição..

O povo demanda e as lideranças vão surgindo, mas todas elas, em todos os lugares, acabam sendo absorvidas ou controladas pelo “establishment” (ou são descartadas)..

Vivemos ciclos de lideranças que são criadas e cooptadas (ou destruídas).. altamente frustrante porque somos focados em super-políticos salvadores da pátria.. que falham..

A culpa é dos políticos? Não! A culpa é das pessoas, que pensam que o exercício político é um ato passivo.. as pessoas pensam que indo 1 vez a cada 4 anos votar num político resume a sua responsabilidade cívica.. esse é o problema..

E para resolver esse problema, é preciso transferir o poder, atualmente exclusivo do “político”, para o povo..

É preciso estimular o exercício da política..

Algo mais próximo de uma democracia direta (e que ao mesmo tempo contenha movimentos de massa – pesos e contrapesos de qualquer democracia)..

Isso me parece óbvio, mas não é consenso, nem entre a galera de esquerda supostamente revolucionária.. porque não estão atentos à mudança de comportamento que a internet produziu na raça humana.. muitos são tecnofóbicos..

A verdadeira revolução está na forma como as pessoas interagem com o estado.. embora seja fundamental a intermediação do político, é preciso fazer valer o poder do povo..

Não devemos desprezar uma solução nesse sentido, já que existe uma enorme demanda e temos tecnologia para implementar algo assim..

A minha sugestão é uma coisa chamada parlamentarismo online.. eu quero manifestar minha opinião em tempo real, inclusive com direito a arrependimento, e quero que a soma de todas as opiniões seja, de fato, o poder em nossa sociedade..

Se você pudesse hoje acessar o site do congresso nacional e re-avaliar todos os parlamentares que ali estão, o que faria? E se pudesse, trocaria algum?

Isso é quase como “fazer política sem intermediários”..

Então, estamos esperando o quê para investir nessa ideia?

O que vc acha?

    Ricardo Oliveira

    24/10/2016 - 22h40

    Política tem que ser feita cara a cara, olho no olho com participação efetiva da população, aqui se trabalhava na época do governo Olívio Dutra do PT com o orçamento participativo, as pessoas se reunião para determinar as prioridades do governo e suas ações eram acompanhadas pela população, pelos sindicatos, pelas entidades de classe, todos sabiam das obras, seus valores, as empresas, participavam das licitações, havia acompanhamento da sociedade do que estava sendo feito, muito transparente, isso não avançou é claro mas foi o mais perto que vi de uma parceria efetiva da sociedade e o estado, via meio eletrônico pode ajudar mas não é à prova de fraude e manipulação, tem que participar se quiser mudar, o problema é que pra isso tem que ter educação, conhecimento, vontade, estímulo, hoje estamos amarrados ao complexo mídia-justiça-poder-partidos, temos que oxigenar o processo.


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