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Guerra aberta entre os Poderes

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Espiando o poder: análise diária da grande imprensa

Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho

A foto aí de cima está hoje nas primeiras páginas do Globo, do Estado e da Folha de São Paulo, feita por três fotógrafos diferentes, todos a postos, no mesmo ângulo, bem na hora da chegada do oficial de Justiça à residência destinada ao presidente do Senado, para informar ao senador Renan Calheiros que ele não mais poderia ocupar o comando da Casa. “Marco Aurélio, do STF, afasta Renan do comando do Senado”, diz a manchete da Folha. Globo e Estadão dão a mesma notícia, mas fazendo pressão logo no título. “Com Renan fora, governo já teme por teto de gastos”, afirma o jornal carioca, enquanto o diário paulista avisa, em tom de alerta, que “STF afasta Renan Calheiros e comando do Senado fica com o PT”. Dentro da manchete, a chamada para a Coluna do Estadão conta, sobre o senador petista na fila para assumir a Presidência do Senado, que “Jorge Viana é afinado com Renan na disposição de enfrentar o Judiciário”. Ao lado, Eliane Cantanhêde afirma que a decisão de Marco Aurélio “matou três coelhos”, “tirou Renan, passou rasteira em Dias Toffoli e ofuscou anúncio da reforma da Previdência” que, segundo ela, “era para ser manchete, mas a queda de Renan tornou-se uma forte concorrente.” E Tereza Cruvinel, no Brasil 247, confirma que “a crise agora é institucional, não há dúvida”, e que “com os poderes em guerra, pode estar começando o fim deste temporal, para o que der e vier.”

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“Apesar do ‘fato superveniente’ alegado pelo ministro do STF Marco Aurélio Melo para afastar monocraticamente Renan Calheiros da presidência do Senado (o fato de ele ter se tornado réu),  a coincidência com a votação que o Senado faria amanha,  do projeto que tipifica crimes de abuso de autoridade por juízes, promotores e procuradores, confere à liminar a sombra de uma intervenção do Judiciário no Legislativo para evitar uma votação que contrariava a magistratura.  Esta é a leitura que fica”, diz Cruvinel.

Em página interna do Globo, sem qualquer citação na capa, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, entra no clima sugerido por Cruvinel e no título no alto da página “alerta sobre momento do país: ‘Democracia ou a guerra’”. Segundo o jornal, “na abertura do 10º Encontro Nacional do Poder Judiciário, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que também preside”, a ministra “citou o descrédito do cidadão com a lentidão de decisões que envolvam conflitos da sociedade e disse que o Estado democrático é a única opção”.

A presidente do STF fala em democracia no momento em que o Judiciário comandado por ela parte para a guerra contra o Legislativo e empareda o Executivo, com apoio irrestrito da mídia familiar corporativa, que para isso continua a inflar a importância dos protestos muito aquém das expectativas deste domingo. Na chamada de capa para a coluna sob o título “O risco de Renan”, Merval Pereira afirma que, “aceito pela Corte, afastamento atende à voz das ruas”.  Na entrevista ao lado, o secretário executivo de Programas de Parceria de Investimentos, Moreira Franco, surge preocupado na foto, pensativo, afirmando que “abuso de autoridade agora agride anseios das ruas”, mas Tereza Cruvinel lembra que “milhares foram às ruas mas o país tem 200 milhões de habitantes.”

De acordo com a jornalista, uma “sombra grave paira sobre a liminar” de Marco Aurélio, “a de que foi concedida não para atender à Rede e a qualquer urgência mas para contentar os que saíram às ruas no domingo pedindo a cabeça de Renan”. Cruvinel não deixa de citar a a declaração de Cármen Lúcia, ao contar que ontem “o dia começou com a própria presidente do STF, Carmem Lucia, sugerindo  a necessidade do ativismo político do Judiciário, ao dizer: ‘É preciso estarmos atentos ao que o Brasil espera de nós e o que fazer para atender a essas demandas'”. “Com toda vênia, como dizem eles no STF”, a jornalista responde que “não é papel do Judiciário ‘atender demandas’ e sim ministrar a justiça.”

Na salada caótica em que se transformou a crise brasileira, Ilimar Franco ressalta, na nota de abertura da coluna Panorama político, que “STF coloca oposição no poder”.  “A oposição assumiu o Senado. Jorge Viana tem o poder monocrático de definir a ‘Ordem do Dia’ (o que será votado ou não). A assessoria do Planalto comunicou a Temer que a regra é regimental. A agenda dos líderes pode ser ignorada pelo petista, que pode obstruir a PEC do Teto. Só falta o PT decidir se abdica ou não de suas posições.”

Na nota seguinte, “ganhar tempo”, Franco afirma que “todo o Senado vai aguardar o recurso de Renan e uma manifestação do plenário do STF a propósito da liminar do ministro Marco Aurélio Mello”. Na Folha, Natuza Nery avisa no título da coluna Painel que “Não vai ficar assim”. “Em reunião de emergência na residência do presidente do Senado, aliados de Renan Calheiros traçavam um plano para devolvê-lo ao cargo”, diz o texto. Qualquer que seja o resultado de todas essas movimentações, quem tem mais a perder, no momento, é o governo ‘pinguela’ de Michel Temer, como mostra a segunda nota da Painel, ao lado do título, “chamuscado”.

Com o afastamento de Renan Calheiros, diz a colunista, “Michel Temer passa a depender de duas fotografias improváveis para reaver alguma normalidade em seu governo: reabilitar Renan e ver o PT, pelas mãos de Viana, colocar o teto de gastos para votar na terça que vem”. A nota exatamente ao lado desta grita no título, “madeeeiraaa”, e informa que “pesquisa do instituto Ipsos com 1.200 pessoas mostrou que o otimismo do brasileiro recuou muito – 7% em novembro contra 16% em outubro. A sensação de que o país está no rumo errado também subiu de 83% em outubro para 89%”.

O Globo afirma no editorial principal de hoje que “desencontros no Supremo não podem ameaçar reformas”, e que “o polêmico afastamento de Renan tem base legal, mas agrava o conflito entre instituições, e por isso o STF precisa julgar logo o mérito da decisão do ministro Marco Aurélio”. Na capa do jornal, Míriam Leitão reconhece que “Renan fora é avanço, mas eleva a incerteza.” “Um país em tumulto” é o título do texto de hoje da colunista, que afirma que a decisão de Marco Aurélio Mello, “embora lógica, pegou o governo e o Congresso de surpresa e sem dúvida terá repercussão na economia pelo aumento da incerteza sobre a pauta do ajuste.”

E por falar em ajuste, as previsões de Eliane Cantanhêde se confirmaram nas edições de hoje dos jornais em que a reforma da Previdência foi relegada a um segundo plano. Só o Estadão, aliás, onde trabalha a colunista, diz claramente em sua primeira página, no título, em corpo maior, que “65 será idade mínima para aposentar”. O Globo esconde a informação na capa, dizendo apenas que “reforma exclui PMs e bombeiros”, em chamada dentro de outra maior, embaixo, a informar que “pacote anticrise deve ser modesto”.

“Governo prepara pacote contra recessão, mas analistas veem pouca margem de manobra”, afirma o jornal carioca, no subtítulo, enquanto a Folha, em chamada lateral, diz que “Temer defende Meirelles e vai enviar reforma da Previdência”. No segundo parágrafo do texto da chamada, o jornal avisa que o projeto de reforma ” estabelece idade mínima de 65 anos para aposentadoria”. Mais destaque no Globo e na Folha, valendo chamada no alto da capa nos dois jornais, teve a a notícia em que, no jornal paulista, “Petrobras, após 2 cortes, eleva preço do diesel e da gasolina”.

O Globo informa que “preço da gasolina sobe 8,1%”, e que “com repasse integral, valor do combustível nas bombas subirá R$ 0,12 por litro”. A medida, segundo o texto da chamada, “anulou as reduções anteriores”, e lá se vão quase dois meses em que os três maiores jornais do País davam orgulhosos, otimistas, a mesma manchete anunciando a redução do preço dos combustíveis que até hoje o consumidor não viu chegar aos postos. Verá agora, isso sim, é mais um aumento no preço, assim como sobe sem parar a temperatura em todas as esferas de poder neste ano em que, como lembra hoje Bernardo Mello Franco em seu artigo na Folha, “ainda não acabou e já derrubou três presidentes: da República, da Câmara e, agora, do Senado”.

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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