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Notas internacionais (por Ana Prestes) 01/08/19

– As primárias são em 2020, mas os debates já começaram entre os pré-candidatos do Partido Democrata que querem concorrer à presidência dos EUA contra Donald Trump. Foram duas noites de debates e enfrentamentos na cidade de Detroit, na terça (30) e na quarta (31), organizadas pela rede CNN e com 10 pré-candidatos em cada. […]

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– As primárias são em 2020, mas os debates já começaram entre os pré-candidatos do Partido Democrata que querem concorrer à presidência dos EUA contra Donald Trump. Foram duas noites de debates e enfrentamentos na cidade de Detroit, na terça (30) e na quarta (31), organizadas pela rede CNN e com 10 pré-candidatos em cada. Um dos pontos mais debatidos foi o da saúde. Pré-candidatos que estão mais à esquerda, como Bernie Sanders e Elizabeth Warren defendem um sistema público e universal, uma espécie de SUS. Eles arregimentaram candidatos como Bill de Blasio, Kamala Harris, Kirsten Gillibrand, Marianne Williamson e Cory Booker para a mesma bandeira. Do outro lado, candidatos mais moderados defendem a manutenção dos planos de saúde e a criação de um seguro-saúde estatal com maior pressão sobre as seguradoras. Estão neste campo os pré-candidatos Joe Biden, Pete Buttigieg, Amy Klobluchar, Michael Bennet, John Delaney e Beto O´Rourke. Outros temas que dividiram os blocos foram imigração, criminalidade, impostos e questões raciais. Temas de política externa passaram longe, tangenciando Iraque e Afeganistão. Entre os moderados se destaca Joe Biden, ex-vice-presidente de Obama e que está com maioria nas pesquisas. Entre os progressistas se destacam Bernie Sanders, Elizabeth Warren e Kamala Harris, que ganhou muitos pontos no debate de junho quando demonstrou a oposição de Biden às leis de transporte concebidas para a integração racial nas escolas, ônibus escolares para crianças negras, nos anos 1970. Por ser o primeiro nas pesquisas, com 32,2%, Biden foi o que mais apanhou de todos os concorrentes nesta rodada. Na noite de ontem, Biden e Harris foram os mais ouvidos entre os dez candidatos debatedores. Na primeira noite, Warren (16%) se sobressaiu. Inclusive ela tem tomado o lugar de Sanders (14%) na posição de democrata progressista mais viável, mas Harris (11%) está na cola dos dois. O problema de se ter três, ou mais, bons candidatos e candidatas é que isso pode significar não ter nenhum. Haverá novos debates com número reduzido de participantes em setembro. Trump tem defendido que todos os pré-candidatos e candidatas Democratas são “socialistas radicais”.

– No Paraguai, Marito pode sofrer processo de impeachment por “traição à pátria” após acordo secreto com Bolsonaro em que concorda pagar mais pela energia da hidrelétrica binacional de Itaipu. A oposição, liderada por Efraín Alegre, presidente do Partido Liberal, disse que estão sendo preparados os documentos necessários para a apresentação de um pedido de impeachment de Mario Abdo Benítez e seu vice-presidente Hugo Velázquez. Caso aprovado, serão realizadas novas eleições no país. Lembre-se que Marito foi eleito com estreita margem de votos e que não tem maioria no parlamento. Aqui no Brasil, segundo o porta-voz da presidência, Otávio do Rêgo Barros, na noite de ontem (31), o governo Bolsonaro está aberto à discussão dos termos do acordo, inclusive com sua eventual denúncia (rescisão). Não interessa aos Bolsonaro que a gestão de Mario Abdo seja inviabilizada por conta de um acordo mal feito com o país. Marito é amigo de primeira hora de Eduardo Bolsonaro e um dos primeiros a comemorar a chegada da família à presidência do Brasil. Ocorre que, já famosos por inabilidade política, especialmente em política externa, Bolsonaro e seu chanceler Araújo podem ter jogado gasolina na fogueira política do país vizinho e agora pode ser tarde para se travestirem de bombeiros.

– Os EUA designaram oficialmente ontem (31) o Brasil como um aliado prioritário extra-OTAN, cumprindo uma promessa de março quando da visita de Bolsonaro ao seu país preferido. O anúncio facilita a compra de armas e equipamento de defesa pelo Brasil dos EUA. Somente a Argentina possuía esse título antes do Brasil. Também ontem, o ministro Paulo Guedes, anunciou que estão oficialmente iniciadas as negociações para o fechamento de um acordo comercial com os EUA, após ter se encotrado com Wilbur Ross, secretário de Comércio norte-americano.

– Segundo informações da TV estatal norte-coreana, KCNA, o líder Kim Jong-un supervisionou ontem (31) o primeiro teste de disparo de um “novo tipo de sistema de lançamento de mísseis teleguiados de alto calibre”. Segundo informes divulgados pela mídia, Kim teria dito que “será um sofrimento inescapável para as forças que se tornarem alvos grandes desta arma”. O exército sul-coreano também já havia reportado o disparo de mísseis pelo país vizinho da costa leste até o mar. A pedido do Reino Unido, Alemanha e França, deve haver reunião hoje (1) a portas fechadas do Conselho de Segurança da ONU sobre os lançamentos.

– Continua a crise em Porto Rico. Amanhã (2) o ex-governador Ricardo Rosselló deve deixar definitivamente o cargo. Antes disso, no entanto, ele nomeou, como Secretário de Estado, Pedro Pierluisi. Segundo a constituição o secretário de Estados substitui o governador vacante. O nome deve ser aprovado pela Assembleia Legislativa local e poderá governar até 2020. Pierluisi é do PNP (Partido Novo Progressista) foi comissário de Porto Rico em Washington de 2009 a 2016, postulante derrotado ao cargo de governador e secretário de justiça do pai de Rosselló quando governador há anos atrás. Porto Rico possui mais de 3 milhões de habitantes, é colônia americana no Caribe e possui um delegado sem direito a voto na Câmara de Representantes dos EUA. O PNP defende a anexação de PR como Estado dos EUA, o PPD (partido popular democrático) defende a permanência do país como Estado Livre Associado, enquanto diversos partidos, como o Partido Independentista Puertorriquenõ e organizações da sociedade civil defendem a independência do país.

– A imprensa havia anunciado que os EUA haviam convidado a Alemanha para uma ação conjunta de “proteção” do estreito de Ormuz, mas a Alemanha declinou do convite. O cerco ao estreito faz parte da ofensiva norte-americana contra o Irã que controla a região por onde passa pelo menos um terço de todo o petróleo comercializado no mundo. Segundo o ministro de relações exteriores da Alemanha, Heiko Maas, “a Alemanha não participará da missão marítima apresentada e planejada pelos EUA”.

– Pela primeira vez desde a grande crise financeira de 2008, o Banco Central dos EUA baixou as taxas de juros em um contexto de desaceleração econômica global e conflito comercial entre EUA e China, segundo matéria da BBC veiculada hoje. O corte foi de 0,25 ponto-base, levando a taxa americana a uma faixa de 2 a 2,25%.

– Imprensa norte-americana noticia morte de Hamza bin Laden, filho de Osama bin Laden. Em fevereiro passado os EUA havia anunciado recompensa de 1 milhão de dólares por informações sobre o paradeiro do então denominado líder extremista em ascensão.

– Hoje, 1º. de agosto, completam-se dois anos do desaparecimento do argentino Santiago Maldonado, encontrado morto no rio Chubut em 17 de outubro de 2017. Ele desapareceu após perseguição policial contra manifestantes, entre os quais ele se encontrava, na região de Pu Lof de Cushamen. O caso mobilizou imensamente a sociedade argentina que historicamente luta contra o desaparecimento forçado de seus militantes.

– Faleceu a primeira dama do Uruguai, esposa do presidente Tabaré Vazquez, María Auxiliadora Delgado, de infarto aos 82 anos.

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Ana Prestes

Ana Prestes Socióloga, mestre e doutora em Ciência Política pela UFMG. Autora da tese “Três estrelas do Sul Global: O Fórum Social Mundial em Mumbai, Nairóbi e Belém” e do livro infanto-juvenil “Mirela e o Dia Internacional da Mulher”. É membro do conselho curador da Fundação Maurício Grabois, dirigente nacional do PCdoB e atua profissionalmente como assessora internacional e assessora técnica de comissões na Câmara dos Deputados em Brasília.

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