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Dória, o “centro”, precisa condenar o abuso da força

A tragédia de Paraisópolis representa um Brasil que conhecemos bem mas vivemos ignorando. O abuso de força por parte do Estado sempre existiu por aqui, principalmente nas periferias, e, obviamente, tende a piorar com a legitimação desse discurso, como ocorreu nas décadas de 60. Assim, a maneira com que vamos encaminhar o debate sobre o […]

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A tragédia de Paraisópolis representa um Brasil que conhecemos bem mas vivemos ignorando. O abuso de força por parte do Estado sempre existiu por aqui, principalmente nas periferias, e, obviamente, tende a piorar com a legitimação desse discurso, como ocorreu nas décadas de 60.

Assim, a maneira com que vamos encaminhar o debate sobre o ocorrido, poderá definir se vamos consolidar ainda mais o discurso autoritário já presente no nosso dia a dia (“volta AI5”). E isso diz respeito a como irão se portar as principais lideranças políticas do país.

Além da vida pessoal de muito Glamour e Amaury Junior, João Dória inegavelmente tem um papel político importante na política nacional. Eu diria que ele divide com Huck e Maia, um grupo político que tenta surfar na crise do “Centro” brasileiro (PMDB deixando saudades).

Essa ideia de centro acaba ganhando força no cenário nacional surfando na tal “simetria” entre os dois “radicais” do Brasil: Lula e Bolsonaro.

Eu sei que o debate é bem mais profundo e controverso, mas vamos considerar por um tempinho esse quadro consolidado. Lula a esquerda, Dória ao centro e Bolsonaro a direita.

Quando o Brasil for questionado “o comportamento da polícia foi adequado?” ou “Quem são os responsáveis pelas nove mortes?”, seria legal imaginar como cada espectro político vai responder.

Podemos dizer, resumindo, que Lula defenderá algo sobre Direitos Humanos enquanto Bolsonaro deve justificar do uso da força por parte da polícia. Nesse caso, resposta de Dória, a esperança equilibrista (bêbada) vai ser o tira teima de posições bem distantas. 

Vale lembrar, ainda, que Dória é o governador responsável por essa própria policia, portanto, um porta voz que não poderá se calar, nem mesmo tergiversar sobre o tema.

A resposta que for dada pelo governador será essencial para entendermos qual rumo o país seguirá daqui pra frente.

Com a notória consolidação do autoritarismo por aqui, já percebido por diversos setores do país, escolher o caminho que reforce o discurso do uso indiscriminado da força, pode ser um erro sem volta.

Dória deve tentar se esconder na institucionalidade (“vamos esperar a apuração dos fatos”), contudo, com tantas imagens da polícia e a repercussão – com movimentos de ruas – do caso, ele não conseguirá se esconder por muito tempo.

Dependendo de onde o tucano apontar, saberemos qual o nível de flexibilidade que a barbárie terá para se propagar por aqui.

Sobre simetrias e opostos

Para aprofundar um pouco esse debate da “simetria”:

Considero Dória e Lula antípodas no espectro democrático institucional (a simetría, se existe, vem do poder financeiro do tucano contra o poder popular do petista).

Lula e Bolsonaro também são antípodas, mas na política material cotidiana, nas mentes e corações da população brasileira (dois fenômenos sociais, simétricos, talvez, apenas na intensidade da militância).


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Tadeu Porto

Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil

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Comentários

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Paulo

02/12/2019 - 10h05

Mais tucanato não, pelamor! Por uma alternativa legítima de centro! Conservadora nos costumes, socialmente justa e politicamente democrática…

chichano goncalvez

02/12/2019 - 09h59

Não se preocupem, ainda pode-se piorar ainda mais, e tenho certeza que vai piorar. É só ver o discurso da direita de todos os tempos, acredita quem quer ser enganado, tipo analfabeto politico, que deveria ser proibido de votar, porque sempre vota nos caras errado.

    Justiceiro

    02/12/2019 - 18h40

    E quem defende presidiário, condenado duas vezes por roubar a Nação, deveria ter o direito de votar cassado?


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