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Fúria contra o Sistema!

Por Emerson Sousa e Fábio Salviano* Você já sabe que o ser humano age no sentido de: 1- garantir a sua sobrevivência; 2- expandir seus níveis de bem-estar. Você também sabe que o ser humano não apenas sabe, ele também sabe que sabe. Logo, ele pode aprimorar o seu aprendizado anterior e, consequentemente, ampliar as […]

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Por Emerson Sousa e Fábio Salviano*

Você já sabe que o ser humano age no sentido de: 1- garantir a sua sobrevivência; 2- expandir seus níveis de bem-estar.

Você também sabe que o ser humano não apenas sabe, ele também sabe que sabe. Logo, ele pode aprimorar o seu aprendizado anterior e, consequentemente, ampliar as possibilidades de melhora da sua qualidade de vida.

Do mesmo modo, você também sabe que o ser humano é uma criatura gregária, que tem preferência por viver em sociedade, facilitando assim o atendimento de seus desejos, de suas necessidades e de suas vontades.

Também não há como negar que essas interações se processam por meio de um mecanismo de estímulos e desestímulos no qual, recorrentemente, atos de coação e convencimento andam lado a lado (isso, quando não se confundem!).

Pronto, você já tem em mãos os ingredientes básicos daquilo o que comumente se chama de Sistema, esse ser mítico que todos conhecem mas que é praticamente impossível de se definir. Mas, mesmo assim, esse texto vai tentar esboça-lo.

O primeiro passo para tentar enxergar o Sistema está em saber que são as relações de produção que definem a nossa vida. Por mais diferentes que as pessoas sejam, é a partir das formas de como a materialidade é gerada ao seu redor que elas recebem os instrumentos básicos de compreensão do real.

Sim, a forma do banqueiro encarar a vida é bastante distinta daquela detida pelo bancário. Por mais que ambos lidem com a mesma matéria-prima, a forma como as coisas se apresentam para eles, por conta de suas diferenças de relação com o trabalho, são totalmente desiguais.

O CIRCUITO PRODUTIVO

Em seguida, você precisa saber que tudo o que faz parte de sua vida – da margarina à gasolina – é gerado por uma estrutura a qual os economistas dão o nome de “Circuito Produtivo”.

Essa engrenagem concatena ações de alocação (para onde os recursos vão), produção (como os recursos são transformados), distribuição (modos de dispersão dos itens gerados), consumo (uso da produção) e acumulação (apropriação do excedente criado), e todas essas fases são conduzidas por decisões políticas.

E quando se fala em Política, está a se comentar sobre a capacidade de controlar a coordenação (dizer o que fazer) e a normatização (dizer como fazer) das relações sociais, principalmente as relações de produção.

Assim sendo, quanto mais controle você possui sobre o Circuito Produtivo, mais poder você tem por sobre o Sistema. Dessa forma, o dono de uma cervejaria tem muito mais força do que o dono do boteco e o grande atacadista muito mais influência que o dono da mercearia.
Com o agravante de que, na maioria das vezes, o interesse do grande se opõe ao do pequeno. Mas isso não é por maldade, é porque cada um vê de modo diferente a forma como a riqueza socialmente gerada é partilhada. Um exemplo: para o Rico, uma crise econômica é grande uma fonte de oportunidades; para nós, não!

E é nesse momento de contradição que o Sistema apresenta as suas armas.

Isso porque ele é utilizado para legitimar a situação daquele que tem mais poder Político (geralmente os Ricos). Todos os recursos disponíveis vão ser utilizados para convencer/coagir a todos de que o mundo que existe é o melhor dos mundos possíveis.

E, da Igreja à Escola, tudo vai ser utilizado para fragilizar a posição dos que não têm poder político, mas a ferramenta mais utilizada é a Grande Imprensa. A sua única e exclusiva função não é a de informar, mas a de dizer que só os Ricos têm razão!

O SISTEMA É AUTOREFERENCIADO

“O Sistema trabalha para resolver os problemas do Sistema, parceiro! ”, já dizia o Capitão Nascimento. E ele coordena e normatiza as relações sociais para que elas possam mudar as coisas a fim de manter tudo como está, e ele sabe muito bem fazer isso.

Afinal, apesar de todos os avanços desses últimos cinco séculos, uma parcela ínfima da humanidade é muito mais rica do que a sua ampla maioria. Ainda hoje, uma enormíssima parcela da sociedade dedica grande parte do seu dia apenas para garantir a sua própria sobrevivência.

O Sistema não tem o mínimo compromisso com a emancipação humana. Se o tivesse, o desemprego e outras chagas sociais já teriam sido erradicados.

E o único antídoto contra o Sistema é a participação política cidadã. E ele sabe disso, tanto que um dos principais trabalhos da Grande Imprensa é o de desmoralizar a Política e despolitizar o cidadão médio. Os “Alechandris” (sic) da vida, com seus textos pomposos, são pagos justamente para isso!

A Política é o único meio de se anular o poder do Sistema, porque ela possui instrumentos que esterilizam a influência do poder econômico e o maior desses é a promoção de políticas públicas.

Quanto mais políticas públicas, maior a autonomia da Sociedade.
E como o Sistema sabe disso, ele vive a propagandear uma falsa superioridade das relações de mercado sobre as políticas públicas. Ele só não te diz que, ao contrário dessas últimas, nas relações de mercado, se você não pagar, você não leva. E, geralmente, custa caro!

Então, o Sistema é algo a ser superado, juntamente com todo o seu instrumental. Contudo, esse processo é uma construção coletiva. Não há como, de forma isolada, escapar do Sistema. E ele sabe disso, é justamente por essa causa que ele tanto propaga o individualismo como forma de conduta.

Claro que o Sistema é mais complexo do que pode resumir essas linhas, mas esse é o mínimo que você precisa saber sobre como os Ricos te manipulam e como o Sistema é utilizado para isso.

E agora você sabe!

* Fabio é sociólogo, Emerson é economista.

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Comentários

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Paulo

11/02/2020 - 21h36

Meu Deus! Sério que publicaram isso em pleno século XXI? Luta de classes mais rastaquera. Não que inexista, mas o texto é simplista demais. A principal simplificação é execrar o individualismo, quando sabemos que a sociedade ocidental somente se desenvolveu tendo em vista o respeito escrupuloso à autonomia individual da vontade. E, queiramos ou não, o desenvolvimento cultural, técnico e científico do Ocidente é paradigma para o mundo, inclusive para os coletivistas do Oriente (e Ocidente, i.e., esquerdistas), ainda que promovam adaptações, das quais o Japão e a Coréia do Sul são os principais exemplos…Mas não dá pra pregar um coletivismo para o cidadão ocidental médio. Seria o fim da civilização…


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