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Christian Lynch: Os próximos dois anos do Governo Bolsonaro

Por Christian Lynch – Cientista Político O governo passou da sua segunda metade e já é possível a essa altura tentar fazer um prognóstico sobre o que está por vir. Estamos formalmente na segunda metade do mandato e já está visivelmente “governando” há mais de seis meses. Isso permite que Bolsonaro seja julgado pelo seu […]

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Igor Estrela / Metrópoles

Por Christian Lynch – Cientista Político

O governo passou da sua segunda metade e já é possível a essa altura tentar fazer um prognóstico sobre o que está por vir. Estamos formalmente na segunda metade do mandato e já está visivelmente “governando” há mais de seis meses. Isso permite que Bolsonaro seja julgado pelo seu comportamento, seu pessoal e seus resultados.

Isso é fundamental, porque a essa altura tanto opositores como apoiadores cristalizam suas expectativas a respeito do que o governo Bolsonaro pode ou não pode ser ou fazer, ou até onde pode chegar. Em outras palavras, o governo já queimou madeira suficiente para ser avaliado.

Pessoalmente, acho que não há mais qualquer possibilidade de êxito para Bolsonaro. No plano externo, Trump foi derrotado e a ala americana da Internacional Fascista entra em eclipse. No plano interno, a política populista de mentira e intimidação fracassou, derrotada pela incompetência administrativa no campo da economia e no campo da saúde.

E ele não tem mais nenhuma carta na manga. O governo disse ao que veio, e todo mundo sabe que dele não sairá mais nada do que já não tenha saído. Mais do mesmo, porque não é um governo perfectível, capaz de se reinventar.

Ao contrário do que imaginavam seus apoiadores, o Governo Bolsonaro não é o de um leão poderoso e com visões de grandeza; mas o de uma mula ordinária, teimosa e sem imaginação, que vive de dar coices.

O governo deu o recado e, sendo insuscetível de uma melhoria, já se sabe como será o final. Nas relações internacionais, o que espera o Brasil é terminar de ser cercado com um cordão sanitário, como o Irã e a Venezuela. Que pode ser interpretado também com a camisa de força que o mundo coloca em um país que perdeu o juízo.

Na política interna, onde a competência e a criatividade são penalizadas com demissão sumária, continuará o mesmo jogo dos impotentes capachos ministeriais. Não haverá cavalo de pau na economia, nem privatização de nada expressivo. Paulo Guedes entrará para a história como o maior eunuco do neoliberalismo brasileiro.

Não haverá qualquer política que preste na educação, na cultura, muito menos na saúde, que continuarão definhando. Será só o jogo de bajular os mesmos nichos: policiais militares, pastores evangélicos, exportadores de armas etc. E nada aprovar substantivo no congresso.

Não há mais expectativas de que o governo deixe de ser o que é. O jogo está jogado. Ele não vai existir: vai apenas durar. Os próximos seis meses serão muito difíceis para Bolsonaro, que não consegue ser senão o que sempre foi, nem pode se escudar nos militares para acalentar a esperança de um governo eficiente.

Agora será a luta do governo para sobreviver, usando as mesmas técnicas tradicionais de intimidação, bravata e mentira. Com o agravante de que o blefe do “truque do golpe” funcione, e menos ainda com sua trupe de 30 doidos fazendo desfiles fascistas de tocha na praça dos três poderes.

O desgaste da política epidemiológica também tem sido imenso junto aos setores militares. Quem ainda pensava em bancar uma aventura com Bolsonaro contra o STF, desistiu. Melhorias, só por fatores ocasionais ou circunstanciais, alheios ao governo.

Em suma, o governo acabou. Não há nada a esperar, “senão escravidão e horrores” (José Bonifácio). O custo da violência, a corrupção parlamentar com o Centrão e o comprometimento do Mourão com esse projeto de destruição podem até impedir a concretização do impeachment.

Mas o governo acabou como acabou o governo Temer depois do escândalo da JBS. Mas a reeleição já era. Todo o PIB vai ficar contra ele, e a imprensa tradicional e os partidos já aprenderam a usar Twitter e Whatsapp. Os canais que lhe dão suporte, emissores da rádio, provavelmente vão recuar aos poucos.

Vão ficar os fanáticos e aqueles cuja existência depende daquela da família Bolsonaro, como deputados fascistas, ligados à defesa de interesses de policiais, e líderes pentecostais envolvidos até o pescoço com o projeto de uma república evangélica.

Quem chegar no segundo turno contra ele, com discurso moderado de centro direita ou esquerda, leva: Ciro, Jereissati, Huck etc.

Moro nunca quis presidência; quis sempre o STF e vai apoiar quem estiver lá, junto com Mandetta, os militares escorraçados, como Santos Cruz, etc. O valentão será moído na porrada no pátio da escola por todos aqueles em que passou o ano batendo. Bem feito!

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Comentários

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Jacob Binsztok

21/01/2021 - 23h58

Parece que existe uma fissura no estamento militar que não pode ser visto como hegemônico e tampouco sem contradições.

Alan C

20/01/2021 - 13h47

A bozolandia já era, se agogou no próprio mar de merda que criou e que era a única coisa que poderia sair dessa sopa de chorume que é esse circo ridículo da familícia.
Resta agora saber que vai ocupar o seu lugar daqui a um ano 346 dias.

dcruz

20/01/2021 - 12h38

Vai ser duro tirar esse facínora e sua gangue verde-oliva do poder. Aquela história: quem pariu Mateus que o embale. E não vale aquela lenga-lenga de que a culpa foi do PT, Lula,etc., etc. Falando duro mesmo, quem precisa de autocrítica não é bem o PT e sim quem em nome do ódio ao PT colocou o genocida no poder. Aí o PT pode dizer de boca cheia e com toda a razão:todos colocaram o bozo no poder, menos nós. Alguém aí contesta?


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