Menu

Análise: Triunfo de Lira mostra que não há nada mais velho do que a nova política

Por Gabriel Barbosa Não existem mais dúvidas, o que era esperado se confirmou! Após reunir na sua base de apoio cerca de 236 deputados, o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), alcançou o seu triunfo e com 302 votos se elegeu presidente da Câmara. De fato não foi a primeira vez que o parlamentar alagoano […]

3 comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Por Gabriel Barbosa

Não existem mais dúvidas, o que era esperado se confirmou! Após reunir na sua base de apoio cerca de 236 deputados, o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), alcançou o seu triunfo e com 302 votos se elegeu presidente da Câmara.

De fato não foi a primeira vez que o parlamentar alagoano cogitou ocupar a cadeira, mas foi nesse pleito que conseguiu reunir as condições para ‘chegar lá’.

Apesar do patrocínio de Jair Bolsonaro, Lira pode afirmar que a vitória foi fruto de sua articulação e com o peso influente do presidente Nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI).

Na realidade, Bolsonaro não tem o que festejar. Os louros da vitória são exclusivamente do Centrão que mais uma vez se torna o fator de “estabilidade” de um governo.

Claramente que a fatura a ser paga por Bolsonaro será cada vez maior e de acordo com as pautas destravadas por Lira e sua tropa. Por isso, me arrisco a dizer que essa “parceria” não dura oito meses.

O Centrão é uma federação de interesses particulares, a base de Lira não tem identificação partidária/ideológica e haverá insatisfação de parlamentares com Bolsonaro que certamente não deve cumprir tudo o que prometeu. É uma bomba relógio!

Mas de início e a toque de caixa, aprovação do orçamento de 2021 (incluindo a criação de ministérios) e a reforma tributária que terá uma pegada semelhante ao da previdência, ou seja, não mudará as distorções.

Após essa lua de mel, a sobrevivência da parceria de Bolsonaro com a turma do Centrão será incerta e o passe cada vez mais caro. O país ainda sofre com a pandemia e sem perspectiva de recuperação da economia através da vacinação.

O desemprego em massa e a miséria voltaram a assombrar milhares de famílias que estão desamparadas e sem receber o auxílio emergencial. Além disso, o país registra aumento nas mortes pelo novo coronavírus, a cada dia os números são macabros.

Devido a esses fatores, a vitória de Arthur Lira não representa um porto seguro contra o impeachment de Bolsonaro. No curto prazo, a descrença no êxito dessa empreitada é compreensível, mas não é correta do ponto de vista político.

A realidade mostra que em apenas 25 meses no poder, Bolsonaro prostrou-se ao mundanismo fisiológico, dando as cartas para o chefe do Centrão, rasgando de vez o mote de sua campanha em 2018 e levando consigo, para o fundo da desmoralização, os liberais que entraram de cabeça no bolsonarismo arrotando o discurso de anticorrupção e da ‘nova política’.

No mundanismo, vale tudo para continuar no poder, nem que seja de forma decorativa, transferindo o controle do país aos fisiológicos.

Em outras palavras, Arthur Lira se tornou o presidente da República Federativa do Centrão, mostrando que não há nada mais velho do que a nova política.

Apoie o Cafezinho

Gabriel Barbosa

Jornalista cearense com pós-graduação em Comunicação e Marketing Político. Atualmente, é Diretor do Cafezinho. Teve passagens pelo Grupo de Comunicação 'O Povo', RedeTV! e BandNews FM do Ceará. Instagram: @_gabrielbrb

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Alexandre Neres

02/02/2021 - 14h33

O título da matéria é lapidar.

O Centrão está onde gosta e vai cobrar caro essa fatura.

Só que gostaria de falar um pouco da direita limpinha. Jabuti não sobe em árvore, se está lá é porque alguém o colocou. Bolsonero foi colocado na presidência com a ajuda da direita limpinha. Doria, Huck, ACM Neto, Maia, todos votaram nele. Agora querem se desvencilhar do que fizeram no verão passado.

O resultado da eleição da Câmara mostrou que quem estava se achando nas eleições municipais caiu do cavalo. Foi uma derrota fragorosa da direita limpinha, até mesmo para quem supostamente ganhou, como ACM Neto, que se revelou um traíra. Como diria o saudoso Brizola, a política adora a traição, mas abomina o traidor.

DEM-PSDB-MDB mostraram seu DNA, abandonaram seu candidato ao deus-dará e foram de Lira, A direita limpinha mostrou que é tão fisiológica quanto o Centrão. Como celebrar acordo com esse tipo de gente? É esta a situação na qual nos encontramos.

A grande responsável por estarmos vivendo em meio ao pandemônio é a direita limpinha (DEM-PSDB-MDB). Mas não para por aí. Cidadania, um reduto de quinta-colunas como Freire e Cristóvam, bem como Huck, também faz parte deste ajuntamento. O PSB também não tem mais volta, primeiro abrigou a ministra da agricultura Tereza Cristina e Heráclito Fortes, ambos do DEM, para golpear a democracia. Uma sequência de votações posteriores culminando com a de ontem mostra, de novo como diria Brizola, que o PSB costeou o alambrado.

Não há como ser otimista. O cenário é de terra arrasada. Pelo menos, temos que mapear bem o terreno para evitar que não entremos em roubada num futuro próximo.

Tadeu

02/02/2021 - 12h59

Não concordo com essa visão de que Bonoro terá vida difícil com o centrão comandando o congresso. Na pior das hipóteses, volta ao que foi a presidência do Maia, com a câmara aprovando com má vontade e a conta-gotas os interesses dos poderosos, mas aprovando assim mesmo.

Lira não deflagrará impeachment pelos mesmos motivos que Maia não deflagrou – independentemente de ter votos ou não para impichar, não se declara guerra a um presidente que não tenha menos de 10% de aprovação popular, muito menos um que tenha os militares ao seu lado.

O que não quer dizer que o centrão não vai passar esses dois anos tentando extorquir o executivo o máximo possível, mas por outro lado também não vai passar esse tempo tentando erodir a popularidade do presidente com vistas a 22, como vinha fazendo o Botafogo.

Centrão e Bonoro provavelmente levarão com facilidade em 22, porque fizeram a aliança que a esquerda se recusa a fazer. Não precisa gostar um do outro, precisa sentar na mesa com uma planilha, negociar quem vai levar o quê, e acabou.

    Paulo

    02/02/2021 - 18h46

    Como assim, “a aliança que a esquerda se recusa a fazer”? Se fala da eleição na Câmara, se compuseram com o bloco de Temer e Maia. Temer, por sinal, que foi candidato a vice de Dilma. Já se você se refere ao tempo de governança, devo lembrá-lo de que o PT era um grande negocista…O maior de todos, em volume de subtração ao Erário…


Leia mais

Recentes

Recentes