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Frederico Krepe: A esquerda brasileira e a excepcionalidade lulista

Por Frederico Krepe Em filosofia, a “tese da excepcionalidade humana” ou “paradigma da excepcionalidade humana” é a posição que coloca o ser humano em um patamar especial dentre os outros animais, como um “ser excepcional” por ser dotado de liberdade, racionalidade e outras características próprias, garantindo uma certa natureza especial do ser humano. Essa tese […]

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Por Frederico Krepe

Em filosofia, a “tese da excepcionalidade humana” ou “paradigma da excepcionalidade humana” é a posição que coloca o ser humano em um patamar especial dentre os outros animais, como um “ser excepcional” por ser dotado de liberdade, racionalidade e outras características próprias, garantindo uma certa natureza especial do ser humano. Essa tese é debatida por toda a história do pensamento humano, com destaque para a perspectiva Aristotélica, que colocava o ser humano no topo da classificação dos animais, separado do resto.

Ela volta a ser debatida com força na filosofia da biologia com o advento da seleção natural e da teoria evolucionista de Darwin, que acaba tendo como consequência o questionamento da posição especial do ser humano em relação aos outros animais. 

A partir do Darwinismo, o ser humano seria mais uma espécie dentre outras, mais fruto da seleção natural do que de qualquer outra coisa.

Essa noção de excepcionalidade é debatida até hoje tem grande influência nas discussões acerca da natureza e da psicologia humana. Essa breve introdução serve para tratarmos do tema desse texto, a excepcionalidade lulista na esquerda brasileira.

Resgato esse raciocínio a partir de um tweet da economista Laura Carvalho comentando o pronunciamento do ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo. Considero a Laura uma das vozes mais racionais da economia na esquerda brasileira.

Responsável por chefiar o programa econômico de Guilherme Boulos em 2018 e crítica das gestões do PT na economia, ela não tem medo de enfrentar o clima passional que toma conta das redes desde a posse de Jair Bolsonaro.

Assim que a reforma da previdência foi aprovada em 2019, fez questão de fazer uma transmissão se contrapondo a toda a passionalidade do momento para garantir que o seu caráter público continuava e que isso era importante ser ressaltado em meio ao clima negativo na esquerda.

Fez o mesmo com a aprovação da PEC 186 (PEC Emergencial) ao mostrar que ela não significava um congelamento nos reajustes dos servidores por 15 anos, como era propagado por amplos setores da esquerda na internet. Entretanto, algo me chamou a atenção em seu comentário sobre o pronunciamento do ex-presidente.

Em resumo, ela dizia que não se preocupava com o ex-presidente Lula voltando à presidência, mesmo sabendo ser provável que aplicaria uma agenda neoliberal. Ainda concluiu com a seguinte frase: “Volta Lula, que eu quero te criticar!” 

Esse raciocínio não é muito exótico e tem certa racionalidade: o governo Bolsonaro é tão desastroso que a simples perspectiva de um governo Lula, ainda que neoliberal, é melhor que o que temos.

De certa forma, esse raciocínio é verdadeiro. O único questionamento que deve ser feito é:  por que ele só é válido com Lula? Por que não podemos estender esse raciocínio  a outras figuras políticas do Brasil, como, por exemplo, João Dória, Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e outros? Por que não uma chapa articulada ao redor do ex-ministro Mandetta? Ele foi membro do governo Bolsonaro, mas rompeu e seria muito melhor uma pessoa como o Mandetta presidente do que Bolsonaro. Por que não uma presidência de Luciano Huck?

São raciocínios semelhantes, mas não os vemos com tanta frequência. Por que isso acontece? Por conta da excepcionalidade lulista.

De alguma forma, parte da esquerda brasileira, consciente ou inconsciente, internalizou que os critérios para julgarem o lulismo e o PT são diferentes.

A história que o partido tem, o agrupamento de movimentos sociais que constitui sua fundação e a proximidade com uma parcela da população pobre do Brasil parecem constituir uma aura ao redor do partido e de sua principal liderança que fazem com que eles sejam vistos como “diferenciados” no jogo político, especialmente na hora das críticas.

A volta de Lula ao jogo nos diz bem sobre como isso funciona. Por exemplo, quando o ex-ministro Ciro Gomes acena para Rodrigo Maia, ele é criticado como direitista, mas quando Lula faz o mesmo aceno, ele é encarado como um estadista que estaria preocupado em unir o Brasil.

O mesmo vale acerca do diálogo com o dito “mercado”. Lula está autorizado a fazer isso, mas os outros não, especialmente se estão disputando uma parcela do eleitorado progressista. Tal qual a tese da excepcionalidade humana, a excepcionalidade lulista coloca o ex-presidente e seu partido em uma categoria à parte na hora do julgamento político, uma certa blindagem de críticas que não são dispensadas em relação a outras figuras.

E quais são os problemas da excepcionalidade lulista? Esse é o elemento central dessa questão.

Quando julgamos o lulismo e o PT fora dos padrões normais que julgamos os outros, passamos a mensagem que eles podem fazer o que os outros não podem e isso fica claro quando refletimos sobre a política de alianças do petismo e o excessivo conservadorismo econômico de seus governos.

A mensagem que pode ser passada é a de que estão autorizados a cruzar limites que os outros não podem. Isso já acontece e eles se aproveitam.

Outro elemento a ser destacado é que essa rendição total ao lulismo impede qualquer mudança de rumos na gestão econômica que o partido praticou no governo. Esse argumento do “qualquer coisa é melhor que Bolsonaro” autoriza o PT e Lula a buscarem todas as alianças que fizeram com os bancos novamente.

Entretanto, dessa vez a margem para manobras é infinitamente menor. Ao pegar o país em 2003, Lula não tinha que lidar com um teto de gastos que coloca uma mordaça no gasto público. E agora? Mesmo que o Brasil pegue um novo ciclo de commodities, não será possível repetir o jogo do ganha-ganha que foi experienciado nos anos Lula (que se transformou em ganha-perde nos governos Dilma). Se nem na esquerda o PT pode ser cobrado por seus desvios por conta do “mal maior”, o caminho está livre para outro pacto e mais uma mudança feita para nada ser mudado. Pior, na hora que esse pacto naufragar, o monopólio da crítica ficará todo com a direita.

Por fim, ainda temos o principal problema acarretado, que é a total impossibilidade de responsabilizar os governos do PT pelos seus feitos. É fato que um governo Lula, mesmo aplicando uma agenda neoliberal, seria melhor que o desastre atual, mas não foi justamente essa agenda enlatada como política de esquerda que ajudou a fortalecer o bolsonarismo?

Quando Dilma nomeia Joaquim Levy e assume um duro ajuste fiscal contra os trabalhadores, a economia cai mais de 3% no primeiro ano de seu segundo mandato, o desemprego sobe para 12%, a luz, o gás e os combustíveis sobe. Como não perceber que isso influenciou no fortalecimento da direita e na derrocada da esquerda?

A derrocada de 2015 e 2016 está na memória de boa parte da população e isso influencia (e muito!) a dinâmica eleitoral no Brasil. Como achar que isso não ajuda a reeleger Bolsonaro? O Brasil não está dominado por uma turba de fascistas irracionais como muita gente pensa. Existe racionalidade na rejeição ao PT e a não compreensão dela cobra caro.

Se a lógica é que um Lula neoliberal (de novo) é melhor e isso basta, então não podemos criticar parte da mídia e de setores da direita, que quer jogar fora Bolsonaro e preservar a agenda de Paulo Guedes.

Se o próprio Lula quiser ser o responsável por manter a agenda do Guedes sem Bolsonaro, o melhor então é nos unirmos a eles, já que qualquer coisa vale frente ao desastre atual. A lógica, pelo menos, é a mesma e o desgaste, pelo menos dessa vez, não fica com a esquerda.

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Comentários

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Jaciara Siqueira coelho

15/03/2021 - 20h44

Pois é Alexandre, e você esqueceu de citar os ganhos absurdos do setor financeiro no governo lula, o quanto os bancos lucraram. Quem pagou o bolsa família foi a classe media trabalhadora com seus 27,5./. De imposto de renda retido na fonte. Os bancos não contribuíram com um centavo. Essa foi a justiça social do governo lula. Lula , com toda sua inteligência, foi um bajulador da elite. O seu discurso agora comparado a carta aos brasileiros, é que agora ele sabe que não saiu da senzala e que a elite que ele tanto quis agradar, não o deixará sair, porque eles odeiam quem tem origem pobre.

Justiceiro

15/03/2021 - 13h02

O bozo sentiu o golpe…

carlos

15/03/2021 - 09h50

Eu acho os extremos é sempre perigoso ainda prefiro os meios mesmo que seja com Lula paz e amor.

DANILO MIRANDA CAETANO

15/03/2021 - 02h24

Fica difícil entender o espaço ocupado por Lula na esquerda brasileira partindo de silogismos pressurosos. Esse espaço não é algo a-histórico semelhante aos de figuras como Mandetta, Huck e Dória (ou mesmo de Ciro, em alguma medida).

É preciso admitir que Lula ajudou a construir no Brasil, durante toda a sua vida pública, aquilo que historiadores como Thompson, Hill e Burke chamam de “história vista de baixo”. Isso não é pouca coisa e por si só deveria por em perspectiva boa parte dos questionamentos e argumentos contidos no texto, penso.

Alexandre Neres

14/03/2021 - 22h38

Vivemos em todo o Ocidente sob o paradigma neoliberal. Por óbvio, dentro deste contexto, é impossível para qualquer um se afastar dessa lógica que rege o mundo globalmente. Quanto mais para aquele que se diz desenvolvimentista, mas que um tempo atrás queria entabular uma aliança estratégica com o DEM, com os farialimers, com os maiores representantes do deus-mercado. Depois disso, os ungidos do neoliberalismo brigaram entre si, um apoiou o Bolsonero, o outro vai ter que sair do partido. Querer comparar o governo do PT com Dória, Mandetta, Alckmin, Huck, todos potenciais aliados de Ciro Gomes na disputa, desvela o sofisma do articulista. Se o governo do PT se restringisse a esse lado neoliberal, gostaria que o articulista do alto da sua impostura me explicasse por que o PT foi perseguido de forma implacável e feroz a ponto de ser corrompido o sistema de justiça para impedir que Lula concorresse em 2018? Definitivamente, a conta não fecha. Naturalmente, foi varrido para baixo do tapete o outro lado do governo do PT, a inclusão social, a redução da miséria e da desigualdade social, o aumento real do salário mínimo, as reservas internacionais do Brasil, as universidades, supermercados e aeroportos lotados, repletos de povo, nada disso foi considerado. O intelectual de Juiz de Fora, discípulo do Professor Castañon, segue nessa toada, omitindo o que ocorreu no Brasil desde que saiu o veredicto das urnas de 2014, que não foi aceito pelos derrotados e passaram a fustigar o governo com pautas-bombas. O governo Dilma não teve sequer a chance de começar a governar, de que Cid Gomes pusesse em ação seus planos para o Ministério da Educação, na medida em que o resultado das eleições foram duramente contestadas, falaram em fraude. O fato de desconsiderar tudo isso desvela a má-fé do articulista. Sem sombras de dúvidas, Dilma cometeu inúmeras barbeiragens, como a ingente desoneração fiscal a troco de nada que não se reverteu para benefício dos trabalhadores e da população, já que os empresários não aumentaram o investimento. De todo modo, foi interessante ver a mudança de discurso de quem estava se achando, é visível que baixaram a bola, perderam toda a arrogância e empáfia que caracterizaram a retórica desse grupinho de Juiz de Fora ultimamente. Em vez de fazer política míope e rasteira, deveriam, isso sim, estar defendendo a prefeita da cidade que está sofrendo ameaças a torto e direito de bolsominions.

    Vinícius

    15/03/2021 - 12h08

    Voltei aqui no texto várias vezes para reler porque os argumentos apresentados não fechavam, faltava algo.
    Busquei nos comentários ajuda para entender o contexto, um pouco da história do autor do post, especialmente outros textos do Frederico Krepe, e encontrei no comentário do Alexandre Neres respostas para as minhas dúvidas.
    Agora consigo entender o texto.
    Valeu, Alexandres Neres.

    Frederico Krepe

    17/03/2021 - 01h05

    Caro Alexandre, acredito que seus comentários são pertinentes e merecem algumas respostas. Desde já, agradeço pela disposição em ler o texto e dedicar seu tempo para fazer seus comentários. Pois bem, vamos por partes:

    1. “Vivemos em todo o Ocidente sob o paradigma neoliberal. Por óbvio, dentro deste contexto, é impossível para qualquer um se afastar dessa lógica que rege o mundo globalmente. Quanto mais para aquele que se diz desenvolvimentista, mas que um tempo atrás queria entabular uma aliança estratégica com o DEM, com os farialimers, com os maiores representantes do deus-mercado. Depois disso, os ungidos do neoliberalismo brigaram entre si, um apoiou o Bolsonero, o outro vai ter que sair do partido. Querer comparar o governo do PT com Dória, Mandetta, Alckmin, Huck, todos potenciais aliados de Ciro Gomes na disputa, desvela o sofisma do articulista.”

    Se não tem como escapar do paradigma neoliberal, não tem como culpar os outros por isso ou “acusá-los” de neoliberais como se fosse algo depreciativo. Portanto, condenar as tentativas de aliança do Ciro com o DEM ou com outras figuras representantes do discurso neoliberal, não encontra coerência com a premissa de que o paradigma neoliberal é inescapável.

    Não há qualquer tentativa de comparação dos governos do PT com Dória, Mandetta, Alckmin, Huck e outros. Essa comparação fica ao cargo de quem comenta. Minha aposta é que a defensiva já força um olhar/interpretação buscando uma comparação onde não tem. O centro do argumento é um só e não há qualquer sofisma nisso: se a lógica para aceitar sem crítica um Lula neoliberal é a de que “qualquer coisa é melhor que isso”, então temos que aceitar qualquer coisa mesmo, incluindo Dória, Mandetta, Amoedo e outros. Simples. Não há qualquer comparação da gestão passada do Lula com outros.

    2. “Se o governo do PT se restringisse a esse lado neoliberal, gostaria que o articulista do alto da sua impostura me explicasse por que o PT foi perseguido de forma implacável e feroz a ponto de ser corrompido o sistema de justiça para impedir que Lula concorresse em 2018? Definitivamente, a conta não fecha. Naturalmente, foi varrido para baixo do tapete o outro lado do governo do PT, a inclusão social, a redução da miséria e da desigualdade social, o aumento real do salário mínimo, as reservas internacionais do Brasil, as universidades, supermercados e aeroportos lotados, repletos de povo, nada disso foi considerado.”

    Em nenhum momento o texto se propõe a ser um balanço crítico das gestões do PT. Se essa foi a impressão que teve, ela não está correta. Em momento algum é negado o avanço que tivemos (especialmente nas duas gestões do Lula). Isso só passa longe de ser o tema do texto, que mostra uma certa boa vontade excessiva com os erros do Lula enquanto aos outros isso não é permitido. Por isso o termo “excepcionalidade lulista”. Sobre esses fatos listados, vários foram positivos, mas é importante lembrar que chega a ser quase reacionário esse passado lulista, que pinta o Brasil como se fosse um paraíso na terra, uma Suécia tropical, o que nunca existiu. A desigualdade caiu pouco (uma das menores quedas na América Latina), a concentração de renda se manteve intacta (dados atualizados mostram que a concentração nos mais ricos caiu míseros 0,3% no período petista).A pobreza caiu, mas voltou a crescer já nas gestões do PT (2015 especificamente). O mesmo vale para o desemprego. O balanço, em números, é positivo para o PT até 2015, mas sua visão é excessivamente positiva em relação a esse período.

    3. “O governo Dilma não teve sequer a chance de começar a governar, de que Cid Gomes pusesse em ação seus planos para o Ministério da Educação, na medida em que o resultado das eleições foram duramente contestadas, falaram em fraude. O fato de desconsiderar tudo isso desvela a má-fé do articulista. Sem sombras de dúvidas, Dilma cometeu inúmeras barbeiragens, como a ingente desoneração fiscal a troco de nada que não se reverteu para benefício dos trabalhadores e da população, já que os empresários não aumentaram o investimento”

    O governo Dilma não só começou como foi um dos piores da nossa história. Um governo “de esquerda” com um neoliberal do Bradesco (que depois virou ministro do Bolsonaro), o presidente da Confederação Nacional de Indústrias e uma série de outros notáveis das “elites” que os petistas tanto criticam. Quem indicou esse ministério foi Dilma com a esperança vã de agradar o mercado enquanto jogava a sua base fora. É sempre bom lembrar que na mesma época tivemos uma greve universitária (boicotada pelos petistas) por que o governo cortou 30% da verba de custeio das universidades federais. E por falar em Cid Gomes, ele foi retirado por que “ousou” defender o governo no Congresso contra o bandido chamado Eduardo Cunha. Nessa disputa, Dilma ficou do lado do Cunha e o resto da história nós sabemos.

    4. “De todo modo, foi interessante ver a mudança de discurso de quem estava se achando, é visível que baixaram a bola, perderam toda a arrogância e empáfia que caracterizaram a retórica desse grupinho de Juiz de Fora ultimamente. Em vez de fazer política míope e rasteira, deveriam, isso sim, estar defendendo a prefeita da cidade que está sofrendo ameaças a torto e direito de bolsominions.”

    Desconheço qualquer “grupinho de Juiz de Fora”. Talvez você esteja inteirado em algo que não estou. Empáfia e arrogância geralmente não me acompanham, mas isso já é um julgamento subjetivo seu. Que fique com ele. Sobre a prefeita de Juiz de Fora, acredito que você deveria se informar um pouco mais sobre o que ocorre na cidade, já que parece desconhecer alguns fatos. Pois bem, devo lembrá-lo que dei meu voto a ela nos dois turnos da eleição e o que ganhei de presente foi a imediata reabertura do comércio na cidade em um momento de alta nos casos de Covid. Esperava uma prefeita alinhada à ciência e ganhei uma prefeita alinhada aos comerciantes bolsonaristas. Por fim, no momento em que lhe escrevo, a cidade de Juiz de Fora está com quase 100% dos leitos de UTI ocupados, com a prefeita retirando os ônibus dos trabalhadores dos serviços essenciais de circulação entre as 20h e as 05h unicamente para agradar os empresários de ônibus (e ainda tendo a cara de pau de falar que a responsabilidade é do governo do estado, o que é mentira) e ainda flexibilizando um lockdown “meia bomba” permitindo o funcionamento de igrejas e outras atividades. Ela tem a minha total solidariedade em relação às ameaças e o meu apoio para que feche a cidade, mas não o meu apoio para fazer demagogia com a vida das pessoas enquanto agrada comerciante radicalizado pela retórica bolsonarista.

    Grande abraço!

EdsonLuiz.

14/03/2021 - 22h36

Sim, eu poucas vezes concordei tanto:
Lula é um Deus para os brasileiros!
e também:
bolsonaro é um Deus para os brasileiros!

A mim estarrece os retratos que surgem das pesquisas de opinião e das imagens e manifestações de veneração dos seguidores no culto de seus Mitos.

Apesar da realidade que desaba de um céu tenebroso sobre as cabeças dos fiéis e de todos; apesar dos dados, mas para o fiel não importa os dados porque pela fé é só negá-los e substituí-los por crença e fazer as leituras dos dados que a confirmem; não importa os fatos, a crença providencia uma interpretação dos fatos que a confirme também; não importa a racionalidade: não é por negacionismo que o crente nega a razão, é por fé. E a fé é tautológica, prescinde de explicação racional.

A terra pode ser esférica ou ser plana, não importando de fato qual forma tem a terra. A forma o crente escolhe e depende de sua fé. E a fé o faz absoluto: “tudo posso naquele que me fortalece”.

E quando o crente escolher que a terra é plana, coitado de você acaso negá-lo, ele o condenará ao fogo do inferno – e você nem imagina o que dirá de você para atiçar e alimentar o fogo para queimá-lo.

Pobres de todos nós, sempre estivemos muito mal de deuses.

Romulo

14/03/2021 - 21h58

Quando você não sabe de o comentário de cima é sarcástico ou não.

Wilton Cardoso

14/03/2021 - 21h23

Há uma falácia neste raciocínio que se vale das críticas de Laura Carvalho, que acusa, com razão, o PT de manter a estrutura neoliberal do estado brasileiro. É que o PT, embora favoreça a banca e não rompa com o neoliberalismo, fazendo um governo de administração de crise, ainda assim tem aspectos pontuais desenvolvimentistas inegáveis (lei de partilha do petŕoleo, incentivo a estaleiros e empreiteiras nacionais, tentativa de desenvolvimento de uma indústria nacional de chips e medicamentos, investimento em Ciência e universidades). E tem ainda políticas sociais distributivas de inegável valor, como bolsa família e o aumento real do salário mínimo.

Um eventual governo Dória, Mandetta, Maia ou Hulk seria um neoliberalismo puro sangue, privatista, desregulador do mercado de trabalho e de desmonte do estado em seu aspecto social e investidor: não seria, de forma alguma, um governo de administração de crise com preocupações sociais: no máximo tentariam o que chamam de medidas focalizadas para mitigar a miséria, como no governo FHC.

Há que se criticar Lula e o PT: Bresser e Laura Carvalho tem razão. Mas o PT não é a mesma coisa que o tal centro político, na verdade uma ultradireita neoliberal que tem nojinho do Bozo, mas morre de amores por Guedes e seus delírios mercadistas.

    Frederico Krepe

    14/03/2021 - 22h10

    Wilton, você deixa um comentário importante, uma ressalva importante acerca do governo Lula, mas o objetivo do texto não foi igualar Lula a outros atores nesse nível, mas mostrar as consequências de se pensar que “não importa se seja um Lula neoliberal para tirar Bolsonaro”. Se o que importa, em última instância, é tirar Bolsonaro, e o programa não interessa, entra tudo: Huck, Mandetta, Amoedo, Moro e outros.

Francisco*

14/03/2021 - 21h22

“o governo Bolsonaro é tão desastroso que a simples perspectiva de um governo Lula, ainda que neoliberal, é melhor que o que temos.

De certa forma, esse raciocínio é verdadeiro. O único questionamento que deve ser feito é: por que ele só é válido com Lula? Por que não podemos estender esse raciocínio a outras figuras políticas do Brasil, como, por exemplo, João Dória, Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e outros?”

Simples, porque a excepcionalidade de Lula é a CONFIANÇA e o saldo da entrega, pela razão que “o partido tem, o agrupamento de movimentos sociais que constitui sua fundação e a proximidade com uma [imensa] parcela da população pobre do Brasil”, constituindo não uma aura, mas uma massa, um amalgama do partido com a sua principal liderança e vice versa, que faz com que sejam vistos como “diferenciados” no jogo político, por significarem e representarem todos a mesma coisa, o mesmo ideal de vida, o mesmo sonho que se sonha junto, tendo Lula feito ideia em cada cabeça petista, e milhões de petistas feito vidas lideradas na cabeça de Lula, especialmente na hora das críticas, da persecução incessante e da criminalização ‘a qualquer preço’ para varre-los do cenário político brasileiro, daí a resiliência e a sobrevivência a maior persecução política-judiciária-midiática jamais movida contra um partido político no Brasil.

Enquanto os que se dizem ‘Progressistas e Trabalhistas’ continuarem votando contra o povo, como fizeram no Golpe Hondurenho-Paraguaio contra Dilma, dando os votos necessários para que a classe dominante pudesse iniciar o golpe parlamentar; como fizeram na reforma trabalhista; como fizeram na reforma da previdência e por aí vai…, não conseguirão povo para deixar de serem partidos de quadros, e sem povo não receberão a confiança necessária para sobreviver as críticas, já que sistemáticas e seletivas, persecução judiciária-midiática e criminalização para extinção, nunca enfrentaram.

Enquanto continuarem a achar que, “A derrocada de 2015 e 2016 está na memória de boa parte da população e isso influencia (e muito!) a dinâmica eleitoral no Brasil. Como achar que isso não ajuda a reeleger Bolsonaro? O Brasil não está dominado por uma turba de fascistas irracionais como muita gente pensa. Existe racionalidade na rejeição ao PT e a não compreensão dela cobra caro”, ignorando o mais que escancarado significado factual geopolítico e nacional, das jornadas de junho de 2013 (o ensaio), da operação lava jato de março de 2014 (o golpe em movimento – pelo voto), o ‘impeachment’ de 2016 (o golpe – pelo congresso) e a tentativa de consolidar o golpe em 2018 (Lawfare – Lula Impedido), restará o direito ao jus sperneandis, como nesse artigo, ou, como no atual momento, concorrer a vaga do ‘Centro’, da Direita da classe dominante, para tentar derrotar Bolsonaro no primeiro turno e enfrentar a Esquerda no segundo.

CONFIANÇA E POVO juntos, cara…, ninguém destrói, verga-se e retorna-se, quantas vezes fizer necessário, até tornar integralmente real o sonho que se sonha junto.

Paulo

14/03/2021 - 20h45

Por essas e outras é que eu digo e reafirmo que, enquanto Lula não passar, a esquerda – que é tributária, basicamente, do lulismo – não se recicla. Ele é um promontório que se destaca na paisagem e não pode ser escalado…Não que merecesse essa posição, moralmente falando…

nelson

14/03/2021 - 19h53

LULA é um DEUS para os BRASILEIROS.


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